“Só uma vez, uma única vez Draco, vamos lá, você consegue, você não vai vomitar nem ter nojo. ” Pensava comigo mesmo atrás da porta de uma sala qualquer do quarto andar. Já não bastava estar naquele inferno de lugar abafado e empoeirado, Blás zabini ainda me fazia companhia, importunando ao lado com sua voz patética:

      - Desiste cara, já é quase meia noite e ela não apareceu ainda, vamos esquecer aquela droga de aposta e voltar para o salão comunal. Eu preciso urgentemente de um banho, estou suando nessa sala.

      - Se quiser ir pode vazar Blás, mas isso me classifica como ganhador da aposta e você vai me passar os 100 galeões que prometeu e vai fazer todos meus deveres para o resto do ano – falei com um sorriso, já pensando em como seria ótimo não ter que fazer minha parte dessa aposta ridícula que ele me propôs ontem à noite...

      Era para ser apenas mais uma noite comum, com conversas pós jantar e importunar os alunos mais novos, mas não, Blás-idiota-Zabini tinha que fazer uma aposta idiota na frente dos nossos amigos para provar se eu realmente conseguia qualquer uma daquela escola. Ele trouxe a ideia mais idiota da face da terra. “Se é tão pegador assim, aposto que não teria problemas em pegar a senhorita certinha e puritana Granger, não é mesmo Malfoy? ”.

      Lógico que eu não queria beijar aquela sangue ruim. Mesmo ela não sendo tão feia quanto se espera de uma rata de biblioteca, e mesmo com aquele cabelo macio e aquelas pernas delineadas, não enganavam ninguém, muito menos a mim. Por trás daquilo tudo, ainda não passava de uma nojenta que mereceria a morte, eu nunca a beijaria se não fosse o prêmio irresistível que Blás havia proposto. Se eu conseguisse beija-la sem rejeição, eu ganharia os 100 galeões e o ano inteiro de lições feitas, eu não tinha como recusar.

      Então lá estava eu, ainda naquele inferno de sala...

      - Eu não vou deixar você ganhar de mão beijada Malfoy. Se você quer o seu prêmio, vou ter que ver com meus próprios olhos, além disso, eu duvido que você consiga sem ganhar um belo soco na cara ou um chute nas bolas como no terceiro ano, se lembra? – Ele disse rindo da minha cara.

      Ok, ele com certeza passou do limite. Ninguém ri da minha cara, nunca.

      - Pelo menos não fui eu que peguei uma bela DST depois de transar com Pansy Parkinson não é mesmo? – Respondi com sorrindo ladino. Recebendo um olhar irritado e arregalado dele.

      - Como você sabe disso? Era para ser segredo porra! Não acredito que o Goyle te contou. Vou matar aquele trasgo.

      - Bom, então vai funcionar assim, você não conta nada de hoje para ninguém desse castelo e eu não conto para ninguém desse seu... probleminha – assim garantiria que ninguém soubesse desse momento vergonhoso da minha vida, afinal, tinha uma reputação a manter, um Malfoy tinha seus fardos, e um deles era as severas punições por desobedecer ao mantra dos Malfoys, “manter a linhagem, sempre puros, jamais traidores. ”.

      - Que seja, ande logo com isso, quero ver seu olho roxo.- ele disse zombeteiro, certamente não sabendo o que eu havia preparado.

      Pobre Blás Zabini, ele pensa que eu não tenho minhas artimanhas. Obvio que Granger não me beijaria por vontade própria, ela não era igual aquelas garotas fúteis que só queriam um cara bonito para exibir. Eu com certeza seria rejeitado se tentasse agarrar a Granger, ela não facilitaria e eu também não. Por isso ontem, enquanto todos dormiam, os velhos livros das trevas do meu pai vieram bem a calhar. Enquanto eu tentava inutilmente achar algo que me ajudasse sem que o Zabini soubesse, uma luz apareceu nas páginas do livro de encantamentos soturnos... O feitiço Passion Carneun, que nada mais era que uma amortentia com efeito bem mais leve, que dura poucos minutos e pode ser retirado com um simples finite incantantem. Li rapidamente pois o sono estava me derrubando, e hoje pela manhã, enquanto ia para o café da manhã fiz um teste com uma veterana da sonserina, - seja ela quem for – o que me rendeu uma bela foda matutina no armário de vassouras.

      Passos ecoaram na minha cabeça, e eu voltei a realidade, os ouvi novamente... toc, toc, toc... os sapatos ecoavam no corredor. Minha vítima estava se aproximando. Blás me cutucou, apontando de onde ela estava se aproximando, coloquei meu dedo em meus lábios e ele se calou, esperei pacientemente, incrivelmente com as mãos suando, ouvindo atentamente para confirmar se Potter não estava em sua cola coberto com aquela capa idiota de invisibilidade. Assim que ela passou pela porta da sala que estávamos, olhei para Zabini, fazendo gestos para ele não sair da sala, ou com certeza ele estragaria tudo.

      Saí da sala sem fazer barulho, Granger já estava a uns 30 metros a minha frente. Acompanhei em silêncio com a varinha na mão encoberta pela manga para Blás não perceber, andei alguns passos para me aproximar o máximo dela e lancei o feitiço sussurrando antes que Granger percebesse que eu estava na sua cola. Ela parou como se sentisse o feitiço tocando-a e se virou lentamente. Ok, era agora ou nunca, beijar, cancelar o feitiço e esquecer o que aconteceu. Ela abriu a boca para questionar algo, mas não conseguiu pois cobri a distância e encostei nossos lábios me preparando para o desconhecido e tentando ignorar a repulsa que sentia de estar perto e encostando em alguém tão nojenta com o sangue tão impuro.

      A última coisa que lembro foi seus olhos arregalados antes que eu a beijasse, e definitivamente não era o que eu estava pensando... Era os céus e era o inferno, ela era quente, e me beijou de volta com tanta força que achei que poderia cair no chão com ela nos meus braços. Minhas mãos foram para sua cintura e senti meu pescoço sendo enlaçado. Era como um delicioso jardim, sua boca com gosto de morango e aquele cheiro de flores com um toque cítrico que jamais saberia se era de seu cabelo ou do seu corpo. Quando sua língua entrou em contato com a minha senti um incomodo nas minhas calças, e isso não era bom. Eu nunca ficava excitado apenas com um simples beijo, ainda mais com uma sangue ruim. Isso não deveria acontecer, mas nesse momento quem liga? A única coisa que consigo pensar é nos seus lábios mexendo contra os meus e sua língua explorando deliciosamente a minha. Empurrei-a para a parede descendo a mão para sua bunda, pernas e tudo que eu fosse capaz de tocar. Como ela conseguia esconder aquele corpo com aquelas roupas? Sua cintura era fina e suas coxas firmes e grossas, quando minha mão foi para sua bunda, ela gemeu com o atrito dos nossos corpos e enlaçou suas pernas no meu quadril. Merlin, quem era aquela garota e o que havia feito com a sangue ruim de minutos atrás?

      Forcei ela mais ainda contra a parede para não perder o equilíbrio, meu quadril tão próximo do dela que talvez eu não resistisse mais e a tomaria ali mesmo no corredor. Desci meus beijos para seu pescoço, mordendo e deixando chupões por toda parte, enquanto ela arranhava minhas costas por baixo da blusa, enviando ondas de eletricidade e arrepios por todo meu corpo, me deixando cada vez mais excitado. Ela desenlaçou as pernas do meu quadril e desceu seus lábios para o meu pescoço, me enviando uma onda tão forte que não consegui segurar meu gemido. Ela sorriu, parecendo gostar do que ouviu e conseguiu me virar contra a parede. Eu nem me importei mais de estar ou não no controle, só queria mais e mais daquelas ondas de prazer que iam até minha virilha, fazendo minha calça ficar cada vez mais apertada. Voltamos a nos beijar, eu estourando alguns botões da sua blusa, apertando sem piedade seus seios, fazendo-a gemer de dor e prazer. Senti meu cinto sendo puxado e uma mão leve entrando na minha calça e massageando meu membro.

      “Ah Malfoy, você parece estar tão necessitado” ela sussurrou no meu ouvido com um sorriso mais safado do que eu poderia sonhar; “e eu preciso fazer isso mais vezes” consegui responder. Eu definitivamente não aguento mais, preciso tê-la agora. Granger, como se ouvisse meus pensamentos, ajoelhou, puxando minha calça e todo o resto para baixo. Não acreditei que ela pudesse de fato fazer isso, a sangue ruim se subjugando e dando prazer a um Malfoy, era melhor que qualquer fantasia que eu  já tivesse tido.

      - POFT – o barulho ecoou alto pelo corredor, me acordando para a realidade.

      Merda, Blás ainda estava naquela sala, provavelmente olhando tudo. Granger olhou desconfiada para sala que ele se escondia, eu rapidamente vesti minha calça com o pouco de dignidade de sangue puro que me restava, murmurei “finite” para o encantamento sumir e sai correndo para a sala, pegando blás e puxando pelo esconderijo da lareira da sala que daria no corredor da sonserina.

      - Cara, que porra foi aquela? – Ele gritou enquanto descíamos as escadas do esconderijo.

      - Cala a boca seu débil, quer que ela nos encontre para nos dar detenções? – Disse irritado, já não bastava ter acabado com minha quase foda, ainda queria nos ferrar de vez.

      As paredes escuras da passagem secreta se estreitaram e as escadas que pareciam não ter fim, saíram num retrato do corredor do salão comunal da Sonserina. Eu e blás nos encostamos recuperando o folego por ter descido tantas escadas.

      - Você parecia que ia comer ela ali mesmo cara – Não acredito que ele ia tocar naquele assunto novamente.

      - Se não fosse estragando a merda da situação, talvez eu tivesse mesmo, só para ver a humilhação que seria ela ter transado com o cara que ela mais odeia – me defendi olhando feio para ele. Eu sentir vontade de ficar com a sangue ruim? Nunca! Eu desejava subjugá-la a mim apenas, mesmo que fosse com o poder do feitiço. Não sei bem o que aconteceu para eu ter gostado daquelas pernas, ou daquele arrepio que percorria meu corpo quando sua língua percorria meu pescoço, mas isso não pode ocorrer mais, nunca mais.

      - Foi mal se eu fiquei assustado com a reação dela – ele empurrou meu ombro – imaginei todo tipo de reação, menos aquela, ela nem tentou fugir, já reconheço que perdi essa merda de aposta – bufou indignado, se levantando e entrando no salão comunal e eu o acompanhei.

      - Bom, pode começar com aquele trabalho de mcgonnagal de 60 cm de pergaminho sobre animagos.

      - Nem me lembra dessa merda, estou completamente arrependido de ter feito essa aposta, agora só preciso de um banho e uma cama. Boa noite Malfoy.

      Assisti ele subir para o banheiro e eu subi para meu dormitório... o que será que foi tudo aquilo afinal? Talvez eu nunca tivesse me sentido assim, toda aquele desejo e surpresa, a curiosidade ao tocar cada curva daquele corpo e a vontade correspondida. Obvio que era o feitiço falando alto no corpo dela, mas foi diferente, isso com certeza foi.

      Meus devaneios foram cortados por um barulho curioso de aparatação e um bilhete que não estava na minha cômoda minutos atrás. Quem mandaria bilhete essa hora da noite? Nunca vi ninguém que aparatasse bilhetes... definitivamente curioso. Peguei o papel e abri relutante, me surpreendendo à medida que lia seu conteúdo. Eu estou muito, muito ferrado... aquela sangue ruim realmente é uma caixa de surpresas e eu estou realmente furioso com isso.

     Caro Malfoy,

     Nunca achei que pudesse ser tão ousado, o feitiço passion carneun realmente foi uma boa escolha, um feitiço com efeito amenizado de amortentia que não pode ser utilizado perto de conhecidos da vítima por ser cancelado com um simples finite incantatem. Porém acho que esqueceu um detalhe Malfoy, se você ler atentamente o rodapé do livro poderá ver que ele não tem efeito em nascidos trouxas, ou como você amorosamente chama, sangues ruins. Só uma dica, Se quiser tentar fazer isso novamente, deveria fazer a vítima beber horas antes um infusório com cabelo de veela para o feitiço realmente fazer efeito, pois pelo que você me disse, você parece ter gostado bastante da situação e iria fazer isso novamente.

Atenciosamente H.G.