Anyday Everyday escrita por Alexis Lyon


Capítulo 2
Capítulo Primeiro


Notas iniciais do capítulo

Olá :)
Estou aqui novamente e esse capítulo eu gostei bastante de escrever, espero que gostem!

Boa leitura!!



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O aeroporto LaGuardia estava lotado. Parecia impossível chegar ao portão de embarque trinta e dois nos doze minutos restantes. Com o coração mais acelerado que os pés, Castiel James Novak correu mais da metade do aeroporto em dez minutos. A atendente já terminava de ajeitar os papéis, preparando-se para fechar a porta do corredor de embarque, quando o homem vestido com moletons se aproximou ofegante.

— Por favor, diga-me que ainda há tempo para embarcar.

— Senhor, tem os documentos em mãos? Posso tentar embarcá-lo, mas precisa ser rápido.

— Lógico, lógico. — Enfiou a mão esquerda no bolso e retirou o passaporte e a passagem, entregando-os em seguida à moça. Enquanto conferia os dados, fez uma ligação para a aeronave aguardar, por alguns minutos, o embarque do último passageiro.

Com um sorriso no rosto e um desejo de uma boa viagem, a atendente devolveu os documentos a Castiel, que continuou sua corrida pelo corredor de embarque até a entrada do avião, onde foi recebido por um simpático comissário de bordo em cuja placa de identificação lia-se “Alfie”. O passageiro foi direcionado a seu assento na classe executiva e, não mais que dois minutos depois de se acomodar, o avião já se encontrava na pista de decolagem, pegando velocidade para decolar.

Em torno de três horas e quarenta minutos, estaria chegando em Kansas City, onde um representante da GM estaria o esperando para levá-lo até Lawrence, para a entrevista que tinha marcada com o CEO da Chevrolet às duas da tarde daquele mesmo dia.

Conseguiu assistir quase quatro episódios da nova temporada de sua série preferida antes de sentir o avião aterrissar. Checou o relógio e constatou que ainda não era meio-dia e que teria tempo de sobra para dar uma volta na sua cidade de destino. Foi um dos primeiros a desembarcar e dirigiu-se direto para o portão, visto que não havia despachado mala alguma, carregando somente a bolsa de mão com duas trocas de roupa, com seus produtos de higiene e com o laptop.

O aeroporto de Kansas City não era, de longe, nada comparado aos aeroportos de Nova York, mas era arrumadinho e passava a sensação de estar em casa. Castiel rodou por alguns minutos, observando as pessoas que frequentavam aquele ambiente. Poucas pareciam infelizes ou insatisfeitas com algo e o homem assimilou aquilo como um bom presságio. Comprou um café antes de seguir para o pátio de estacionamento, onde ficara combinado que o motorista estaria o esperando em um Chevrolet Cruze preto, do ano.

O trajeto até Lawrence levaria cerca de quarenta minutos pela I-70, sem nenhum imprevisto na estrada, o que daria um total de cinco horas desde que saíra de seu apartamento em Manhattan. Castiel acabaria chegando um pouco mais cedo do que o planejado, tendo, assim, algumas horas para descansar no hotel, antes de sua entrevista. Como combinara com sua chefe na NYSE, Hannah, passaria quatro dias em Lawrence para caso houvesse uma segunda entrevista.

 

 

Dean acordou mais tarde do que pretendia e não teve tempo de tomar seu banho como em todas as manhãs. Desceu até a cozinha, onde Sam deixava o café pronto antes de sair, mas tudo o que aguardava o loiro sobre o tampo de mármore da ilha era um bilhete de desculpas e o aviso de que havia dois pães na torradeira, prontos. Com uma das torradas na mão e a outra pendurada na boca, o homem foi até o quarto, checar o celular por mensagens e trocar a bermuda velha que usava como pijama por um de seus tradicionais ternos azul-marinho. Por mais que seu dia tenha começado um pouco diferente do normal, para Dean, continuava a mesma coisa de todos os dias.
Enquanto arrumava a gravata, seu celular tocou. O nome no visor identificava Robert Singer, seu segurança, motorista, melhor amigo e, atualmente, responsável pela recepção da Castiel Novak no aeroporto de Kansas City. O homem aceitou a chamada e colocou-a no viva-voz, enquanto terminava de se arrumar na frente do espelho.

— Fala, Bobby! Como estão as coisas?

— Aqui está tudo bem, Castiel já está no hotel. Está precisando de mim para algo? Posso passar ai na sua casa, está no meu trajeto para a empresa.

— A voz amigável do homem do outro lado da linha ecoou pelo banheiro.

— Pode ser. Estou atrasado pra uma reunião e, com a baby, não conseguirei chegar lá a tempo, ela precisa de alguns cuidados pela manhã. — Ao acertar os fios rebeldes do topete, pegou o aparelho que estava sobre o balcão e retirou a chamada do viva-voz, aproximando-o do ouvido para conseguir escutar o amigo.

— Em cerca de cinco minutos, estarei chegando aí. Esteja pronto.

O bip repetitivo que anunciava o fim da chamada se fez soar após alguns segundos da frase final. Dean retirou o celular do ouvido e o guardou no bolso da calça. Desceu até a sala para procurar sua carteira que, estranhamente, não estava no quarto: ela estava junto à chave do carro, no aparador de vidro encostado na parede que tinha um grande quadro com várias fotos da família. O loiro olhou para a foto de seus pais que via todos os dias e se viu no reflexo. Não reparou nada diferente, estava tudo como sempre esteve. Os cabelos loiros estavam penteados de um jeito que o deixasse com uma aparência mais limpa; a barba, bem feita, sem nem resquícios em sua pele clara; as sardas nas bochechas, contrastando com seus enigmáticos olhos verdes, feito duas pedras de esmeralda; o corpo, em forma, vestido com um terno azul-marinho perfeitamente alinhado. Tudo como em qualquer outro dia.

Escutou a buzina do carro de Bobby e apressou-se para ver se estava esquecendo algo. Ao confirmar que não, alcançou a chave sobre o balcão da cozinha e trancou a porta atrás de si ao sair. Deu uma leve corrida pelo jardim para fugir da garoa que começava a cair e logo estava dentro do carro.

— Olá, Bobby!

— Olá, Dean. Está bonito hoje. Pensando em conquistar alguém em especial?

— Ah, que isso. Assim você me deixa com vergonha.

— Vi que o tal de Castiel é realmente bonitinho. Quer arrumar alguém pra si definitivamente?

— Robert Singer, não brinque com isso. Depois de Michael, percebi que estou bem melhor sozinho. — A expressão do Winchester se fechou. O olhar desconfiado do motorista o levou a retomar a tranquilidade, e o assunto não foi mais tocado durante o trajeto.

No rádio, as músicas old school que o homem grisalho, sentado no banco do motorista, gostava de ouvir tocaram pelos quinze minutos do trajeto até a empresa, e Dean foi deixado na entrada principal do arranha-céu.

Caminhou pelo grande salão de ambientação clara com um sorriso no rosto, cumprimentando todos os seus funcionários que: ou se encaminhavam para seus andares, ou já estavam exercendo seus papéis. Entrou no elevador comum a todos e apertou o botão que o levaria para o topo do edifício, no vigésimo quinto andar. Precisava resolver algumas coisas na produção antes de descer ao andar em que ficavam as salas de entrevista e os salões de reunião. Dean chegou a cogitar seu próprio escritório para as entrevistas, mas repensou após ver que, mesmo com todos os seus esforços, suas pilhas de documentos continuavam do mesmo tamanho. E receber um graduado em Harvard em um escritório com papéis por todos os lados era quase o mesmo que pedir para ter o egocentrismo do entrevistado arremessado contra sua face. Já passara por isso antes. "Meu diploma em Harvard me consegue um emprego muito melhor que esse. Se o escritório do CEO é essa bagunça, imagine o resto da empresa." O Winchester não tinha paciência para pessoas assim, pois o lembravam muito de um certo alguém o qual o loiro preferia esquecer.

 

 

As duas horas que tivera de descanso passaram mais rápido do que quaisquer outras duas horas enquanto estivesse atarefado. Quando o despertador tocou, Castiel estava quase caindo no sono novamente, depois de ter levantado de seu cochilo para urinar. Levantou-se e voltou ao banheiro para lavar o rosto e espantar o cansaço; pegou o terno, a gravata azul marinho e o sobretudo bege que deixara pendurado atrás da porta do banheiro e tornou ao quarto para se vestir. Ao mesmo tempo em que ele terminou de ajeitar sua gravata, o telefone tocou. Era o recepcionista do hotel, avisando que Robert Singer chegara para levá-lo até o prédio onde se daria sua entrevista. Enquanto descia do oitavo andar até o térreo, deu uma olhada no resumo que tinha recebido por e-mail sobre quem era o atual CEO da Chevrolet e analisou o que poderia usar para tentar ganhar o homem e conseguir o emprego. Seria uma grande melhoria, passar de acionista para vice-presidente. Desceu do elevador e ergueu o olhar da tela do aparelho para evitar tropeçar em alguém e cumprimentou os recepcionistas, que responderam com um aceno de cabeça. Robert o esperava em pé, próximo à porta traseira do carro, a qual o homem mais velho abriu assim que reconheceu o moreno em meio às pessoas que entravam e saiam do hotel mais movimentado de Lawrence.

— Boa tarde, senhor Novak. Preparado para sua entrevista? — O motorista perguntou, assim que ocupou seu lugar à frente do volante, começando o trajeto que os levaria até o grande prédio, que não ficava a cinco minutos dali. O homem sentado no banco de trás, inclusive, achava esse transporte desnecessário; ele poderia muito bem ir andando, mas não iria recusar o motorista particular do próprio CEO. Isso o faria parecer muito ingrato, podendo contar pontos negativos.

— Boa tarde, senhor Singer. Não precisa de toda essa formalidade, pode me chamar de Castiel, James ou Jimmy, o que preferir. E espero estar preparado o suficiente para conseguir o emprego. — Riu, descontraído. O breve sorriso que Robert dera apareceu somente por uma fresta em sua barba grisalha e Castiel nem percebeu.

— Está certo, Jimmy. Espero que você consiga. Parece ser um cara bacana.

— Obrigado. Você também, senhor Singer.

Ficaram cerca de um minuto em silêncio até alcançarem o destino, onde o moreno no banco de trás foi dito para perguntar às recepcionistas onde seria a entrevista, pois Robert Singer não tinha tanta certeza. Desceu do carro e quase teve o cinto de seu sobretudo preso na porta, mas conseguiu seguir sem perder partes da roupa até atravessar a grande porta de vidro.

A recepcionista o recebeu com um sorriso no rosto e foi muito atenciosa. Informou-lhe que deveria ir para o vigésimo quarto andar e procurar por Joanna, que o levaria até Dean Winchester. Agradeceu com um aceno de cabeça e seguiu na direção do elevador, que não demorou muito a chegar. Apertou o botão de número vinte e quatro e aproximou-se do espelho, liberando espaço para as outras pessoas que também entravam e apertavam os botões que os levariam para os mais diversos andares. No décimo quinto andar, o último homem que ainda estava no elevador desceu, deixando Castiel sozinho por aproximadamente três andares, até que um outro homem, de cabelos loiros bem penteados e terno azul marinho contrastando com sua pele branca e olhos verdes, entrou e o cumprimentou. Em um movimento impulsivo, o loiro reapertou o botão de número vinte e quatro. Nenhum dos dois tentou iniciar um assunto que seria constrangedor, permanecendo em silêncio até alcançarem seu destino. Castiel segurou a porta para que o outro homem descesse primeiro e o seguiu.

 

 

Dean Winchester desceu do elevador assim que as portas se abriram. Andou até a porta da sala, passando por Jo, sem a cumprimentar. Aquele não estava sendo um bom dia. A reunião fora um fiasco: não conseguira resolver um quinto do que realmente precisava resolver e alguns dos acionistas da empresa estavam começando a se preocupar que, sem uma novidade, a empresa viesse à falência; e tudo estava recaindo sobre suas costas. Entrou na sala e sentou-se na poltrona posicionada atrás da mesa, virando-a de costas para a porta. Estava relendo o currículo de Castiel pela terceira vez no dia e tentando imaginar se ele realmente seria como todos os outros formados em Harvard que Dean já entrevistara. Demorou alguns segundos para escutar uma leve batida na porta.

 

 

Jimmy hesitou antes de bater na porta. Joanna lhe dissera em que sala o CEO se encontrava e também o aconselhara a ser cauteloso. O Winchester não estava tendo um dia agradável e, provavelmente, o usaria como meio de aliviar suas frustrações. Preparou a expressão mais simpática que alguém poderia ostentar, e o toque dos nós de seus dedos na madeira de carvalho negro da porta aberta fez se ouvir no escritório. Dentro do cômodo, havia uma grande mesa de madeira maciça e duas cadeiras: uma mais próxima à porta, de couro negro, e uma do outro lado da mesa, com o encosto mais alto e o couro um pouco mais claro, voltada para a parede. Depois do terceiro toque, a cadeira se virou, deixando visível o homem que o acompanhara do décimo oitavo ao vigésimo quarto andar, com uma expressão muito mais severa do que a que ornava seu rosto apenas alguns minutos antes.

 

 

O moreno com o qual dividira o elevador estava parado à sua porta, o rosto demonstrando tranquilidade e confiança, mas, diferentemente dos outros, não exalava superioridade. Dean abriu um sorriso e se levantou da cadeira para recebê-lo.

— Imagino que seja Castiel. — O loiro esticou o braço, cumprimentando-o. O outro retribuiu o sorriso e o aperto de mão, acenando levemente com a cabeça. — Entre, sente-se. Sou Dean Winchester, muito prazer.


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Notas finais do capítulo

Os espaços maiores entre os parágrafos irão separar as "visões" de cada personagem, como imagino que tenham percebido. E provavelmente seguirei esse esquema até o fim da história :)

E ai, gostaram? Deixem nos comentários suas opiniões!!


Até o próximo capítulo!



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