Di-Lua e Estrelas escrita por Sekhmetpaws


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Shipp Luna e Gina
A capa eu montei com imagens do tio Google
Essa fic é um capítulo bônus de "Malfeito Feito", mas, não precisa ter lido para entender.



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Ela estava cansada. Dos boatos, dos sussurros, das perguntas, das fofocas. Ela estava cansada de ver bilhetes e beijos voando pelo salão. De vê-los andando de mãos dadas se exibindo pela escola. Dos amassos libidinosos pelos cantos, que já não faziam questão de esconder. Ela tinha certeza que eram apenas para provoca-la. Estava cansada do sorriso irritantemente branco do loiro. E dos amigos- colegas- que vinham importuna-la “Como você se sente sendo passada para trás pelo Malfoy?”. Como se não fosse obvio.

É por isso que há uma semana vinha fugindo para lá. Para ficar sozinha com seus pensamentos e raiva. Ela nem sabia se era mesmo raiva. Não sabia mais definir seus sentimentos. Como poderia? Não é todo dia que sua bolha de conforto simplesmente explode e você é obrigada a ver todos os seus sonhos e planos escorrerem pelo chão.

Tudo bem. Mais do que ninguém, ela sabia que ninguém merece um amor mendigado. Se um dia fosse para acontecer, que fosse pela vontade de Harry, não só da dela.  Nem desejava mal a eles. Tudo bem. Talvez só um pouquinho... No momento, ela só não queria pensar nisso. Só precisava ficar sozinha. Mas, nem isso ele deixava mais.

...

Aquele dia havia chegada para coroar a sua semana já vergonhosa. Ginny Weasley só queria enfiar a cabeça em um buraco, gritar e se esconder até que toda a vergonha tivesse sumido. Na verdade, tudo aquilo havia começado muito antes e só de lembrar, sentia seu rosto esquentar, seja de raiva, seja da propriamente dita. Lavander Brown vivia comentando que seu rosto passava mais tempo da cor dos cabelos do que o normal. E ela sabia que tudo era culpa de Draco Malfoy.

Ela devia ter desconfiado há meses atrás, quando começaram a se espalhar os boatos de que Harry Potter estava namorando. Devia ter desconfiado quando viu esse questionamento ser dirigido a ele diretamente pela primeira vez e o viu gaguejar para responder. Devia ter entendido, quando ele a viu levantar-se, furiosa, diante da pequena denúncia e olhar para ela confuso, como se não entendesse. Devia ter deixado para lá, quando ele não foi atrás dela, nunca perguntou, nem pareceu interessado em saber sobre o que havia acontecido, sempre parecendo perdido nos próprios pensamentos.

Mas, nãoooooo. Ela tinha que dar o braço a torcer. Defender com unhas e dentes que Harry Potter NÃO estava namorando ninguém. Defendeu tanto, brigou tanto, que tamanha foi a repressão, começaram os boatos de que era com ela que ele estava namorando. Nunca soube definir o que sentia em relação a isso, mas, sabia que havia aquela pontinha de satisfação e o fiozinho de esperança que nunca morre que ela cultivava desde que o vira pela primeira vez na estação. Tudo em vão.

Ela até tentou sair com outros caras para ver se esquecia daquela obsessão. Mas, não conseguia se sentir atraída nem realmente interessada por nenhum deles. Fez alguns bons amigos, mas, nada que suprisse seja lá o que realmente queria. Havia ouvido muitas vezes, que ela devia começar a considerar a hipótese que não se interessava por caras. Mas, ela logo rebatia que só não se interessava porque eles não eram Harry Potter. De qualquer forma, não fez diferença nenhuma.

 Ele nem percebeu. Na verdade, isso só chegou ao conhecimento dele quando seu irmão descobriu e começou a encher o saco. Mas, para o descontentamento de ambos os ruivos, a única coisa que ele tinha a dizer é que Ginny deveria ser livre para sair com quem quisesse e ser feliz, sem a importância de Ron para atrapalhar. A garota não sabia explicar o quão desesperador era a falta de um mísero grão de ciúme na fala do moreno. O desgosto de ouvir que ele só não queria que ela se machucasse, pois era como sua irmãzinha.

Tudo piorou quando a verdade veio á tona. Haviam provas. Haviam fotos! Mas, ela não quis acreditar. Provas podem ser adulteradas... Sim. Existiam milhares de explicações, talvez não muito razoáveis, mas, plausíveis. Poção Polissuco. A maldição Imperius... E se Harry estivesse em perigo?

No fim, ele não estava. A verdade é que ela devia ter se certificado disso antes... Mas, quando ele apareceu no salão e tascou um beijo lânguido na doninha despedaçando todos os seus sonhos, ela já havia se deixado levar pelas provocações de Greengrass e arrastara a menina pelo chão pelos cabelos, além de acertar um soco no nariz de Cho Chang só para aproveitar a oportunidade.

Quando entendeu o que estava acontecendo, não sabia onde enfiar a cara. E ainda por cima, levou uma bronca da mãe e puxões de orelha que ainda estavam doendo depois de dias. Porém, Harry por sua vez recebeu um passar de mão na cabeça e algumas piadinhas sem-graça dos irmãos apenas. O que, sem dúvida, Ginny achava muito injusto.

Por fim, quando ela achou que não tinha como piorar, aquele dia chegou.

...

Naquela manhã, algo no subconsciente de Ginny lhe dizia para ficar na cama, o que ela ignorou durante o dia todo. Mas, quando começou a ouvir risinhos e murmúrios conhecidos, ela percebeu que devia ter dado ouvidos...

—Eu não consigo acreditar nisso! Até você Ronald? -perguntou sentando ao lado do irmão durante o jantar, depois de ouvi-lo cantarolar o poeta que havia feito para Harry durante o dia dos namorados durante o seu primeiro ano.

—Teoricamente -interviu Hermione- foi ele que começou.

Depois de desviar de um tapa, seu irmão e Hermione lhe explicaram a situação, o que a deixou ainda mais incomodada. Aparentemente o Malfoy havia escrito vários trechos do seu vergonhoso -ainda assim SEU-poema para Harry e vinha enviando-os como forma de brincadeira o dia inteiro, o que, Ron achou muito divertido resolvendo -por algum motivo – torna-los públicos recitando o poema para quem quisesse ouvir sempre que possível.

Ginny tinha certeza que aquilo tudo era só para atingi-la. Mas, infelizmente o SEU irmão, que deveria defende-la, que odiou o sonserino por anos, não concordava consigo. Inclusive, ele teve a cara de pau de dizer que, provavelmente, o Malfoy não estava nem ai para ela. E que, mesmo não confiando nele nem indo com a cara dele, aquilo era só um jeito do seu senso de humor estranho de tentar animar o Harry e encher o saco dele ao mesmo tempo.

—Ele parece meio chateado com alguma coisa. Você não percebeu? -perguntou passando uma travessa para Seamus.

Desvencilhou-se da pergunta do irmão com uma desculpa qualquer. Havia perdido a fome. Fugiu do jantar e voltou para sua comunal apenas para pegar alguns livros, apenas para usa-los como justificativa caso alguém viesse importuna-la. Subiu as escadas para a torre de astronomia, apenas para encontrar a cena nauseante que, no futuro, talvez fosse o motivo que desse quando lhe perguntassem o que aconteceu com a sua paixonite por Harry Potter.

...

Ginny Weasley estacou no portal, derrubando seus livros no chão. O som assustou o –talvez não tão- seu Harry, que levantou de um pulo do colo do novo namoradinho. Malfoy, por sua vez, permaneceu sentando, lhe lançando um olhar de desprezo, que ela simpaticamente retribuiu. Ainda meio em choque, ela observou o moreno apanhar suas coisas no chão e puxar Draco pela mão, conduzindo-o porta afora.

—Desculpe Ginny. –murmurou por cima do ombro, arrastando Draco em seus calcanhares pelo lance de escadas, para provavelmente continuarem a pegação em outro lugar.

O fato de não tê-lo feito sentir-se minimamente envergonhado, surpreso ou incomodado, realmente irritou a garota, que bufou encostando-se na parede, permitindo-se se arrastar para o chão em desgosto. Mexeu os braços como se tivesse fazendo um anjo de neve, só que no chão de pedra gelado. Seus dedos esbarraram em algo leve.

Ginny puxou o que parecia- e era- um pergaminho para si. Desenrolando desinteressadamente encontrou um dos incontáveis mapas estelares da professora Sinistra. Ironicamente, quando levantou-o acima da cabeça para observar melhor, a primeira marcação que lhe chamou atenção foi a constelação de Draco. Ugh.

—Hey! – cumprimentou uma odiosa voz simpática, chutando-a de sua bolha de auto piedade. – Não sabia que se interessava por astronomia.

Luna Lovegood vinha adentrando a torre, carregando uma mochila e um estranhamente curvo telescópio manchado de várias cores, que ela rapidamente deixou no chão, juntando-se a ela no chão, deitando-se a seu lado.

—É uma maneira inusitada de estudar um mapa estalar. Nunca havia tentado ver dessa forma. – murmurou Luna. – Veja! Desse ângulo, leão parece um pato.

Ginny riu, mas, conversar sobre astronomia não era uma das suas prioridades no momento. Assim, como sabia que Luna era uma ouvinte compreensiva e confiável, decidiu contar a ela suas frustrações. – Na verdade, eu não me interesso muito por astronomia Luna. Eu venho aqui para me esconder dos meus problemas. Mas, parece que nem para cá eu posso fugir mais.

—Hm...- Luna parou para pensar. – Eu vi os seus problemas passando quando estava vindo para cá.  Continua obcecada?

—É tão óbvio assim? – murmurou, deitando a cabeça na barriga da loira.

—Todos os dias de manhã eu vasculho a mesa da Sonserina para ter certeza que você não matou o Draco ainda.

—Desde quando ficaram amiguinhos para você começar a chamar ele pelo nome?- Luna revirou os olhos- Se bem que, me parece uma boa ideia... Ai! – soltou um gritinho quando a corvina beliscou o seu braço.

—E o que seria de mim se você fosse presa garota?

—Você ia ficar bem! Agora que tem o seu amiguinho DRACO para me substituir... Ai! para com isso!

—Quando você parar de agir como uma maluca.

—Mas... É só que... Aahhhhh! O que ele tem que eu não tenho?!

—Um pau. - respondeu a loira, muito séria.

—Luna! – exclamou.

—Você sabe que é verdade...

—Mas, antes ele gostava da Cho e...

—Da Cho ou do namorado dela?

—Não! Ele não... É...

—Talvez?

—Tá.

Ginny ficou em silencio com um biquinho nos lábios e os braços cruzados, enquanto Luna mexia em seus cabelos – o que era muito bom por sinal. Ela não sabia se a amiga não estava tentando faze-la se sentir melhor apenas porque não queria ou porque era aérea demais para isso. No fundo, sabia que estava sendo boba e agindo como uma criança pequena que quer ganhar uma vassoura de corrida e os pais obviamente não querem dar.

—E você sabe o que é pior? Por mais que eu queira ele comigo. Eu SEI que eles combinam, mesmo que seja meio esquisito.

—Por que esquisito?

—Bom. Eles se odiavam até semana passada...

—Nunca ouviu falar que “muita briga da namoro”?

Ginny revirou os olhos. –Não é só isso. Um grifinório e um sonserino. Opostos. Rivais. Luz e Trevas. Eles se completam de um jeito que eu não vejo como daria certo, mas, parece que dá!

—Eu acho bonito.

—Eu acho irritante. E tinha que ser justo o Malfoy?!

—Você deveria dar uma chance. Ele parece se importar com o Harry.

—Eu sei! Mas, esse é o problema! Por mais idiota e preconceituoso que ele seja na maior parte do tempo ele é tudo que eu não sou! – exclamou, levantando da barriga de Luna e ficando ajoelhada na frente dela. – Ele é bonito. Rico. Inteligente. Influente... Até o nome dele consegue brilhar mais que o meu, porque ele é a porra de uma constelação!

—Boatos que ele mete bem também.

—Você não está ajudando Luna.

—Eu vou esperar você terminar. Depois você ouve a minha opinião.

—Ok. Então ele aparentemente “mete bem” também. E o pior! Mesmo sendo um babaca, tem alguém que gosta dele de verdade, de um jeito que eu sinto que eu nunca vou ter.

—Ok. Então enumeramos as qualidades do senhor Malfoy: uma aparência legal, dinheiro, influencia inteligência, uma constelação, sexo bom e alguém que goste dele. É isso?

—Não está bom? – murmurou a ruiva cruzando os braços.

—Vamos lá. Primeiro, você é bonita Ginny. A maioria dos caras do nosso e de outros anos adorariam a oportunidade ficar contigo. Você só não vê porque passa todo o sue tempo obcecada com o Harry. Dinheiro? Influencia? Você uma das pessoas mais ricas que eu conheço. Em amigos, em empatia, em bondade... E isso é muito mais do que o que o Malfoy poderia querer. Bem, você pode não ser a mais inteligente academicamente, mas, existem vários tipos de inteligência se me permite dizer. Você por exemplo tem uma habilidade no quadribol que o Malfoy não compraria nem com todo o dinheiro dele...

Ginny balançou a cabeça, escondendo um sorrisinho satisfeito. – Pode continuar alimentando o meu ego. Acho difícil você conseguir com os próximos...

—Ele pode até ter um nome bonito, mas, as sardas no seu rosto formam a minha constelação favorita. – Luna terminou essa última parte com um tom de voz que Ginny não imaginava que a outra tivesse. Estremeceu quando percebeu a loira aproximar o rosto lentamente do dela. –E quanto a ter alguém que goste realmente de você.

Luna selou seus lábios com delicadeza. A ruiva travou por alguns segundos, mas, sem entender direito o porquê, logo correspondeu animadamente. Sentiu o seu corpo pender para trás, caindo lentamente. E, antes que se desse conta, estava deitada com as costas no chão de pedra e a corvina por cima dela.

Sentiu as mãos da loira passeando por sua cintura e se enfiando por baixo da sua blusa. Ela arfou ao sentir o contato das mãos geladas da amiga contra a pele da sua barriga. Uma sensação estranha surgiu em seu baixo ventre quando as mãos de Luna pousaram sobre os seus seios. Logo, ela rompeu o beijo, com seu melhor sorriso Di-Lua e murmurou rouca contra o seu ouvido – E sobre a última coisa... Você me responde depois.

...

Algum tempo depois, Hermione Granger reparou que havia algo diferente com a irmã de Ron. Ela parecia menos rancorosa, melancólica e dramática do que antes. Talvez ela estivesse começando a superar... Resolveu procurar a amiga no dia seguinte e conversar sobre isso.

Encontrou-a na manhã seguinte encostada na porta do salão principal encarando a mesa da Sonserina, coisa que a ruiva havia tomado como hábito desde que Harry e Draco começaram a namorar. Percebeu então que, não, Ginny não havia superado.

—Quer conversar sobre essa coisa do Harry? –disse sem rodeios.

—Quem? –respondeu a garota, confusa.

—Não se faça de boba Ginny. –Hermione percebeu que a amiga não estava realmente escutando, muito ocupada em observar as mesas.  Então ela parou na frente da ruiva, afim d e obriga-la a ouvir. –Eu sei que você está incomodada.

—Eu tô legal Mione. –concordou indiferente, observando por cima do ombro da menina.

Hermione fez questão de se virar para ver o que de tão interessante Draco Malfoy ou Harry Potter- ou ambos- estavam fazendo para chamar tanta atenção. Até que percebeu que a Weasley não olhava para a mesa da Grifinória, nem da Sonserina. Ela estava focada, sonhadora, na mesa da Corvinal, especificamente em uma certa loira.

—Ginny, tem algo que você queira cont...?

—Mione. – Ginny colou ambas as mãos nos ombros dela. Parecendo ao mesmo tempo divertida e muito séria. -Não é á toa que o nome dela é Lovegood.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Eu resolvi postar separado porque é uma história secundária que não faz muita diferença no desenvolvimento da long e não é todo mundo que gosta de Yuri. Eu mesma não leio. Eu não sei nem o que eu to fazendo aqui. Mas, essa ideia ficava na minha cabeça bloqueando o desenvolvimento da outra fic, então eu resolvi escrever ela logo. Eu tenho zero experiencia com yuri gente, espero que não tenha ficado muito forçado. Por esse motivo, eu não fiz algo explícito como nas minhas Drarry. Mas, se vocês aprovarem essa aqui e quiserem, eu posso dar uma estudada e tentar algo mais pesado.



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