O amor abençoado pelo Nilo escrita por kagomechan


Capítulo 6
Perdida em um mar de memórias


Notas iniciais do capítulo

olha o cap novo saindoooo!! XD
desculpa a demora. esse mês tá sendo bem difícil pra mim. eu to bem mal, ando querendo chorar todo dia e... enfim... chega de falar de mim. foco em Sanúbis ♥



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De volta no nomo britânico, Will e Nico se aconchegaram no quarto de hóspedes que havia sido separado para eles. O casal largou a mala num canto e Will se jogou com gosto na cama abrindo um sorriso. O quarto era simples e sem muitas decorações marcantes além de um singelo quadro com uma pintura à óleo do Delta do Nilo. Tinha um armário, um banheiro, uma poltrona, uma TV e uma cama de casal que na verdade eram duas de solteiro grudadas.

— Acho que não preciso falar para que se sintam em casa… - disse Sadie encostando na porta e cruzando os braços com um sorriso leve no rosto.

— Foi mal - disse Will dando uma risada - Mas eu não ia abrir mão de me jogar na cama.

— Que dia vai rolar aquela comida mexicana que vocês falaram mesmo? - perguntou Nico que abria a cortina da janela e admirava a vista de Londres à noite.

— Amanhã - disse Anúbis que tirava a gravata que o incomodava doido para poder ir para o quarto e conversar com Sadie.

— Perfeito. Vai dar tempo para dar uma descansada - disse Will abrindo um sorriso, fechando os olhos e suspirando aliviado.

— Imagino que a pergunta seja um tanto impertinente mas, chegou à ouvir durante sua viagem? - perguntou Anúbis olhando para Nico

— Ah! Não! Não ouvi! É boa?- disse Nico saindo de perto da janela onde estava e indo à passos apressados até onde tinha largado a mochila e de lá tirando o celular.

— Sinceramente ainda prefiro Don’t Need You. - respondeu Anúbis.

— Do que raios estão falando? - perguntou Sadie perdida

— Música nova? - perguntou Will.

— Bullet For My Valentine - disse Anúbis enquanto Nico abria o vídeo da música no Youtube e colocava a música.

— Hum…Já era. Acho que perdemos nossos roqueiros. Vão ficar incomunicáveis. - disse Sadie para Will com uma leve risada.

— Já era Sadie. Viramos fantasmas.

— Shiiiu - reclamaram Nico e Anúbis ao mesmo tempo querendo ouvir a música.

Will e Sadie se entreolharam e Will deu de ombros com um sorriso no rosto. Enquanto isso, Sadie fazia um olhar que dizia tudo “É tudo sua culpa.” e Will respondia com o olhar de “Também é sua.”. Afinal, foram eles que apresentaram melhor o mundo da música do século atual para aqueles dois completamente desatualizados nisso. Claro, embora Anúbis e Nico tivessem se afeiçoado à alguns tipos e bandas variadas de rock, eles ainda mantinham suas particularidades. Anúbis ainda gostava de músicas clássicas e qualquer música que o lembrasse das músicas que ouvira quando pequeno. Algo que não era tão fácil já que os instrumentos daquela época estavam literalmente extintos. Mas ele tinha conseguido o nome de alguns compositores egípcios que matavam sua saudade suficientemente bem. Quanto à Nico, ele também tinha os nomes de alguns compositores italianos que o faziam lembrar da infância na Itália pouco antes da Segunda Guerra Mundial.

Will indicou, com a cabeça, a porta e, ao entender a mensagem, ele e Sadie saíram do quarto.

— A música nem deve ser tão grande, mas quem garante que eles não começam a botar toda a discografia em dia - disse Will.

— Verdade  - disse Sadie se apoiando nas muretas e olhando para o andar de baixo - Aproveitaram bem a viagem até agora? Quais cidades já visitaram?

— Começamos por Roma - explicou Will - Aí pegamos o trem e fomos subindo para Florença, Veneza, Milão, Turim, Lyon e Paris. Ficamos mais tempo em Roma e em Veneza do que nas outras cidades. O bolso que doeu. Veneza é muito cara!!!

— Nenhum monstro no caminho? - perguntou Sadie.

— Uma equidna em Florença e uns karpos em Paris, mas nada que não pudéssemos dar um jeito. Na maioria das vezes a gente até chegava a ver outros monstros mas poucos tinham coragem de enfrentar a gente. Quer dizer… no mundo cheio de semideus criança sem treinamento algum, tolo é o monstro que resolve enfrentar dois semideuses adultos.

— Quanta humildade - disse Sadie rindo.

— Ora. E tô errado? - disse Will rindo também - Sem falar que Nico é filho de um dos três grandes. Isso já é bem intimidador.

— De Paris vieram direto pra cá? - perguntou Sadie e Will afirmou com a cabeça.

— Sim. E tentamos fazer um roteiro bem mais italiano porque… é… acho que ele sente saudades da Itália apesar de tudo.

Enquanto os dois conversavam do lado de fora, do lado de dentro do quarto, a conversa e as músicas também iam trocando e se desenvolvendo. De Bullet For My Valentine, já estavam ouvindo My Chemical Romance que, embora bem velho para a maioria das pessoas, não era tanto para eles já que eles não viveram intensamente a famosa “era emo”.

— Então? - disse Anúbis que mexia no celular de Nico botando para tocar I Don’t Love You - Posso perguntar quem pediu quem?

Quando o rosto de Nico ficou todo vermelho, Anúbis deu uma leve risada já imaginando bem qual era a resposta.

— Ele? - perguntou Anúbis para testar sua teoria e Nico afirmou com a cabeça.

— Acho que não preciso perguntar se foi você ou ela quem pediu - disse Nico querendo desviar ao menos um pouquinho do assunto.

— Não - disse Anúbis olhando para o anel que agora tinha no dedo - Eu pedi mesmo. No entanto, velhos hábitos dificilmente morrem. Perguntei se Carter aceitava que eu pedisse a mão dela antes de perguntar para ela.

— Realmente não sei como ele não te fez em pedacinhos - disse Nico com uma leve risada e Anúbis revirou os olhos.

— Onde ele te pediu? - perguntou Anúbis curioso.

— Venezia. Em uma gongola. À noite - disse Nico passando a mão em seu anel fazendo ele girar em seu dedo - E você?

— Santorini. Num restaurante à céu aberto e vista para o mar no Por do sol.

Nico deu uma risada e suspirou se jogando na cama aproveitando a música.

— Vocês dois sabem mesmo serem dramáticos. - disse Nico.

— Espero que isso seja um elogio - disse Anúbis largando o celular de Nico sobre a cama e então se levantando - Depois não esqueça de me dar o nome daquela banda que você achou.

— Assim que eu lembrar o nome - disse Nico.

Anúbis abriu a porta e saiu do quarto encontrando Sadie e Will rindo sobre alguma coisa que aconteceu durante a viagem. Em outra situação, com outras pessoas envolvidas, talvez ali seria o caso em que o namorado fica com ciúmes. Entretanto, não foi o caso. Anúbis apenas abriu um sorriso para Sadie que retribuiu o sorriso com os olhos cintilando.

— Terminaram? - disse Will fingindo resmungar ao entrar no quarto de novo - Obrigado por devolver meu namora… noivo.

— E obrigado por devolver minha noiva - disse Anúbis pegando na mão de Sadie e dando-lhe um beijinho no torso da mão fazendo-a corar levemente.

— Soa legal né? “noivo” ou “noiva”, no seu caso - disse Will rindo voltando para o quarto.

Aliviados com a sensação de poderem finalmente descansar depois de um longo dia, Sadie e Anúbis entraram no quarto novamente. O dia tinha sido longo e estava finalmente de noite. Poderiam dormir relaxados.

Sadie suspirou cansada e se jogou na cama exausta.

— Posso ser a primeira a tomar banho? - perguntou Sadie fechando os olhos.

— Claro - respondeu Anúbis tirando o paletó e largando em cima de um dos pufs e indo até ela dando-lhe um beijo na testa fazendo ela sorrir com o carinho.

— Pega meu pijama pra mim? To com preguiça de levantar -  disse ela e ele revirou os olhos com um sorriso no rosto.

Entretanto, sem reclamar uma vez, Anúbis se levantou e foi até o armário pegar a roupa dela. Enquanto isso, Sadie suspirou profundamente e resolveu soltar as preocupações que estavam em seu coração.

— Achei que já teria acontecido algo mais à essa altura… depois do aviso de Set - disse Sadie.

— Estava pensando nisso também. - respondeu Anúbis - Estava pensando em tentar entrar em contato com alguém.

— Isso não vai exatamente contra o que Seth sugeriu a gente para não fazer?

— Considerei isso também. Por isso não fiz nada ainda. Mas não sei até que ponto vale a pena escutar um alerta dele.

— O que incomoda mais Hórus? - perguntou Sadie - O casamento? Um bebê?

— Julgo que seja a segunda opção - disse Anúbis sentando ao lado dela com o pijama, sutiã e calcinha dela em seu colo.

— É tão ruim assim você ter um bebê comigo? Tecnicamente você nem é mais um deus - disse ela se sentando também e pegando a roupa para si.

— Hórus sempre foi orgulhoso - disse Anúbis dando de ombros - E também sempre foi bem comum manter casamentos dentro da família para manter o sangue real o mais puro possível.

— Nessas horas que me lembro que você, além de ser de uma família de um bando de velhotes imortais, ainda é da família real divina - disse Sadie revirando os olhos - Mas eu não sou descendente de faraós? Não conta isso?

— Faraós humanos e uma descendente com o sangue já misturado demais - disse Anúbis negando com a cabeça - Não acho que meu primo ache isso bom o suficiente.

Com raiva, Sadie levantou-se da cama e bateu os pés indo até o banheiro com raiva.

— Se aquela galinha idiota acha que eu não sou boa o suficiente, eu vou fazer ele engolir cada uma das palavras e ideias nojentas dele. - disse ela batendo a porta do banheiro.

Anúbis simplesmente acompanhou-a com o olhar e abriu um singelo sorriso quando ela bateu a porta. Adorava aquele lado dela de se impor e realmente fazer os outros engolirem as próprias palavras.

Depois de alguns minutos, os dois já tinham tomado banho e se aconchegado debaixo dos cobertores abraçados. Juntos, caíram no sono. Embora tenha se rendido ao doce sono, o coração de Sadie estava apertado de apreensão com aquele problema. Se Hórus era contra o casamento e o bebê, o mais lógico seria se ele fizesse algo para impedir isso. Mas até agora não tinha acontecido nada. Como se lendo os pensamentos dela, quando a garota começou a sonhar, soube que os sonho seria um daqueles diferentes.

No sonho, tudo parecia muito real. Ela estava de pé e, ao seu redor, não podia ver nada pois estava dentro de uma tempestade de areia. Quando a areia baixou, pode ver uma criança segurando no braço de um adolescente. Os cabelos negros rebeldes da criança, os olhos castanhos e a pele pálida eram as maiores provas de semelhança que ela queria. Anúbis pequeno. Ela queria ter tempo de admirar a fofura de ver o pequeno Anúbis, provavelmente com 5 anos, descalço e vestindo o saiote de época mas o olhar da criança era o mais puro ódio. O adolescente, claramente bem mais velho do que o pequeno Anúbis, parecia estranhar a pequenina mão da criança em seu braço. No entanto, o olhar de curiosidade do adolescente mudou para o olhar do mais puro e completo medo quando o corpo dele começou à mudar. Uma hora o adolescente estava ali, na outra, seu corpo secava como se cada grama fosse sugada de seu ser, a pele começava a descascar, a carne embaixo à necrosar, os orgãos caíam também necrosando até que só sobraram ossos que logo viraram poeira e foram carregados pelo vento. Assombrada, Sadie colocou a mão em seu coração que gelara ao notar que aquela pequena criança havia feito aquilo.

Num turbilhão de areia, a cena mudou, um homem adulto se chocava contra a parede de pedras depois de tanto recuar. O medo dominava o olhar do homem que usava claramente roupas do Egito Antigo. Ele tentava em vão escalar a parede de pedras que o encurralava tentando fugir de um chacal que lentamente se aproximava. Um chacal completamente negro, cor nada comum para chacais, e grande demais para um chacal. Anúbis. O homem deu um grito fino quando Anúbis, em sua forma de chacal, pulou em sua garganta e o sangue jorrou do pescoço do homem.

A cena mudou novamente. Anúbis estava em pé diante de uma vila de aparência antiga embora Anúbis parecesse do mesmo jeito que ele estava quando Sadie o conheceu. Ou seja, com aproximadamente 16 ou 17 anos. O vento bagunçava seus cabelos negros e balançava o elegante tecido de linho que usava. Ele segurava um cetro, seu querido cetro e olhava para a frente sério. Às suas costas, a vila, à sua frente, uma carnificina de soldados já mortos ou sendo devorados por chacais que provavelmente serviam à ele. Se algum soldado chegasse perto demais, era completamente putrefado e transformado em pó pelo deus. Os soldados ainda vivos gritavam em um idioma que ela não compreendia. O joelhos da garota ficaram bambos e as lágrimas começaram à encher seus olhos ao ouvir os gritos que, embora não entendesse o que diziam, sabia bem o significado. Pedidos de socorro. Pedidos de misericórdia. Pedidos de misericórdia para o deus que os soldados louvavam ou ao deus que estava ali em pé sem mostrar misericórdia alguma.

A Partir daí, as cenas não duraram mais do que alguns segundos. Trocaram rapidamente para vários rostos, várias pessoas que eram agarradas pelo braço ou pelo pescoço pelo deus do qual ela estava noiva e então se putrefavam até virar pó assim como o adolescente que o pequeno Anúbis havia tão friamente matado.

— Quão profundamente você realmente sabe? - perguntava uma voz de um homem que Sadie conhecia mas não se lembrava de quem era - Quanto ignora? Fica mais claro ver?

As imagens dos mortos continuava a trocar constantemente. Cada um morto de algum jeito mas o favorito ainda parecia ser transformá-los em pó. Ela olhou ao redor procurando a origem da voz e deu um grito ao dar de cara com Hórus tal como ela lembrava. Pele bronzeada, cabeça raspada, um olho dourado e outro prateado.

— Poucos são os deuses que não carregam sangue nas mãos - disse Hórus - Pouc-

— Eu… Eu já sabia! Ok? - disse Sadie o interrompendo e Hórus fechou a cara por não gostar da interrupção - Eu já sabia que ele tinha matado algumas pessoas.

— “Algumas” é diminuir a história... - disse Hórus desaparecendo mas a voz continuando - Assim como ver é diferente de saber. Quantas vidas tiradas ignoras, Sadie?

Hórus desapareceu e Sadie se viu no meio de mais um campo de guerra. Muitos soldados mortos, mas muitos ainda vivos seja lutando contra outra pessoa, ajudando outra ou tentando se curar. Ao olhar ao redor, viu Anúbis, ainda tal como ela havia conhecido. Estava de pé ali, cercado de mortos e ensopado de sangue. Em suas mãos, segurava o cabelo de um soldado inimigo que, se já não tivesse morto, rapidamente estava pois logo ele se transformou em pó. Não havia o carinho e o calor que tanto conhecia nos olhos de Anúbis ali. Havia apenas frieza e ódio enquanto encarava um homem barbudo e careca ajoelhado diante de si. Sadie conheceu o homem de um grande problema que havia enfrentado anos antes que fez com que ela conhecesse Will e Nico. O homem era Zababa, o deus hitita da guerra.

Seus ouvidos foram ocupados por um som que não era daquela cena, um som que vinha da própria memória. Daquele dia no cemitério lutando ao lado de Percy, Annabeth, Carter, Zia, Will, Nico, Anúbis, Cléo, Julian e Sean que haviam encontrando, dentre outros monstros e deuses, Zababa.Naquele dia, Zababa havia dito para Anúbis a frase que ocupou os ouvidos de Sadie:

— Como decaiu, Inpu. Não é mais aquele que vi lutando na Batalha de Kadesh.

O entendimento logo caiu sobre Sadie. Aquela era a Batalha de Kadesh. A batalha mais antiga que se tinha registro das táticas, uma das batalhas mais famosas do Império Egípcio.

Zababa levantou-se do chão com a sua espada e ele e Anúbis recomeçaram a luta. Anúbis lutava de mãos vazias, preferia assim. De seu corpo emanava uma fumaça negra que transformava em meros esqueletos qualquer mortal que se aproximasse mas mal fazia cócegas em Zababa. Ciente disso, Anúbis tentava usar outros golpes com Zababa tentando tocá-lo para usar seus poderes de necromancia com mais intensidade. Todavia, Zababa e Anúbis acabaram trocando de adversário quando outro deus tomou para si o combate com Anúbis e Zababa foi para onde Sadie não podia ver.

— Você esquece… - disse a voz de Hórus em sua mente mais uma vez enquanto a cena mudava - que um deus da morte deve saber mais que matar, deve saber torturar…

Os sons chegaram em seu ouvido. Gritos. Os gritos mais desesperados que ela já tinha ouvido. Quando a cena apareceu, reconheceu Seth gritando da mais pura dor. Seu corpo estava perfurado com ferros que, pela cor e pela fumaça da extremidade que tocava seu corpo, estavam extremamente quentes. Anúbis se aproximou segurando um outro ferro bem longo. Seu olhar era frio e sem emoções quando enfiou lentamente a extremidade oposta que brilhava em vermelho com o calor no corpo de seu pai de sangue. O olhar de ódio foi trocado entre os dois era um dos mais profundos que Sadie havia visto e o grito de Seth chegava até o fundo da alma de Sadie quando ela acordou assustada e sobressaltada.


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Notas finais do capítulo

e por hoje é isso XD
gostaram do flashback de memórias do Nunu vistas pela Sadie? sempre quis fazer isso kkk
aliás, muitas dessas cenas aí tem todo o embasamento mitológico e histórico eim. algumas são coisas q a mitologia realmente diz que Anúbis fez
A treta do Zababa que é mencionada é a treta central de outra fic. Mas relaxa, não precisa ter lido ela. Mas fica aqui o link:
https://fanfiction.com.br/historia/747866/Os_Deuses_da_Mitologia/