What About Us? escrita por Afrodite


Capítulo 1
Único e último.


Notas iniciais do capítulo

Olá. Essa One foi dedicada a quatro pessoas. Em "All About Her", foi indicada a apenas três, mas o número aumentou e diminuiu e então parou em quatro. Dêem uma lida em AAH, está no meu perfil. Não precisa ler aquela pra entender essa, mas... Até que seria uma boa. Espero que gostem.

Ily...
Lucy D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/754472/chapter/1

Observo pela janela enquanto eles colocam as malas dentro de um carro e discutem. Seguro a xícara com força em minhas mãos, tentando segurar o impulso de não joga-la pela parede para acerta-los em cheio. Com certeza eu erraria, afinal a minha mira é tão boa quanto minha decisão para fazer amigos, mas o que custaria tentar? Abro a janela e faço um pequeno cálculo de quanta força precisaria para acertar o vidro do carro, mas a porta do apartamento sendo aberta me interrompe na hora que meu cálculo termina.

— Eu fiquei sabendo que você vai junto. — Comento quando sinto o perfume de Amanda entrar no cômodo. A porta se fecha, mas ela simplesmente não me responde. — Fique à vontade para vazar daqui.

— A culpa é sua. — Ela responde e cruza os braços quando viro para ela com a sobrancelha arqueada. — Trocar seus melhores amigos por uma garota? Isso é realmente sério?

— Eu não troquei ninguém. Vocês estão indo por opção própria. — Resmungo e coloco a xícara ao meu lado. Busco um maço de cigarro nos meus bolsos e acendo um deles com o isqueiro presente dentro do maço. Observo Amanda fazer uma careta quando sopro a fumaça na direção dela, mas seu corpo não se mexe. — O que você está fazendo aqui mesmo?

— Vim dizer que eles ainda querem tentar. Se você parar de mentir e...

Antes que ela termine de falar, começo a soltar altas gargalhadas. Apesar de ter sido diagnosticada com mitomania, nunca senti que as palavras que disse a eles fossem mentiras. Claro, menti algumas vezes para minha própria sanidade mental e para manter outras pessoas longe do ódio gratuito e sem fundamento deles, mas mentir em relação a ela? Nunca disse algo que a comprometesse, mas também nunca disse coisas que não existiam. Na verdade, abri a boca sobre ela apenas algumas vezes, quatro no máximo, e garanto que nenhuma dessas vezes foi o suficiente para terem ódio dela.

Cruzo as pernas e trago o cigarro mais uma vez. Amanda continua me encarando, no entanto, seus olhos trazem raiva e decepção. Tento manter o rosto sério, mas a pequena ruga que se forma em sua testa, uma ruga de preocupação, me faz rir novamente.

— Eles não te contaram nada, não é? — Questiono enquanto a fumaça sai de minha boca a cada palavra dita.

— Me contaram o suficiente. — Retruca e bufa em descontentamento.

— Não, eles realmente não te contaram nada. — É uma pena que esteja sendo tão... perdão, mas não tem outra palavra. Tão burra, Amanda. Mesmo quando eles fingiram que eu não existi e mentiram pelas minhas costas, você continua ao lado deles. Por quê?

Amanda dá de ombros e continua me encarando. Consigo notar, por trás de toda a fumaça que flutua do cigarro e de minha boca, que seus olhos estão marejados e que ela faz um bico, o mesmo bico que sempre fazia quando brigava com outra amiga nossa a um tempo atrás. Jogo o cigarro no chão e piso em cima dele ao me levantar para evitar um incêndio. Ando até ela sem proferir uma palavra, mas nesse exato momento não são precisas palavras. Ela quer que eu peça desculpas, mas no fundo sabe que não vou voltar atrás, afinal sou uma pessoa teimosa e praticante da lei do desapego.

Sinceramente? Na noite do ano novo, eu queria não ter juntado os dois. Na verdade, queria ter escutado Carlos no momento que ele disse que os dois iriam me deixar assim como Danielle e Leonardo fizeram antes. Apesar de detestar Carlos com todas as minhas forças, algo em meu coração, um instinto que sempre pisca quando algo vai dar errado, me alertou que ele estava certo e que eu seria deixada de lado.

Claro que não pensei que isso aconteceria um ano e um mês depois que Lucas e Maria começaram a namorar.

Claro que torci para a felicidade deles. Esse sempre foi meu instinto na terra: cuidar daqueles que amei de todo meu coração. Se Deus me deu uma missão diferente dessa, a hora correta para apresentar essa missão seria exatamente agora. Se não sou boa como cupido, afinal as pessoas que eu junto sempre se vão, então no que sou boa?

— Pare de se iludir. Vá para casa. Agarre qualquer coisa que eu te dei e jogue fora. — Recomendo, me aproximo e beijo-a na testa com cuidado. Ela solta todo o ar que tem guardado desde que me aproximei e me encara horrorizada. — Você vai com eles, mesmo quando eu disse que era para eles te deixarem aqui, assim como pedi para o Eduardo ficar. Mas vocês dois vão ficar ao lado deles, não importa o que eu diga. Então me faça esse favor, Amanda. Jogue fora tudo o que te lembre de mim e me esqueça.

— Tudo isso por uma besteira que você fez?! — Ela grita e bate em meu braço. — O que há de errado com você?

— O que há de errado comigo? — Grito de volta e aponto para trás, indicando o carro e rindo sarcasticamente. — Eles! É isso que há de errado! Tramaram pelas minhas costas enquanto eu confiava nela e esperava que ele viesse, ao menos, me desejar bom dia! A mentirosa é ela, Amanda! Ela me disse que não contava nada sobre nossas conversas para ele, e no final das contas era ele quem estava falando comigo através dela esse tempo todo! Você ainda quer que eu peça desculpas mesmo sem ser a mentirosa da situação? Você me conhece há mais tempo do que conhece eles, devia estar ao meu lado e me escutar ao invés de dizer coisas das quais não se importou em saber!

Me afasto dela e volto a sentar perto da janela. Maria me encara do carro, mas não vejo Lucas em lugar algum. Ou ele está dentro do carro, ou está dentro do prédio. Peço aos céus que não seja a segunda opção, caso contrário ele será recebido com uma xícara na testa. Continuo encarando Maria e encosto o dedo indicador na lateral de minha cabeça, simulando uma arma. Aperto o gatilho imaginário e sorrio para ela quando seus ombros caem. Cruzo os braços quando Lucas aparece e ela aponta para mim, fazendo-o me olhar.

— Vai ficar com a Barbara mesmo? — Amanda me pergunta e ouço a porta sendo aberta. Ela está de saída pela última vez.

— Vai ficar com eles mesmo? — Olho por cima de meu ombro e vejo-a assentir. Inclino a cabeça para o lado e sorrio. — Foi o que pensei. Tenha uma boa vida, Amanda.

Viro-me para frente e aguardo ela fechar a porta, mas o barulho não vem. Estranho o barulho de outra respiração atrás de mim, afinal ela é extremamente discreta até mesmo quando respira, o que me faz virar para trás e perder o rumo de meus pensamentos ao ver Eduardo. A barba que eu tanto amava elogiar está crescendo mais uma vez, fazendo meu coração derreter um pouco. Lembro da situação atual e ergo a sobrancelha direita, desafiando-o a falar algo coerente.

— Não me abandone, está bem? — Ele pede baixinho e abaixa a cabeça. Seu repentino pedido me faz levantar e andar até ele, abraçando-o com força e enterrando o rosto na curva suave de seu pescoço. Seus braços me envolvem e me balançam levemente, me trazendo um momentâneo conforto. — Eu ainda estou ao seu lado, não se esqueça disso.

— Ah claro. Se está ao meu lado, por que está indo com eles? — Pergunto com a voz entrecortada. Seu peito treme quando ele solta uma risada seca, me fazendo sorrir também. — Para de rir, eu estou triste apesar de tudo.

— Estou indo porque eles vão se matar de tanto brigar mais para frente. Sabe como é né, a pacificadora do casal foi você durante um longo ano. Agora o pacifista sou eu. — Ele beija minha cabeça e se afasta aos poucos. Seguro sua mão pela última vez e sorrio. — Tchau, Lety.

— Tchau, Edu.

Observo-o sair pela porta a última vez, fechando-a e deixando que ela permaneça assim. Olho para o lado de fora do cômodo e espero que ele apareça e entre no carro. Assim que o faz, Eduardo olha para mim mais uma vez e acena. Mando um beijo para ele e cruzo os braços. Um nó se forma em minha garganta. Assim que ele entra no carro e o veículo se vai, sinto uma lágrima escorrer por meu rosto.

Essa foi a última vez de tudo.

Última vez que os vi.

Última vez que abracei Eduardo.

Última vez que brinquei de ser Cupido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, espero que tenham gostado. Essa One foi escrita em um momento de nostalgia onde tudo que eu fazia era conversar com pessoas extremamente importantes pra mim. Moral de tudo isso: não brinque de cupido. Não faça posts na internet incentivando as pessoas a namorarem. Não, não vou pedir comentários. Toda minha coragem foi usada pra postar isso sem chorar, então não vou procurar uma coragem inexistente para pedir comentários. Comente se quiser. É isto.

Ily...
Lucy D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "What About Us?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.