How To Say Im Sorry escrita por AllieC


Capítulo 1
Capítulo Único




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Capítulo Único

 

Eu estava completamente sem ânimo para sair de casa. Já haviam me ligado dezenas de vezes até que eu finalmente decidi retirar o telefone da tomada.

Eu não estava com vontade de sair de casa.

Eu não estava com vontade de lavar o rosto e tentar disfarçar as olheiras que haviam se formado devido ao choro excessivo dos últimos três dias.

Eu não estava com vontade de nada.

A única coisa que eu queria era continuar deitada na minha cama, lendo o meu livro, e continuar a chorar.

“Holly segurou o suéter azul de algodão contra o rosto e o perfume familiar imediatamente a fulminou, uma devastadora tristeza contraindo seu estômago e despedaçando seu coração. Alfinetes e agulhas percorreram a parte posterior do pescoço e um bolo na garganta ameaçou sufocá-la. O pânico assumiu o comando. Salvo o baixo zumbido da geladeira e o ocasional lamento dos canos, a casa achava-se silenciosa. Estava sozinha. A bile subiu-lhe até a garganta e ela correu para o banheiro, onde desmoronou de joelhos diante do vaso sanitário.

Gerry partira e jamais voltaria. Aquela era a realidade. Ela nunca mais correria os dedos por seu cabelo macio, nunca mais partilharia uma piada secreta por sobre a mesa em um jantar comemorativo, nunca mais choraria em seu colo quando chegasse em casa após um dia difícil no trabalho e necessitasse apenas de um abraço; nunca mais dividiriam a cama novamente, nunca mais seria acordada por seus ataques de espirro a cada manhã, nunca mais ririam tanto que o estômago dela doeria, nunca mais brigaria com ele a respeito de quem era a vez de se levantar e apagar a luz do quarto. Tudo o que restava era um conjunto de lembranças e uma imagem de seu rosto que se tornava mais e mais indefinida a cada dia.” — Li em voz alta.

Fora por causa daquela passagem do texto em especial que eu havia decidido ler livro. O namorado na mocinha havia morrido. E eu entendia completamente o que estava acontecendo com ela. Eu estava passando pela mesma situação.

Quer dizer, quase...

Meu namorado não havia morrido. Longe disso. Mas o nosso relacionamento sim. Este havia morrido.

E eu não conseguia parar de chorar desde que aquilo havia acontecido.

Antes de mais nada, passemos as apresentações. Me chamo Isabella Marie Swan, Bella para os amigos. Tenho vinte e dois anos, e sou moradora da belíssima Seattle há pelo menos dez anos. Nasci em Forks, Washington, mas saí da cidade com apenas três anos de idade, após a morte de minha mãe, Renée. Meu pai não conseguia mais viver naquela pequenina cidade, rodeado pelas memórias de minha mãe. Foi então que começamos anos mudar de um lugar para o outro, até nos fixarmos nesta cidade.

Charlie, meu pai, é político. Um dos mais influentes do país. Devido a sua profissão, não passamos tanto tempo juntos quanto gostaríamos. Mas eu o entendo, apesar de desejar que ele passasse mais tempo comigo. A carreira dele o mantém ocupado e o impede de pensar em coisas que ele não deseja. Eu, infelizmente, não tenho uma carreira com que me preocupar para manter os pensamentos indesejáveis longe. Nem trabalhos da faculdade estão sendo pedidos. Esta é única vez em que eu realmente gostaria de ter algo para ocupar a cabeça e não tenho nada. O destino e suas ironias...

Nem o livro conseguia manter mais a minha cabeça distraída. Quando eu me dava conta, já estava pensando nele...

Edward Cullen.

Edward, Edward, Edward.

Eu estava a ponto de enlouquecer.

Nos conhecemos no final do ensino médio. O pai de Edward havia sido transferido da capital. Ele logo se tornou um dos alunos mais populares de toda a escola. Mas também, como é que não viraria? Ele era alto, forte, tinha olhos verdes lindíssimos e os cabelos de uma tonalidade estranha, louro-acobreado, e logo conquistou a vaga de capitão do time de futebol. Ele era a fórmula para a perdição. Não era a toa que todas as garotas jogavam-se aos seus pés. E eu não era uma exceção.

Porém, eu tinha uma vantagem sobre as outras garotas. Eu era a chefe das lideres de torcida. Nada mais comum que o mais popular entre os garotos e a mais popular entre as garotas ficassem juntos, correto? Corretíssimo!

Começamos a namorar apenas pela curtição. Não éramos como a maioria dos casaizinhos. Não nos enchíamos de juras de amor. Não éramos eternos apaixonados.

Porém, em algum momento, isso mudou.

Para ambos.

Quando vimos, estávamos com anéis de compromisso nos dedos. E então começaram as juras de amor e as declarações públicas de afeto. Nós éramos o casal perfeito. Mas, infelizmente, tudo isso havia acabado.

Havia acabado há apenas três dias, mas eu me sentia como se não o visse a meses.

Tudo havia acabado.

Por causa de besteira.

 

Flashback On

 

— PELO AMOR DE DEUS, BELLA, EU NÃO TIVE NADA COM GAROTA NENHUMA! — Edward tentava se explicar, mas eu me recusava a ouvir. Eu podia sentir o cheiro de bebida nele de longe, e a marca de batom na gola da camisa dele não era.

— COMO NÃO? VOCÊ TEM UMA MARCA DE BATOM ENORME NA GOLA DACAMISA E QUER QUE EU ACREDITE QUE NÃO TEVE NADA COM GAROTA NENHUMA? — Gritei, sentido lágrimas começarem a se formar em meus olhos. Como ele pôde ter feito uma coisa dessas comigo?

— EU NÃO SEI BELLA, MAS EU NÃO FIZ NADA! ACREDITE EM MIM!

— ACREDITAR? COMO QUER QUE EU ACREDITE? VOCÊ APARECE NO MEU APARTAMENTO, NO MEIO DA NOITE, BÊBADO, FEDENDO A BEBIDA. QUER QUE EU PENSE O QUE?

— QUER SABER, PENSE O QUE BEM ENTENDER. ESTÁ TUDO TERMINADO. — Ele dissera, dando-me as costas, e saindo caminhando pelo corredor do meu prédio, rumo aos elevadores.

Bati a porta, cheia de raiva e, ao chegar em meu quarto, pus-me a chorar.

 

Flashback Off

 

E foi naquela situação, sob os gritos irracionais de nós dois, que eu o vi pela ultima vez. No dia seguinte, recebi uma ligação de Alice, irmã de Edward, pedindo o que havia acontecido. Contei-lhe todo o que havia acontecido, enquanto a mesma apenas ouvia tudo.

 

Flashback On

 

— E foi isso que aconteceu. — Eu disse, após ter-lhe contado todo o ocorrido.

— Ah Bella, sinto muito. — Ela dissera.

— Eu também sinto, Allie. Eu jamais esperaria algo assim da parte de Edward, e...

— Não isso Bella. Sinto muito pela confusão toda. É tudo culpa minha.

— Como assim? — Perguntei, sem entender nada. Fora o irmão dela que batera na minha porta, bêbado. Então porque era ela que estava se desculpando?

— Porque a marca de batom é culpa minha! — Ela fez uma pausa, enquanto eu tentava, do outro lado da linha, digerir o que ela havia me dito. — A camisa que Edward estava usando não era a dele. Ele acabou pegando a camisa de Jasper por engano. Eu só reparei quando o meu fofinho foi se vestir para ir embora. Meu irmão havia marcado de se encontrar com os amigos para beber e não ouviu quando eu telefonei para contar o que havia acontecido. Depois ele foi até a sua casa e... Bom, o resto você sabe.

— Co... como? — Perguntei, tremula. Eu não estava acreditando no que eu havia ouvido. Aquilo não podia ser verdade.

— A marca de batom era minha. Fui eu que deixei aquela marca na camisa do Jasper. Edward não fez nada, a não ser sair para beber com os amigos.

 

Flashback Off

 

E então eu voltei a chorar. Tudo havia terminado, e por causa de besteira. Tudo por minha causa. Pela minha irracionalidade.

Eu tentei falar com Edward novamente após a conversa que eu havia tido com Alice, mas ele recusava-se a me atender. Eu já havia enchido completamente a caixa de mensagens, tanto as de texto quanto as de voz, e ele não havia retornado nenhuma das minhas tentativas de falar com ele.

Sempre que eu ligava para a casa dele, era Alice que atendia. E sempre que eu ia até lá, ele nunca podia me atender. Isso se repetiu dezenas de vezes.

Até que eu parei de tentar.

Meu pai já havia me ligado da capital federal algumas vezes, querendo saber como eu estava. Eu tentava parecer melhor quando falava com ele, mas sabia que não o havia convencido. Por causa das campanhas, ele havia virado expert em descobrir mentiras alheias.

Eu caminhava pelos cômodos do meu apartamento, e para qualquer lugar que eu virasse, eu o via.

Via Edward. Via-o nos braços de outra mulher.

E eu tentava segurar o choro.

Tudo completamente em vão.

Voltando ao livro... Eu estava precisando de uma maneira de tentar manter minha mente afastada de certos pensamentos. E ler geralmente me distraia. Acabei indo até a estante da sala e pegando um livro que eu havia ganho a um certo tempo, mas nunca havia lido. Naquele momento, porém, a história me pareceu completamente adequada à situação.

“Seus olhos estavam vermelhos e doloridos e aquela noite parecia não ter fim. Nenhum dos aposentos na casa a confortava. Somente silêncios indesejados à medida que fitava a mobília ao seu redor.”

Eu realmente me identificava com tudo aquilo.

Então eu resolvi apelar para a receita anti-dor-de-cotovelo mais eficaz que eu conhecia. Bebida.

Eu sabia que acabaria acordando com uma dor de cabeça horrível, mas pelo menos a ressaca me manteria afastada de certas lembranças.

Larguei o livro sobre a cama e dirigi-me a sala. Charlie mantinha uma pequena adega de bebidas para poder usufruir quando estivesse na cidade. Hoje seria eu quem se divertiria no meio alcoólico.

Acabei escolhendo uma garrafa de Goldschlager. Meu pai era um grande apreciador de bebidas fortes e aquela era uma de suas preferidas. Ela certamente serviria aos meus propósitos.

A primeira dose desceu raspando pelo meu pescoço. Ela forte e eu sentia como se minhas entranhas estivessem pegando fogo. Exatamente o que eu queria. Excelente!

Obriguei-me a ingerir mais algumas doses. O meu objetivo era deixar a sobriedade de lado. Se eu quisesse concluí-lo, teria que me esforçar um pouco mais.

Após a quinta dose da bebida, eu já havia me acostumado completamente com o gosto da mesma, e a tontura já estava começando a me atingir.

Senti meu estomago começar a reclamar pelo excesso de bebida. Sentei-me no sofá, torcendo para não acabar vomitando. A Sra. Clearwater não viria amanhã, e seria eu quem teria que limpar toda a bagunça que eu ocasionalmente viesse a fazer. Larguei o copo no primeiro lugar que encontrei e procurei me colocar em uma posição confortável. Senti o enjôo ir embora e agradeci em voz alta por isso.

Eu achei que o meu plano de beber para que a minha ressaca no dia seguinte fosse história era ótimo. Porém, os enjôos me fizeram lembrar do porque eu já havia desistido desse plano louco algumas vezes. Por pior que fosse a situação em que eu me encontrasse, as conseqüências da bebida eram demasiadas grandes demais para que, no fim, eu me considerasse vencedora.

E eu estava começando a achar que o meu plano já não era mais tão brilhante assim...

Eu bem que podia ter me atido a me entupir de chocolate como fazem a maioria das mulheres...

Toc-toc.

O sono que estava começando a me atingir foi embora instantaneamente ao aquele barulho. Olhei em volta e não reconheci de onde vinha. Eu podia muito bem estar ouvindo coisas...

Toc-toc.

O mesmo barulho novamente.

Toc-toc.

E de novo.

Toc-toc.

E de novo.

Levantei-me irritada do sofá, levemente cambaleante. De onde vinha aquele barulho chato?

Comecei a caminhar de um lado para o outro, tentando descobrir a fonte daquele som irritante. Ao passar pela porta, percebi que o som vinha dela.

Toc-toc.

Olhei para o meu relógio de pulso. Onze horas e vinte minutos. Que estaria batendo na minha porta aquela hora da noite? E porque raios não podia usar a campainha como uma pessoa normal?

— Olha aqui seu... — Abri a porta rapidamente, me preparando para descontar sob a pessoa que estava me incomodando àquela hora da noite toda a minha frustração. Porém, o resto da frase ficou preso em minha garganta quando eu vi quem batia em minha porta.

— Olá, Bella. — Ele dissera.

— Edward. — Balbuciei. Eu mal podia acreditar que ele estava ali, na minha frente.

— Posso entrar? — Ele pedira, timidamente. Até semana passada, ele usava a sua cópia da chave para entrar, e sempre grudava seus lábios nos meus quando me via.

— Pode. — Eu disse, dando espaço para que ele entrasse. Suspirei, ainda olhando para fora, e depois fechei a porta. Virei meu corpo e deparei-me com Edward, poucos passos atrás de mim, me esperando. — Sente-se no... no... no sofá.

Ele me seguiu até os mesmos e se sentou na pequena poltrona que havia ao lado do lugar onde eu havia escolhido para me sentar.

— O que aconteceu por aqui? — Ele perguntara, olhando em volta. — Este lugar está uma completa bagunça. — Olhei para baixo, ligeiramente envergonhada. — E você... — Ele dissera, levantando-se, e inclinando o corpo em minha direção. — Está cheirando a bebida. O que andou aprontando? — Ele perguntara, ligeiramente irritado.

— Nada de mais, apenas tomei algumas doses... — Respondi, enquanto voltava a sentir o embrulho em meu estomago. Edward, por sua vez, percebeu que eu não estava bem e aproximou-se de mim, junto com peça decorativa que havia em alcance, e utilizou-a como recipiente enquanto eu vomitava tudo o que havia em meu estomago.

— Sério, Bella, o que andou tomando? — Ele perguntara, um pouco depois, quando eu já estava um pouco melhor. Ele havia me deitado no chão, sobre algumas almofadas, e estava ao meu lado, abanando-me.

— Algumas doses de Goldschlager...

— Goldschlager? Sério? Céus, Bella, existe uma razão para apenas homens de estomago forte beberem esse troço. Moças delicadas como você deveriam ficar longe dessa bebida. Não só dessa, mas de todas as outras também. Posso saber por que fez isso?

Eu não queria responder aquela pergunta. Não queria olhar ele e admitir o quanto eu havia chorado. Se bem que as minhas olheiras já deixavam o choro bem evidente...

— Você. — Admiti baixinho. Ele ia acabar descobrindo de uma maneira outra mesmo...

— Oh. — Ele dissera, desviando o olhar de mim. — Pelo visto eu não fui o único a fazer besteiras nesses três dias...

— Como assim?

— Bem, depois que eu saí daqui, eu acabei voltando para o bar onde eu havia estado com o pessoal. Enchi a cara. E acabei sendo assaltado quando ia embora. Levaram meu celular e minha carteira. — Ele dissera. Então fora por isso que ele não entrara em contato? Senti um sorriso se formar em minha face. — Eu prestei queixa na delegacia mais próxima, mas eles mantiveram lá até a manhã seguinte, quando conseguiram falar com Carlisle, por causa do meu estado. Eu mal conseguia caminhar de tão bêbado... Minha ressaca foi tão grande que só hoje pela manhã eu consegui sair da cama. Foi então que Alice me contou das suas ligações... Eu tentei ligar de volta, mas você não atendeu...

— Eu arranquei o telefone da tomada.

— Oh.

— Edward, eu sinto muito. — Disse, enquanto levantava das almofadas e me ajoelhava em sua frente. — Eu me precipitei, eu sei. Fui uma cega, uma boba, uma estúpida por não ter acreditado em você.

— É, foi mesmo...

— Mas o que queria que eu pensasse? Você apareceu cheirando a bebida e com uma marca de batom na roupa... Eu não sabia que aquilo havia sido provocado por Alice, naquele momento...

— Eu fui até um bar beber, era óbvio que eu ia estar com cheiro a álcool.

— Eu não sabia sobre isso. Edward, eu sinto muito. De verdade. Eu deveria ter acreditado em você.

— Devia mesmo.

— Como eu posso convencê-lo de que sinto muito? — Supliquei. Edward era importante demais para mim para que eu o perdesse por causa de besteira.

— Sabe o que eu vim fazer aqui, naquela noite?

— Não, Edward. Por favor me diga, como é que eu posso me desculpar? — Pedi. Eu já não me importava com o fato de estar ajoelha a sua frente, pedindo perdão. Nem ao menos me importava com o que ele havia feito naquela noite. A única coisa que eu queria era o meu amor de volta.

— Não Bella. Me escute. — Ele pedira, colocando as mãos sobre os meus ombros, tentando me acalmar. — Você sabe porque é que eu vim aqui naquela noite?

— Não.

— Eu vim até aqui para lhe fazer um pedido. Vim lhe pedir em casamento. Mas a única coisa que eu ouvi quando bati a sua porta foram gritos.

Ele ia me pedir em casamento? De verdade? Desatei a chorar, sentindo os braços de Edward ao meu redor. Eu podia estar vivendo o meu conto de fadas nesse exato momento. Mas não. Eu havia jogado tudo para o alto.

— Ei, acalme-se, eu estou aqui. — Ele dissera, afagando minhas costas. — Porque está chorando?

— Porque eu estraguei tudo. — Respondi, em meio a soluços.

Edward simplesmente me abraçou e deixou que eu chorasse em seu ombro por alguns minutos. Quando eu já havia perdido completamente a noção do tempo e já sentia o sono começar a bater, ele levantara-se, comigo em seus braços, e sentou-se no sofá, mantendo-me junto a si.

— Está melhor agora? — Ele perguntara, baixinho, em meu ouvido.

— Um pouco... — Respondi, meio abatida. — Eu já volto, está bem? — Disse, enquanto me levantava e ia em direção ao banheiro. O gosto dos resquícios de vômito que haviam sobrado em minha boca estavam começando a me deixar enjoada outra vez. A ultima coisa que eu queria era vomitar novamente na frente de Edward.

Tranquei-me dentro do banheiro, e rezei baixinho, ajoelhada no linóleo, para que eu não cometesse mais nenhuma besteira ou insanidade. Em seguida, escovei rapidamente os  dentes, tirando o gosto ruim da boca. Lavei meu rosto com água gelada e me olhei no espelho. Onde estava a mulher sorridente que eu geralmente enxergava no espelho?

Voltei para a sala, olhando somente para o piso. Não queria encarar Edward cara a cara. Visualizei a garrafa vazia de Goldschlager jogada em um dos cantos do cômodo. Eu nunca mais beberia aquela coisa. Edward teria me encontrado em um estado muito melhor se eu não tivesse enchido o copo tantas vezes.

— Nunca mais vou beber na minha vida. — Murmurei sozinha, baixinho.

— Também acho. — Edward dissera, de supetão, assustando-me. Eu não esperava que ele estivesse tão perto de onde eu estava. — A única vez, fora hoje, em que me lembro de tê-la visto bêbada foi na noite em que nos conhecemos. Lembra-se?

Como eu podia me esquecer? Aquele havia sido a primeira vez em que eu havia posto um copo de bebida na boca. Eu fiquei mais alegrinha do que de costume devido ao álcool. Quando eu vi Edward chegando para a festa, fui até ele, e não me importei nenhum pouco com o que as outras garotas estava falando. E daí que ele acabaria achando que eu era simplesmente mais uma? Eu teria beijado Edward Cullen, senão mais, e era isso o que contava.

A ressaca do dia seguinte, porém, me fez rever meus conceitos. Realmente adiantava ter uma noite maravilhosa, regada a bebida e beijos se eu teria que passar pelo menos dois dias de cama apenas para me curar da ressaca?

Por sorte, Edward não me tratou como uma qualquer quando eu voltei para a escola. Na verdade, ficou preocupado com o meu sumiço. Depois disso, saímos algumas vezes, até que ele me pediu em namoro.

— Bom, dessa vez eu juro que é verdade. Nunca mais bebo na minha vida.

Ele apenas riu, enquanto voltava a se sentar no sofá. Eu apenas o segui e repeti o seu movimento, também me acomodando no mesmo móvel.

O silêncio que se seguiu perdurou por uns bons minutos. Nenhum de nós dois se atrevia a falar. Eu já havia tentado pedir desculpas, mas o meu pedido obviamente fora mal sucedido. O que fazer então?

Acabei respirando fundo, reunindo a coragem que me restava. Era agora ou nunca.

— Edward, eu...

— Bella, eu...

Acabamos falando ao mesmo tempo. Sorrimos um para o outro, um pouco envergonhados pela coincidência, e o silêncio voltou a instaurar no cômodo.

Aproximei meu corpo do de Edward e peguei uma de suas mãos, trazendo-a até meu colo. Segurei-a firmemente, feliz por ele retribuir a carícia e voltei a falar.

— Eddie, eu sei que o que eu fiz foi errado. Eu desconfiei de você, não acreditei no que disse, apesar de nunca ter me dado nenhum motivos para desconfiar de você. — Segui falando, sem nunca deixar de olhar para nossas mãos. Eu não queria encará-lo e ver uma possível rejeição em seus olhos. Eu não agüentaria. — Eu sei que nós temos nossos altos e baixos, o que é normal. Casais passam por isso muitas vezes, mas é o amor que os mantém juntos. E eu te amo, Edward. Amo tanto que não sei o que faria sem você. Amo tanto que nesses dias que passamos separados a minha única vontade era ficar deitada na cama, chorando de saudades. Será que você seria capaz de me perdoar pelas besteiras que eu fiz e me dar uma nova chance? — Perguntei, finalmente erguendo o olhar e encarando-o.

Os segundos que Edward passou em silêncio, apenas observando-me, me fizeram ficar insegura quanto à resposta dele. Porém, quando ele abriu o sorriso torto que eu tanto adorava e aproximou o rosto do meu, eu finalmente pude ficar mais aliviada.

— É claro que eu perdôo, sua boba. Você não foi a única a se sentir perdida nesses últimos dias. Eu te amo Bella.

Ele aproximara o seu rosto do meu, acariciando minha face. Fechei meus olhos ao sentir seu hálito fresco contra meu rosto. Senti suas mãos deixarem meu rosto e envolverem minha cintura, enquanto seus lábios passaram a tocar os meus. Me senti desfalecer em seus braços quando ele finalmente me beijou, aproximando mais ainda nossos corpos. Nossas línguas realizavam uma dança sensual e sincronizada, um explorando o máximo que podia da boca do outro. Quando finalmente nos separamos, ambos estávamos ofegantes.

— Sinto muito Edward, por tudo. Prometo nunca mais duvidar da sua palavra. — Eu disse.

— Ei, não precisa mais se desculpar. — Ele dissera, abraçando-me. — Eu já perdoei você quase completamente.

Quase?

— Quase? O que precisa que eu faça para esquecer completamente tudo o que eu fiz?

— Você só tem que ficar quietinha e me dizer a resposta que eu quero ouvir. — Ele dissera, levantando-se do sofá.

Edward ajoelhara-se em minha frente, e retirara do bolso do casaco uma caixinha vermelha de veludo, e abrira-a, revelando um belíssimo anel de ouro branco incrustado de pequeninos diamantes.

— Isabella Swan, você aceita ser minha esposa?

Santo Deus, ele realmente estava fazendo aquilo? Até minutos atrás nós estávamos separados e agora ele estava me propondo em casamento? Instantaneamente, comecei a chorar.

— Bella? — Edward levantara-se, apressado. — Você está bem? Bella, querida, está sentindo algo? — Ele perguntara, assustado com o meu súbito ataque de lágrimas, enquanto me ajudava a sentar no sofá.

— Sim. — Eu respondi. Que outra resposta eu seria capaz de dar ao pedido de casamento de Edward? Eu seria louca se recusasse.

— Cristo! Certo, continue sentada aí enquanto eu ligo para o hospital e peço uma ambulância. — Ele dissera, enquanto dirigia-se apressado até o meu celular, que estava em cima da mesa de centro.

— Edward, vai chamar uma ambulância por quê?

— Porque você disse que não está se sentindo bem. — Ele respondera, como se fosse óbvio.

— Eu não disse nada sobre não estar me sentindo bem.

— Eu perguntei se você estava sentindo alguma coisa e você respondeu que sim. — Ele dissera, já começando a discar os números em meu celular.

Ele achava que eu estava passando mal? Era tão fofo da parte dele se preocupar comigo... Nessas horas ele era tão... Edward!

— Eu realmente respondi sim, mas não foi sobre estar me sentindo mal. Eu estou bem. Muito bem, na realidade.

— Então respondeu que sim para que? — Ele perguntara, já entrando em estado de pânico. No momento seguinte, ele estava ao meu lado, com as mãos em minha testa, medindo minha temperatura.

— Ao seu pedido, bobo. Sim, eu aceito me casar com você.

Edward demorou alguns instantes até tomar consciência de minha resposta. Quando percebeu que eu havia aceito ao seu pedido, ficou estático ao meu lado, apenas me observando, boquiaberto. Foi a minha vez de me preocupar com o seu estado de saúde.

— Eddie? Querido, está tudo bem?

Subitamente, seus braços envolveram meu corpo e meu tronco foi jogado sobre o sofá, enquanto meus lábios eram tomados ferozmente pelos de Edward.

— Você aceita mesmo? Aceita de verdade? — Ele perguntara, os olhos brilhando de felicidade.

— Eu seria uma boba se recusasse o seu pedido. — Respondi enquanto acariciava-lhe o rosto.

— Está me fazendo o homem mais feliz do mundo nesse exato momento, sabia? — Ele retirara o anel da pequena caixa e o colocara no dedo correto. — O anel ficou perfeito.

— Ele é lindo.

— Combina com você.

Trouxe seu rosto para mais perto do meu e unimos nossos lábios novamente. E pensar que eu quase perdi Edward... Honestamente, não sei que rumo daria a minha vida sem ele.

Eu o tinha a tanto tempo em minha vida que acho que desaprendi a viver sem a sua companhia ao meu lado. Era sempre ele que fazia rir, era sempre ele que ficava ao meu lado quando eu chorava, era sempre ele que estava ao meu lado quando eu precisava. E é ele que vai continuar em tal lugar pelo resto de nossas vidas, espero.

— Ei, você tem alguma outra garrafa de Goldschlager? — Edward perguntara, interrompendo o beijo.

— Fechada sim, por quê? Aah, Eddie, por favor, não me diga que vai querer beber agora!

— Eu pretendo beber sim, mas estou tendo algumas idéias sobre como beber... — Ele respondera, o tom de voz completamente malicioso, com um sorriso tipicamente canalha no rosto. O sorriso que eu adorava.

Céus, a noite seria longa.

 

 

 

 

 

 

 

FIM

 

 

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° Os trechos citados foram retirados da obra “P.s.: Eu Te Amo”, de Cecelia Ahern.

° Goldschlager é um licor de origem italiana, de textura densa e viscosa. Possui um aroma de pimenta e canela, além de possuir um suave toque de baunilha. Ao contrário da maioria dos licores, é uma bebida extremamente forte.


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Notas finais do capítulo

N/A: Eu tive um surto semana passada e resolvi escrever essa One-Shot. Se ela não ficou muito boa, mil desculpas, mas essa foi a primeira One que eu escrevi. Peço que vocês comentem para que eu sabia onde tenho que melhorar, já que eu tenho mais algumas One's em andamento.
Bom, era isso. Espero que tenham gostado.
Beijos.