A vida nos seduz de várias formas, há várias possibilidades, várias opções e algumas pessoas, como eu, fazem as escolhas erradas…

A encruzilhada, a caixinha com coisas ilícitas, algumas palavras e lá estava o cara que vai comprar a minha alma.

De pé naquela encruzilhada, uma caneta seca na mão e a conversa foi mais ou menos assim:

— Me diga o que deseja, por que você me tirou do fogo e selaremos o acordo com um beijo.

Assinar um acordo foi a ideia mais louca que veio da minha amiga que vivia se metendo em problemas e lá estava eu seguindo com aquilo.

Lá estava o ser mais exótico que eu já havia visto em toda a minha existência pacata: pele branca, quase translúcida, olhos que lembravam os de uma cobra, cabelos negros como a noite, alto e trajado todo de preto. Havia diversão naqueles olhos sobrenaturais, havia um sorriso zombeteiro nos lábios finos dele, havia toda uma aura maligna em volta dele que me fez prosseguir com aquilo com a certeza de que seria feliz.

— Quero que meu marido me ame.

Foi o meu desejo, o que eu mais queria no mundo, o desejo da minha alma.

Pedido feito, acordo selado com um simples encostar de lábios e o prazo:

— Dez anos.

E num piscar de olhos o ser não estava mais lá.

Por dez anos fui amada como nunca achei que seria, por dez anos fui o mais feliz que consegui ser, por dez anos vivi tudo o que tinha e mais um pouco… Até que do nada, numa manhã, meu marido virou para mim e se perguntou o que fazia ao meu lado se ele não me amava…

O tempo havia acabado.

A afobação daquele dia foi tanta que eu me vi toda de preto indo para a igreja mais próxima que encontrei.

— Não me abençoe, padre, pois eu pequei.

Achei que estaria segura no confessionário, mas, ah!, como eu estava enganada.

— Conte-me seus pecados, minha irmã. – A voz do padre soou tranquilizadora e eu quis acreditar que estaria a salvo ali, que conseguiria sair dali.

— Quebrei algumas leis, abandonei algumas pessoas, fingi algumas risadas, contei algumas mentiras… – Tomei fôlego quando os sinos começaram a tocar.

— Continue. – O padre pediu tentando me encorajar.

— Fiz um acordo com o diabo, padre, acho que vou para o inferno. – Confessei fechando os olhos e soltando o ar.

Escutei uma risada sarcástica, uma risada que me arrepiou por inteiro, um calor incomum, algo que deveria me acostumar, talvez?

— Que bom que sabe o seu destino, Hinata… Sou Orochimaru e vim pegar algo que me pertence.