Uma Noite No Motel escrita por Marina Louise


Capítulo 1
Capítulo 1




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Capítulo 1


O dia havia sido exaustivo, e, apesar da enorme vontade de tomar um banho e descansar, Teresa permanecia de pé, estática, olhando com desgosto o inusitado quarto de motel. Ainda estava tentando entender como tinha deixado Jane convencê-la a fazer isso. A concussão que Red John tinha lhe causado pelo visto havia embaralhado suas ideias. Ou talvez o mentalista a tivesse hipnotizado sem que ela percebesse, ponderou. 


Além disso, quando ela concordara com os planos dele de passarem a noite naquele motel, isso não incluía, de forma alguma, um quarto com tema de lanchonete. Não mesmo!


A parede branca, com um desenho central em verde, de um cardápio, cercado por um desenho em vermelho de uma bisnaga de ketchup pelo lado direito, e um desenho em amarelo de uma bisnaga de mostarda pelo lado esquerdo, nem era tanto o problema. Mas aquela cama em formato de sanduíche já era demais. Nem morta ela dormiria naquela coisa! 


"A cama não vai morder se você se aproximar dela." 


Lisbon deu um pequeno grito de susto ao escutar a voz baixa e zombeteira do consultor tão próxima de seu ouvido. Estava tão distraída que não o tinha escutado entrar no quarto.


"Droga, Jane. Não faça mais isso." Ela o repreendeu, observando-o caminhar até a cama para olhá-la mais de perto.


"As pessoas são tão criativas hoje em dia. Olha só esse tomate." Ele apontou, rindo do pedaço de uma das gigantescas rodelas que recheava o objeto.


"Que bom que você acha isso engraçado." Respondeu, sarcástica. 


"Vamos lá, Lisbon. Não seja tão mal humorada. É só uma cama!"


"Em formato de sanduíche! Não vou dormir nessa coisa, Jane!" Salientou, exasperada, fazendo o sorriso do consultor se alargar ainda mais. Pelo visto ele estava adorando ver seu desconforto.


"Você tem fetiches por gola rolê, outras pessoas por lanchonetes, camas em formato de sanduíche e garçonetes. Qual o problema?" Patrick a questionou, sentando-se na cama. 


"Eu não tenho fetiche por gola rolê!” Ela bateu o pé no chão, num gesto que lembrava uma criança birrenta. “E eu já disse que não vou discutir sobre fetiches com você." Sibilou entre dentes. Nem morta iria ficar conversando com Jane sobre o que a estimulava ou não sexualmente. Era só o que faltava, ele descobrir sobre sua atração por ternos de três peças! "Além disso, se nós ficarmos aqui, eu posso saber onde é que você vai dormir? Porque eu não sei se você reparou, mas não tem nenhum sofá nesse quarto."


"Vou dormir na cama, oras." Ele deu alguns tapas no colchão - que fazia as vezes de pão - como se quisesse salientar o que dizia.


"Então onde é que eu vou dormir?" A morena perguntou, indignada. 


"Na cama! Onde mais seria?" O loiro respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do universo.


Os olhos de Teresa se arregalaram. “Com você? ”


A voz dela saiu assustada e esganiçada, fazendo Jane dar uma risada.


"O que foi? Está com medo que eu te ataque durante a noite?"


O sorriso safado que ele ostentava lhe causou uma onda de arrepios.


"Claro que não!"


"Eu corro risco de ser agarrado por você?" Jane balançou as sobrancelhas sugestivamente.


"O quê?" Teresa o encarou completamente corada, a boca escancarada formando um perfeito 'O'. Claro que ela poderia ficar extremamente tentada a fazer isso, mas não admitiria nem sob jura de morte. 


"Eu sei que às vezes é difícil para as mulheres manterem as mãos longe de mim. Não é como se eu não estivesse ciente do meu sex appeal." Os olhos de Patrick brilharam enquanto um sorriso convencido estampava seu rosto, mostrando os dentes perfeitos. 


“Seu Filho...” Lisbon estreitou os olhos, querendo mais que tudo apertar aquele lindo pescocinho dele com as próprias mãos por estar tirando sarro dela daquele jeito. “Nem que você fosse o último homem do universo eu te agarraria!” 


Ao contrário do que esperava, o consultor nem sequer pareceu se abalar por suas palavras, e parecia estar achando a situação bastante engraçada. 


“Então acho que dividirmos a cama não vai ser problema.” Patrick deu de ombros. 


Suspirando, Lisbon pediu mentalmente para que Deus lhe desse muita paciência, ou cometeria um assassinato ainda naquela noite. 


“Tudo bem.” Por fim cedeu, sabendo que não adiantaria de nada tentar convencê-lo a ir para outro lugar. “Mas eu vou tomar banho primeiro!” 


“Hum...” Ele soltou um pequeno resmungo. 


“O quê?” A morena cruzou os braços no peito, furiosa. “Depois de ter me arrastado para esse motel horrível, o primeiro que você encontrou na beira da rodovia, diga-se de passagem, o mínimo que você pode fazer é me deixar tomar banho primeiro.” Acusou com a voz levemente alterada. 


“Bem, já que eu não vou te atacar, e nem corro risco de ser atacado, afinal, você afirma não ser nem um pouco afetada por meu charme,” Patrick inclinou a cabeça, obviamente lutando com todas as forças para não rir. “Eu pensei que pudéssemos aproveitar a banheira de hidromassagem juntos.” Ele sugeriu com a voz rouca e sensual, e ela tinha certeza de que nem o maldito vidro de katchup desenhado na parede conseguia estar mais vermelho do que ela naquele momento. Seu coração estava tão acelerado que parecia querer saltar para fora do peito.


“Está faltando isso aqui pra eu atirar em você, Jane,” Ela levantou a mão direita, estreitando o indicador e o dedão, deixando um espaço de basicamente cinco centímetros entre eles. “Então não me tente.” Alertou-o, furiosa. 


“Além de não ser uma pessoa da manhã, você também não gosta de dividir a banheira, nem economizar a água do planeta. Entendi.” O loiro provocou mais uma vez. 


Lisbon pensou em lhe dar um soco no nariz, mas resolveu simplesmente ignorar, caminhando em direção a sua bolsa de viagem, que havia ficado na entrada do quarto, enquanto praguejava baixinho todos os tipos de insultos que conhecia. 


Assim que pegara tudo que precisava, saiu andando a passos duros para o banheiro, batendo a porta atrás de si com toda a força que possuía. 


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