Tudo o Que Se Sente escrita por Driih Araujoo


Capítulo 15
Capítulo 15 - Bipolaridade


Notas iniciais do capítulo

Oii pessoinhas. Mais um capítulo pra vocês. Espero que gostem ❤️ até as notas finais ❤️



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Olho irritada para o computador em minha frente. O barulho das teclas está perfurando meu crânio e me deixando mais irritada do que já estou. Respiro fundo vendo que mal tem duas horas que eu comecei a trabalhar e já estou desesperada para o dia acabar logo. A impaciência hoje está me tomando desde que acordei com lembranças ruins que me atormentaram a noite toda.

Ainda por cima, quando ligo pra minha mãe, novamente percebo que ela está me escondendo algo. Uma expressão carrancuda ocupa meu rosto e acho engraçado em ver como Christopher não sabe lidar com minha impaciência. Na verdade sei que ele pensa que eu estou brava com alguma coisa que ele possa ter feito, mesmo eu já tendo falado que não.

Escuto a porta se abrir e um Christopher cauteloso sair de dentro de sua sala me inspecionando. Sorrio um pouco para tentar acalma-lo e ele se aproxima. Sinto vontade de fotografar ele várias e várias vezes, só pra ver se consigo me acostumar com sua beleza.

A sobrancelha espessa está com uma ruguinha bem no meio, os cílios cheios dão um charme potente no seu olhar que hoje está mais claro. O queixo quadrado escondido pela barba bem desenhada, faz minhas mãos coçarem para tocarem ali. É lindo demais pra ser humano.

— Você está bem Louise? – aproxima me analisando. Concordo com a cabeça e ele nega. – por que você não me fala por que tá assim? – pede baixo enquanto desliza a mão por minha face.

Esses surtos de carinho que ele tem, me assusta um pouco. É estranho pensar em como ele está diferente do Christopher que conheci a apenas algumas semanas atrás, e isso me deixa com o pé atrás.

— Está tudo bem – afirmo sorrindo – não quis preocupar você, só tive uns..sonhos ruins – completo dando de ombros.

— Sonhos? – me olha de uma forma desconfiada. Não deixa de ser verdade, então concordo. – você me deixou preocupado – suspira. Não foi minha intenção.

— Desculpa, é que o sonho mexeu com o meu humor – explico para um Christopher atento – pode ficar tranquilo – deslizo os dedos em sua barba e sorri.

— Vamos almoçar em um lugar legal hoje – arqueio a sobrancelha sem entender – ontem você prometeu que iria almoçar comigo onde eu quisesse lembra? – aah é verdade. Sorrio concordando com a cabeça e ele me olha desconfiado.

— Eu lembro Chris – afirmo revirando os olhos – não vamos em nada chique né? – murmuro olhando pra mim mesma. A saia social que uso junto com uma blusinha bege soltinha, não é adequado pra nada chique, sem falar que não me sentiria a vontade. Não é meu ambiente.

— Hey – ele me pede atenção e olho pra ele – você está maravilhosa – reviro os olhos discordando e ele sorri – sério Louise, mas se você não quer, lugares chiques estão descartados tá bom? – concordo com a cabeça agradecida.

— Eu agradeço – sorrio sem jeito. Suspiro olhando o teclado do computador e lembrando o tanto de coisa que tenho pra fazer ainda. Faço uma careta – preciso de um café – falo tentando afastar o mal humor e Christopher arqueia a sobrancelha. Me levanto – vou ir buscar um na cantina, quer um também?

— Quero, por favor – assente com a cabeça e olha no relógio do pulso. – vamos sair pra almoçar daqui 40 minutos tá bom? – concordo com a cabeça e ando em direção ao elevador.

Na cantina tem pouco movimento então peço dois cafés e rapidamente eles estão nas minhas mãos. O elevador sobe lentamente e respiro fundo evitando me estressar. Quando chego ao meu andar, me sento na cadeira e ligo pro Christopher avisando que o café dele estava na minha mesa.

Segundos depois ele para em minha frente e pega seu café. Gruda seus olhos no meu e me analisa. Levanto e bufo irritada com a forma que ele está me tratando.

— Eu quero beijar você Louise – seu olhar pesa no meu com intensidade e me arrepio. Eu também quero, e muito. E por mais que me sinto tentada a beija-lo agora, a perspectiva de estar na empresa e sermos chefe e funcionária, me impede de seguir em frente.

— Estamos na empresa – murmuro olhando pros seus lábios convidativos.

— Você me olhando desse jeito, fica difícil me controlar Louise – sua voz sai rouca e me lembro das vezes que ele gemeu desse jeito no meu ouvido. Ofego sentindo saudade do seu contato. – Dorme em casa hoje? – pede grudando seu corpo no meu. Nego com a cabeça e ele respira fundo – então deixa eu dormir na sua casa Louise – pede em um murmuro rouco – só preciso ter você hoje. – completa e eu o encaro.
— Vou deixar a porta aberta pra quando você chegar – minha voz sai tremida e ele sorri maliciosamente. Sou pega de surpresa com o toque dos seus lábios e me afasto rapidamente – Christopher! – repreendo surpresa e ele sorri sedutoramente.

— Desculpa – pede nenhum pouco arrependido. Reviro os olhos e sorrio para esse homem surpreendente. – antes das 20:00 estou na sua casa então – me informa – só vou tomar um banho e pegar roupa pra trabalhar amanhã – concordo com a cabeça sem ter pensado nisso antes.

Encaro seus olhos azuis alguns segundos. Minha mente consegue pensar em muitas coisas pra fazer com ele nessa noite, e a menos provável é dormir. Suspiro sem entender como um homem fantástico desse, quis qualquer coisa comigo.

— Me encontrei com sua irmã ontem – falo pra quebrar o silêncio. Ele sorri de lado.

— Eu sei – passa os dedos entre os cabelos – ela veio tirar satisfação comigo e me parabenizar – revira os olhos e sorrio – ela perguntou qual interesse eu tinha em você – me sinto gelar por dentro, temendo qual foi sua resposta.

— E você disse o que? – arqueio uma sobrancelha e ele sorri com cara de culpado. Meus olhos arregalam – Christopher, o que você disse pra ela? – minha voz sai mais desesperada do que eu gostaria e ele fica sério.

— Só disse que ficamos amigos – suspiro aliviada e sua expressão fica mais seria ainda – seria tão ruim se ela descobrisse que estamos juntos? – sua pergunta me pega de surpresa e eu o encaro. Tento desvendar o que se passa em sua cabeça e por fim decido ser sincera.

— É só que ela ia pensar que temos um envolvimento maior do que temos realmente – me encolho um pouco – e não quero que ela pense que eu estou indo pra sua cama por que quero qualquer coisa em troca – ele parece ofendido e respira fundo.

— Você é absurda – sua voz sai chateada. Me dá as costas e entra em sua sala.

Suspiro sem saber por que ele ficou chateado. Encaro sua porta uns instantes e bufo me sentando e voltando a fazer meu trabalho. Tento me concentrar mas minha mente insiste em me lembrar da cena que aconteceu a somente uns minutos atrás.

Não consigo entender Christopher. Coisas que ele tem motivos pra ficar bravo, ele não fica, mas quando não tem motivos, ele fica. Reviro meus olhos e tento afastar o incômodo que se instala em mim.

O tempo corre lentamente enquanto faço meu trabalho. Christopher se tranca em sua sala e quando preciso falar com ele pelo telefone, ele é seco. Parece que o velho Christopher está de volta. Minutos depois olho para o relógio e vejo que já havia passado alguns minutos da hora que Christopher disse que iríamos almoçar. Pelo jeito ele mudou de ideia.

Arrumo minha bolsa e me levanto me preparando pra sair. Ando em direção a porta do elevador, aperto o botão e fico esperando ele chegar.

— Na onde você está indo? – me sobressaio com a voz do meu chefe a poucos metros de mim.

— Almoçar – respondo sem olhar pra trás. Me sinto observada e quero sair logo dali. As portas do elevador se abrem e antes que eu possa entrar, sinto sua mão segurar meu pulso. Deixo a respiração suspensa antes de relaxar.

— Nós vamos almoçar juntos! – sua voz sai dura. Me viro e encaro seu semblante sério. Fico seria também e olho em seus olhos. Estou pronta para negar quando sou interrompida novamente – Louise, nós vamos comer juntos! – afirma e eu dou de ombros. Não importa, só preciso comer.

Entro no elevador seguida de Christopher e ele se afasta o máximo de mim. O encaro um pouco magoada e por fim reviro os olhos. Por que ele quer minha companhia então? Se ia ficar agindo desse jeito.

Pego meu celular e começo a fuçar nele, ignorando o homem ao meu lado. Vejo uma mensagem da minha mãe e começo responder. Me lembro de algo e levanto minha cabeça em direção ao meu chefe.

— Qual o restaurante? – pergunto. Precisava saber, não tinha como nos dois sairmos juntos. Ele me encara um pouco e depois me ignora. Eu não conhecia esse lado infantil dele e isso já estava me irritando.

Quando as portas do elevador se abrem na recepção, Christopher sai mas eu tomo outra decisão e fico dentro do elevador. Ele me olha confuso mas logo ele entende quando aperto um botão dentro do elevador e as portas começam fechar. Antes que as portas se fechem totalmente, ele enfia a mão e entra no elevador me olhando bravo. As portas se fecham e ele aperta um botão travando o elevador no lugar.

— Qual seu problema? – pergunta irritado. Eu o encaro séria alguns instantes e depois desvio o olhar, o ignorando. Ele passa os dedos entre os cabelos e suspira. – já entendi ok? Me desculpa Louise! – sua expressão se suaviza e ele se aproxima segurando minha mão direita.

Encaro sua mão na minha um pouco e depois afasto sua mão. Ele parece chateado e suspira me encarando. Eu não tenho que lidar com esse lado dele. É assim que ele vai agir quando os coisas não serem como ele quer? Me ignorar e ser frio? Não é assim que as coisas funcionam comigo!

— Talvez você devesse almoçar sozinho hoje – murmuro olhando para frente e de canto de olho, o vejo tencionar.

— Eu estava chateado – murmura e o encaro – e não te tratei da forma que deveria e sinto muito Louise. Isso de estar envolvido com alguém mais do que apenas sexualmente já que me importo com você, é novo e eu não sei como agir, então me desculpa por favor – pede tocando meu braço de leve. Sei que ele está sendo sincero e não sei exatamente o que fazer. – vamos almoçar por favor? – pede cuidadosamente.

Respiro fundo enquanto tento decidir se ainda vale a pena ir almoçar. Meu dia parece uma montanha russa. Começa comigo estressada, aí eu fico bem, aí Christopher se estressa, aí ele fica bem, e novamente quem fica estressada sou eu.

— Vamos logo então – chamo ele sorrindo mostrando que ele estava desculpado. Ele suspira aliviado e destrava o elevador fazendo as portas se abrirem. – me espera na esquina tá bom? – pergunto e ele concorda com a cabeça. Pisca pra mim e sai andando rapidamente para fora da empresa em direção ao seu carro.

Espero uns momentos antes de sair e sigo em direção a esquina que nos encontramos ontem. Meu celular toca e atendo ao ver que é minha mãe.

— Boa tarde dona Luiza – minha voz sai mais seria do que gostaria ao me lembrar que ela anda me escondendo coisas.

— Boa tarde Lou – sua voz em um suspiro. Olho para os lados e atravesso a rua, aumentando o passo. – você está bem filha? – sua voz sai carinhosa e sinto vontade de me aconchegar em seus braços.

— Poderia estar melhor – bufo chateada. Ela sabe que percebi que ela está me escondendo algo. Por que ela não poderia confiar em mim? Eu sempre apoiei ela em tudo.

— Filha.. – suspira. Meus olhos lacrimejam um pouco e respiro fundo. Ao virar a rua, avisto o carro de Christopher parado no acostamento e acelero o passo. – eu só não sei como falar.. – a voz vai morrendo lentamente e comeco a ficar brava.

— Estou ocupada agora – abro a porta do carro e entro – tchau – desligo antes que ela possa se despedir.

Christopher me encara com o cenho franzido e eu bufo irritada. O encaro com a sobrancelha arqueada em uma pergunta muda de “sera que podemos ir logo?”. Ele liga o carro e o coloca em movimento. Boa parte do caminho é silencioso e sinto seus olhos em mim, mas mantenho os meus grudados na janela.

Nós acabamos de brigar também, não é como se eu quisesse sair desabafando com ele.

— Espero que goste de massa – tenta quebrar o gelo e suspiro tentando sorrir.

— Adoro, mas vou ficar satisfeita com qualquer coisa que mate quem me mata – seu sorriso se alarga e ele nega com a cabeça. Abre o porta luvas e tira um óculos de sol de dentro. Sorrio como ele ficou sexy.

— Você é magra de ruim – sorrio concordando com a cabeça. A história com a minha mãe, ignorada em minha cabeça.

Mantemos uma conversa leve até chegar em frente a um restaurante que parece muito aconchegante. Christopher abre a porta pra mim e sorrio em agradecimento. É uma m restaurante afastado e agradeço internamente por isso enquanto andamos lado a lado para dentro.

A frente é toda de vidro dando uma visão de dentro do restaurante. Mesas são distribuídas uniformemente, e vários vasos e quadros, dão um ar aconchegante nas paredes vermelhas.

Somos levados até uma mesa mais ao fundo que nos mantém escondidos dos olhos que passam pela rua. Christopher puxa a cadeira para que eu me Sente e vejo o olhar admirado da maitrê que nos acompanhou. Ela nos entrega o cardápio é se retira nos dando um pouco de privacidade.

Christopher me encara esperando alguma reação minha e finjo que estou analisando criticamente o lugar. Coloco minha mão no queixo e encaro o ambiente é os outro clientes. Meu chefe bufa ficando exasperado e sorrio.

— É um ótimo lugar Chris – admito e ele sorri de forma convencida. Pego um cardápio e começo a ler pra me decidir o que vou comer. Alguns minutos depois a maitrê volta para anotar nossos pedidos e o escolhido por mim é uma lasanha quatro queijos e de Christopher uma macarronada ao molho branco.

Quando nossos pratos chegam acompanhados de vinho, começamos a comer com vontade enquanto conversamos sobra música, política, filmes, infância e esporte. É interessante nossos assuntos justamente por termos opiniões tão diferentes e termos ótimos argumentos para defender nosso ponto de vista.

Quando acabamos, a maitrê retorna com a conta e entrega nas mãos de Christopher. Reviro os olhos.

— Deixa que eu pago – falo e ele bufa se levantando. O imito – sério Christopher, deixa eu pagar pelo menos o meu então. – me aproximo e ele se afasta.

— Para de graça Louise, você não vai pagar nada, foi eu que te chamei – fala serio e eu reviro os olhos me preparando para revidar quando ele me interrompe novamente – você me paga de outro jeito essa noite. – sorri maliciosamente e eu concordo já pensando em várias formas de retribuir.

Ele se afasta e anda até o caixa. Ando até um quadro que me chamou a atenção e começo a admirar ele. Eu não entendo quase nada de arte, e fico intrigada tentando desvendar o significado das imagens do quadro.

— Intrigante não é? – uma voz divertida fala ao meu lado e me assusto me virando em sua direção. A voz pertence a um homem moreno com os olhos negros e lábios grossos. Sorrio sem graça concordando com a cabeça enquanto volto a olhar para o quadro.

— Não entendo quase nada de Arte – dou de ombros – mas é realmente Intrigante – murmuro. Sinto seus olhos em mim e estanho. – bom, tenho que ir – sorrio em sua direção e ele parece decepcionado.

— Você poderia passar seu número pra mim? – coça a nuca sem graça – sabe, pra gente marcar um dia pra conversar sobre arte, não sei muito, mas adoraria falar do que sei – se enrola um pouco e acho engraçado em sua tentativa de aproximação.

— Ela não pode – me surpreendo com a voz de Christopher e me viro dando de cara com sua expressão séria. – se ela quiser saber qualquer coisa sobre arte, pode deixar que eu a levo em uma galeria. – sinto o incômodo me tomar levemente com a forma que meu chefe parece querer marcar território.

— Foi mal cara, não sabia que ela estava acompanhada – o rapaz ao meu lado sorri sem graça.

— Ela está – responde seco.

— Christopher! – o repreendo séria. Ele não pode fazer isso, o moço estava sendo simpático e eu não via problema de manter um conversa com ele.

— Louise! – a voz sai irritada e bufo. O moço nos encara sem saber o que fazer e parece se divertir um pouco.

— Bem, eu vou indo – disse por fim. – desculpa qualquer coisa – intercala seu olhar entre mim e Christopher antes de se retirar. Bufo um tanto indignada.

Encaro Christopher com a sobrancelha arqueada e a testa franzida e ele me encara do mesmo jeito. Antes que eu possa falar algo, sua boca gruda na minha, me tirando o fôlego. Quando nos separamos o encaro abobalhada.

— Não dá pra te deixar sozinha uns minutos que já aparece um marmanjo caindo em cima – revira os olhos enquanto se afasta e me puxa pela mão. E a única coisa que consigo fazer é o encarar ainda surpresa.


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Notas finais do capítulo

Eai, oq acharam desse cap?? Se gostarem, comentem, favoritem e recomendem. Ate a proximaa. Beijoos ❤️



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