Sun Child escrita por Getaway6738


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Eu voltei. Tenho amado escrever esse novo estilo de fic, mas se você ainda ama o meu yaoi, não se desespere. Eu to escrevendo uma historia nova, ela jé está mais ou menos com 8 mil palavras. Quando tiver mais coisa escrita, eu posto aqui e vou continuar escrevendo. Enfim, bora ler?

Playlist:
Nome: Instupendo - Boy
Link: https://www.youtube.com/watch?v=fEf-moUFxkQ



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Havia um menino que vivia num mundo mais simples que o nosso. Em seu mundo, viver junto com os animais era normal. A noção de que existem animais e homens não passava por sua cabeça. Um dia esse menino, que fora criado junto de lobos, que sabia como conseguir comida, como andar pela floresta e sentia quando a chuva vinha só pelo cheiro, viu algo novo.

Ao longe ele viu uma ave, mas não qualquer ave. Ela era enorme, maior que tudo que já havia colocado seus olhos. Ela estava em cima de uma árvore alta, fazendo com que aquele símbolo do tempo se dobrasse sobre si. O menino correu até perto dela, que tinha o peito branco e asas cinzas, ficou em pé para ver melhor do que se tratava. Ele colocou a mão em cima dos olhos para não se cegar com o sol que batia em sua pele.

A ave olha para ele, curiosa.

— Tens medo do sol, menino? - o menino entendia a língua da natureza, dos bichos. A sua língua. Então respondeu:

— Não posso olhar para ele, meus olhos doem.

— Tens medo de mim, menino? - a ave pergunta novamente.

O menino estava completamente tomado pela admiração quando a viu, não sabia como alguém poderia ter medo de uma algo tão belo. Ele responde que não, movendo a cabeça, como se tentasse tirar de lá alguma pulga. A ave abre suas asas lentamente, ainda olhando para o menino. Suas orbes piscam lentamente como se o tempo ao redor deles se tornasse de repente, mais lento.

O menino continua esperando por algo, até que a ave bate suas asas em sua direção. Um vento rápido, forte, mas não destrutivo. A ave diz:

— Pois agora tu és o menino sol. Para nunca ter medo da noite. Para nunca ter medo de si.

O menino se viu irradiar. Tão forte quanto o sol. Vários pontos saiam de sua pele formando feixes de luz que iluminavam as arvores ao seu redor.

Ele tinha medo.

E assim abriu seus olhos.

Estava de novo junto de sua alcateia. Ele achou tudo aquilo um sonho estranho, esfregou suas pálpebras e sentia-se mais acordado do que nunca. Fez tudo o que mais amava fazer durante o dia. Acompanhou seus amigos pela floresta, caçou, e se banhou nas águas de um rio próximo, sentindo em sua pele toda a energia que a terra tinha para lhe oferecer. Quando a noite chegou, algo estava diferente.

Ele se irradiava. Não tanto quanto antes, mas via saindo de si uma luz distinta, branca... Como a do sol. Não sentia mais sono, queria correr por entre os bosques, queria mais! Queria conhecer o que havia além da floresta, explorar o mundo. Algo o enchia de energia, então ele fez o que seu coração mandava e andou pela floresta.

Nos primeiros dias explorava somente até onde os olhos o permitiam ver, mas conforme o tempo passava, o menino sol explorava ainda mais a escuridão da floresta a noite. Viu bichos que nunca havia visto, macacos de olhos enormes, pássaros pretos que só voavam a noite... Viu os bichos do dia dormindo e nenhum deles acordava com a sua presença.

Um dia, o menino sol encontrou uma caverna e dentro dela, algo que nunca tinha visto. Algo novo, mas muito mais estranho do que achava. Eles eram... Como ele.

O menino chegou a noite, com sua luz passando por sua pele. Um deles acordou com a claridade, e logo, todos tinham acordado. Eles falavam uma língua estranha... Uma espécie de murmurinho sem sentido, muito diferente da língua dos bichos. Eles andavam em pé, e ele também não entendia o por que, mas escolheu se levantar nas duas patas, como eles.

Os iguais o olharam e o medo inflamou seus olhos. Logo, o menino ouvira gritos. A raiva havia tomado o lugar do medo, e esta, o menino conhecia bem. Eles correram em direção a ele com pedaços de árvore pontiagudos, e o mais rápido que pode, o menino voltou a sua posição usual. Correu para a floresta, onde sabia que estaria seguro.

O medo preencheu seu coração com os barulhos das folhas se movendo ao seu redor. Ele sentia que estava sempre cercado, e enquanto corria, o sol nascia no horizonte. Assim, suas luzes desapareciam. Ele sabia que tinha uma chance e escolheu toma-la. Correu o máximo que conseguiu, e quando sabia que estava seguro, entrou em um pequeno buraco, uma toca abandonada.

Fechou os olhos com toda sua força, apertou seus joelhos e os iguais passaram por ele, gritando e urrando, mas eventualmente... O perigo passou.

Nesse mesmo dia, ao voltar para sua família, o menino vê novamente a ave. Ela vem conversar com ele depois de tudo que aconteceu.

— Quer continuar assim, menino sol? Mesmo provando dá mais profunda escuridão? - ele olha para a ave, maravilhado como sempre.

— Quero conhecer tudo que há para conhecer. Quero sentir tudo que há para sentir.

A ave acena com a cabeça e levanta voo, indo embora sem dizer nem ao menos uma palavra. O menino sol volta para sua família, conversa com todos, mas não diz sobre seu segredo. Não conta sobre o sol que há em si e não conta sobre os iguais que o perseguiram, e assim a noite chega... E os iguais também.

Eles andam pelas matas, com seus pedaços pontudos e seus gritos, acordando os animais e assustando todos ao seu redor. O menino sabia, ele ouviu as árvores falarem.

Essa perseguição nunca parou. Toda noite os iguais procuravam pelo menino sol e lentamente, eles cortaram as árvores, e construíram esculturas do menino. Lentamente eles cortavam mais árvores e assustavam os animais. Lentamente mais e mais deles apareciam a noite. Seus pedaços pontudos lentamente começaram a atirar outros pedaços pontudos. Lentamente, a família do menino sol iria mudando... Se tornando mais e mais velha.

E mais nova.

E velha.

E nova.

Várias e várias vezes.

Um dia os iguais finalmente o pegaram. Ele havia até se esquecido do por que corria deles, havia se esquecido da floresta e de senti-la, de como era dormir... Sonhar. Da ave grande que um dia falou consigo.

O menino fora levado numa caixa de metal para outra caixa de pedra, e de lá, colocado numa caixa com barras. Ele apertava-as e tentava gritar por ajuda. Ele sentia medo, medo do que se tornou, medo do sol, por que ele chegava todas as manhãs, como uma lembrança de que a noite estava por vir.

Os iguais o espetaram, eletrocutaram, machucaram, gritaram. O menino queria responder, mas não entendia seus grunhidos. O medo cresceu, cresceu tanto que em uma noite, enquanto reluzia e ficava sozinho numa caixa de pedra com apenas uma pequena abertura para a lua que iluminava o chão... Fechou os olhos com força.

Com mais força do que havia fechado em toda a sua vida. Ele queria dormir, precisava dormir, precisava ver o pássaro. Água saia de seus olhos, assim como saía do rio que ele amava se banhar. Depois de tanto tempo na caixa de pedra, ele não lembrava mais de como o rio era. De seus sons, seus cheiros...

Todas as noites ele tentava. Fechava seus olhos com força, até que o rio que havia dentro de si cachoeirasse para fora. E em algum momento, quando já havia se esquecido de tudo e perdido a esperança... Ele o fez mais uma vez.

Ali, naquele momento, ele sonhou.

Viu a ave que agora voava alto num céu claro. Ele estava em cima dela, sentindo suas penas macias se movendo com o vento calmo.

— Por favor, não quero mais isso - ele suplicou - não consigo mais.

Tudo e todos haviam lhe virado as costas. Tudo havia dado errado. Ele havia perdido tudo e agora não sabia mais o que querer, além de não ser ele mesmo.

A ave respondeu pacientemente:

— Menino. Tu és o sol. Você brilha todos os dias, e todas as noites, mesmo que ninguém te veja. Você tem dentro de si o poder de criar mundos, e de destruí-los. Você tem em si todo o sol do mundo, todo o clarão, toda a luz. Mas tem também a escuridão, tem tudo que queria sentir, que queria ver, menos você mesmo. Encontre sua luz, e a ame. A ame como um dia amou todo o mundo, como um dia amou o outro.

A ave fecha suas asas e direciona o bico para baixo. Agora eles estão caindo.

— Brilhe - ela diz. O menino não sabe o que fazer. Ele não tem mais nada.

— Eu não sei como - o chão se aproxima, e a ave fala mais alto.

— Brilhe!

— Eu não sei... Não sei como! - o desespero preenchia o menino que tomado pelo medo não conseguia pensar em mais nada. Quando eles conseguiram ver o chão se aproximando numa velocidade incrivelmente rápida...

— Brilhe, menino sol! - a ave gritou uma última vez. Sua voz, ressoando por todo o mundo, como uma onda das mais profundas, fazendo tudo e todos ouvirem. Os animais, os iguais, as arvores, e todo o resto.

O menino entendeu, já sabia o que fazer. Já havia visto tudo, sentido tudo, desde o medo mais mortal, a felicidade mais sublime. Agora, ele deveria sentir a si, deveria saber como é ser o sol. Ele sentiu seu corpo pegar fogo e assim como num piscar de olhos, agora voava como a ave, acima do chão, sobre as montanhas e vales, sobre os rios e as árvores que tanto amava.

Seus olhos abriram.

Ele olhou pela janela e era dia, mas sua pele ainda brilhava. Sentia em si toda a força do mundo, de tudo. Desde o mais simples grão, a mais majestosa montanha. Sentia a força de sua família, uivando em algum lugar longe dali. Ele colocou a mão na parede de pedra e sua luz a cortou, como as garras de sua alcateia. Estava alto, muito alto, mas ele sabia o que fazer. Permitiu que um de seus pés fosse na frente, sentiu o ar embaixo de si... E voou.

Voou em direção ao sol que o iluminava. Voou tão alto e por tanto tempo que enfim, chegou lá. Ele viu a ave em seus olhos, viu ela voando ao lado do sol, muito mais imponente e enorme que tudo que já havia visto. Ela foi em sua direção e disse:

— Agora que você viu tudo, tens de ver uma última coisa.

Ela o agarrou pela nuca com o bico e voou. Eles passam por galáxias distantes, voaram por toda a poeira estelar, por toda a vastidão escura, com o menino sol guiando o caminho como uma lanterna. Em algum momento a ave parou e soltou-o, que flutuou no infinito escuro do espaço.

— Brilhe, menino sol - ela disse calmamente.

E assim mais um sol nasceu no céu.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostou do capítulo? Quer bater a minha cabeça contra a parede mais próxima? Então favorite, comente e se possível recomende que você vai estar me ajudando pra caramba. Eu respondo todos os comentários, então não seja tímida(o) e me escreva alguma coisa :D

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