“Mas você está chorando, Ryo.”

Eu não estava. Entretanto, agora, eu estou.

E entenda, eu nunca tive uma resposta concreta para tua pergunta abstrata, mesmo que o ímpeto me obrigasse a dizer-lhe o quão estúpido era o arbítrio de unir o vago conceito de amor ao complexo de um anjo caído. 

Culpo-me em demasiado por saber o quão egoísta hei de ser ao deixar acentuar-se aqui dentro a honra de poder ser o único à provar de tua essência e chorar por ti, enquanto tu descansa em meu colo. E eu peço-te, não precisa derramar-se agora. Já o fizeste a vida inteira pelos outros ao transmitir pelos olhos esta força na qual compreendi quando já era tarde demais.

Quando as estrelas pareceram cair do céu em meio ao caos soturno naquela noite qualquer, eu já deveria saber; elas preparavam-se para levar-te ao paraíso que tuas lagrimas o fizeram merecer. Espero que não se importe se eu confiá-lo à cada uma delas, as estrelas, que foram plateia deste teatro maltrapilho, em que o diabo tornou-se escravo do amor quando o motivo deste jazia morto em seus braços. E dessa vez, sei bem que esta trágica trama não fora escrita pelo cara lá de cima.

Fui eu. O cara do concreto.

E eu choro, Akira, por não permitir-me mergulhar no teu abstrato enquanto havia tempo.