Em seu lugar escrita por Aislyn


Capítulo 23
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

E finalmente chegamos ao fim!
Começando setembro bem, postando o capítulo final e quem sabe seja um mês bom e recebo retorno também -q
Não sejam tímidos! Façam uma autora feliz!
E boa leitura!



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A porta da sala da gerência foi aberta com cuidado, mas não o suficiente para evitar todos os ruídos, atraindo a atenção de Izumi para quem adentrava o local. Se fosse algum funcionário, teria batido antes, então sobrava somente duas opções e a menos provável foi a que adentrou o local.

 

— Bom dia, Mikaru. É bom te ver por aqui de novo.

 

— Sem falsidades logo cedo. Se não me quer aqui é só avisar e eu começo a repassar os recados pela minha secretária.

 

— Não é falsidade, eu realmente fico feliz que tenha vindo. Miura comentou que você apareceu umas noites atrás e que conversaram um pouco. Ela ficou satisfeita de notar que você não era tão inacessível. Teve um outro pessoal elogiando suas vindas aqui, disseram que você anda cumprimentando todo mundo.

 

— Eu realmente não quero saber das fofocas, Izumi. Só vim entregar isso. – Mikaru aproximou da mesa, retirando alguns papéis da mochila e depositando à frente do vocalista, que arregalou os olhos ao ver alguns valores.

 

— O que é isso tudo?

 

— Essa primeira é a despesa do salão. A seguir vem das roupas. E tem também os gastos com o motorista e o carro que ficaram à sua disposição.

 

— Nossa… seu motorista ganha mais que dois funcionários meus juntos!

 

— Isso significa que eu posso exigir um trabalho excelente, além de disponibilidade a qualquer dia e horário.

 

— Sim, mas… Eu só usei tonalizante no seu cabelo! Ia sair em pouco tempo! – Hayato ergueu o olhar, esperando ouvir Mikaru anunciar uma brincadeira, mas sabia que era impossível. Pelo visto tirar umas semanas de férias da cafeteria não foram o suficiente para acalmar o humor do empresário.

 

— Tonalizante leva pelo menos dois meses para sair e nem sempre sai tudo. Em cabelo claro como o meu, levaria bem mais tempo. Eu não ia ficar com aquilo na cabeça.

 

— Ok, calma, espera. Por que está com raiva de mim? Eu não pedi aquela troca e você também usou das minhas coisas. Quer dizer que eu devo cobrar por deixar Takeo à sua disposição?

 

— Pode cobrar. Nesse caso vou fazer o mesmo com o tempo que Katsuya ficou com você e eu garanto que ele vale bem mais!

 

Hayato ia revidar, mas notou o teor da afirmação, sorrindo de canto.

 

— Uau… acho que é a primeira vez que escuto uma declaração sua pra ele. Você superou o Takeo!

 

— Eu não vou ficar correndo a vida inteira atrás de alguém que não quer nada comigo.

 

— Você sabe que ele preza sua amizade, Mikaru. Não trate como se fosse banal. – mesmo que no começo Hayato não aceitasse muito bem, ele havia aprendido a lidar com Mikaru, da pior forma possível, infelizmente. E mesmo que o empresário ainda gostasse de Takeo na época, o guitarrista havia dado sua palavra que não queria nada com ele, além de amizade. Novamente, da maneira difícil, Hayato aprendeu a confiar na palavra do namorado. Atualmente se entendia bem com Mikaru e o considerava mais próximo, apesar dele dispensar o título de amigo.

 

— Não estou tratando. De qualquer forma, só vim entregar isso.

 

— Não vai ficar pra me ajudar a resolver as pendências ou conferir as notas que chegaram essa semana? – Hayato se levantou da cadeira, acompanhando o empresário que se dirigia para a saída após entregar as despesas.

 

— Você consegue resolver sozinho. Katsuya me informou que você conversou com o contador para tirar dúvidas, então não precisa da minha ajuda.

 

— Claro que preciso! Se depender apenas de mim, vou deixar algumas coisas pra última hora. Vamos lá, a cafeteria também é sua. Pelo menos prove o doce novo.

 

— O que você realmente quer? – Mikaru virou-se para encará-lo, esperando a mesma conversa fiada de sempre.

 

— Eu… bom, quero pedir desculpas por ter deixado a situação chegar ao ponto que chegou. Só quando enfrentei o que você passa por aqui é que notei como suas visitas são difíceis. O pessoal não facilitava, não ajudava com os problemas, sempre te evitando ou pensando mal a seu respeito. Tive uma parte da culpa por nunca ter barrado os comentários, então espero que me desculpe por isso.

 

— Não é como se eles fossem mudar depois que você se passou por mim e tentou amenizar. Eu realmente não ligo.

 

— Nossos esforços não foram em vão. A conversa que teve com a Miura pareceu ajudar e ela andou falando bem de você. Pode não mudar de uma hora pra outra, mas saber que você a tratou bem pode deixar os outros curiosos pra testar se é verdade.

 

— Vou tentar ser agradável com cada um deles… – Mikaru revirou os olhos com um resmungo contrariado. Ele não tinha certeza se aquilo ia funcionar, mas realmente notou alguma diferença nos olhares que recebeu nos últimos dias, além dos cumprimentos de Miura.

 

— Obrigado por dar essa chance.

 

— Isso não vai te livrar de pagar os seus gastos.

 

— Vou poder ficar com as roupas? – Hayato sorriu de canto, ignorando a pose defensiva que Mikaru adotou de braços cruzados – Já que vou ter que pagar por elas…

 

— Como se fossem te servir.

 

— Hei! Eu pedi um tempo de trégua! – mas a afirmação de Mikaru era verdadeira. Por mais que tivessem praticamente a mesma altura, seus físicos eram distintos – Tudo bem, pode ficar com as roupas de presente, ficam bem em você.

 

— Eu não quero seus conselhos de moda. Posso ir agora? Se quiser ajuda com as pendências, eu volto depois, tenho outro compromisso pra hoje.

 

— Tudo bem, eu deixo pra amanhã ou quando ficar melhor pra você. Vou pedir pra Miura separar o doce pra você levar e provar, só precisa pegar lá embaixo.

 

Enquanto fazia a ligação para o salão, Hayato lançou um olhar curioso na direção de Mikaru, tentando encontrar a verdadeira razão para aquela visita. Ele não havia desviado de seu caminho apenas para entregar algumas notas de despesa. Katsuya também não estava por ali naquele horário, muito menos Takeo. Sentiu que havia algo mais.

 

A supervisora pareceu aproveitar a ligação para confirmar alguma informação e Hayato se viu obrigado a revirar alguns papéis à procura do que precisava. Olhou de relance para a porta ao ouvi-la sendo aberta, visualizando apenas Mikaru acenando de costas.

 

Bom, não tinha muito o que fazer. Mikaru ia voltar uma hora ou outra e poderia provar o doce depois. A situação entre eles parecia estar resolvida, mesmo que o empresário se fizesse de irritado. Tudo em seu devido lugar, como tinha que ser.

 

* * *

 

— Conseguiu falar pra ele tudo que queria?

 

Mikaru ignorou a pergunta a princípio, puxando a cadeira para se sentar, apoiando a testa contra o ombro do rapaz sentado ao lado. Resmungou satisfeito ao receber um cafuné, só então suspirando aliviado antes de respondê-lo.

 

— Não tudo… Mas ele não parecia chateado comigo.

 

— E por que estaria? Só porque você pintou o cabelo dele e o fez parecer um ranzinza no trabalho?

 

— Ele fez pior comigo. Ele mudou tudo na minha aparência.

 

— E você mudou tudo na personalidade. Quites?

 

— Ok… empate, dessa vez. – Mikaru se afastou do toque, pegando o cardápio para escolher o almoço, sentindo o olhar atento de Takeo sobre si – O que foi?

 

— Só confirmando se você está bem. – Shiroyama olhou ao redor no salão, acenando para um atendente – Como está o namoro?

 

— Hm… normal. Estou fingindo que essa situação maluca não aconteceu, Katsuya finge que não sabe de nada, não tocamos no assunto e estamos bem assim.

 

— Ele não ficou decepcionado por ter escondido dele?

 

— Incrivelmente, não. Ele é um bom rapaz. Acredito que me perdoaria mesmo se eu tivesse feito algo muito ruim.

 

— Devia valorizar isso e falar com ele. Hayato ficou indignado porque usei o gato pra confirmar que era ele.

 

Takeo riu baixinho ao ver a cara de desgosto de Mikaru, ambos fazendo os pedidos antes de retomarem a conversa.

 

— Seu gato não gosta de mim e eu nunca fiz nada contra ele.

 

— Junai é mais do Hayato do que meu. Ele foi adotado quando você chegou na cidade, como um meio de acalmar os ânimos depois das brigas que você causou. Acho que o Jun sentia a energia ruim entre vocês dois e aproveitou pra descontar em quem causava mal ao dono dele.

 

— Nossa, isso me fez sentir muito melhor. – Mikaru revirou os olhos, indignado, mas sabia que merecia a alfinetada – Desculpe por isso. Eu sei que te prejudiquei muito na época.

 

— Mas você está se comportando agora. Continue se esforçando!

 

O almoço seguiu tranquilo enquanto a conversa tomou outro rumo e os sorrisos se tornaram mais frequentes. Takeo estava na metade da taça de sorvete quando Mikaru se remexeu incomodado, tentando voltar ao assunto de antes.

 

— Neh, Shiro… você ficou chateado porque eu escondi de você?

 

— Hmm… um pouco. – Takeo deu de ombros, desinteressado. Já havia superado aquilo – Sei que você teve seus motivos pra não confiar em mim. Imagino que ficou com vergonha.

 

— Sim… – aquela era a melhor parte em ter um amigo que o conhecia tão bem: não precisava justificar cada pequeno erro ou atitude – Obrigado por cuidar de mim durante esse tempo. Mesmo eu não tendo sido muito legal com você.

 

— Eu sempre cuido de você, loiro! Relaxa! – a taça de sorvete foi empurrada na direção de Mikaru, que aceitou o doce, satisfeito.

 

— Shiro… O que você faria se não voltássemos ao normal?

 

Mikaru encarou-o sinceramente curioso, pois era algo que pensou bastante durante aqueles dias, mas não chegou a uma solução. Ele não queria passar o resto da vida no corpo de Izumi. Tinha arrepios ao se imaginar continuando o namoro com Katsuya daquela forma, nas fotos que iria tirar com ele, mas veria o namorado de Takeo nelas.

 

— Um relacionamento a quatro seria bastante satisfatório, não acha? – Takeo sorriu de canto, como se pensasse pela primeira vez no assunto e a ideia o agradasse – Acha que Katsuya ia topar?

 

— Você não leva nada a sério… – Mikaru negou com um aceno, voltando a atenção ao sorvete, decidido a não pensar naquilo. Estava de volta em seu corpo e era isso que importava. Não precisava pensar nos poréns caso a troca não fosse desfeita.

 

* * *

 

Hayato revirou algumas pilhas de papel, procurando uma nota fiscal que precisava ser lançada, até encontrar o documento em questão e ver que algumas informações estavam erradas. Era por esse tipo de situação que Mikaru sempre alertava para conferir antes… e agora?

 

— O que Mikaru faria se estivesse no meu lugar?


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Notas finais do capítulo

FIM!
Obrigada a todos que leram e acompanharam!
Espero que tenham gostado!



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