Eu errei.

E isso me destrói toda vez que o vejo com você.

Eu errei.

E o remorso me corrói enquanto a mão dele passa pela sua pele.

Eu errei.

E tenho vontade de socar algo quando o vejo tão perto de você.

Eu errei…

E é por isso que não posso fazer nada.

—

Hey, mulher? Olha aqui para o outro lado. Estou te observando desde que chegou com esse outro cara.

Quem é ele?

Algo amargo enche a minha boca e minhas mãos se fecham os vendo tão próximos.

Você é minha.

Você era minha.

Tão miserável eu estou. Bebendo do mesmo copo desde às seis, remoendo meu passado desde às três e sofrendo por você desde muito antes disso.

Mas o quão ingrato, injusto e ignorante eu pareço ser ao dizer que sofro por você? Quando não foi de meus olhos que escorreram as mais profundas e decepcionadas lágrimas.

Eu sofri, mas eu sei que você sofreu mais.

Seria egoísta dizer que eu é quem saiu mais machucado disso tudo, quando na verdade eu sou o vilão de tudo isso.

Não posso me martirizar. Não posso chorar. Não posso te tirar de perto daquele cara.

Dentro do que me compete posso apenas observar e ir costurando os rasgos que fiz em meu peito com minhas próprias unhas.

Você era minha, mulher.

Você era minha mulher.

—

Hey, mulher? Olhe para o lado para ver o meu vazio.

Eu sou egoísta.

Não posso vê-lo tocando-a. Não posso suportar estarem tão próximos. Não posso aguentar o sorriso que você direciona para ele.

Somente para ele.

O sorriso que era meu.

E dentro de mim há um animal que uiva. Que escancara as presas para rosnar. Que se debate com as garras em meu peito, cortando o que resta do meu coração.

O resto que não está negro da traição.

Eu deveria estar aí. Eu deveria estar dançando com você. Te fazendo sorrir. Te beijando.

Ele está onde eu deveria estar.

Não importa quantos me segurem para eu não ir até vocês, há uma força maior que a deles saindo de mim.

Eu disse a você que eu era egoísta, você não acreditou.

Eu não o quero perto de você, mas quem sou eu para pedir algo assim?

Você está tão linda, mulher.

Você está.

—

Hey, mulher. Não olhe para o lado. Você consegue ver o que me tornei. Você pode ver que murchei e o que me fazia inteiro era somente você. E você sorri, mas não há felicidade ali.

Eu não esperava que seus olhos verdes me olhariam daquela forma, com pena. Eu não mereço nada seu, nem mesmo a sua compaixão.

Me xingue, me bata, me odeie. Mas não sinta pena de mim.

Seria egoísta querer qualquer pedaço seu para me manter vivo. Seria, sim.

Até mesmo seu sorriso indelicado me desmonta. O monstro dorme dentro de mim, quase morre. O fogo da raiva não mais do que uma brasa quase apagada.

E permanecemos assim, com seus olhos em mim por cima do ombro dele enquanto é embalada pela música lenta, e meus olhos em você por cima do copo que é meu conforto.

Eu sangro.

De longe.

Enquanto ele tem você. E eu não tenho mais.