Máfia em família escrita por A garota do Darcy


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olha quem chegou com mais um capítulo quentinho para vocês! :3
Mais curtinho do que os outros, mas para tudo existe uma razão, não é mesmo?... Até lá em baixo :*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/754492/chapter/3

Quatro agentes do FBI nos esperavam em uma saleta, que deveria ser do delegado. Alguém zunia em algum lugar, provavelmente o agente Raymond dizendo coisas que eu honestamente não estava ouvido. Minha atenção estava inteiramente direcionada a uma preciosa caixa de rosquinhas em cima da mesa retangular de madeira. Era o principal móvel da sala, onde todos nós estávamos de alguma forma de frente para ela e encarando Raymond sentado uma poltrona rotatória. As rosquinhas me encaravam de volta, parecendo suculentas ao ponto de quase me fazerem babar — se é que eu já não estava babando.

Fui na direção das rosquinhas. Meti as minhas mãos algemadas dentro da caixa, pescando uma rosquinhas. Sua brilhosa calda de chocolate estava fazendo minha barriga roncar desesperadamente até que meus braços foram segurados com força, forçando-me para trás e derrubando minha tentação no processo.

— Ai! — reclamei. Senti um bico involuntário se formar no meu rosto quando encarei minha rosquinha estabanada na mesa. Porque a cobertura sempre tinha que cair virada para o chão? Fuzilei o agente Raymond. — Você sabe quanto tempo eu não como? Ou por acaso sabe quanto sangue eu perdi nesses últimos tempos? Vocês têm sorte por eu não ter desmaiado ainda!

Raymond arqueou uma sobrancelha, claramente pouco se importando com a minha dieta. No entanto, fez um sinal despreocupado com a mão para que guardas me soltassem.

— Você tem razão, não irá servir de nada desmaiada. Sirva-se. — Ele arrastou a caixa de rosquinha para mais perto de mim. Senti o olhar dos outros agentes penetrando em nós dois.

Os guardas soltaram meus braços de imediato, acatando a ordem de seu superior, pois sabiam quem mandava ali. Eu também sabia. Me virei para um dos policiais ao meu lado e estendi minhas mãos algemadas com um sorrisinho de vitória. Ele apenas me encarou sem entender. Virei a cabeça de lado, em direção a Raymond que também me encarava com irritação. Ele sim sabia o que eu queria, e eu só estava começando.

— Qual é! Vocês estão em maior número e estão armados. Quem você acha que eu sou, o Jackie Chan? O Bruce Willis? Isso aqui não é o Duro de Matar, agente Rayland — brinquei, desprezando minhas habilidades.

Sorri ao trocar seu nome de propósito, aquilo era mais que uma birrinha boba mas era uma das poucas armas que eu podia usar no momento. Raymond sabia muito bem qual era meu jogo. Se ele colaborasse comigo, eu colaboraria com ele — ou assim ele achava. O agente me devolveu o sorriso, entrando no jogo.

— Como queira, Srta. Riazzo. Como você disse, estamos armados — Ele afastou levemente seu paletó escuro do corpo, exibindo o cabo de uma arma na cintura. Uma ameaça explícita. — Soltem-na.

— Ah, os rapazes também — falei como se não fosse nada. Aproveitei a liberdade das mãos para avançar na caixa de rosquinhas. — É um saco tentar comer com isso.

— Solte o menino — Raymond mandou, enquanto eu enchia a boca com quase uma rosquinha inteira.

— Hum... outro também — falei de boca cheia. Ofereci a caixa quadrada cheia de rosquinhas para Charlie, que pegou uma timidamente.

Ele ficava alternando o peso entre as pernas enquanto olhava para o chão, evitando contato visual com todos na sala. Ah Charlie..., pensei comigo mesma. Ele parecia estar apavorado com tudo aquilo.

— Ele não. — A voz do agente foi clara e dura. Voltei minha atenção para o verdadeiro problema que me encarava. Encarei-o de volta, tentando refletir sua dureza em meu próprio rosto.

— Ele sim. — Usei seu mesmo tom. Nos encaramos por longos segundos antes que eu decidisse não criar caso. Mais inteligente do que lutar, é saber quais lutas devem ser travadas. — Então você sabe o que a palavra “silêncio” significa. Bravo! Estava em dúvida se você sabia calar a boca. Mas está tudo bem sabe, desde que nos trouxe aqui eu juro que não consegui ouvi uma palavra — provoquei.

Joguei a caixa de rosquinhas ruidosamente na mesa e avancei sem me importar até onde Raymond se encontrava na outra extremidade. Ele ficou imóvel, diferente de alguns na sala que pegaram suas armas rapidamente. Parecia que esperavam que eu fizesse algo como roubar uma arma, matar todos e sair andando por aí, o que me fazia querer ri. Toda aquela prontidão significava apenas uma coisa: estavam com medo de mim. Eles me consideravam de alguma forma perigosa e estavam alertas ao meu próximo passo. Diferente de qualquer coisa que esperavam, apenas peguei o copo na frente de Raymond e dei um grande gole do liquido quente enquanto voltava para meu lado da mesa, tentando esconder um sorriso ao ver de relance três armas apontadas para mim.

— Tinha mesmo que ser café? Até um chá gelado seria melhor que isso. — Fiz uma careta. — Não, nada consegue ser pior que chá gelado. Não tinha Coca não?

Tirei a tampa do copo marrom reciclável e cheirei o conteúdo. Senti o cheiro da cafeína penetrar em mim antes de entregar o copo para Kane, ainda tinha mãos algemadas, mas agora com um sorriso de canto quase imperceptível. Ele aceitou de bom grado o café, segurando-o com as duas mãos.

— Quer uma rosquinha? — perguntei a ele, demorando-me em meu jogo de gato e rato. Kane balançou a cabeça e levantou seu copo como se fosse brinde satisfeito.

Senti um peso sendo retirado de mim. Kane aparentemente não achava meu exibicionismo gratuito ruim. Eu não sabia que estava preocupada até aquele momento. Normalmente não seria eu a se exibir, falando e fazendo o que eu quisesse, decidindo o ritmo da dança. Shade sempre foi melhor do que eu quando o assunto era se exibir para ser o centro das atenções, enquanto eu permanecia a analisar as possibilidades ao fundo. De agora em diante eu que tinha que dar conta daquela situação e de todas que vessem a frente. Não havia mais ninguém para me proteger.

A alguns passos de mim, Charlie mantinha sua rosquinha impressionantemente intocada, enquanto me encarava, quase boquiaberto. Crianças, pensei comigo mesma. Ele era imaturo demais para entender a situação, para saber que não era só o FBI que tinha poder naquela sala. Informação era a moeda preciosa que e eles vieram até mim para tentar obtê-la. Independentemente do que quer que eles queiram, isso dependia mais de mim do que deles.

Puxei uma cadeira para perto da mesa e me sentei para saborear mais uma rosquinha. Ouvi passos atrás de mim se aproximarem e pararem, então um copo de café aterrissou na mesa bem ao meu lado. Kane estava parado em pé a minha esquerda, literalmente ao meu lado para o que eu precisasse. Inclinei-me para trás e vi Charlie se sentado como se houvesse recebido uma permissão silenciosa para isso. Ele estava bem longe da nossa pequena formação de guerra, em um sofá ao lado de um agente com um notebook no colo, o qual fechou imediatamente quando Charlie se aproximou. Talvez fosse melhor que ele demonstrasse ser aquilo que realmente era; um adolescente como qualquer um, com medo das autoridades do governo. Era claro que Charlie não tinha nada a ver os assuntos Riazzo. Esperava que isso o ajudasse a ser solto.

— Agora que está acomodada, Srta. Riazzo — começou Raymond, focando em mim com seus olhos de um verde bem claro. — Está na hora de começarmos a discutir o viemos fazer aqui, além de alimenta-la, é claro.

— É claro — concordei, encarando uma nova rosquinha com calda rosa em minhas mãos.

A única coisa clara para mim era que eu não falaria nada para o FBI, afinal eu não era um rato. Algo que se deve levar em consideração sobre qualquer máfia é nunca, em nenhuma hipótese, colabore com os canas. Poderia ser a polícia, aeronáutica ou um guarda de rua mal informado. Qualquer um que mantivesse contato ou qualquer tipo de proximidade com um agente do governo poderia ser, no mínimo, expulso de sua família — E isso incluía falar com o FBI, obviamente.

— O FBI está ciente do que aconteceu em Yonks. — Alguém se pronunciou atrás de mim.

Me virei de lado na cadeira para ter uma visão melhor de todos na sala. Aparentemente quem havia falado era uma agente ruiva com um rabo de cavalo frouxo tão sem graça quanto seu terninho cinza claro.

— Sério? Talvez vocês devessem me contar o que aconteceu lá? — Fiz-me de desentendida.

— Você está alegando que não tem ciência da guerra entre duas das grandes famílias mafiosas de Nova York, uma que inclusive é a família onde seu pai, Matteo Riazzo é chefe, ou melhor, o Don? — interrogou a ruiva.

Apenas enchi minha boca e dei de ombros, mastigando lentamente o doce. Depois, lambi meus dedos cheios de açúcar um por um, antes de pegar um lenço do porta-lenços em cima da mesa do delegado. Fiquei exultante quando percebi que era umedecido. Continuei limpando minhas mãos, revirando-as como se fosse um objeto raro visto pela primeira vez até um estrondo forte e metálico interromper minha concentração. Levantei a cabeça e ergui uma sobrancelha para a ruiva parada na minha frente com uma das mãos contra um armário cinza de metal no canto da sala. Aparentemente ela tinha batido propositalmente e agora me fuzilava com raiva nos olhos. Era com aquele descontrole que eles lidavam com seus assuntos? Foi inevitável não lhe lançar um sorriso provocante para sua cara vermelha de irritação.

— Você prefere da forma mais difícil então? Ok — ela disse retoricamente.

A ruiva colocou a mão na cintura, tirando uma pistola preta dali. Analisei brevemente sua 9mm e conclui que era tão sem graça quanto o resto daquela mulher. Dei as costas para ela e peguei mais um lenço, esse para limpar meu rosto sujo e muito oleoso por tudo o que eu havia passado em quase 24 horas. Ela não ia me matar ali em uma delegacia cheia de testemunhas. Ou ia? Apostei que não. Kane se manteve tenso ao meu lado.

— Abaixe a arma, agente Davons. — Uma voz retumbante de mulher falou as minhas costas. Virei-me novamente para me focar na corpulenta mulher com voz poderosa no canto da sala, que até então não havia se pronunciado.

Estava acabando de limpar meu rosto e encarei teatralmente a agente armada. Joguei o lenço usado na mesa ao meu lado e levantei as mãos para cima, com se me rendesse.

— Então vai me matar para obter respostas, agente Davons? Não me parece muito inteligente — desafiei.

— Quem falou em matar? —ela semicerrou os olhos claros. Sua arma antes apontada para meu rosto, desceu devagar até está na mira do meu joelho esquerdo.

Aquilo iria doer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Qual foi sua impressão sobre essas novas figuras? Me diz o que você achou, vai! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Máfia em família" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.