– Pai! – Harry ouviu Tiago gritar do quarto.

Gina se voltou para Harry e perguntou:

– O que será que houve?

– Para eles terem me chamado? Provavelmente o Teddy tentou algum feitiço que deu errado – respondeu Harry. – Já vou! – Ele gritou em resposta a Tiago.

Ele empunhou a varinha e subiu a escada de dois em dois degraus. Ao abrir a porta do quarto de Tiago, parou de súbito com o que viu. Tiago, Alvo e Lílian estavam sentados despreocupadamente na cama e Teddy estava em pé, encostado na parede, apontando a varinha para uma cobra com cerca de um metro, branca e laranja, que estava no meio do quarto.

– Devo perguntar por que tem uma cobra no meio do quarto? – Harry perguntou com uma expressão confusa e ao mesmo tempo surpresa no rosto.

– Claro! Fica à vontade – respondeu Teddy, calmamente.

– Tudo bem. Por que tem uma cobra no meio do quarto?

– Porque o Teddy a conjurou – respondeu Tiago.

– E por que você conjurou uma cobra? – Harry se dirigiu a Teddy.

– Porque o Tiago e o Alvo pediram – respondeu Teddy.

– Pelas barbas de Merlin! Será que nenhum de vocês pode me contar exatamente – ele deu ênfase à palavra – por que tem uma cobra no meio do quarto?

– Claro! – Disse Tiago se levantando e parando ao lado de Harry, que ainda empunhava a varinha. – Eu tive uma ideia e falei com o Alvo. Ele gostou da ideia e falamos com a Lílian e com o Teddy. Nós conjuramos a cobra porque queremos te ouvir falar com ela.

– É, naquela língua estranha. Já que você é um ofidioglota, use e abuse de seus dons! – Teddy completou.

Harry ficou sem fala e boquiabriu-se.

– Estamos esperando, pai – disse Alvo.

Harry sorriu, abaixou a varinha e começou a sussurrar. A cobra se voltou para ele e subiu por seu braço. Ele parou de sussurrar, olhou para os meninos, que estavam em êxtase, e acariciou a cabeça da cobra.

– Continua, pai – implorou Lílian.

– Para que? Para matá-la no final? Sabe, eu sempre quis ter uma cobra!

Os olhos dos quatro se arregalaram.

– Como é que é? – Perguntaram os quatro ao mesmo tempo, surpresos e um pouco assustados

– É. Eu tinha pensado em um Basilisco. Mas desde que vocês nasceram isso se tornou muito perigoso.

Harry acariciou a cobra novamente e sorriu maliciosamente para os meninos, ainda boquiabertos. Ele sussurrou mais alguma coisa e se virou para sair do quarto. Assim que pôs o pé para fora do mesmo, como se tivesse notado que esquecera algo, ele se voltou para o quarto novamente.

– Ah! Esqueci uma coisa! – Harry disse.

Os meninos se voltaram, boquiabertos, para ele, na esperança de que ele tivesse notado a insanidade das palavras que saíram de sua boca.

Harry sorriu e disse:

– É brincadeira.

Os meninos não se moveram um centímetro sequer.

– Vocês acham que só vocês podem brincar? – Harry perguntou retoricamente.

Ele apontou a varinha para a cobra enrolada em seu braço e, com um feitiço silencioso, a cobra sumiu. Ele saiu do quarto, deixando os meninos ainda estáticos.