Meu Nome escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 1
Único




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Eu nunca gostei muito do meu nome. Não que eu o odiasse, mas trocaria se eu pudesse, por um mais forte. Ou apenas mais significativo. Afinal “Naruto” não é exatamente um nome que se daria para um bebê. É comida.

Além de eu ter muita pinta de gringo.

Minha mãe é japonesa, mas meu pai é um estrangeiro, loiro, dos olhos azuis, de quem eu puxei absolutamente tudo. O que me deixa ainda mais estranho aos olhos de outras pessoas.

Eu sei que é um nome especial para o meu pai e que tem significado, uma história, por causa do meu falecido padrinho e tudo mais, porém é uma questão familiar. Dá trabalho ficar explicando os motivos que levaram ao nome, para todos os que, com razão, estranham ele.

A primeira reação é, e sempre será: “Nossa, que nome engraçado” ou “Seu pai é viciado em lámen?”.

Não, ele não é. Na verdade ele detesta... Eu é que sou desde criança.

Piadas a parte, meu nome é estranho, esse é o fato.  E como eu já mencionei, não o odiava, todavia não o amava também... Pelo menos, não até conhecê-la.

Hinata.

Até seu nome tinha um significado que ilustrava beleza... Hinata com certeza combinava com ela, pois essa morena levava luz onde quer que fosse.

Mesmo com toda sua timidez, ela atraia as pessoas para si. Era doce, delicada, suave, verdadeira, gentil, educada... Não sei quantos adjetivos mais eu ainda poderia lhe dar sem me cansar. Além de ela ser totalmente linda.

E não se percebe tudo isso de imediato, porque ela se encolhe. É preciso conviver com ela para notar, cada vez mais, em todos os detalhes, o quão completa ela é.

Começou quando estudávamos, no ensino médio. Primeiro ano, escola nova, sala nova, amigos novos e consequentemente, piadas novas.

Não me lembro de ter uma única pessoa, em toda a minha existência, que não tenha rido ao ouvir meu nome, ou feito piada, ou perguntado qualquer coisa que seja, exceto ela. Eu até perguntei, incerto, se meu nome não causasva curiosidade, e o que me respondeu foi apenas que era um belo nome.

Achei que ela estivesse sendo irônica daquela vez, mas hoje sei que não, Hinata realmente o achava bonito.

Tornamo-nos bons colegas de classe, que se ajudavam nas matérias... Embora eu precisasse mais da ajuda dela, do que ela da minha. Com o tempo, a amizade ficou mais forte e nos tornamos bons amigos. Confidentes.

E eu passei a gostar de ouvi-la pronunciar o meu nome.

Foi questão de tempo me apaixonar. Eu tentei por muito tempo negar o que eu estava sentindo, e me escondia na amizade forte que existia, sem admitir que não queria só amizade.

Sempre com medo de todas as investidas que lhe eram feitas, já que fui só um dos que se deixou encantar completamente pela pessoa dela.

Tinha o Kiba, que eu sabia que não era a pessoa certa pra ela. E devo dizer que fiquei muito satisfeito em ver Hinata concordar.

Já Toneri me preocupou. Era um bom rapaz e parecia realmente gostar dela. Tentou durante muito tempo uma aproximação, sem sucesso. Hinata dizia apenas que não conseguia retribuir, então tudo o que oferecia era amizade, nada mais.

Até seu primo Neji muitas vezes me pareceu interessado em Hinata. Porém, bem poderia ser meu ciúme me cegando. Porém, se não fosse pelo meu ciúmes, talvez não tivéssemos começado a namorar.

Estávamos discutindo por causa de um rapaz cretino que havia sido rude com ela. Eu, com certeza quebraria a cada dele se Hinata não tivesse impedido.

E joguei sobre ela a culpa de todo o ocorrido. Disse que por ela ser sempre tão gentil e atenciosa, as pessoas não conseguiam desistir dela. Além do fato dela nunca aceitar ficar com ninguém.

O que não fazia sentido, pois eu adorava toda a gentileza dela e não queria de maneira nenhuma que ela ficasse com outro, se não eu, contudo eu estava possesso. Só conseguia pensar na raiva e em minha própria frustração.

E foi nessa briga, enquanto a questionava, que ela me disse que era apaixonada por mim, desde a primeira vez em que lhe falei meu nome.

Não sei descrever o choque que me deu ouvi-la dizer, com todas as letras, que não podia estar com mais ninguém, pois era comigo que ela queria ficar.

E Hinata continuava falando, mas eu não conseguia mais ouvir, graças as batidas altas e frenéticas do meu próprio coração. Então a beijei, sem dizer absolutamente nada.

Eu me preenchi de uma felicidade que até então eu não achei que fosse possível sentir. Seguida de uma felicidade nova atrás da outra.

E eu passei a amar ouvi-la dizer o meu nome.

Ela sempre dizia de uma forma doce e cheia de sentimento. Exceto quando estava brava, nas poucas vezes em que acontecia. Mas, ainda assim, era lindo ouvir. E, principalmente, eu amava quando dizia meu nome daquele modo sensual que ela sabia que me enlouquecia.

E eu reparei que Hinata repetia muito meu nome. Nunca me chamava por apelidos românticos ou coisas assim. Era sempre pelo meu nome.

Quando a questionei sobre isso, ela afirmou que esse era um nome que ela realmente gostava, porque era nome da pessoa que ela amava.

Eu a amei ainda mais. Cada dia mais.

E todos os meus dias foram os mais felizes... Até que acabou.

Sem uma razão, sem um motivo, sem que eu quisesse... Ela só foi embora.

Ela me deixou...

— Naruto, está na hora – Sasuke bateu na porta, e como eu não respondi, ele simplesmente abriu – Narut...

— Pára... Por favor – minha voz quase não saiu. Contudo eu não queria ouvir meu nome.

Eu passei a odiar ouvir meu nome...

Olhei mais uma vez a foto que ainda apertava em minhas mãos, onde eu a abraçava forte e sorria alegre, achando inocentemente que seria pra sempre.

— Preferia quando o meu nome me causava desgosto... – sussurrei um pouco rouco, por causa da garganta apertada –... ao invés de dor.

Um sorriso forçado surgiu involuntário. Era quase irônico odiar meu nome por causa do tanto que ela me fez amá-lo...

Levantei-me da ponta da cama, onde eu não sei mais a quanto tempo eu estava, sem vontade, e olhei-me no espelho, analisando a própria expressão abatida.

Limpei as lágrimas dos olhos vermelhos.

Passei a mão no cabelo desleixado.

 Ajeitei a gravata preta incomoda.

Peguei o paletó preto sobre a cadeira e o vesti.

Finalmente fitei Sasuke, que pacientemente me esperava.

Eu nunca gostei muito do meu nome... E agora eu o odeio. Mas eu jamais o trocaria, mesmo que eu pudesse. Afinal, é o nome que a pessoa que eu mais amo, gostava.


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