Descortino escrita por Litsemeriye


Capítulo 1
único


Notas iniciais do capítulo

Mais uma nessa pequena série de fics sobre o universo de coisas que eu julgo serem pouco exploradas em HP.
O clima continua angst, desculpem.



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Regulus disse que tinha assuntos a resolver e levaria Monstro consigo.

Na ocasião, os pais sequer levantaram os olhos do jornal para se despedirem do filho, mas mesmo assim ele entrou na sala e beijou os cabelos da mãe, antes de acenar para o pai e sair pela porta.

Walburga e Órion não estavam se falando.

Eles haviam brigado no dia anterior, e Órion tinha dormido em um dos quartos de hóspedes, porque todos ali sabiam que a mulher era extremamente perigosa e não hesitaria em matar o marido se ele desse brechas quando ela estava irritada. O assunto, novamente, havia sido Sirius, e era incrível como ele conseguia causar tanta discórdia mesmo depois de anos da sua fuga. Órion culpava a esposa pelo rosto do primogênito estampar os jornais como membro d’A Ordem da Fênix.

Walburga culpava o marido por ter perdido um dos filhos.

Ela nunca havia sido do tipo que demonstrava afeto, em parte por não saber como fazê-lo, em parte por nunca ter amado Órion. Às vezes, quando ele estava no escritório ou num jantar político, ela se pegava admirando a capacidade de dissimulação dele. Não tinha a mesma capacidade de fingir ânimo e sorrir fácil naqueles eventos tão insuportavelmente enfadonhos. Mas era só isso, admiração.

Quando Sirius fugiu, ela havia pedido para que Bellatrix queimasse o rosto dele da tapeçaria, pois não sabia se seria capaz disso e, mesmo não derramando uma lágrima sequer, havia fechado os punhos com tanta força que as unhas cortaram as palmas; era assim que manifestava, quebrando vasos, xingando aos berros e arrancando o papel de parede com as próprias mãos.

Ela amava Sirius, por mais mal-educado e impertinente que ele fosse. Do mesmo jeito que amava Regulus, a diferença era que o mais novo só dava mais motivos para ser elogiado do que o irmão.

Naquela noite, Walburga teve um pressentimento ruim que lhe subiu a espinha e pareceu enredar por todo o corpo, dos dedos dos pés até o último fio do cabelo cacheado. Ela subiu as escadas, deixando o marido sozinho no escritório, e entrando no quarto do filho. As roupas de Regulus estavam perfeitamente arrumadas no guarda-roupas, impecáveis como sua escrivaninha e cama. Sentou sobre a colcha, sentindo o cheiro da colônia que ele usava e, naquele momento, ela soube. Não como um estalo ou uma repentina resolução, veio devagar, fazendo seus dedos torcerem a roupa de cama e os joelhos se encostaram, sem saber ao certo o que fazer com os pés. Voltou para a sala, e ficou encarando a parede, sem coragem de ir até a tapeçaria confirmar o que já sabia.

Quando Monstro apareceu sozinho, horas depois, ela ainda se encontrava na mesma posição. A voz de Órion veio de algum lugar, perguntando sobre o herdeiro, e o elfo abaixou as orelhas, se encolhendo até o nariz quase encostar o chão, mas sem conseguir formar uma frase que fizesse sentido, ainda chocado demais. Ele conseguiu, porém, abrir a mão de dedos longos e estender ao mestre o anel da família, e nesse momento a primeira lágrima escorreu dos olhos negros de Walburga.

Daquela vez ela não gritou, xingou ou quebrou coisas, apenas permaneceu ali, parada como uma estátua, quase sem piscar enquanto o choro borrava sua maquiagem e molhava seu rosto, algumas gotas lentamente empoçando na saia de seu vestido preto. Monstro não precisava dizer o que ela já sabia. Mães sempre sabem. Tentou fingir que não, mas desde o momento em que o frio subiu em sua espinha ela já sabia. Queria tanto que ele só tivesse fugido do país, se rebelado como Sirius ou qualquer outra coisa, mas não era o caso.

Regulus nunca ia voltar, porque ele havia morrido.


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Notas finais do capítulo

Tenho muita fic pra terminar e estou postando outra fanfic de HP porque, por algum motivo, sinto que esse clima mais pesado encaixa bem com os personagens.
Tenho essa opinião que parece ser meio impopular de que a Walburga não odiava os filhos, ela só nunca teve amor e por isso não sabia demonstrar isso. Tudo que a gente vê nos livros é a opinião do Sirius praticamente, e eu acho que ele é um narrador não confiável, principalmente se tratando da própria família.
Para quem não sabe, Regulus morreu em 1979, aos 18 anos, tentando destruir o Medalhão de Sonserina, uma das horcrux. O Monstro estava com ele, mas aparentemente ele tinha ordens de não falar o que o Reg fez.
?“rion também morreu em 1979, e Walburga em 1985, consumida pela loucura.

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Obrigado por ler até aqui.



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