Broken escrita por misskekebs


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Enjoy :)



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Por alguns momentos Lydia ficou em silêncio. O que Stiles acabava de dizer abalava sua avaliação do marido. Será que ele poderia fingir tanto a ponto de falar coisas sem sentido?

— Você pensa mesmo dessa maneira? — Lydia arriscou, exibindo uma ruga de preocupação entre os olhos.

— Claro que sim! — exclamou ele, enquanto estendia uma das mãos para afastar carinhosamente os persistentes cachos que caíam na testa delicada. — Pode acreditar em cada palavra que eu disse. Será você quem decidirá o tamanho da nossa família: se deverá ser numerosa ou não. O seu desejo será o meu também, Lydia.

A forma como ele reafirmava a opinião soava repleta de sinceridade.

Porém, Lydia insistia em não acreditar. Houve um tempo, logo no início do casamento, quando ela se entregara de corpo e alma, que jamais duvidaria de qualquer coisa que ele dissesse. E mesmo o fato de ele nunca ter declarado que a amava ela não levava em conta, preferindo admitir que a atitude amorosa dele dispensasse as palavras.

Agora, porém, tudo era diferente. Precisaria ser muito tola para acreditar no paraíso que ele lhe prometia. Um novo começo de um casamento perfeito…

Contudo, os olhos brilhantes e convincentes do marido continuavam a observá-la com tal magnetismo que era impossível fugir daquela atração, mesmo que estivessem ocultando a verdade.

— E se eu lhe dissesse que quero ter seis filhos? Stiles sorriu.

— Ficaria feliz em descobrir um excessivo instinto maternal! — exclamou ele, alargando ainda mais o sorriso. — Porém, tentaria convencê-la de que três filhos é o número ideal. Não suportaria vê-la estressada por produzir um time de futebol! Você é muito preciosa para mim…

Enquanto falava, Stiles traçava os contornos da face mimosa com as pontas dos dedos de uma das mãos.

Lydia fechou os olhos, deliciada com o toque gentil e carinhoso.

O problema de amar alguém tanto quanto ela amava Stiles era a necessidade de realmente acreditar em tudo que ele dizia. E, para que isso acontecesse, ela precisaria revelar o que sabia, em primeiro lugar. Entretanto, não poderia fazer uma acusação direta. Isso só serviria para iniciar uma discussão, que talvez não levasse a nada. Precisava aguardar o momento certo.

Quando terminaram o lanche, Stiles recolheu as sobras e colocou-as num saco plástico e arrumou os utensílios na cesta de piquenique, cobrindo-a com a toalha escarlate.

Depois, aproveitando a sombra fresca, eles se estiraram na grama para um breve descanso.

Stiles a abraçou e ela repousou a cabeça no ombro poderoso.

Com a garganta ressecada e o coração aos pulos, Lydia decidiu que o momento esperado era aquele. E com um tom de voz casual, perguntou:

— É verdade que Malia não pode ter filhos?

Ela imaginou que a pergunta iria ocasionar uma involuntária rigidez nos músculos dele, o que indicaria uma atitude de alerta.

Mas tal reação não ocorreu.

Stiles permaneceu relaxado e respondeu com tranqüilidade:

— É verdade. Sofreu um acidente quando era criança. — Ele deu de ombros e, então, prosseguiu: — Isso seria traumatizante para a maioria das mulheres, mas não para ela. Malia tem aversão a crianças. Não suporta a presença delas onde quer que se encontre. Instinto maternal é coisa que ela desconhece. Portanto, acho até que foi providencial ela ter se tomado estéril. Um filho precisa de amor mais do que qualquer outra coisa na vida.

Ele falava com amargura na voz. Talvez estivesse lembrando-se da infância solitária e carente.

De certa maneira, aquelas palavras começaram a tranqüilizar o coração aflito de Lydia. Com certeza, ele jamais confiaria seu filho a uma mulher que não gostasse de crianças.

Mas a desconfiança ainda permanecia. Será que era por isso que ele decidira manter o casamento? Só porque os filhos eram importantes para ele?

Mas e quanto a Malia?

Ela não poderia negar a si mesma que o ouvira confessar ao telefone que amava a outra mulher. Quando os vira juntos na festa, pela primeira vez, os comentários eram de que formavam um belo casal e um casamento entre eles estava sendo esperado.

Será que ela suportaria continuar casada com ele e criar seus filhos, sabendo que ele ainda amava Malia?

Lydia concluiu que, se tentasse para valer, sairia vencedora. Como mãe dos filhos dele poderia fazê-lo esquecer da outra.

— Vamos fazer uma caminhada ou rolar na grama e fazer amor outra vez? — sugeriu Stiles com o olhar iluminado.

— O que acha? — respondeu Lydia, já sentindo o calor e a excitação familiares provocados pelas sugestivas palavras.

O jantar servido no terraço à luz de velas estava fantástico. E, mais ainda, pela deliciosa salada e salmão grelhado que Hanna havia preparado.

Lydia pegou o copo com água gelada e sorveu um gole enquanto espiava pela borda do vidro a jovial aparência do marido. Ele usava uma camiseta branca e jeans desbotados. Os cabelos negros e revoltos ressaltavam o queixo largo.

Em Atenas ele usava constantemente ternos e gravatas em tons clássicos e camisas de colarinho em tecidos de excelente qualidade, que o faziam parecer autoritário. Mas ali a desconcentração o deixava adoravelmente acessível.

A voz forte de Stiles interrompeu-lhe os devaneios:

— Esqueci de lhe perguntar se sua mãe ficou eufórica com a notícia da gravidez.

— Eu demorei tanto para contar que nem me lembro de ter prestado atenção na reação dela — revelou Lydia, devolvendo o copo à mesa e ouvindo o suave som do mar ao mesmo tempo em que sentia uma paz que há muito tempo desconhecia. — Estava mais preocupada em ouvir o que ela me dizia sobre a fazenda. Por que você não me contou que tinha posto a propriedade no nome deles?

— Pensei que sua mãe já tivesse lhe dito nos inúmeros telefonemas que costumam trocar.

Depois, como se estivesse arrependido por estar mentindo, Stiles moveu o corpo para a frente e colocou as mãos com os punhos fechados sobre a mesa. O cintilar das chamas das velas captavam o brilho de indignação nos olhos magníficos.

— Não é a verdade! Eu queria que pensasse que a segurança de seus pais dependia da sua concordância em voltar para Atenas e permanecer comigo. A realidade é que ajudei seus pais porque gosto deles e fiquei revoltado pela injustiça que estavam sofrendo. Infelizmente, alguns poderosos se aproveitam da boa fé de pessoas boas e simples como eles!

Lydia sentiu um nó apertar-lhe a garganta. Por trás da fachada austera do marido escondia-se um coração de ouro. Um homem que punha a família sempre em primeiro lugar. Ela agora estava determinada a conquistá-lo para sempre! Com o tempo ele esqueceria de Malia. Valeria a pena esperar.

Stiles prosseguiu:

— O que eu fiz foi vergonhoso. Ameacei você e usei uma mentira só para conseguir trazê-la de volta!

E, desconsolado, reclinou-se outra vez no espaldar da cadeira, antes de acrescentar:

— O remorso por ter agido daquela maneira é algo que não posso mais suportar. Por isso, estou feliz que saiba que essa ameaça não existe mais, e, na verdade, nunca existiu. Portanto, está livre para tomar a decisão que quiser. E se ainda deseja o divórcio… — Naquele instante ele parou para se controlar e falar com a maior calma possível, a fim de deixá-la à vontade. — Se ainda mantém as razões que a levaram a querer se separar de mim, embora não queira tomar conhecimento delas, quero que saiba que assinarei o divórcio. — Ele silenciou outra vez, para tomar fôlego, e então finalizou: — Minha única exigência será a de que permaneça na Grécia para que eu possa visitar nosso filho regularmente.

Após aquelas afirmações um silêncio se seguiu.

Lydia estava boquiaberta com a surpresa. Como poderia explicar que um homem rico e tão bonito tivesse se sujeitado a fazer algo que julgava desprezível só para trazer de volta a esposa que agira de forma tão egoísta?

Então, concluiu ela, não se tratava de forçá-la a voltar para engravidá-la e depois tomar-lhe a Criança! Agora tinha certeza disso. Ele até falava em ter mais filhos! E fazia questão de dizer que ela estava livre para pedir o divórcio se quisesse. Era uma forma de demonstrar que a honestidade devia prevalecer num relacionamento.

A verdadeira felicidade, de repente, descortinou-se à sua frente. O futuro poderia ser muito bom! E, pelo que imaginava, Stiles  parecia já estar se esquecendo de Malia.

— E então? O que me diz? — perguntou Stiles.

Ela procurou pelas mãos do marido e suavemente entrelaçou seus dedos nos dele.

— Como você disse, crianças precisam de pais em perfeita harmonia. Minha decisão é permanecer casada com você.

Lydia procurou falar com moderação na voz, em vez de seguir o ímpeto de atirar-se em seus braços e confessar o quanto o amava. Não queria assustá-lo. Afinal, ele ainda teria que lidar com os sentimentos em relação a Malia.

Ela precisava começar a agir de acordo com os novos planos de fazê-lo esquecer da outra e, quem sabe, ocupar sozinha o coração dele.

Pressentindo que ele a olhava como se aguardasse algo mais, justificando sua mudança de atitude, Lydia resolveu aliviar-lhe a tensão.

Estudou uma maneira provocante e, libertando as mãos que ainda mantinha presas nas dele, ergueu uma delas e delineou com as pontas dos dedos o traçado da boca sensual de Stiles.

— E, fora a questão do papel de pais perfeitos, o sexo entre nós é indescritivelmente maravilhoso! Como poderia me privar disso?

O que Lydia gostaria mesmo seria poder acrescentar que o amava tanto a ponto de não conseguir viver sem ele.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima. :)



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