Todo dia, às seis da manhã escrita por morisawa


Capítulo 1
Tão único quanto as suas pinturas


Notas iniciais do capítulo

Feliz dia dos namorados! Admito que achei que não conseguiria postar a tempo, porque acabou que eu fiquei sem computador (e ele só chegou do concerto ontem, como eu não tinha salvado no drive, entre em desespero) e depois, sem internet... Enfim, ocorreu muitas coisas em muito pouco tempo e estou ficando sobrecarregado para conseguir por tudo em ordem novamente.
Mas felizmente, aqui está! Acabou ficando maior do que eu esperava, porém adorei o resultado.

Boa leitura!



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Tamaki sentou-se, pousando o café sobre a mesa da pequena lanchonete — para sua própria felicidade estava pouco movimentada naquele dia, consequentemente deixando-o mais confortável com o local — e o pequeno bloco de notas, bastante familiar, recheado de projetos incompletos. Ele tinha a ambição e tempo para desenvolvê-los e transformá-los em realidade, entretanto, sua disposição não parecia querer colaborar em coisas como aquela. Nejire avisou-o para ir á algum psicólogo, porque aparentemente sua situação estava pior do que achava, mas Tamaki não deu ouvidos á garota. Estava bem — era o que falava toda vez que perguntavam de sua situação.

Na verdade, Tamaki estava péssimo. Jornalismo sempre fora seu sonho desde a infância, porém não era o que esperava. Tamaki achou que, com o passar dos anos, sua fobia social e o transtorno de ansiedade sumiram, e esperançoso, conseguiria uma vida normal, como sempre desejou; mas nada aconteceu como queria, apenas piorou tudo. “Querer não é poder” encaixava-se bem na situação que se encontrava. Era horrível ter que acordar cedo e ir trabalhar, mesmo amando o que fazia, na mesma intensidade odiando tudo ao seu redor, odiando a si mesmo. Sua vontade era de ficar na cama e nunca mais sair, ainda que Tamaki soubesse que precisava de dinheiro para sobreviver, não tinha entusiasmo, a euforia necessária. Já havia deixado de cuidar da aparência há bastante tempo, seus colegas de trabalham não dirigiam uma palavra sequer á Tamaki — esse fato, contudo, não deixava-o triste, era realmente melhor porque sempre que alguém desconhecido interagia com Tamaki, ele não conseguia reagir e era raro o garoto não estragar tudo em momentos como esse — seus pais haviam desistido de dizer que precisava de ajuda, e seus amigos, esses, nunca mais mandaram uma mensagem para o garoto. Sentia-se vazio, solitário, perdido. O mundo a sua volta era uma neblina obscura demais para que o pobre Tamaki, com seu medo e falta de ânima, não conseguiam enfrentar. Respirou fundo, tentando relaxar. Contou até dez mentalmente, em ordem crescente, como um site — que tinha fuçado na internet á procura de dicas para acalmar sua mente, corpo e alma — dizia aquietar toda aqueles sentimentos exaltados. Não funcionou como esperado, mas conseguiu relaxar um pouco.

O único momento bom, em sua rotina, era aquele: sentar na lanchonete escassa de fregueses, embora com bebidas irresistíveis, sentir o vento fresco que vinha do ar-condicionado, aproveitar o aroma das flores que enfeitavam o local, bebericar seu café quente e ver a mágica acontecer; todos os desenhos aparecerem em seu braço, continuamente, naquela mesma hora em todos os dias, sem nenhuma exceção. Uma das coisas que mais gostava em seu mundo, talvez a única dentre, era a lenda das almas-gêmeas que circulavam por todos os lugares — sempre tinha alguém falando sobre. Era até clichê, mas Tamaki não podia deixar de apreciar sua beleza. Muitos diziam ser mentiras, outros, teimava que era real; ele, bom, era neutro no assunto. Nunca admitia os desenhos que apareciam pelos seus braços, em como amava ver cada contorno, mesmo que demorado, aparecer como magia e tingir seu mundo preto-e-branco. Era a única coisa colorida por ali, e mesmo assim, parecia ser o bastante.

Sentia-se mais feliz, quente, vivo. Era nessas horas que as ideias apareciam em sua mente e Tamaki anotava tudo, com um sorriso espontâneo no rosto, naquele pequeno bloco que carregava para todos os lados — mas só usava ás seis horas, na lanchonete. Sua alma-gêmea parecia ser alguém maravilhosa, até maravilhoso. Tamaki não se importava com o gênero, era tão grato por ter aquilo na vida que informações fúteis como essa não custava a pena se preocupar com. A outra pessoa gastava um precioso tempo, sem nem saber se seu correspondente estava vivo, para pintar e deixar um pouco de felicidade marcada nele. Alguns diziam ser bruxaria, porém para Tamaki, ao ver todas aquelas emoções manifestando-se em seu corpo era verdadeiramente mágico, e não ruim como diziam. Ele não parecia se preocupar em estar fazendo pinturas para alguma pessoa sem braço ou até que não gostasse daquilo: não, o pequeno artista não ligava para aquelas hipóteses, sua única, e aparentemente desde sempre, motivação era melhorar o dia de sua alma-gêmea: Tamaki.

Realmente, ser a alma-gêmea de um artista era a única coisa boa em sua vida, e compensava todos os momentos ruins que acompanhavam-no em sua rotina.

Suas melhores lembranças sempre eram centradas em sóis grandes, graciosos e muito bem desenhados, destacando sua própria beleza amarelada e radiante — como ele imaginava ser o autor de tudo aquilo — entre o cenário de uma rua que para Tamaki, apenas existia nos indolores desenhos fincados todos os dias, ás seis horas da manhã, em seu braço esquerdo.


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