Ben E O Paraíso escrita por fckfic


Capítulo 1
Beijando o hétero


Notas iniciais do capítulo

Ben-Vindos (espero que tenham entendido o pequeno trocadilho) mais uma vez. Eu terminei uma história (Doce Morada) recentemente e não aguentei de ansiedade em postar outra. Ainda não sei direito quais rumos seguirei com essa história, mas tenho alguns capítulos planejados na cabeça. Vamos ver se dar certo. Parte disso depende de vocês. Boa leitura!



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Felipe e eu nos despedimos do Uber e fomos ao encontro de alguns amigos num barzinho que íamos em algumas Sextas. A mesa estava cheia e eu fui cumprimentar um por um abraçando. Felipe se limitou a dar boa noite e se sentar em uma cadeira ao lado de Alice.

Havia pessoas na mesa que eu não conhecia. Um menino negro com um sorriso maravilhoso que ficou meio sem jeito quando lhe dei um abraço. Alguém gritou que ele era hétero e que eu deveria me controlar. Essa era a fama que eu tinha para os meus amigos. Incontrolável.

Não vou mentir e dizer que sou um santo. Mas é claro que meus amigos exageram muito para me zoarem. Sento-me do outro lado de Alice que está com a sua usual garrafinha de água. Ela não pode beber nada alcóolico. Diferente de mim que já estou enchendo um copo descartável com Pitú.

Presto atenção na conversa da mesa. Estavam falando sobre calouradas, também conhecidas como salvação de um período na faculdade. A primeira calourada que fui na faculdade foi como a primeira festa. Eu me lembro do quanto gritava alto as letras das músicas e tentava dançar em meio a uma enchente de pessoas suadas. As bebidas misturadas, o cheiro de maconha e pessoas chapadas. Pessoas que nunca imaginaria se pegando. Eu me pegando com garotos desconhecidos.

— Eu acho que devemos jogar alguma coisa. – comentou Micaela após o assunto calourada ser finalizado.

— O que vocês querem jogar? – John pergunta e ninguém faz ideia.

— Bora de Eu nunca mesmo. – respondeu Micaela e o resto da mesa concordou.

Dez dedos levantados. Começaram a falar sobre sexo. As meninas, em maioria lésbicas, falavam algo que nunca fizeram com os homens. Os meninos, quase totalmente gays, abaixavam os dedos. Eu agora estava com seis dedos levantados.

Então foi a vez da vingança masculina usando de coisas que nunca fizemos com as mulheres. Algumas pessoas sensatas brincavam sem citar sexo. Eu era uma delas, afinal a gente sempre acabava falando sobre isso. Não que fosse um problema para mim, porém eu não estava a fim de saturar o assunto.

Quando baixei todos os dedos, me entregaram um copo com a metade preenchida de vodka. Vodka era uma das bebidas que eu mais consumia ultimamente. Não que eu gostasse tanto, mas meus amigos não vão para um rolê sem. Virei o copo e disse que iria ao banheiro porque estava apertado. Odeio a minha bexiga quando saio para os lugares. É o tempo todo querendo ir ao banheiro.

E digamos que o banheiro daquele bar não era um lugar convidável. Fui em uma das cabines, pois odiava mictório. Apenas me constrange a ideia do meu pênis visível para o resto dos homens que fossem urinar também. Ao sair da cabine encontro com Davi, o menino hétero, lavando as mãos na pia.

Cheguei ao seu lado e abri um sorriso simpático, começando a lavar as mãos também.

— Perdão pelo jogo. Meus amigos agem como se ainda estivéssemos no ensino médio. – falei tentando ser amigável.

— Eu não me importo. Estou me divertindo muito com vocês.

— Você é amigo de quem lá?

— Da Amanda. Nós pegamos uma matéria juntos e fizemos dupla em alguns trabalhos.

— Entendi. – terminei de lavar as mãos e fui pegar papel para enxugar. Davi já tinha enxugado as dele. – Vamos voltar? – o menino acenou e nós voltamos para a mesa ouvindo algumas piadinhas.

— O que vocês estavam fazendo no banheiro? – pergunta Felipe assim que eu me sentei.

— Ué. O que se faz no banheiro, Felipe?

— Muitas coisas.

— Até você com essa agora? Eu só fui dar uma mijada, tá bom? Encontrei o Davi lá. Não rolou nada.

— Você tá nervoso?

— Não, Felipe. Não estou. Você está com algum problema?

— Eu não.

— Então tá bom.

— Ei. – diz Alice entre nós se manifestando. – Chega de bobagem. Nós decidimos jogar Uno.

Começamos a jogar Uno e apesar da minha força de vontade, só consegui ganhar uma partida. Eu era muito competitivo e isso acabava me atrapalhando às vezes. Minutos depois chegou Ari. Felipe e eu cursamos Arquitetura e Ari é um veterano nosso. Felipe tem um crush nele há algum tempo e eles já até ficaram, mas Ari não está procurando por nada sério.

— Qual a boa? – perguntou Ari chegando e sentando-se ao lado de Felipe. Eu olhei para o meu amigo e ele fez uma cara que dizia algo como “o que eu faço?”.

— Estamos jogando Uno. Mas eu já cansei. Acho que devemos fazer outra coisa. – respondeu Micaela.

— Bora pra casa da pessoa mais próxima fazer uma suruba. – disse John e todos rimos.

— Sedenta. – eu falei para ele que levantou o dedo do meio para mim. – Que horas são?

— Uma e meia.

— Ainda, Alice? Eu jurava que era mais tarde. Também cansei de jogar Uno.

— Só por que ganhou apenas uma rodada? – provocou Felipe e eu fiz cara de raiva.

O pessoal voltou a conversar, agora sobre a faculdade. Eu já estava com vontade de urinar novamente e me levantei. Fiz o mesmo da outra vez e novamente Davi estava na pia quando acabei. Dessa vez, ele não lavava as mãos e olhava diretamente para mim.

— Tudo bom? – perguntei já sabendo quais eram as suas intenções.

— Eu pensei que talvez você pudesse me mostrar algo.

— Será um prazer. O que você quer?

— Sabe, eu achei que tá ficando sem graça lá na mesa. Que tal a gente ficar longe por um tempo, se divertindo?

— Okay. Mas não aqui nesse banheiro imundo. Eu conheço um beco aqui perto. Só temos que ter cuidado pra que ninguém veja a gente saindo ou já era.

Olhei para fora do banheiro e todos pareciam distraídos. Ouvia as risadas altas de alguns e aproveitei para puxar Davi até o beco que havia falado. Ao chegarmos, empurrei ele na parede e comecei a beijá-lo. Pra quem era hétero, esse daí se rendeu rápido demais.

Davi colocou as mãos no meu rosto. Seu beijo era muito bom. Cheio de vontade e quente. Ele foi descendo as mãos por minhas costas e uma delas apertou a minha bunda. A outra estava em meu pescoço e logo seus beijos desceram para lá. Eu mordia os lábios enquanto sentia seus dentes cravarem na pele do meu pescoço.

Depois de uma pegação ardente, nos afastamos e decidimos voltar a mesa. Eles com certeza perceberiam o que aconteceu.

— Podemos terminar isso outro dia. Garanto que ainda falta muito coisa para eu te mostrar.

— É uma pena que não possa ser hoje.

— Calminha. Até quinze minutos atrás você era intitulado como hétero. O que aconteceu?

— Você é gostoso demais, porra!

— Agradeço o elogio. Agora vamos!

Saímos do beco e eu disse para Davi voltar primeiro. Ficaria mais um tempo e diria que estava ficando com um menino se meus amigos não sacassem o que aconteceu. Voltei no banheiro para olhar o meu estado no espelho e tentei cobrir as marcas em meu pescoço com a gola da camisa.

— Se perdeu, foi? – perguntou Micaela assim que voltei com tom de deboche.

— Sim. Esse bar está cheio de perdição.

— Podre essa. – disse Alice e me sentei agora entre ela e Ari. Felipe havia sentado na cadeira em que eu estava.

— O que vocês estão fazendo agora?

— Comentando de um povo ridículo que se achar influencer no Instagram. – respondeu John.

— O que você tem contra a Micaela, John? – brinquei e eles riram. Micaela tinha um número considerável de seguidores naquela rede social.

— O banheirão foi bom? – perguntou Ari bem perto do meu ouvido e eu olhei espantado para ele.

— Como é?

— Você não perde uma, ein? Na verdade, não perde um.

— Shiu. Chega tarde e quer fazer piada? Eu pego mesmo. Sou solteiro.

Ari começou a rir e me entregou um copo com cerveja. Eu sorri em agradecimento, mas fiz que não com a cabeça. Já tinha bebido demais e não queria voltar aquele banheiro. Não duvidaria se o Davi fosse atrás de mim novamente.

Um tempo depois Felipe disse que queria ir para casa. Nós morávamos perto, então rachávamos o Uber. Nos despedimos da galera, eu abraçando um por um e dando uma piscada discreta para Davi. O Uber logo chegou e nós entramos e nos sentamos no banco de trás. Demos boa noite para o motorista e ele ofereceu bala. Chupei a bala e fiquei olhando para a janela até Felipe me chamar.

— Acho que o povo nem percebeu que o Davi sumiu ao mesmo tempo que você.

— Isso veremos segunda, quando a gente se encontrar de novo ou até mesmo no grupo. Eu sei que o Ari percebeu. Ele falou pra mim.

— Perdeu a graça depois que ele chegou.

— Você precisa superar esse boy. Tudo bem que o Ari é lindo, mas tem tantos outros igualmente ou mais bonitos que ele.

— Se esse fosse o problema.

— Você que está criando o problema, Felipe.

Felipe não falou mais nada até o momento que o Uber parou em frente a minha casa, que era antes da dele. Eu me despedi e ele me deu um tchau bem desanimado. Entrei em casa e fui para o banheiro. Lavei o rosto e até considerei tomar um banho, mas resolvi partir direto pra cama. E assim fiz, indo dormir e tendo a certeza de que estaria morto no dia seguinte.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Comentem, por favor! Eu quero muito saber tudo o que vocês estão pensando sobre a fic. Sobre o tamanho dos capítulos, eu ainda não sei qual vai ser a média, mas acho e espero que seja maior que esse, pois foi só uma introdução na vida desses personagens. Um beijão e até o próximo!



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