R U Mine? escrita por Blue


Capítulo 1
Droga de garoto.


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas. História bem curtinha baseada em uma experiência minha. Eu precisava escrever um pouco... se gostar, deixe um comentário! Boa leitura, pessoas! o/



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Era sempre o mesmo dia, a mesma rotina. Acordar às 5 horas da manhã, colocar o uniforme preto, tentar arrumar o cabelo e falhar miseravelmente, desistir e ir pegar a van. Pontualmente às 5:35, Isabele abria o portão de sua casa, dava tchau para o amado cachorro que só veria horas mais tarde e atravessava a rua coberta pelo breu que ainda não tinha sido destruído pelo sol da manhã.

Raramente sua mãe acordava para dizer tchau ou algo assim, mas tudo bem, a garota sabia que a mãe trabalhava demais e ninguém merecia acordar às 5 e meia da manhã só para dizer “tchau, filha”. Entrava na van, cumprimentava o motorista e morria em um dos bancos.

Infelizmente, todos eles eram duplos, o que dificultava sua vida de antissocial, mas normalmente quem sentava ao seu lado era uma garota fofa com uma franja fofa. A fofice da garota às vezes irritava Isabele. É, acontece. Em dias normais, ela dormia 15 minutos depois de entrar, só acordando na hora de descer. Andava um pouco até o colégio e passava a manhã sendo sufocada de conteúdo inúteis para a sua vida. O recreio passava com o namorado e os amigos. Namoro perfeito, casal perfeito, tudo perfeito. Já tinha se acostumado à rotina.

Entretanto, um dia não foi a garota cuja fofice às vezes a irritava que sentou ao seu lado. Foi um garoto. Ela nunca tinha olhado direito pra ele, mas naquele dia ela olhou. Alto, bem mais alto que ela, cabelo bagunçado, óculos, sempre com fones de ouvido. Ele sentou ao lado dela como se não a visse ali, e assim o caminho todo foi. Ela não conseguia dormir, estava incomodada pela presença dele, pelo perfume dele.

Os dias passaram. A ocasião em que ele sentava ao seu lado era rara, mas, a partir daquele dia, ela só conseguia dormir depois que o garoto entrava. Sempre de óculos, com o cabelo bagunçado e os fones de ouvido. Ele já tinha até ganhado um apelido: “o crush da van”. Era divertido, de certo modo, bagunçar um pouco sua rotina.

Naquela noite, ela estava irritada. Teria prova sobre Revolução Francesa no dia seguinte e estava surtando internamente e externamente. Tinha pavor de história, sua pior matéria. Fora dormir bem tarde, o que resultou em um leve atraso e um sono descomunal. Sentou-se na van e continuou a estudar. Ele entrou. Olhou para os fundos, olhou para a poltrona vazia ao lado da morena e sentou-se junto à ela. Ela estava morta de cansaço e incomodada com a presença dele. Tentando continuar a prestar atenção na maldita Revolução Francesa, dormiu. E acordou um pouco antes de descer só para perceber que estava com a cabeça encostada no ombro dele. Sentindo o cheiro dele. Desencostou-se antes que ele acordasse e percebesse. Fez a prova com aquilo na cabeça, até chegou a contar ao namorado, mas ele não deu atenção.

O final do ano finalmente chegava, o que era ótimo, pois Isabele poderia ir sentada sozinha no banco, sem se incomodar com a fofurice ou o perfume de ninguém. De tão cansada, dormia antes mesmo de chegar na casa do garoto, encolhida e abraçada na mochila. Um fatídico dia, voltando para casa, a van quebrou. E por esse infeliz ou feliz acidente, os dois conversaram. Inacreditavelmente, tinham muitas coisas em comum. Natan. Ele gostava das mesmas coisas que ela, era simpático e... cara, era simplesmente lindo. Trocaram os número de telefone.

Conversaram durante semanas. Começaram a ir no mesmo banco por opção, conversando, ela dormindo no ombro dele, ouvindo música juntos e até mesmo abraçados. A cabeça dela estava bagunçada, mas a semente da paixão já tinha sido plantada há tempos. Ele, sem querer ou não, a viu digitando a senha do celular. R U Mine? Colocou a música para tocar no celular. Ouviram juntos. Abraçados. Ela já era dele? Ele era dela? Era tão nova e inocente para saber alguma coisa a respeito de uma paixão que a atingiu tão rápido. Mas a grande e grossa aliança prata brilhava no dedo anelar direito dela. Ela não poderia ser dele.

Eventualmente, Isabele terminou o namoro. Ficou com Natan. Olhavam-se como se não houvesse amanhã. Ele agarrava sua cintura pra que ela soubesse que ele estava ali. E beijavam-se. Por um dia. Por medo, talvez, a garota achou que não daria certo. Ela estava em ano de vestibular, ele já na faculdade. “Ele só quer te pegar, você vai ver”. Desistiu. Voltou ao seguro, ao tédio: reatou o antigo namoro. Amava o antigo namorado, mas... como um amigo. Desistiu de novo. Indecisa, não? Passou um tempo sozinha, pensando na vida. Passou na faculdade.

Um dia, meses mais tarde, voltando do cinema, o ônibus dela quebrou. Isabele já era bem mais madura, tanto mentalmente quanto fisicamente. O ônibus havia quebrado próximo ao bairro onde ele morava. Natan. Ela sabia disso. Ligou para alguém ir buscá-la. Já anoitecia, e o medo de estar sozinha ficava cada vez mais forte. Além do frio. Um ônibus parou e dele desceram 3 pessoas. Ele estava ali. Na frente dela. Natan olhou de relance para a morena e seguiu em frente. Isabele tomou um instante para se analisar: cabelo bagunçado, óculos, moletom rosa, calça jeans, um All Star branco e um livro na mão. Bem a cara dela. Pensou se deveria chamá-lo. Sua boca soltou um “psiu” bem baixo: o medo havia vencido. Ele parou. Virou para trás e tirou os fones do ouvido. Olhou para ela. Ela olhou para ele. Não sabia o que dizer. Seu perfume continuava o mesmo. Droga de menino cheiroso. Ele continuava atraente. Droga de menino bonito. Então ele sorriu. Droga de sorriso. As armaduras dela caíram. Teve vontade de abraçá-lo. Quis se bater por ter sido tão covarde naquela época. Conversaram um pouco. O padrasto dela chegou. Isabele o parabenizou pelo recente namoro, mas seu coração acendeu uma pequena chama quando questionado a respeito disso, ele respondeu “mais ou menos”.

Conversaram bastante naquele dia. Ela não queria ainda estar apaixonada. Mas estava. Começou a ouvir repetidamente “R U Mine?” na esperança de voltar às boas memórias. Mas ela sabia a verdade. Ele não era dela. A namorada dele o tinha. A aliança prata no dedo dele entregava isso. Infelizmente, ela era sim dele naquele momento. Ele tinha arrancado um pedaço do coração de Isabele desde o primeiro sorriso. Mas ele não era seu.

“Are you mine tomorrow?

Are you mine? Or just mine tonight?”

“Eles foram um do outro. Mas apenas por um dia.”


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Notas finais do capítulo

Bom... espero que tenham gostado! Beijinhos :3



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