Perdas e Ganhos escrita por Lucca, alegrayson


Capítulo 8
Realidade virtual, perigo real


Notas iniciais do capítulo

Roman e Patterson jogando WizardVille enquanto Remi tem seu primeiro encontro com Nas.
Boa leitura!



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Casa Segura de Remi

Remi abriu lentamente os olhos. Quanto mais sua mente se apossava da realidade, mais o desconforto crescia dentro dela. Não era aquela forma de desespero controlável e urgente que a impeliu durante toda a sua vida. Era um dor diferente. Algo que a machucava muito mais fundo, trazendo à tona tristeza e não raiva. 

Ela sentou-se na cama, abraçou os joelhos e respirou fundo buscando auto-controle. Uma lágrima insistiu em rolar, mas foi eliminada antes de cair do rosto. Ela relembrou o projeto que havia criado para sua “nova” vida: recomeçar, lutar por Roman e ser feliz. Patético! Durante seus trinta e cinco anos de vida tudo foi um inferno, porque mudaria agora?

Roman escondia sua filha, Weller escondia o relacionamento que tiveram. Seus sentimentos pouco importavam para eles. Ela estava sozinha. Ela sempre esteve sozinha. 

Em pé, ela endireitou sua postura, enrijecendo o corpo como o soldado que sempre foi. Sim, um soldado. Era isso que ela era. Banho, café da manhã e SIOC, só lá ela teria acesso às informações que precisava. Sono e fome a incomodavam bem mais agora. As experiência após executar seu plano de apagar sua própria memória, se tatuar e se entregar para Weller parecia tê-la enfraquecido. Mas ela encontraria a força perdida. Ela descobriria a verdade sobre tudo que aconteceu desde que ela saiu nua de dentro daquela mala em plena Times Square.

O plano traçado de desenrolava com sucesso. Ela já estava terminando o café da manhã quando alguém bateu à sua porta. Weller? Não, ele não ousaria romper a distância que ela determinou. Merda! Lá no fundo ela desejava que fosse ele. A recepção não seria amistosa e ela exigiria respostas. Procurando deixar clara sua determinação, ela abriu a porta de forma impetuosa.

A mulher parada a sua frente era pequena, cabelos longos e negros, postura determinada. Ela tentou sorrir para Remi ao se apresentar:

— Olá, Remi. Meu nome é Nas.

Apartamento de Patterson

Patterson tentou desesperadamente conter a respiração descompassada, mas ela sabia que esse não era seu pior problema no momento. As ondas elétricas que faziam todo seu corpo pulsar de desejo era algo bem maior. Ela jogou o tablet do outro lado da cama como quem quer afastar um inimigo.

Ela puxou o ar e contou até dez uma, duas, três vezes. Parecia que finalmente estava se acalmando.

— É só um jogo. Não é real._ disse em voz alta precisando ouvir algo que a trouxesse definitivamente de volta daquele mundo virtual.

Um guerreiro viking. Esse foi o personagem escolhido por Roman no seu aplicativo WizardVille. Adequado, ela pensou. Combatível com suas características físicas e seu jeito feroz. Guerreiros vikings são lutadores de segunda ordem no jogo. Como ele foi capaz de vencer tantas fases tão rapidamente? Mais que isso. Como ele conseguiu entrar no castelo de uma Maga Negra, a sua avatar no jogo?

“Ele tem tempo para jogar...” pensou. Mas ela era a programadora e sabia muito bem que, mesmo os melhores jogadores, teriam dificuldade em chegar tão longe com um personagem tão fraco.

Ao longo dos últimos dias, ela tinha acompanhado o avanço dele no jogo, avaliado suas estratégias, decifrado os quebra-cabeças que ele montou para ela em cada cenário. O guerreiro viking tinha um objetivo: chegar até a Maga Negra. Ela riu do que classificou uma “arrogância inocente” de Roman. Ele nunca conseguiria. Mas fase a fase, ele persistia no seu objetivo. E as mensagens para ela foram marcando sua trajetória. Noite após noite, ela logou esperando se deparar com seu infortúnio, mas estranhamente se alegrando ao ver que ele avançava em direção à ela.

Ela balançou a cabeça tentando afastar a realidade virtual de sua mente. Banho! Banho sempre acalma. Entrou no banheiro e começou a despir a roupa. Mas a cada peça eliminada, as frases ditas pelo guerreiro viking voltavam à sua mente. A força das palavras que falavam de sua admiração ao aprisionar a Maga Negra. Como ele confessou sua fragilidade e pediu sua ajuda prometendo superar suas imperfeições...

Impossível conter a forma como sua mente a transportou para aquela fantasia. Roman vestido de guerreiro, vencendo todas as barreiras impostas por ela, adentrando seu castelo proibido e confessando seu desejo e admiração por ela. As mãos dele rompendo os limites. Ela não sendo capaz de se opor porque o desejo era mútuo.

Respiração acelerada novamente. Chuveiro, rápido! Ela se jogou embaixo da água e passou as mãos pelos cabelos molhados surpreendida consigo mesma. E Roman veio de novo, agora completamente nu como ela o viu no elevador do SIOC durante o coma.

Não, não e não! Ser enganada por Borden já foi demais, ela não poderia desenvolver sentimentos e desejos por alguém ainda pior que ele!

“Objetividade, Patterson! Assuma o controle!” ela repetiu pra si mesma.

“ O melhor é cortar o mal pela raiz. Amanhã mesmo, Roman vai perder seu brinquedo virtual. Xeque-mate, baby! Sem isso, você não será capaz de me seduzir e manipular.”

Casa Segura de Remi

“A Nasja paquistanesa deu as caras. Mais uma batalha. Isso vai ser divertido.” Remi pensou antes de responder:

— Você demorou além do que eu esperava para aparecer. Mas, enfim, em que posso ser útil?

Nas vestiu um olhar quase inocente e sorriu:

— A conversa será longa e o sol acabou de nascer. Talvez tudo que eu saiba seja tão útil quanto todas as informações que você tem pra mim.

— Suponho que você quer entrar...

— Na verdade não, Remi. Preciso que me acompanhe até a sede da Divisão Zero, onde trabalho.

O jogo parecia ter mudado repentinamente. Ela tinha uma opção além do FBI agora.

— Só um minuto..._ Remi se voltou para dentro da casa segura, para pegar seu celular.

A oferta de Nas era tentadora, mas seus instintos pediam que Weller e o team fossem avisados sobre tudo isso. Ela pegou o celular para enviar uma mensagem a ele.

— Seja rápida. Meu tempo é escasso. _ Nas estava agora do lado de dentro da porta a observando.

Danem-se seus instintos. Se queria superar as fraquezas que havia detectado, precisava agir sozinha. Colocou o celular no bolso de trás da calça. A dor do desfecho da última noite ainda estava latente demais para ser superada.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura!



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