Confesso que o que aconteceu com Draco foi engraçado, mas não tem como eu não me sentir mal. Depois de tudo decido procura-lo e fui eu fui direto procura-lo na enfermaria, mas a madame Promfrey me avisou que ele já tinha sido liberado. Então fui para o lugar mais óbvio, o salão comunal, mas para minha surpresa ele também não estava lá, nem nos dormitórios. Depois de revirar toda a escola o procurando sem parar me senti estupida de não ter pensado antes que ele estaria no nosso lugar: a ponte.

Chamamos esse lugar de nosso porque no primeiro ano ficávamos sempre lá; Conversando, rindo, treinando feitiços e comendo muitos feijãozinho de todos os sabores. Geralmente esse lugar está sempre vazio e é isso só o torna melhor; As vezes morar em um internato é bem complicado, tem momentos que você só quer ficar um pouco sozinho e mesmo que esse internato seja um castelo enorme cheio de cômodos secretos é meio difícil achar um lugar onde ninguém vá te perturbar. E é por isso que Draco e eu gostamos tanto da ponte. Ninguém nunca fica nela.

Ao chegar na ponte pude ver Draco no final dela, sentado na beirada. Caminhei até ele em passos largos e ele nem olhou para mim quando eu me aproximei e me sentei do seu lado.

“Pensando?” Perguntei olhando para ele.

Ele não respondeu de primeira, ficou olhando para o lago com um olhar vago. Ele está extremamente bonito agora, o que não é uma novidade. Draco está sempre bonito, mesmo depois de jogar uma partida de quadribol e estiver extremamente suado.

“É, por ai” Ele responde, seco. Eu sabia que ele estava se sentindo humilhado, então o máximo que eu podia fazer era ser uma boa amiga e confortá-lo. “O que você quer?” Ele fala de novo com grosseria.

Suspiro fundo e tiro um jogo de cartas e um saquinho cheio de feijõezinhos de todos os sabores.

“Olha o que eu trouxe” Abro um sorriso e sacudo o saquinho. Draco me encara com tédio. “Ah, qual é! Costumávamos passar a tarde inteira aqui jogando cartas”  

“Eu não estou muito afim de jogar agora Diana” Ele fala irritado e volta a olhar para frente.

Qualquer pessoa no meu lugar teria desistido; Suspiraria e se levantaria, indo embora. Mas eu não. Não com Draco.

“Não me diga que está com medo de perder” Digo sem perder meu sorriso no rosto, provocando-o. Ele olha para mim cansado e revira os olhos, mas vejo que ele não consegue conter um sorriso.

“Você é mesmo insuportável” Ele fala pegando o baralho da minha mão. “E só pra avisar, quem perder vai ter que se jogar no lago”

Sorrio satisfeita.

“Você me ama” Mostro a língua para ele e abro o saquinho de feijõezinhos.

“Tão madura” Ele revira os olhos de novo e eu jogo dois feijões nele.

“Besta” Murmuro e como um feijão. “Grama, até que comecei bem”

Ele pega um dos feijões que eu joguei nele e come. Ele faz uma careta.

“Eu não sei dizer, acho que... Vômito” Ele diz ainda fazendo careta. “Não, não... Acho que é peixe podre.”

Dou risada da cara dele e assim iniciamos uma partida -Quem fizesse dez pontos primeiro ganhava.

Eu não sei muito bem quanto tempo ficamos jogando e rindo enquanto comíamos feijõezinhos, eu sempre perco a noção do tempo quando estou com Draco. O sol já estava se pondo quando Draco joga suas cartas no bolo e sorri vitorioso.

“Bati”

“Eu... Não acredito!” Falo inconformada, jogando minhas cartas. “Você trapaceou!”

“Aceite minha derrota CampBell” Ele fala com um sorriso convencido. “E eu não me esqueci que você tem que se jogar no lago”

Eu me levanto na mesma hora e começo a caminhar.

“Não mesmo! Me recuso!” Acelero meu passo.

Draco grita um “Ah não!” e se levanta rapidamente, me puxando pelo braço. Ele me segura pelos dois braços e começa a caminha em direção a ponta da ponte.

Eu começo a gritar para ele me soltar em meio de risadas. Eu tentava me soltar dos seus braços, mas ele era mais forte que eu.

“Você não teria coragem” Digo vendo que estava sem saída, meus pés estavam quase pra fora da madeira.

“Está duvidando de mim CampBell?” Ele levanta uma sobrancelha e finge que vai me empurra, me fazendo da um gritinho e me fazer se segurar nele.

“Qual é, é quase na hora do jantar” Suplico. Ele estava com um sorriso no rosto, claramente gostando da cena. Eu estava rindo, mas de nervoso. “Eu não posso aparecer toda molhada e se eu for tomar um banho antes eu perco a janta”

“Mas regras são regras, você mesma vivia falando isso” Ele relembra. Ugh, quando éramos menores e o Draco perdia alguma aposta e não queria fazer a consequência eu falava isso.

E antes que eu tentasse fugir ele solta meus braços, fazendo com que eu me desequilibrasse e caísse para trás, eu tento voltar me segurar nele, mas acabo puxando Draco para a água gela junto.

Mergulho na água gelada e ao voltar para superfície começo a gargalhar ao ver um Malfoy todo molhado com uma cara de indignado.

“Eu não acredito!” Ele grita comigo e só pra provoca-lo eu jogo água no seu rosto.

Ele me olha inconformado e eu dou um sorrisinho cínico, e isso é o bastante para ele revidar jogando água em mim e assim começou uma mini guerra de água. A gente gargalhava no meio disso tudo, o que fazia com que eu me engasgasse com a água e ficasse rindo e tossindo ao mesmo tempo.

“Você é uma péssima perdedora” Ele fala e eu me jogo em cima de seus ombros, fazendo força para dar um ‘caldo’ nele.

“Cala a boca” Eu grito rindo.

Ficamos nessa de tentar ‘afogar’ o outro por mais alguns minutos até que a gente realmente começou a ficar com frio, meus lábios estavam roxos e eu batia meu queixo.

“Acho que é uma boa voltarmos e tomar uma sopa” Ele fala e eu concordo com a cabeça na mesma hora.

Ele sai do lago com facilidade e me estende a mão para subir. Eu aceito sua ajuda e saio da água. Nossas vestes estavam pesadas por conta da água e não importava quantas vezes nos torcíamos elas, elas ainda continuavam a pingar.

Retiramos nossas capas e começamos a caminhar de volta para o castelo.

“Será que já começou a janta?” Pergunto passando os dedos em meus cabelos, tentando desfazer uns nós.

“Acho que sim” Ele fala assim que entramos no castelo.

As tochas nas paredes fazem com que a gente se aqueça pelo menos um pouquinho, e eu não deixo de ficar aliviada. Estava congelando.

“Vamos ter que ir assim mesmo” Ele fala.

“Haha, muito engraçado” Falo forçando uma risada.

“Falo sério, não vai dar tempo de tomarmos um banho a tempo de jantar”

“Eu não vou aparecer desse jeito, eu estou parecendo um gato molhado” Falo apontando pro meu cabelo.

“Para de drama” Ele revira os olhos. “Eu não vou ir desse jeito sozinho e eu to com fome” Ele pega na minha mão e começa a me puxar.

Eu reviro os olhos e eu sei que ele não vai me deixar ir para o dormitório nem que tenha que me arrastar, e eu também estou com fome, então só deixei ele me puxar.

Ao chegarmos no salão onde estava acontecendo o jantar recebemos alguns olhares estranhos dos alunos que estavam sentados no final da mesa. Nem nós importamos, Draco só continuou me puxando até chegarmos na mesa da Sonserinas, na frente de nossos amigos.

Karen, Pansy, Zabini e Fletcher que até então estavam tendo uma conversa animada e comiam suas comidas com vontade pararam imediatamente ao notarem nossa chegada e nos encararam da cabeça aos pés. Pansy parou o olhar na mão de Draco que estava segurando a minha e seu rosto ficou vermelho e ela fechou a cara.

“Que é?” Draco falou de mal humor se sentando ao lado de Zabini

“Boa noite” Disse Blásio com sarcasmo.

Me sentei entre Draco e Blásio e comecei a me servir com algumas batatas.

“E então” Karen começou com as sobrancelhas erguidas. “Vão explicar ou...”

“Diana perdeu uma aposta” Draco disse servindo seu prato sem nem olhar para Karen.

“Ai ele me jogou no lago e eu puxei ele” Falo com simplicidade. “Batatas?” Pergunto a Draco e ele confirma com a cabeça, pegando o prato da minha mão.

“Vocês são estranhos” É tudo que Barry fala antes de voltar a comer.

Olho para Draco e trocamos sorrisos cúmplices. 

“Eu vou indo” Pansy se levanta bruscamente e joga seu guardanapo no seu prato -que ainda tinha bastante comida- com raiva.

“Mas já?” Zabini a olha com as sobrancelhas juntas. “Você nem comeu direito”

“Não estou com fome” Ela fala irritada antes de se virar e ir embora.

“O que deu nela¿” Barry diz com a boca cheia.

“Não sei” Dou de ombros.

"Acho que ela está de TPM" Draco fala com indiferença.