Sozinha? Não mais... escrita por Kemelly Mello


Capítulo 4
Da raiva ao amor




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A estrela foi perdendo altitude e depressa se aproximou do oceano, levando Malena até Lauro. Ele estava alegre, seu rosto expressava uma encantadora felicidade. Os olhos verdes brilhavam como esmeralda polida, deixando clara a afeição pela moça que se aproximava.

O tronco em que se apoiava começou a se chacoalhar, assustando os dois. Lauro largou o tronco e se afastou. Em questão de segundos, aquele simples pedaço de madeira se transformou numa canoa. A estrela se sacudiu, fazendo Malena cair suavemente no minúsculo barco. Lauro nadou até ele e subiu também, espremendo-se com ela.

— Uau! Que está acontecendo? - indagou, deslumbrado.

— Não faço ideia... Acho que é tua culpa, só isso.

— Brinca! Lógico que não, estou aqui porque você quis...

— Como assim? - questionou Malena, pela primeira vez num tom delicado.

— Você me trouxe até aqui, me deu vida... Você escolheu tudo, desenhou tudo! Pergunto agora: porque me fez sentir?

Tudo agora estava mergulhado num profundo silêncio, enquanto a canoa ondulava sobre as águas, movendo-se lentamente, levando-os a um lugar desconhecido. Os olhos se encontraram e, ao mesmo tempo, as estrelas se sacudiram, produzindo graciosas faíscas que choviam sobre os dois. Eram pequenos fragmentos estrelares, que davam mais vida ao brilho dos olhos do casal. Sem dizer nada, Malena tocou os dedos de Lauro, respirando calmamente, como se tivesse encontrado conforto depois de uma viagem conturbada.

— Vamos viver numa ilha... O que você acha? - sugeriu Lauro.

— Não... Não quero.

Com uma expressão de desapontamento, o garoto abaixou a cabeça e já não parecia o mesmo de alguns minutos atrás, que zombava sem preocupação alguma, que ria com ares de afronta. Agora parecia um brinquedo frágil, disposto a deixar que fizessem com ele o que fosse.

— Nós vamos morar em uma colônia de esponjas... Esponjas de vinte metros no fundo destas águas.

— Não existe tal coisa!

— Você duvida?

— Então mostre a mim...

Saltando da canoa, Malena mergulhou no oceano verde, deixando Lauro confuso para trás. Depois de cerca de um minuto (que mais pareceu uma hora aflitiva) ele a seguiu. Quando olhou para a profundeza, viu pés delicados se agitando num mergulho decidido e os acompanhou. Queria saber como fariam para respirar, mas não precisou se preocupar com isso instantes depois, por que logo notou que estava respirando normalmente... Algas azuis e borrachudas se enrolaram em torno de sua boca e nariz, formando uma espécie de máscara respiratória.

— Estamos quase chegando! Pude avistar o topo de um prédio esponjoso! - avisou Malena, sorrindo amavelmente para seu acompanhante e, logo em seguida, fazendo um aceno com uma das mãos.

— Será que poderemos viver num lugar escuro, frio e pegajoso?

— Eu me pergunto por qual motivo sempre associam as coisas que você citou a algo negativo... Tudo isso tem sua beleza!

O antigo intrometido então sentiu confiança nela e se permitiu prosseguir. Os dois corpos então foram abraçados pela vastidão aquática.


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