Tinha que ser você escrita por JosiAne


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

A ideia surgiu após refletir o momento atual de nosso querido ship, sabemos que os últimos encontros dos dois no show não foi tão agradáveis, mas a química entre os dois ainda está lá e até nos pequenos momentos podemos enxergar isso e não deu para ficar apenas esperando pelo show eu tinha que fazer algo, e eu apenas não consegui deixar as palavras fugirem.

Diferente de minha última fic, que o ponto de vista era exclusivo do Connor, essa é feita no ponto de vista da Sarah.

Imagem do capítulo feita por mim.

Por favor, leia as notas finais.

Boa leitura.



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A primeira vez que ele lhe dirigiu a palavra após o fatídico dia em que com arrogância quis lhe dizer como fazer seu trabalho aconteceu exatas três semanas depois, ela estava exausta física e mentalmente, tentando assimilar as atribulações de um dia extenuante enquanto se jogava no sofá da sala dos médicos.

Ela não percebeu que ele estava na sala e não sabe como também não percebeu que ele já se encontrava descansando no sofá. Ele deu um pulo do móvel assustado com o movimento dela.

— Uoa! – ele dissera ainda meio inconsciente.

Após esfregar os olhos abruptamente ele a encarou atônito e ela com toda a vergonha que lhe era devida desviou o olhar esperando pelas palavras ríspidas que ela sabia virem logo a seguir.

— Ei Reese – ele falara mais alto que o necessário – por um aca... – mas ele não concluiu seu monólogo.

Ela olhou para ele e se surpreendeu com o que viu, ele a encarava consternado e ela se pegou pensando se ela estava tão mal assim a ponto de fazê-lo engolir uma possível advertência que lhe desferiria.

— Está tudo bem? – ele perguntou num tom de voz baixa e macio.

Espera. Macio? Ela achou que o fim do mundo havia chegado e demorou tanto tempo para raciocinar que quando encontrou as palavras certas ele a cortou antes que abrisse a boca para falar qualquer coisa.

— Deixa pra lá, já está tarde e está na minha hora. – falou com tal indiferença que ela se sentiu magoada – Boa noite Reese. – ele despediu-se e retornando o cumprimento ela encarou a porta percebendo pela primeira vez como aquele homem era estranho.

 

A segunda vez que ele lhe dirigiu a palavra aconteceu duas semanas após ela perceber a volatilidade do homem. Distraída ela estacionou numa vaga qualquer do estacionamento do hospital e no mesmo instante ouviu o som de uma freada brusca e a buzinada irritante atrás de seu veículo. Menino, como aquilo a irritou, de mau humor ela saiu do carro pronta para atacar o sujeito mal educado.

— Qual é o seu problema? – ela gritou tão alto sem nem mesmo prestar a atenção ao veículo e pareceu exagero até mesmo para ela - Há muitas outras vagas lá atrás sabia!?

— O meu problema é que você parou na minha vaga. – ele disse saindo do carro e ela paralisou momentaneamente ao reconhecer Connor Rhodes.

— Sua vaga? Não me lembro de ver seu nome escrito nela. – falou com confiança.

— Mas é aqui meu lugar habitual de estacionar. – ele rebateu aproximando-se dela perigosamente e ela quase recuou até se dar conta que ele não tinha um motivo válido para reclamar a vaga.

— Chegue mais cedo da próxima vez. – ela conseguiu controlar o tom de voz e não desviar o olhar daqueles olhos azuis que brilhavam de raiva e sem querer ela pensou que poderia olhar para eles o dia todo, porém apenas até ele abrir a boca novamente.

— Eu sou cirurgião de trauma e da cardiologia e você, você é... – ele hesitou e ela sabia o que ele ia falar.

— Apenas uma residente da psiquiatria? É isso que você ia falar? – insinuou com escárnio, o rosto tão próximo do dele que pode sentir o ar quente de sua respiração.

— Eu... – ele balbuciou e ela percebeu que naquele mesmo momento ele se arrependeu das palavras ditas e não ditas – Pode ficar com a vaga. – ele disse desconcertado, entrou no carro e saiu deixando-a sem um pedido de desculpa e pensando que o homem era bipolar.

 

A terceira vez que ele lhe dirigiu a palavra aconteceu exatos nove dias após o incidente do estacionamento. Foi em um final de semana quando ela decidida a parar de comer comida de food truck encaminhou-se ao supermercado. Aquele dia ela sentia-se leve como uma pena, nenhum mal estar no hospital lhe ocorrera àquela semana, nenhum de seus colegas lhe olhara de cima a baixo como se tentando avaliar sua condição psicológica para o trabalho.

Ela parou em frente a um freezer de exposição e levou a mão para pegar a carne de soja, mas outra mão agarrou o pacote ao mesmo tempo.

— Desc... Tinha que ser você! – ambos falaram ao mesmo tempo ao se darem conta de quem era e ela teria achado fofo à sincronia de suas palavras se não tivesse ficado tão irritada apenas em olhar para o rosto dele.

— Vai querer disputar pela carne também, Rhodes? – ela indagou ríspida, era incrível para ela como o homem poderia fazê-la perder os sentidos.

— Não, por que você vai me dar ela já que eu a peguei primeiro. – ele disse desafiador.

— Você nem é vegetariano. – ela contestou e até tentou fazer beicinho para convencê-lo.

— Reese. – advertiu e ela mudou sua postura para uma mais defensiva.

— Rhodes. – estreitou os olhos aproximando-se mais, e em fração de segundos ela podia jurar ter visto algo mais em suas profundezas azuis, talvez desejo e um sorriso naqueles lábios bonitos.

Contudo, logo ela pensou ter visto demais já que ele afastou-se puxando a embalagem repentinamente aproveitando de sua distração e saiu apressado. Mais a frete ele parou, olhou para trás e sorriu presunçoso. E ela teve certeza que ele não era apenas bipolar, ele era maluco.

 

A quarta vez que ele lhe dirigiu a palavra aconteceu um mês após o encontro no supermercado. Os colegas de trabalho já a tratavam normalmente e aquela noite a convidaram para um drink no Molly's, não querendo perder a oportunidade de se reconectar àqueles que ela considerava família ela aceitou rapidamente.

Qual não foi sua surpresa quando ao entrar no bar e localizar seus amigos ela também o encontrou. Ele estava sorrindo pra ela quase com malícia, como se a desafiando a aproximar-se. Bem, ela não era uma de fugir de um desafio.

Reunindo toda a coragem necessária ela aproximou-se, cumprimentou a todos não excluindo ele, e sentou-se desafiadora, ele permanecia com aquele sorriso e ela teve vontade de arranca-lo a socos e quebrar cada um de seus dentes perfeitos. Respirando fundo ela disse a si mesma que seria fácil passar por aquela noite.

Mas não foi fácil, ele conversava com Ethan e April, ela com Maggie e Noah, ele não parava de encara-la, a olhava como que avaliando cada uma de suas palavras deixando-a desconfortável. Ela se perguntou se ninguém mais estava notando sua troca de olhares, o dele, irônico; o dela, assassino. Ele a estava irritando e para se acalmar aproveitou a oportunidade de ser a próxima a pegar as bebidas e foi até o bar.

Ela suspirou quando sentou na banqueta no canto do balcão, aliviada de ter fugido por um instante, porém seu alívio não durou muito, pois em segundos ele apareceu ao seu lado arrancando-a da paz momentânea.

— Hey, Reese!

— Caramba! Só pode ser brincadeira! – exclamou exasperada.

— Calma Rheese – ele levantou as mãos em sinal de paz – vim apenas para me despedir.

Ela o olhou desconfiada – Mesmo? – perguntou com cautela.

— Sem disputas essa noite. – disse com um meio sorriso – Trégua? – e estendeu a mão para ela em cumprimento.

— Trégua. – aceitou tentando esconder o sorriso. Bem, o maluco tem educação.

 

A quinta vez que ele lhe dirigira a palavra aconteceu quatro dias após o encontro no Molly's, quando por casualidade ela se deparou com o homem em seu prédio.

Ela chegou ao edifício apressada, estava voltando de mais um dia de trabalho e tinha apenas cinquenta minutos para se livrar dos resquícios do hospital e se encontrar com uma das poucas amigas que fez na faculdade. Correndo da entrada do edifício ao elevador ela gritou para o homem que se encontrava entrando no mesmo que o segurasse para ela.

Ela quase caiu quando ele virou-se e ela reconheceu Connor. Recompôs-se rapidamente e entrou na caixa de metal.

— Obrigada. – disse ainda tentando retomar o fôlego.

— Qual o andar? – ele perguntou com gentileza.

— Oitavo, por favor. – respondeu apreciando a cordialidade.

— Visita a uma amiga? Ou a um namorado, talvez? – ele indagou ao mesmo tempo em que apertou o botão que indicou.

— Por que eu estaria aqui para visitar alguém. – ela cruzou os braços já sabendo que não iria gostar da resposta.

Ele abriu a boca para responder, mas fechou-a quando o elevador parou e as portas se abriram para dois rapazes.

— Boa noite Sarah.

— Olá Sarah.

Os jovens a cumprimentaram sorridentes e um deles apertou o botão cinco.

— Oi meninos. – sorriu para eles automaticamente e se voltou para Connor carrancuda – E então?

— Bem, esse é um dos edifícios mais bem localizados e caro na cidade, eu não achei que com o que ganha como residente fosse capaz de...

— Por acaso já passou pela sua cabeça que não é o único bem abastado no hospital? Posso não ser uma filinha de papai, herdeira de uma grande rede empresarial, mas sim, eu posso pagar um apartamento aqui, um até mais caro se eu quiser. – falou exaltada.

— Filhinho de papai? – acercou-se dela, encurralando-a no canto do elevador – Cuidado com o que diz Sarah Reese. – sussurrou aproximando os lábios do ouvido dela.

— O-ou? – ela inquire desviando o olhar para os rapazes que saiam do elevador silenciosamente e ela sentiu uma faísca de medo ao perceber-se sozinha com Connor.

— Ou eu posso ter em mente diversas maneiras de calar essa sua boquinha linda. – advertiu antes de morder suavemente o lóbulo de sua orelha e afastar-se no momento em que as portas se abriram, sem olhar para ela ele saiu deixando-a trêmula e crendo-se maluca por ficar excitada com as palavras do homem.

 

A sexta vez que ele lhe dirigiu a palavra aconteceu duas semanas após o encontro no elevador. Uma importante companhia de teatro nacional estava fazendo uma turnê pelo país e passou por Chicago e ela sendo apaixonada pela arte não quis perder o show.

Ela estava distraída no bar ainda em estado de letargia recordando cada momento do primeiro ato enquanto esperava pelo início do segundo quando ele apareceu assustando-a como o inferno.

— Aproveitando a noite Reese.

 - Merda Rhodes, me odeia tanto que quer me matar. – reclamou pondo a mão no peito com o coração batendo descontrolado.

— Te odiar? – ele disse inocentemente ficando atrás dela – Não seja tola Reese, como eu poderia odiar uma mulher tão linda como você? – apertou-a a cintura e ela gemeu involuntariamente – Está na hora de acabarmos com isso      Reese.

— Do que você está falando? – indagou. Toda sua capacidade de raciocinar indo passear.

— Vamos Sarah você sabe tanto quanto eu que estamos atraídos um pelo outro e estamos tentando controlar isso através de insultos que não nos levam a lugar algum.

— E o que você sugere? – disse inclinando o rosto deixando de lado qualquer vestígio de pudor.

— Eu prefiro mostrar do que falar. – ela olhou para o balcão ponderando o convite implícito que ele fez.

— Então me most... – e antes que ela terminasse de falar ele a estava puxando pelo salão em direção à saída.

Antes de chegar ao apartamento dele, ela esqueceu-se de qualquer analise que tenha feito sobre a personalidade dele. O homem pode ser maluco, mas um maluco tentador que lhe tirou o juízo.

 

O primeiro beijo aconteceu assim que saíram do carro, e foi estranho e desajeitado como qualquer primeiro beijo poderia ser. Eles riram do beijo atrapalhado e o choque entre dentes e ele soltou um insulto baixinho quando a vizinha do apartamento de baixo os mandara terem vergonha por estarem, nas palavras dela, se agarrando no elevador, quando ele apenas abraçava Sarah e lhe beijava o ombro nu, foi tão terno que ela achou que fosse derreter em seus braços. Ele era um romântico.

Um romântico insaciável. E ele deixou que ela soubesse assim que entraram no apartamento. Ele voltou a beijá-la, e não era um beijo gentil, mas cheio de desejo e necessidade pura de prova-la. Agarrou-a pela cintura levantando-a no colo e sem quebrar o beijo caminhou de costas até que caíssem no sofá, eles pareciam tão certos um para o outro que seus corpos encaixaram-se facilmente. Ele acariciava as pernas dela subindo mais e mais o vestido.

— Você é linda – ele disse ao ouvido dela - e...  – desviou o olhar para a boca dela, o olhar repleto de luxuria – eu tenho vontade de morder essa boquinha e fazer loucuras com você. – admitiu e ela ruborizou e gemeu quando ele sentou-se com ela ainda sentada em seu colo e ela sentiu a dureza de sua ereção friccionando um ponto sensível. Céus, se o homem é capaz de fazê-la quase chegar ao limite ainda vestidos imagina quando estiverem em toda sua glória.

Ele levantou e a beijou fazendo-a perder a noção do mundo ao seu redor, tudo o que ela podia sentir era o toque de suas mãos que se tornava cada vez mais familiar a ela, o cheiro da colônia masculina que a inebriava e a fazia fechar os olhos e os braços fortes que a mantinha protegida.

A próxima coisa que ela notou, ela estava deitada de costas, ele acima dela olhando-a nos olhos com tanta ternura que ela teve vontade de chorar. Ela se sentiu ridícula. Perguntou-se como um homem poderia ser tão lascivo e afetuoso ao mesmo tempo.

E eles tornaram a se beijar, e mãos pareceram ganhar vida própria ao explorarem os corpos, roupas foram tiradas e jogadas em um canto qualquer e ela em fim sentiu o prazer de tê-lo dentro dela, acariciando-a intimamente, a necessidade de libertação aumentando a cada investida, a cada beijo e olhar com promessas silenciosas de arrebatamento total. E quando chegaram ao ápice do prazer, ele desabou sobre ela ofegante e tremulo, uma mão emaranhada nos cachos selvagens e outra alisando a bochecha afogueada.

Ainda dentro dela ele salpicou leves beijos no rosto dela até encontrar a boca, beijando-a com delicadeza, mas antes que ela pudesse retornar a normalidade ele estava explorando seu corpo com carinho e lentidão levando-a a suspirar e ofegar quando ele alcançava um ponto mais sensível. A segunda vez que fizeram amor foi com suavidade e paixão, com as mãos entrelaçadas e movimentos lentos e profundos ele entrava e saía dela sem perder o contato visual e ela não se lembrou de já ter tido um sexo tão intenso antes.

 

Ela saiu do banheiro com o rosto lavado e uma toalha enrolada ao corpo, ele estava deitado de peito para cima com os olhos fechados. Ela juntou sua calcinha e seu vestido do chão e sentou-se na cama, em silencio começou a vestir-se.

— O que você está fazendo? – ele perguntou com a voz rouca e ela soltou o vestido negro, assustada. Recompondo-se ela inclinou a cabeça para que conseguisse vê-lo.

— Adiantando as coisas para você. – explico em seu tom de voz seco e sem qualquer emoção.

— Como? – sentou-se recostando na cabeceira da cama, confuso.

— Estou saindo antes que você precise pensar numa desculpa para me dispensar antes do amanhecer.

— O que te faz pensar que eu não a quero na minha cama amanhã de manhã. – ele perguntou cruzando os braços olhando-a nos olhos e ela pensou ver mágoa naqueles azuis tão escuros – Volte para a cama Sarah. – exigiu voltando a deitar e puxando a coberta sem dar tempo dela contestar – Se não vier agora eu vou aí te buscar.

Ela suspirou contente e aliviada e sem pestanejar enfiou-se nos braços dele que a apertou e lhe deu um beijo na testa.

— Menina tola, eu quero acordar ao seu lado amanhã e depois de amanhã, e depois, e depois, até que você não me queira mais. – essa não era uma declaração de amor, mas uma promessa velada de não mais insultos.

Bem, talvez um pouquinho. Ela ansiava por esses momentos apenas para que terminassem como nessa noite.

Ela estava bem com isso, sim ela estava. Por que o homem poderia ser estranho, e bipolar e maluco, mas era o homem dela agora e ela estava disposta a desvendar cada pedacinho dele.


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Notas finais do capítulo

Nota 1: Quando eu terminei de escrever o diálogo que decorrer no sexto encontro eu reli e pensei 'Será que essas são palavras que Connor e Sarah diriam?' A primeira resposta que me veio a mente foi, não. Porém após repensar e reler toda a fic minha resposta foi, sim, para essa pequena história, sim, pois as situações pelas quais passaram os levaram a um estado de tensão que os fizeram agir impulsivamente.

Nota 2: Como todas as outras minhas fic, essa também termina de forma a deixar margem para uma continuação, saiba que é intencional, não que eu tenha intenção de continuar todas elas, mas eu faço isso para que você leitor/a tenha a liberdade para ter suas próprias ideias sobre como seria a continuação se você fosse o/a autor/a.

E não deixe de dar sua opinião, me diga o que acha que poderia ser melhorado, o que mais gostou, sua opinião é importante para que eu possa melhorar minha produção. Beijos e até.



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