Acordei lentamente passando a mão pela minha cômoda e procurando meu celular. Achei! Eu tinha que conferir se eu não havia sonho os últimos dias. Vi que havia uma mensagem e sorri ao ver quem me mandou ela. Chuck. Certo, eu definitivamente não havia sonhado. Era realidade. Abri a mensagem e sorri ao lê-la.

“Te espero na cerimônia. Espero que tenha reservado o horário do almoço para mim. E o sábado todo, preferencialmente.

CB.”

Maneei a cabeça sem acreditar no que estava lendo, como uma abobalhada.  Me levantei e calcei minha pantufa enquanto respondia a mensagem, com os dedos tremendo, o que era irritante. Que droga, desde quando ele ainda causa esse efeito em mim? É errado, muito errado. Por fim, consegui digitar uma resposta quase satisfatória.

“Fique longe da Ianka. Estarei ai daqui 40 minutos. Onde quer almoçar?

BW.”

Deixei o celular sobre a cama e entrei no banho. Deixei a agua cair pelas minhas costas enquanto sorria. Isso estava acontecendo com mais frequência ultimamente.  Me sentia uma adolescente de novo em vários aspectos.  Principalmente na felicidade.  Me enrolei na toalha e entrei no closet, escolhendo um roupa quase formal para o evento. Tínhamos conseguido a estrutura nova, hoje, tiramos a entrega simbólica da escritura do terreno, e as obras começarão semana que vem. Os alunos estavam super animados e Luna estava pulando de alegria pelos quatro cantos da cidade.  Sorri ao me olhar no espelho, concluindo que eu estava perfeita. Desculpe, mas a essa altura do campeonato, a modéstia e baixa autoestima tinham sido deixados para trás há muito tempo.

Desci até o hall e chamei um táxi. Por algum tipo de milagre, ele chegou em menos de 5 minutos.

- Ei, você não é a Blair? – Olhei para o espelho e vi a motorista, a mesma de algumas semanas atrás.

- Sim! Eu lembro de você. – Falei enquanto sorri delicadamente.

- Então, você conseguiu fazer seu plano maluco funcionar? – Meu sorriso se abriu ainda mais.

- Não apenas funcionar, mas funcionar maravilhosamente bem. Estou indo ver ele agora. – Ela abriu um grande sorriso.

- Está indo para a escola da minha filha. – Parei para reparar na mulher. Ela tinha cabelos negros e olhos castanhos muito claros. Tinha um nariz fino e delicado. Eu conhecia aquelas feições.

- Eu sou professora lá. – A mulher me olhou pelo retrovisor com a curiosidade estampada nos olhos. – Qual o nome da sua filha?

- Jessica. – A mulher afirmou. – Ela é minha pequena menina prodígio.  Sorriu abobalhadamente e quase bateu o carro em um poste, retomando o controle logo depois.

- Eu sei. É uma das minhas melhores alunas e uma atriz fenomenal. -  O a mulher sorriu enquanto me deixava na frente da escola.

- Bem, tenha uma boa tarde. – ela disse enquanto eu saia do carro.

- Idem. – Cruzei os portões indo em direção ao pátio. Chuck estava no meio do corredor, de costas para mim, mas eu via que ele estava com um cigarro nas mãos. Típico. O Chuck parar de fumar seria o mesmo que o Sol parar de brilhar. Me aproximei dele, tomando o máximo cuidado para não fazer nenhum barulho (o que era uma missão praticamente impossível para uma pessoa de salto agulha). Parei atrás dele e sussurrei no seu ouvido.

- Ninguém te falou que não se pode fumar maconha na escola? – Ele se virou com um típico meio sorriso no rosto.

- Nunca fui bom com regras. Você também não. Sexo nas propriedades da escola não é permitido e acho que reviramos a sala do figurino um pouquinho. – Dei um tapa no seu ombro enquanto ria, abobalhada.

- Você não tem jeito. – Tirei o cigarro das suas mãos e o joguei no chão, pisando em cima dele logo depois e vendo uma cara de pena do Chuck enquanto olhava para o monte de pólvora no chão. – Vamos, a cerimônia já deve ter começado. – Ele me deu a mão e fomos até o pátio, onde um palco estava instalado e várias pessoas sentadas nas cadeiras.

Tudo correu bem. Chuck entregou a escritura para mim e Luna e eu me diverti muito com a cara da Ianka por não estar no palco. Certo, porque ela foi boazinha uma vez a torna apenas um pouco menos vadia, não uma santa. Apenas um vadia com lapsos de bondade, e isso me dá total direito de odiar ela.

Eu e Chuck saímos da escola depois de cumprimentar duas centenas de pessoas. Entramos no carro dele. Era um porsche preto, muito bonito. Fiquei beijando o pescoço dele e ele quase bateu o carro uma três vezes enquanto murmurava “Era tão mais fácil quando eu tinha a traseira da minha limusine e um motorista.” E bufava baixo. Era tão divertido. Chegamos no hotel onde ele estava morando.  Eu o beijei e já estávamos indo para o quarto quando ele separou o beijo.

- Eu quase esqueci de novo. – Ele disse enquanto passava a mão pelos bolsos.

- Esqueceu o que? – Ele puxou algo de dentro de um deles e olhou para mim, com um sorriso triunfante.

- Eu esqueci uma parte da peça de teatro... – Ele estendeu o envelope enquanto tirava algo de dentro dele. Quase pirei o perceber o que era. – Londres não tem muito Sol, então... gosta da Califórnia?