Em seu lugar escrita por Aislyn


Capítulo 4
Uma vida regada a mordomias


Notas iniciais do capítulo

Feriadooooo o
E capítulo novo pra vocês. Espero que gostem.

Boa leitura ^^



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O primeiro dia de trabalho correu o mais normal possível dentro das capacidades de cada um. Mikaru instruiu Hayato a ligar para o escritório e dizer que não iria para a empresa durante alguns dias pois havia surgido um imprevisto na cafeteria que ele precisava estar presente para resolver. Qualquer documento para analisar ou assinar deveria ser entregue ali. Mikaru, por sua vez, entrou num treinamento intensivo de gentilezas, que incluía os temas: quando e como sorrir, como agradecer e quando pedir desculpas, cumprimentar os funcionários e não demitir ninguém.

 

O lado bom é que, devido à troca de informações, o dia passou rápido e logo voltariam para o descanso de suas casas, até se lembraram que iriam para a casa alheia.

 

— Não se esqueça: nada de abusar do meu namorado, Mikaru. – Hayato relembrou enquanto guardava os papéis nas pastas, esperando a chegada do motorista.

 

— Eu sei. O mesmo vale pra você.

 

— E nada de chamá-lo de Shiro!

 

Mikaru abriu a boca para responder, mas apenas suspirou frustrado, concordando com um aceno. Realmente, precisava se conter com aquele hábito.

 

— Não chame o Katsuya de Katsu. – comentou por fim.

 

— Por que você é tão avesso a apelidos? – Hayato questionou genuinamente curioso.

 

— Nós ganhamos um nome quando nascemos por uma boa causa: ser chamado por ele. Não vejo necessidade de abreviar.

 

— Ganhou algum apelido ruim na época da escola?

 

— Por que tem que existir um motivo? Eu não posso simplesmente não gostar de apelidos idiotas?!

 

— Katsu não é um apelido idiota. E não levante a voz, eu não faço isso.

 

— Então pare de fazer perguntas estúpidas para me tirar do sério! Você propôs trabalhar juntos, mas não está cumprindo sua parte!

 

— Ok, ok, desculpe. Não vou t-

 

Foram interrompidos por uma batida na porta, a seguir uma moça abriu uma fresta, olhando de relance para dentro, esperando autorização para entrar.

 

— Aconteceu alguma coisa, Miura? – a moça se sobressaltou ao ser indagada por Mikaru, afinal era Hayato quem sempre recebia os funcionários.

 

— Ah… seu motorista chegou, Kazunari-san.

 

— Obrigado. Avise-o que já vou descer.

 

— S-sim, senhor. – Miura ainda encarou os chefes por um instantes antes de se retirar e fechar a porta, estranhando aquelas atitudes. Mikaru agradecendo, duas vezes no mesmo dia!

 

* * *

 

Hayato sentiu-se desconfortável com todo aquele tratamento formal que recebeu durante o retorno para casa, quando tentou puxar assunto mas o motorista respondeu apenas o necessário. Pelo menos, quando chegasse na casa poderia ser ele mesmo, já que não teria que fingir pra ninguém.

 

Suspirou fundo enquanto retirava os sapatos na entrada, já sofrendo com antecedência pelo silêncio que lhe faria companhia. Ter Takeo por perto era sinônimo de agitação, conversas e risadas ou então, quando estavam em momentos mais íntimos, havia os toques, beijos e palavras sussurradas.

 

Resmungou contrariado, tentando afastar aqueles pensamentos da cabeça. Se ficasse pensando no namorado, ou pior, no que Mikaru poderia fazer com ele, o desânimo com certeza tomaria conta de tudo e o que menos queria era parecer um ranzinza mal humorado como o dono daquela casa era.

 

— Bem vindo. O senhor chegou cedo.

 

Hayato parou a meio caminho da sala, dando de cara com uma senhora que vinha pelo corredor que levava ao quarto. Abriu a boca sem saber o que responder, mas sua mente gritava para perguntar quem era ela. Mikaru não havia comentado nada sobre ter outra pessoa em casa!

 

— Ah… é. Consegui terminar o serviço antes do previsto. – Hayato levou os dedos aos lábios, beliscando de leve. Mikaru não dava satisfações, precisava se lembrar disso e falar o mínimo possível para não levantar suspeitas.

 

— Que bom, o senhor merece um descanso. – a senhora sorriu simpática, dando a Hayato a impressão que talvez Mikaru não fosse tão intransigente com todos a sua volta – Já troquei as roupas de cama, se quiser descansar. Vou estender as que lavei no varal e já estou de saída.

 

— Certo… mas não precisa se apressar só porque estou aqui. – Hayato mordeu o lábio, esperando que a reação não fosse de susto ou surpresa.

 

— Sim, senhor. Se precisar de qualquer coisa, só me chamar.

 

Hayato acenou em agradecimento, esperando a senhora se afastar para depois se dirigir ao quarto, suspirando aliviado. Ela não parecia ter desconfiado de nada, mas se estava surpresa por ele ter chegado mais cedo, era sinal que ela e Mikaru não se viam muito. Talvez nem se conhecessem direito. Pelo menos agora sabia como Mikaru conseguia manter a casa em ordem, sendo uma negação para qualquer tarefa doméstica; ele tinha alguém para ajudar.

 

A próxima surpresa do dia foi encontrar a banheira cheia, juntamente com o roupão e pantufas postas do lado. Ele era muito mimado! Afundou o corpo na água quente, pensando que podia acostumar facilmente com aquilo. Um motorista para levá-lo onde quisesse, uma pessoa para cuidar de todas as tarefas domésticas, uma casa grande e bem decorada… mas vazia. Não era tão bom assim, pelo menos não pra ele.

 

Contudo, após sair do banho, pensou que podia mesmo aproveitar aquela mordomia, ao encontrar uma bandeja com suco e sanduíches ao lado da cama.

 

* * *

 

Mikaru respirou fundo ao se encontrar sozinho na sala da gerência, uma parte de si aliviada por poder relaxar e ser ele mesmo, outra parte cansada psicologicamente ao imaginar o que teria que se obrigar a fazer. Apoiou o rosto contra as mãos, esfregando com força para espantar o cansaço, mas se repeliu no segundo seguinte. Odiava aquele corpo, aqueles sorrisos desnecessários, a ideia de ser aquele homem. Argh! Tudo ali o irritava.

 

Olhou para a porta ao ouvir algumas batidas, cogitando o que aconteceria se ignorasse. Izumi era bonzinho demais...

 

— Pode entrar.

 

— Entrega de cafés! – Takeo entrou sorrindo e carregando uma bandeja que foi depositada na mesa em frente à Mikaru – O pessoal lá embaixo me disse que você teve um dia difícil. Trouxe café e bolo com morango pra gente.

 

— Obrigado… – pelo menos para Takeo era fácil sorrir. Se tinha alguém que se importava com ele de verdade, além de Katsuya, era o amigo à frente – Como foi o trabalho?

 

— Normal. Algumas alunas dando surtinhos, as mães que fazem questão de esperar a aula acabar pra também darem surtinhos… estou na profissão errada.

 

— Elas tem um guitarrista famoso como professor, esperava o que?

 

— Uma vida tranquila depois da aposentadoria. – Takeo deu um suspiro dramático, puxando uma cadeira e se sentando ao lado do homem que imaginou ser o namorado, servindo o lanche para ambos – E por aqui? Parece que Mikaru ficou o dia todo. Muita papelada pra resolver?

 

— Mais ou menos… – Mikaru puxou o prato pra perto, deixando o morango num canto antes de começar a comer o bolo. Não odiava a fruta, mas lembrar que o amigo usava ela para se referir a Izumi era deprimente.

 

— Brigaram de novo?

 

— Não, tivemos uma conversa até amigável.

 

— Você parece cansado… aconteceu mais alguma coisa? – a pergunta, em tom preocupado, veio acompanhada de um carinho no rosto.

 

Mikaru cogitou se afastar, mas aquilo não estava no acordo entre ele e Izumi. Não era tão nobre ao ponto de não aproveitar um pouco os mimos do amigo. E por que não aproveitar para desabafar com ele?

 

— Mikaru descobriu que alguns funcionários andam falando mal dele. – referir a si mesmo em terceira pessoa era estranho, mas necessário, infelizmente.

 

— Ah… ele deve ter ficado chateado. Você devia fazer uma reunião e conversar com o pessoal, Hayato. Eu não tenho autonomia pra isso e não é bom pro café que essas fofocas aconteçam. Se Mikaru demitir alguém, não vou tirar a razão dele.

 

Mikaru sorriu internamente, agradecido pela defesa de Takeo.

 

— Eu vou marcar a reunião, mas depois. Vamos pra casa.

 

— Não vai ficar pra fechar hoje?

 

— Não… estou cansado. Não faz mal sair mais cedo um dia, não é? – Mikaru terminou o bolo, pegando o morango e estendendo no garfo para Takeo, abrindo um pequeno sorriso – Que tal me levar pra jantar?

 

Ele não precisava de sexo ou beijos para aproveitar a companhia de Takeo. Iria usufruir muito bem disso durante aqueles dias.


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Notas finais do capítulo

Se vai sair um extra com determinada ideia, eu não sei e não garanto nada. Mas que imaginei Mikaru e Hayato comparando os corpos nus... aaahhhh se imaginei >3

'De quem é o maior?'
E na hora do banho, 'tenho que por a mão no dele pra lavar?'

Entre outras coisinhas do gênero... huhuhuhu
Até o próximo!



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