Ameixas Dirigíveis escrita por Siaht


Capítulo 1
Ameixas Dirigíveis


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!!! ;D
Tudo bem com vocês?
Bom, apenas mais uma ideia insana que eu precisava escrever.
Espero sinceramente que gostem! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/754959/chapter/1

Tudo começou com ameixas dirigíveis. É um tanto estranho e um tanto cômico dizer isso em voz alta – acredite, os rapazes têm consciência disso –, mas não deixa de ser verdade. É verdade também que quando Hugo Weasley e Lorcan Scamander estão envolvidos na mesma equação o resultado inevitavelmente será peculiar (com um necessário toque de humor). De qualquer forma, naquele verão, a culpa de qualquer absurdo hilariante era das ameixas dirigíveis. Bom, ao menos Lorcan acreditava nisso e, sendo completamente honesto, Hugo também.

Caso não esteja familiarizado com o espécime, ameixas dirigíveis são frutos de cor  laranja, bastante semelhantes ao rabanete, que intensificam sua capacidade de aceitar o extraordinário. Há montes e montes delas na casa de Xenofílio Lovegood, o avô do Lorcan. Ainda assim, o Weasley nunca prestara muita atenção nas frutas até aquela tarde. Era um dia nublado e abafado de verão. Uma tempestade cessara há poucos minutos e a grama ainda estava úmida, quando Hugo se esgueirou d’A Toca, ignorando os primos que queriam iniciar uma partida da Quadribol, e correu até a morada do editor do Pasquim.

Na noite anterior, Louis – o primo preferido do ruivo, embora ele soubesse que não deveria ter preferidos – o emprestara três novas edições do Homem Aranha e ele mal conseguia esperar para dividir esse pequeno tesouro com o melhor amigo. Os dois garotos haviam passado meses especulando o que aconteceria com Peter Parker em seguida, mas como Louis, o fornecedor daquelas maravilhas, estava distante em seu colégio trouxa – que era, basicamente, onde abortos estudavam – os dois precisaram se contentar com as teorias insanas criadas por suas mentes insanas. O que, diga-se de passagem, também era divertido. Muito divertido!

De qualquer forma, agora que tinha as respostas em mãos, o Weasley precisava dividi-las com o Scamander. Não teria graça alguma desvendar o enigma sem o amigo, afinal. Portanto, assim que avistou a casa dos Lovegood sentiu o coração saltar em seu peito. Hugo era notoriamente desatento, possuindo uma habilidade única para perder-se em sua imaginação, algo que certamente contribuía para seu jeito desastrado. Ainda assim, mesmo ele não poderia deixar de notar Lorcan deitado na grama molhada. Os cabelos cor de areia caíam bagunçados em sua testa e quase chegando aos olhos castanhos, usava uma camiseta velha das Esquisitonas e trazia um sorriso estúpido estampado no rosto. Ao seu redor ameixas dirigíveis flutuavam.

O coração de Hugo bateu mais forte, enquanto suas orelhas atingiam o mais intenso tom de vermelho. Seu corpo sempre o traía, tendo as mais humilhantes reações, quando Lorcan estava por perto. O garoto se odiava um pouco por isso. Sentia-se um tanto idiota por estar apaixonado pelo melhor amigo e, como bom corvinal, Hugo Weasley detestava sentir-se idiota. Ainda estava preso em suas considerações mentais, quando o loiro se sentou e o saldou com o maior dos sorrisos.

— Hugo! — disse empolgado, soltando uma gargalhada.

— Ei, Lorc! Como vai? — o Weasley cumprimentou se aproximando.

— Flutuante... — comentou gargalhando ainda mais e voltando a se deitar.

Hugo sentou-se ao seu lado, não conseguindo resistir a vontade de sorrir. Estava um tanto claro que o Scamander vinha comendo ameixas dirigíveis há algum tempo e, bom, na concepção corvinal do ruivo isso não era necessariamente uma boa ideia. Ameixas dirigíveis eram frutas complicadas. Para dizer o mínimo.

Como um balão de festas, ameixas dirigíveis não têm qualquer conteúdo interno tangível, sendo preenchida por puro gás. Um gás um tanto peculiar, que após ser ingerido, causa leves tonturas e pequenas alucinações, aumentando significativamente a capacidade do indivíduo de aceitar o extraordinário. Lorcan Scamander não era o tipo de pessoa que precisava de qualquer ajuda para aceitar o extraordinário. Definitivamente não.

— Consegui a continuação. — Hugo contou, estendendo as HQ’s para o amigo que lhe fitou com os olhos brilhando.

— Fabuloso! — disse se sentando ao lado do outro garoto e pegando uma das ameixas que flutuavam sobre sua cabeça. — Aceita uma?

O ruivo nunca fora um entusiasta daquelas frutas, no entanto, era fisicamente incapaz de negar qualquer coisa a Lorcan, especialmente quando o rapaz lhe sorria daquele jeito. Às vezes achava que, de bom grado, daria sua vida ao Scamander caso fosse por ele solicitado. Seu coração explodia em seu peito, mas o amigo parecia alheio ao efeito devastador que lhe causava. Como sempre.

— Sabe o que eu mais gosto nas ameixas dirigíveis? — o loiro questionou inocentemente. Hugo meneou a cabeça, não se julgando capaz de proferir uma única palavra. — Elas são laranjas como você.

O comentário fez o Weasley se tornar ainda mais laranja. As orelhas esquentaram e seu rosto sardento foi tomado por um forte rubor. O rapaz era uma visão interessante naquele momento. Sentada na grama úmida, com os cachos ruivos bagunçados pelo vento, a camiseta laranja dos Chudley Cannons, violentamente corado e sem saber o que fazer com as próprias mãos. Lorcan sorriu o contemplando.

— Sua cabeça está cheia de zonzóbulos, Hugo. — o Scamander comentou, voltando a se deitar e o ruivo riu e imitou seu gesto, porque, bom, o que mais lhe restava fazer?

Com cuidado, sugou o gás da ameixa que o amigo lhe dera e fechou os olhos, se deixando envolver pela áurea mística que a fruta emanava. Quando reabriu seus orbes azuis foi presenteado com a visão de um arco-íris tímido, porém, teimoso que se estendia entre o céu cinzento e as nuvens pesadas e carregadas de chuva.

— Lorc? — chamou.

— Oi?

— Você também está vendo um arco-íris ou eu estou alucinando? —  questionou incapaz de reprimir a gargalhada, mesmo sem entender muito bem o motivo de estar rindo.

Lorcan também riu.

—  Se você está alucinando, Hugo, estamos tendo a mesma alucinação.

Ainda sorrindo, Hugo se virou para o rapaz que imitou seu movimento.

—  Eu gosto dessa ideia. —  o Weasley confessou — Nós dois tendo a mesma alucinação e tudo mais...

— É, eu também gosto dessa ideia. Embora, tenha uma que me agrade ainda mais. — Lorcan praticamente cantou as palavras, envolvendo Hugo de um modo quase hipnotizante, diminuindo a pouca distância entre eles e selando seus lábios em um beijo doce.

Um beijo doce que logo se transformou em dois beijos, em três, em quatro... E quando se deram conta o dia começava a se despedir e os dois ainda estavam embraçados um no outro, rindo como dois idiotas.

— Merlin, tem tanto tempo que eu queria fazer isso! — o Scamander confessou, sorrindo abobalhado.

— Sério? — o Weasley, que ainda tentava recuperar o fôlego, soava incrédulo.

Lorcan riu ainda mais.

— Sério, Hugo, como alguém tão inteligente pode ser incapaz de enxergar um palmo a sua frente? De qualquer forma, apesar dessa sua lerdeza ímpar, eu sou louco por você. Sempre fui.

Hugo sorriu, porque não sabia o que mais poderia fazer. Tinha a tendência a pensar demais e, consequentemente, estragar tudo. Em um dia normal, seu cérebro estúpido estaria lhe dizendo que era impossível que Lorcan correspondesse aos seus sentimentos. No entanto, aquele não era um dia normal e talvez o efeito das ameixas dirigíveis ainda estivesse ali, lhe fazendo aceitar facilmente o improvável.

Hugo definitivamente amava ameixas dirigíveis!

.

.

Hugo definitivamente odiava ameixas dirigíveis!

Não apenas pela dor de cabeça que estava sentindo, ou pela sensação de desanuviamento em sua mente quando pensava na tarde anterior, mas especialmente por não ser capaz de saber se o que havia acontecido entre ele e Lorcan fora real ou apenas uma alucinação causada por aquelas frutas malditas.

Quer dizer, ele achava que fora real. Seu corpo inteiro agira como se houvesse sido e as sensações ficaram marcadas em sua pele. Se lembrava da grama úmida, molhando suas roupas, sua pele e as HQ’s de Louis (Merlin, o primo iria aniquilá-lo lentamente por isso!), lembrava-se do arco-íris se estendendo como um milagre no céu nublado e lembrava-se especialmente dos toques de Lorcan, de seus lábios tocando os deles, do sabor de ameixa dirigível impregnando sua boca. A lembrança fazia todos os seus pelos se arrepiarem, mas a dúvida persistia: e se não fosse real?

(Lembrete: nunca consumir frutas com potencial alucinógeno quando está perto demais da pessoa por quem se está apaixonado. Isso só pode dar errado. Muito errado!)

Merlin, o Weasley queria morrer! Não suportaria viver com aquela questão. Sua mente de corvinal necessitava de respostas. No entanto, com que cara iria encarar o amigo sem ter certeza do que se passara entre os dois? Sem ter certeza de que o rapaz era realmente louco por ele? Merlin, ele queria tanto que aquilo fosse verdade!

Talvez Merlin estivesse, só parar variar, ouvindo seu lamento e disposto a ajudá-lo, porque pouco depois a lareira, próxima ao sofá no qual se encontrava largado em total depressão, se encheu de chamas esverdeadas, revelando um Lorcan Scamander com seus sorrisos fáceis e cabelos despenteados. Hugo sentiu que todo seu corpo entraria em combustão. Aquele garoto ainda iria causar a sua morte.

 — Ei! — Lorcan disse, passando as mãos pelo pescoço longo e pálido.

— Oi, Lorc. — Hugo respondeu, se ajeitando no sofá, incapaz de encarar o melhor amigo. Por que as coisas tinham que ser tão confusas, constrangedoras e insanas?

— Então, sobre ontem... — o rapaz começou, sentando-se ao lado do Weasley. Lorcan Scamander podia até viver no mundo da lua, mas não era o tipo de pessoa que dava rodeios quando precisava dizer algo. Nesses momentos era direto até demais.

— Ontem foi legal. Ontem foi ótimo. Excelente, na verdade. Estonteante. Uma dia incrível. Quem conseguiria imaginar com toda aquela chuva e tudo mais, não é mesmo? E as ameixas dirigíveis também, é claro. Frutas incríveis. — Hugo se apressou em interrompê-lo, sem sequer saber o motivo. Estava simplesmente nervoso e quando ficava nervoso seu cérebro supostamente brilhante parava de funcionar e tudo o que conseguia fazer era falar sem parar. — Frutas fantásticas. Acho que me fizeram ter algumas alucinações, mas tudo bem. Eu acho. Não sei.

O monólogo frenético, no entanto, foi interrompido por uma gargalhada alta vinda dos lábios de Lorcan.

— Alucinações? É?

— Bem, sim...

— Alguma dessas alucinações envolvia nós dois nos beijando na grama molhada? — questionou divertido.

Hugo sentiu-se ficando completamente laranja de novo. Suas orelhas queimavam.

— Isso foi real?

Lorcan deu de ombros.

— Ou foi real ou nós estamos compartilhando a mesma alucinação mais uma vez.

Hugo riu, sentindo-se supreendentemente aliviado. Havia mesmo alguma coisa acontecendo entre os dois. Alguma coisa mais forte que amizade.

— Essa é uma ideia que me agrada muito, senhor Scamander.

— Bom, você sabe que há ideias que me agradam mais, senhor Weasley.

Hugo tentou reprimir a risada.

— E como sei!

E logo os dois rapazes já estavam de volta aos amassos. Dessa vez, sem qualquer ameixa dirigível por perto. Porque, no fim, talvez eles não precisassem de qualquer incentivo para aceitar o extraordinário.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pode até parecer, mas juro que não estava sob a influência de ameixas dirigíveis quando escrevi essa história.
Espero que tenham gostado! ♥
Beijinhos...
Thaís



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ameixas Dirigíveis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.