Bolinhos

Chapter 4 - Carma

Seus olhos estavam embaçados e a claridade, que entrava pelas frestas das cortinas sobre a janela, os faziam ficarem ainda piores. Sua cabeça doía muito, era como se ele tivesse levado uma pancada, parecia que explodiria a qualquer momento.

Ele levantou-se da cama ainda meio sonolento por ter dormido tarde e com uma ressaca insuportável. Parecia que um caminhão havia passado em cima dele de tão esgotado.

Sasuke repreendeu-se por ter abusado, mais uma vez, da bebida, já que não era a primeira vez que passava mal e vomitava em cima da garota de cabelos cor de rosa.

Mas, que droga! Ele havia vomitado, mais uma vez, aos pés da Sakura. Por que, toda vez que ele bebia e se sentia mal, isso acontecia?

Essa garota só podia ter muito azar de estar sempre no lugar errado, na hora errada.

Mais cedo, ele havia se levantado da cama pois estava com uma vontade enorme de vomitar, para pôr toda aquela bebida para fora de seu corpo, porém Sakura estava no banheiro e, quando saiu, Sasuke não conseguiu se segurar e vomitou, novamente, aos seus pés, deixando seu tênis sujo como da última vez. Após ouvir as reclamações irritantes dela e limpar a sujeira que fez no chão do apartamento do Naruto, ele voltou para o quarto, jogando-se, novamente, na cama e, agora, mesmo com uma ressaca infernal, ele resolveu que era hora de levantar, afinal, já estava tarde para ficar dormindo, ainda mais na casa do Naruto.

Mesmo contra sua vontade, o moreno seguiu para fora do quarto, ouvindo, imediatamente, os gritos de Naruto.

Como uma pessoa que, provavelmente, também estava de ressaca conseguia começar o dia gritando daquela maneira? Sasuke não conseguia entender, tudo que ele mais queria era voltar para o seu apartamento e cair na cama para ver se essa maldita ressaca passava.

…

Luz do sol refletindo na janela e um calor insuportável. Esses foram os motivos que fizeram Sasuke se levantar da cama no fim da tarde e sair daquele apartamento que mais parecia um forno.

À essa hora, a ressaca de mais cedo já havia acabado e o seu velho bom humor – que não era lá tão bom assim – voltou à ele, tanto que Sasuke decidiu caminhar pela cidade para respirar ar fresco e aproveitar o pôr do sol.

Por onde ele passava, atraía olhares de várias garotas, mas também pudera, ele é Sasuke Uchiha, um jovem charmoso, reservado e absurdamente lindo, era natural atrair a atenção de várias pessoas, mas ele não ligava muito para isso, não era do tipo que se exibia muito por aí e, muito menos, que pegava todas as garotas que olhavam para ele.

— Sasuke! - uma voz delicada e doce chamou seu nome, atraindo sua atenção.

Assim que o moreno virou o corpo, olhando para a direção que havia acabado de vir, seus olhos identificaram Masami, uma garota de longos cabelos pretos, pele levemente bronzeada, com um corpo cheio de delicadas curvas.

Masami era uma jovem educada e, além de bonita, cursava administração na sua faculdade. Eles já haviam saído algumas vezes, já que ela era uma boa companhia.

— Oi. - ele respondeu, seu rosto estava sério, mas isso era natural. Sasuke sempre agiu assim, frio e indiferente.

— Oi! Quanto tempo! - ela disse sorrindo.

— É – Respondeu.

— Er, você está indo pra algum lugar em específico?

— Hum, não, só dando uma volta. – Disse, dando de ombros em seguida.

— Ah – Ela acenou em concordância e depois abaixou a cabeça – Bem, então eu vou indo. Foi um prazer revê-lo.

— Certo – Sasuke concordou vendo a garota se afastar lentamente.

Sua barriga roncou de fome e suspirou com a idéia que teve.

Em tempo, chamou – Masami! – Ela se virou pra ele, sorrindo minimamente com o semblante curioso – Estou indo comer, quer me fazer companhia? – Ele perguntou.

— Ah! Sim.

A refeição foi agradável, a menina era silenciosa e poucas vezes eles conversaram, fazendo Sasuke agradecer. Sua cabeça ainda latejava.

Mas, mesmo sua cabeça doendo, não deixou de notar o olhar de expectativa da garota sobre si. Ele não era tolo, sabia dos sentimentos dela, e até se envolveria mais se sua cabeça já não estivesse tão confusa.

Foi por isso que, ao terminar a refeição, despediu-se de Masami e partiu para casa, mas quando estava no meio do caminho, seu celular apitou, indicando uma mensagem.

“Ei Teme! Vem aqui pra casa, a galera tá aqui jogando”.

Sasuke analisou a proposta e, antes de responder, recebeu outra mensagem

“Trás chocolate pras meninas, elas tão pedindo”.

Sasuke ergueu umas das sobrancelhas incrédulo.

“Teme? Você vem?”

Suspirou

“Sim”

“Vai trazer o chocolate? As meninas tão ansiosas aqui”

“Vou”

“Blz! Tamo te esperando”

…

Quase duas horas depois, Sasuke chegou na casa do Naruto na maior tranquilidade, carregando uma sacola de uma loja de doces bem conhecida na cidade.

— Que demora, teme! Pensei que tivesse desistido de vir. – Naruto disse assim que abriu a porta para o amigo – As meninas já estão irritadas.

Sasuke revirou os olhos.

— O que aconteceu para elas estarem tão nervosas assim? – Sasuke perguntou.

— Não me diga que esqueceu, teme? Hoje é o dia em que sai os resultados das provas.

Ele revirou os olhos de novo.

Então era isso. O motivo de todo aquele nervosismo eram os resultados das últimas provas do semestre.

— Hmm. – Sasuke disse e entrou na sala do apartamento, dando de cara com os garotos sentados no sofá, jogando vídeo game e com as meninas sentadas em cadeiras no canto da sala, conversando.

— Sasuke-kun, finalmente! – Ino Yamanaka disse, fazendo todos olharem para o moreno que andava devagar pela sala onde, até agora, ninguém havia o percebido. – Trouxe os chocolates? Preciso de muito!

O moreno revirou os olhos ao entregar a sacola para a loira, ele não entendia porque elas gostavam tanto de chocolate, é tão… Doce.

— Sasuke, vem jogar com a gente! - Naruto gritou, fazendo Sasuke suspirar.

Desse jeito sua dor de cabeça ia piorar.

Sasuke suspirou de novo e se sentou ao lado de Neji, pegando logo uma das manetes do vídeo game.

— Vou lhe mostrar como se joga corrida de verdade, teme. – Naruto o provocou e Sasuke apenas o encarou de volta.

— Isso é o que vamos ver. – o moreno retrucou.

— Chega de conversa e começa logo essa corrida! – Neji falou, impaciente.

— Tudo bem. – Naruto deu início à partida e começou na frente, mas logo Sasuke o ultrapassou e obteve uma grande distância de vantagem.

A corrida já estava ganha.

O moreno sorriu assim que cruzou a linha de chegada.

— Eu avisei! – Sasuke sorriu de canto e Naruto cruzou os braços.

— Quero revanche.

— Aceite logo, eu sou o melhor, dobe! – o moreno disse, convencido.

— Até parece, teme!

— Parem de discutir e olhem logo o portal de vocês, já saíram as notas. – Ino falou e logo todos pegaram os celulares, entraram no site da faculdade e em seus respectivos portais, local onde todas as notas eram lançadas para que pudessem ver no momento em que quisessem.

— Tirei 9! – Hinata comemorou, toda feliz.

— Tirei 6 na última prova, tá bom para quem quase não estudou. – Ino falou não muito animada.

Sasuke abriu seu portal e viu seu típico 10 na última prova.

Qualquer pessoa ficaria pulando de alegria ao ver um 10, mas ele é Sasuke Uchiha, era raro não tirar uma nota 10.

— Que droga! – a atenção de Sasuke foi atraída pela garota de cabelos rosados, ela parecia surpresa, irritada – Como assim? Isso não é possível!

— O que houve, Sakura-chan? – Naruto perguntou ao se aproximar da amiga.

— Isso tá errado! Só pode estar errado! – ela reclamava e ninguém entendia sobre o que ela estava dizendo – Eu não posso ter tirado zero na porra da prova de “Fundamentos e Práticas do Ensino da Matemática”!

— Você tirou zero? Mas, você estudou tanto. - Hinata disse.

— Exatamente! Eu sabia as respostas! Esse resultado só pode estar errado! Puta que pariu! – Sakura passava as mãos nos cabelos, desesperada e Sasuke apenas observava. Era raro ver a tão calma e educada Sakura Haruno irritada e falando palavrão – Eu preciso falar com o Kakashi, ele só pode ter colocado a merda do resultado errado! Eu não tirei zero na porra dessa prova, não tem lógica alguma, eu estudei muito!

— Calma, Sakura-chan…

— Calma o caralho, Naruto! – ela gritou, descontrolada – Eu não posso ter zerado a merda dessa prova!

— Então o que vai fazer, Sakura? – Ino perguntou.

— Eu preciso falar com o Kakashi.

— Você tem como entrar em contato com ele? – Hinata perguntou.

— Não… No dia da prova, ele comentou que iria viajar naquele mesmo dia e que os resultados estariam disponíveis no dia seguinte como todas as outras notas. E foi só isso… E porra! Nem o número dele eu tenho! – a jovem de cabelos rosados passou a mão pelo rosto ainda nervosa, seus olhos começaram a se encherem de lágrimas – Eu preciso falar com ele antes do outro semestre começar, senão vou ter que repetir esse!

— Pega aqui, Sakura, toma um pouco dessa água e vamos pensar com calma, vamos te ajudar com isso, tudo bem? – Ino se aproximou com um copo de água, estendendo a amiga que pegou-o em seguida.

Sasuke observava tudo quieto, sua cabeça a mil por hora, e seus pensamentos caminhando para várias possibilidades.

Enquanto seus olhos observavam Sakura conversando chorosa com a amiga loira, aproximou-se discretamente de Naruto.

— Dobe, tenho que sair rapidamente, depois eu volto.

— Tá… – Naruto franziu o cenho, olhando para o amigo, mas não aparentou estranhar e apenas concordou voltando o olhar para a amiga.

Sasuke saiu da casa e caminhou um pouco pela calçada, respirando fundo, decidindo-se. Por fim, viu que não iria conseguir ignorar aquilo e a decisão de não se envolver com o que dizia respeito a Sakura desceu ladeira abaixo.

Sacou o celular do bolso e procurou o número do irmão na lista de contatos, chamando em seguida.

— Fala, Irmão!

— Itachi, preciso de um favor.

— Hum, depende do que eu vou ganhar com isso.

— Não seja idiota, pode me ajudar?

— O que precisa?

— Você ainda tem o número daquele seu colega de faculdade? Kakashi, o que dá aula agora.

— Canino? Tenho sim! Inclusive a gente tá combinando umas voltas com a galera, por quê?

— Preciso do número dele.

— Hum… Certo. Te mando por mensagem. Era só isso?

— Sim. Valeu, Itachi!

— De boa, mas você ainda me deve uma.

— Tsc.

Sasuke finalizou a ligação e, não demorou dois segundos, seu celular vibrou com a mensagem do irmão.

Decidido, ele discou os números e esperou atender.

— Alô?