Todos já estavam no Salão Principal, sentados na mesa de sua casa. Já aconteceu a seleção das casas e Dumbledore fez o mesmo discurso de sempre – "Como sempre, eu gostaria de lembrar a todos que a floresta que faz parte da nossa propriedade é proibida a todos os alunos, e..." parei de escutar por ai, ninguém além dos alunos do primeiro ano realmente escutava os avisos de Dumbledore. Mas mesmo depois dos avisos acabarem ele não liberou a comida, o que estava me deixando de mal humor.

"Acho que vai ser agora que ele vai falar sobre aquilo que te disso no jogo de quadribol" Draco se inclinou e sussurrou no meu ouvido. Eu quase tinha me esquecido disso!

Draco me convidou para ver o último jogo da Copa Mundial de Quadribol, e é claro que eu aceitei, ficamos em um lugar ótimo e tudo acabou sendo muito divertido. E no meio disso tudo Draco me contou que iria acontecer o Torneio Tribuxo esse ano em Hogwarts, mas ele não me deu muitos detalhes já que nem ele mesmo sabia de muita coisa, apenas o pouco que seu pai lhe contou.

Quando Dumbledore abriu a boca para falar as portas foram abertas brutalmente chamando atenção de todos. Um homem de cabelos grisalhos trajando uma capa preta de viagem entrou, seu rosto é coberto por cicatrizes e sua boca parecia ter sido cortada, faltava uma parte do seu nariz e seus olhos... Um era pequeno, escuro e penetrante o outro era grande, redondo e azul gritante. O olho azul se virava de um lado para o outro, subindo e descendo – sem piscar.

"Por Merlin..." Karen sussurrou, assombrada.

Todos observaram o homem atravessar o salão e ir se sentar-se à mesa dos professores em um silêncio agonizante. Alguns com olhares curiosos e outro horrorizados.

"Gostaria de apresentar o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas." Dumbledore cortou o silêncio, seu tom era animado. "Prof. Moody."

E mais uma vez o salão inteiro ficou em silêncio, observando, de olhos arregalados, Moody pegar um frasco de dentro da sua capa e dar um grande gole.

"Como eu ia dizendo." Dumbledore pigarreou, chamando atenção de parte dos alunos, enquanto a outra parte ainda olhava de modo curioso para Moody. "Os jogos de quadribol esse ano serão cancelados." Ele diz e salão explode em pessoas reclamando, bravas. Fecho minha cara, indignada e olho para os jogadores da sonserina que pareciam igualmente irritados. Eu sabia do evento que iria acontecer, mas não sabia que teria que cancelar os jogos de quadribol para isso. "Tenho o enorme prazer de informar que, esse ano, realizaremos o Torneio Tribuxo em Hogwarts."

O salão inteiro explodiu em múrmuros dos alunos, excitados pela notícia. Vários alunos que segundos atrás estavam bravos por causa do quadribol se esqueceram completamente e conversava com as pessoas, animados.

"O SENHOR ESTÁ BRINCANDO!" Fred Weasley exclamou do outro lado do salão, fazendo todos rir, até mesmo Dumbledore.

"Não estou brincado, Sr. Weasley." Dumbledore deu um sorrisinho. "Alguns de vocês talvez não saibam o que é esse torneio, imagino. O Torneio Tribuxo é uma competição entre as três maiores escolas européias de bruxaria – Hogwarts, Beauxbatons e Durmstrang. Acontecerá uma seleção para escolher um campeão de cada escola e esse três campeões competiram em três tarefas mágicas. O prêmio será a Taça Tribuxo, a glória de sua escola e o premio individual de mil galeões."

"Estou nessa!" Escutei os gêmeos Weasleys exclamarem juntos, fazendo um high-five.

Os alunos conversavam entre si, extremamente animados.

"Os diretores das escolas participantes fizeram uma reunião, e concordaram em colocar uma restrição à idade dos competidores. Somente os alunos com mais de dezessete anos terão permissão de apresentar seus nomes à seleção." Dumbledore faz uma pausa e deixa com que os alunos protestem, indignados. Mas ninguém está mais irritado do que os gêmeos Weasleys, que fizeram um alvoroço na mesa da Grifinória. "As alunos das escolas Beauxbatons e Durmstrang chegarão em outubro e permanecerão o final do ano letivo conosco. Agora, bom apetite."

Assim que Dumbledore terminou de dar os avisos todas as mesas se encheram de comida de todos os tipos em um piscar de olhos.

"Esse ano, definitivamente, será interessante" Karen diz com um sorrisinho.

"Eu nem acredito que vamos ter a chance de ver o Torneio Tribuxo" Diz Pansy contente.

"Isso vai ser demais!" Zabini diz animado, enquanto pega um pedaço de torta.

"Você vai comer só essa torta como jantar?" Aponto para o prato dele, com o cenho franzido.

"Você consegue ser pior que a minha mãe, CampBell. Relaxa, é a primeira noite em Hogwarts." Zabini joga uma maçã em mim. "Eu estou tão animado pro torneio tribuxo!”

"Para falar a verdade estou mais animada para conhecer os alunos estrangeiros." Fala Karen pegando a maçã que Zabini jogou em mim e mordendo-a.

“Mas é uma pena que não podemos participar” Draco fala e eu concordo com ele.

"Eu queria poder, pelo menos, colocar meu nome no cálice." Solto um muxoxo e me sirvo com um pouco de sopa

“Cristo, ainda bem que não podemos participar do torneio” Pansy balança a cabeça.

“Você é tão competitiva, não quero nem imaginar você participando do Torneio” Barry fala e eu solto um som indignado.

“Eu não sou competitiva!” Minha voz sai esganiçada e os cinco me olham com o cenho franzido e murmuram um ‘Aham’ debochado. “É sério!”

“Devemos lembrar quando você teve seu primeiro jogo de quadribol como apanhadora?” Draco levanta uma sobrancelha, ele tem um sorriso divertido no rosto.

“O que tem? Eu só fiquei animada com o meu primeiro jogo” Me justifico e Barry me olha com a testa franzida.

“Você me fez treinar com você todos os dias, até quando chovia! E quando eu pedia uma pausa você começava a falar que não podíamos descansar e que você perdesse a culpa era toda minha” Ele fala e eu engulo seco, não lembro de usar essas palavras... Não mesmo. “Eu vivi sob pressão durante um mês, eu fiquei mais nervoso para seu primeiro jogo do que você.”

 “E eu odeio quadribol.” Pansy gemeu. Eu também a obriguei a treinar comigo, mas acabou que foi só um treino de meia hora porque ela não conseguia controlar a vassoura e caiu em uma poça de lama e desistiu na mesma hora.

“Eu me lembro como se fosse ontem da cena da Pansy chegando no Salão Comunal encharcada e toda suja de lama.” Barry fala gargalhando e Zabini se engasga com seu suco.

A gente ri junto e Pansy fecha a cara, mas nós sabíamos que ela não estava brava de verdade.

“Bons tempos” Digo dando um sorrisinho para Pansy que me mostra o dedo.

“Ela mal conseguia subir na vassoura.” Karen tinha os olhos cheio de lagrima de tanto rir. “A vassoura mal tinha subido meio metro e ela já tava toda desesperada se agarrando ao cabo da vassoura e gritando”

Rimos mais ainda e Pansy não conseguiu e acabou rindo com a gente.

“Eu fui o único que consegui.” Draco se gabou.

“Só porque você treina quadribol desde que tinha sete anos, seu exibido.” Mostro a língua pra ele e ele revira os olhos, rindo.

“E não vamos esquecer que nesse mesmo ano, no inverno, Diana nos fez ir patinar no lago congelado.” Zabini relembra e todos gemem ao se lembrar.

“Ah qual é, todo mundo gostou desse dia.” Falei chocada com a reação de todo mundo.

“Diga isso por você, CampBell.” Blásio jogou outra maçã em mim, só que dessa vez eu desviei. “Eu cai no lago congelado.”

“Rendeu boas fotos pelo menos” Karen fala e é verdade. Temos quase um álbum completo só de fotos desse dia.

“Pior Natal de todos os tempos.” Pansy gemeu novamente. “Eu mal conseguia dar dois passos sem cair.”

“Eu estava gostando desse dia até você me puxar pro lago junto contigo” Barry diz pra Blásio.

“Qual é, pelo menos ficamos resfriados juntos” Blásio passa o braço por cima do ombro dele, o sufocando.

“Ainda bem que eu não fui.” Draco fala e olha para mim. “Fingi um resfriado pra você me deixar em paz.”

“Você estava fingindo?” Arregalei os olhos e ele assentiu, rindo com os outros. Barry ainda tentava se livrar do braço de Zabini. “Uhh, eu odeio vocês.”

“É recíproco.” Pansy disse.

Continuamos conversando pelo resto do jantar e quando todos já tinham acabado sua sobremesa Karen deu a ideia de irmos para o Salão Comunal e ficarmos por lá conversando antes de irmos para a cama.

Todos concordaram e começaram a se levantar e caminhar em direção à saída. Quando passamos pela mesa da Grifinória recebemos vários olhares feios e pessoas resmungando alto de propósito, eu faço minha melhor cara de desgosto e revido todos os olhares e sei que meus amigos estão fazendo o mesmo. Uma garota do quinto ano me encara dos pés a cabeça e cochicha algo para a sua amiga ao lado que na mesma hora me encara, ao perceberem que eu estou olhando feio para elas ambas ficam com o rosto vermelho e imediatamente desviam o olhar.

Avistei de longe Hermione Granger e assim que nossos olhares se cruzarem ela acenou para mim, eu desfaço minha cara e dou um sorriso para ela, acenando. Ela recebe olhares feios dos amigos, mas eu não ligo. Eu até entendendo eles não gostarem de mim e não me importo.

No terceiro ano, quando eu caí da vassoura por causa dos dementadores, Hermione uso um feitiço antes que eu caísse no chão e me quebrasse toda. Depois que madame Promfey me liberou, uma das primeiras coisas que eu fiz quando sai da ala hospitalar foi procurar a menina para agradecê-la e no final de tudo ficamos amigas e até nos juntávamos para estudar de vez em quando.

Olho para meus amigos e de certa forma fico aliviada que eles não tenham percebido minha interação com Granger. Uma dor de cabeça a menos.

X

Já fazia um tempo que estávamos no Salão Comunal da Sonserina, havia outros grupos de alunos espalhados por toda sala; Os alunos do primeiro ano estavam agitados, correndo de um lado para o outro e explorando o salão encantados com a decoração. Não posso culpa-los, lembro muito bem que fiquei maravilhada com toda arquitetura do local e a decoração chique e vitoriana. A parte mais legal de todas, de longe, é que como o salão comunal e os dormitórios ficam nas masmorras é como se estivéssemos em um enorme aquário. Você pode ver diversos tipos de peixes bizarros e sereianos nadando e também tem a lula gigante. O ambiente é bem iluminado por lustres e por ser frio as lareiras estão sempre acessas dando um ar confortável.

“Você já está quase cochilando” Draco disse para mim e eu pisquei para ele, sonolenta.

Eu tava com minha cabeça apoiada no ombro de Draco e estava tão perdida nos meus pensamentos que acabei não notando que estava quase dormindo. Olhei em volta e meus amigos estavam começando a ficar sonolentos também; Karen estava sentada confortavelmente em uma poltrona vitoriana, enrolada em uma manta que geralmente fica nos sofás e lia algum livro; Pansy e Barry dividiam um sofá pequeno e conversavam com Blásio que estava sentado no chão, eles estavam conversando em voz baixa e bocejavam de vez em quando. O salão estava mais vazio agora, sobrando apenas alguns grupos de alunos mais velhos, nem tinha notado que os menores já haviam ido dormir.

“Você não está cansado¿” Perguntou para Draco.

“Um pouco, não dormi quase nada ontem”

“Acho que ficar conversando até tarde foi uma péssima ideia” Dou um sorrisinho.

“Eu não diria isso” Ele responde e encosta sua cabeça na minha, se ajeitando no sofá. “Aquele pergaminho foi uma ótima ideia”

“Ficamos pelo menos dois meses fazendo ele” Lembro de nós dois virando noites e noites no final do primeiro ano tentando fazer os pergaminhos encantados.

Eu bocejo e Karen se levanta da poltrona.

“Eu estou dormindo sentada” Ela fala baixinho, esfregando seus olhos.

“Eu também” Desencosto minha cabeça do ombro de Draco e me espreguiço. “Vou dormir”

“Eu também, quero pelo menos tomar um banho antes” Karen fala e eu concordo.

Me levanto do sofá e me despeço de Draco com um beijo na bochecha e um desejo de boa noite para ele. Vou até os outros que ainda estão conversando e percebo o olhar que Pansy me lança. Eu ignoro e desejo boa noite a eles, subindo junto com Karen para nosso dormitório.

Eu me jogo na minha cama e abraço meu travesseiro. Que saudades que eu estava dessa cama enorme e macia!

“Você vai tomar banho agora ou amanhã de manhã¿” Karen pergunta enquanto faz um coque e pegando seu roupão.

“Acho que amanhã” Murmuro, quase pegando no sono.

“Ve se troca de roupa antes de dormir” Karen joga algo em mim, que eu presumo ser meu pijama, e eu escuto a porta se fechar.

Me esforço para trocar de roupa e jogo minhas vestes no chão, prometendo a mim mesma que amanhã de manhã eu iria arrumar, esses são meus últimos pensamentos antes de cair no sono.