Escarlate escrita por Nirv


Capítulo 1
Por que ele é Escarlate.


Notas iniciais do capítulo

Eu espero do fundo do meu coraçãozinho que vocês gostem.

Essa história veio de outra minha, chamada "Negros". Recomendo que leiam, para perceberem a sutileza dos sentimentos que eu quis colocar em cada uma das duas.

Love yah
Boa leitura e muito brigadeiro pra vocês.



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Você esta correndo para algo?

Ou corre de algo?

Você apressa o passo. Ele te acompanha lentamente, e seu coração começa a apertar na medida em que escuta o tênis dele tropeçando nas rochas logo atrás de ti.

Em algum momento, você se vê correndo por todo o espaço a sua volta, rindo enquanto ele te segue. Te persegue. Suas pernas correm sem qualquer esforço, e você sente como se estivesse no automático. A sensação é libertadora.

Azuis. Os olhos azuis do garoto atrás de ti te seguem por cada canto, te perfurando como milhares de pequenas agulhas perfuram aqueles em coma. Você sente em suas costas a profundidade daquele universo acizentado. Sente o mar lhe invadir o peito, assustada demais com o vazio daquele azul. Você sente as ondas violentas se quebrando contra as paredes de seu coração.

Malditos olhos azuis.

Vez ou outra você vira a cabeça apenas para ver se ele ainda a segue. Sua camisa xadrez cinza, assim como seu cabelo rebelde,  balança com o vento. Ele está sorrindo também. E estende a mão tentando te alcançar. Ele está assustadoramente perto.

Em algum momento de distração, você bate em algo a sua frente. Seus longos cabelos negros de pontas azuladas acabam totalmente bagunçados. O impacto é forte. Ele está na sua frente. E olhando em seus olhos, ele encosta em seu rosto com as pontas dos dedos. Gélido.

E de repente, você está caindo.

Você está caindo por um abismo escuro. Totalmente Negro. Alguns pequenos flashes violeta correm por sua visão na medida em que o ambiente escurece. Na medida em que você cai por um vazio imenso, o Caos te consome.

Você está caindo.

O abismo é áspero. Duro. Ríspido. Rude. Você observa as paredes com medo demais para toca-las enquanto cai. Elas parecem machucar. Elas vão machucar. Mas a curiosidade grita e explode dentro de sua cabeça. Você se sente como uma criança descobrindo o mundo sem saber dos perigos que existem em cada esquina. Sem saber dos perigos que existem dentro de cada vazio.

Você está caindo.

Você não consegue mais respirar. Cada célula de seu corpo parece se trancar para você. Você sente cada gota do seu sangue ser preenchida por uma adrenalina incontrolável. Sua garganta aperta. Os olhos doem.  Os ouvidos travam.  Uma angustia absurda lhe invade o peito. Você não consegue respirar. Não consegue falar. Ouvir. Sentir. Ver. Você está em desespero. Você sente cada pedaço de seu corpo quebrar, rasgar, triturar-se. E Sumir. O vazio te consome.

Você sente as borboletas de seu estômago, que te acompanhavam desde o inicio da queda, se agitarem a medida que você cai. O bater das asas começa a lhe incomodar, e chega a lhe machucar. Suas belas asas caem sobre si mesmas, e se transformam em assustadores instrumentos cortantes. Elas te matam de dentro para fora. Devoram-te por dentro.

Você está caindo.

Você sente um odor lhe subir as narinas. Ferro. O Cheiro de sangue lhe causa náuseas, e você parece prestes a perder a ultima gota de lucidez que lhe restava. É angustiante.

Você está caindo.

Aos poucos, pequenos arranhões aparecem por toda a extensão do seu corpo. Pequenos filetes de sangue aparecem por cada centímetro da sua pele, como se garras estivessem arranhando todo o seu corpo. Arde. Arte.

Você está caindo.

Tudo que você ouve é um zumbido. Um pequeno pedido de Desculpas. Mentiras. Você está caindo pelo precipício da loucura, perdendo cada vez mais sua sanidade. Você é insano. A dor é insana. Sua cabeça não para de repetir as palavras que ouve do vazio. Desculpa. Desculpa. Desculpa. Não há força naquilo que é dito.

Mentiras.

Você está caindo.

Cada vez mais o abismo em que você cai se afunila. Mais e mais estreito. Sufocante. Pesado. Morto. Escuro. Você sente cada pequeno pedaço de seu corpo estremecer. Tudo doi. Tudo machuca.

Você está caindo

Você não quer mais cair.

E então, com o pouco da força que lhe resta, você se joga para frente e agarra firmemente as paredes do abismo, sentindo as rochas fincarem e arrancarem toda a pele da sua mão. O sangue borbulha, e aquece com o atrito.  Você deixa rastros de vermelho ferro por onde suas mãos passaram.

A dor é grande demais. Grande demais.

Você sente seu corpo queimar com o impacto.

Você parou de cair.

Longos segundos se passam sem que você consiga mover um músculo do seu corpo.

O abismo abaixo de ti não parece ter um fim. Assim como sua dor.

Você não conseguirá sair. Você sabe disso.

Então, com as mãos vermelho vivo, você agarra uma estalactite que estava pouco acima da sua cabeça. E então, ela lhe presta um favor. Ela lhe alivia o peito. Lhe alivia a dor.  

Ela lhe mata.

Você se mata. 

E você começa a ver suas mãos se desfazerem sob seus olhos.

Você não mais cairia.

Não mais.

Pois aquele abismo era negro.

E seu amor era vermelho

Vermelho escarlate.


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Notas finais do capítulo

Vejo alguns de vocês nos comentários.
Beijos
Até logo, Mafe.



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