Ainda me lembro de você, Matthew. Meu primeiro amor. Éramos jovens e inocentes demais para compreender. Porém, estranhamente, funcionava, e aparentemente ninguém reparava nisso. Não reparavam em como eu sorria para você, em como você me mantinha sempre por perto, mas nunca perto demais. Não reparavam em como para mim você era especial. Tudo ótimo assim.

Certa vez eu estava sentada no banco no final do intervalo. Encarando o chão enquanto balançava as pernas, para a frente e para trás. E então percebi outra presença próxima. Era Youngji, sentando-se ao meu lado.

"Somin, de quem você gosta?" Perguntou, sem rodeios.

Passaram-se vários segundos antes de minha resposta ser proferida: "Matthew." Novamente um silêncio.

"Eu também."

Ambas permanecemos ali, sentadas encarando o chão, e mais nenhuma palavra foi dita.

Ao invés de deixarem o local, pois já havia dado o horário, os garotos jogavam cartas, competindo entre si. Era bobo levar isso em conta, mas era importante para eles. Importante para você, Matthew.

Eu estava ao seu lado, sentada bem próxima. Nunca próxima o suficiente para você se sentir desconfortável. Pelo menos eu acho. Você me avisaria caso eu estivesse te incomodando, certo? Eu não me perdoaria se soubesse que você não estava confortável assim comigo.

Mesmo sendo algo idiota, eu torcia por você. Queria ver você feliz. Queria que soubesse que você é o melhor. Eu te amava tanto.

Na sala de aula, fazíamos brincadeirinhas bobas. Competíamos até para ver quem acabaria a cópia primeiro. E apesar de querer te impressionar, adorava te ver feliz por vencer.

Mas eu via. As outras garotas. Aparentemente todas gostávamos da mesma pessoa. Você ia até a casa delas, passava bastante tempo com elas. Ficava chateada por não poder aproveitar tanto a sua companhia, e até mesmo tinha medo de nossa pseudo-amizade estar ameaçada. Isso era meu combustível. Poder te apreciar, mas sempre até certo ponto. Sempre com você se limitando a sorrir para mim, e em seus olhos eu via que você sabia. Talvez não os entendesse por completo, mas tinha noção de meus sentimentos.

Entretanto, tudo que é bom parece durar pouco.

Você foi embora. Simplesmente foi. Sei que você jamais tomaria a iniciativa de mandar mensagens, e eu não teria coragem de enviar alguma. Quase quatro anos se passaram.

Em uma festa, para reunir a turma antiga, eu te vi. Você apenas me olhou com um sorriso sugestivo e meu mundo parou. Seria meu sonho?

Assistimos ao filme qualquer de terror que haviam escolhido, você ficou de mãos dadas com outra garota. Mas você estaria perto, e apenas isso que importava.

Quando percebi que teria de ir embora, me tremi por inteiro. Te abracei forte, com os olhos quase úmidos. Eu não queria te soltar. Você logo me afastou, desconcertado. " Já 'tá bom, 'tá bom..."

Nunca mais nos vimos.

Ainda me lembro de você também, Jiwoo. Quando me registrei em um site qualquer, você foi a primeira a puxar assunto comigo. Porém, quase nunca conversávamos. Me contentava em apenas ver suas postagens, estava ótimo assim.

Não sei o que aconteceu. Em algum momento você decidiu que conversaríamos mais. A dinâmica era clara: eu enviava mensagens, e você respondia as que tivesse vontade. Era assim que funcionava. Você passou a me dar cada vez mais atenção. Isso durou mais de um mês, enviando declarações de amor para você. Você correspondia, á seu modo.

Antes que aquilo fosse longe demais, eu me afastei. Ficamos um bom tempo sem nos falarmos. Você não me mandou mensagens, não me procurou. Gostei disso.

Você ficou brava, e eu nem liguei. Você é possessiva demais. Aceite de uma vez que eu não pertenço a você. Eu posso conversar com outras pessoas sempre que eu quiser, não estou nem aí se você gosta ou não. Pare de dizer que sou sua, isso me assusta.

Eu nunca te esqueci, Taehyung.

De todos que eu citei, você é quem me entende melhor. Você colabora. Nos conhecemos há mais de dez anos. Você é o melhor.

Já fazem dois anos que estou completamente apaixonada por você.

No começo, você não entendia. Me olhava torto, me julgava. Tive de dizer em alto e bom som: "Sim, eu gosto de você, mas não quero mais que amizade."

Lamento comparar vocês dois, mas a verdade é que Matthew colaborava mais, facilitava muito mais e questionava bem menos. Porém, você não foi embora.

Adoro quando ficamos conversando sobre aleatoridades, rindo de piadas politicamente incorretas. E então eu te encaro como se você fosse a luz da minha vida, você resmunga e me olha. Não me olha de maneira especial. Me olha da mesma forma que olha para todo mundo, deixando claro que seus poucos sentimentos por mim são mínimos.

Se meus sentimentos por você fossem dinheiro, eu estaria morando em uma mansão luxuosa e teria comprado uma para você, já que não permite que tenhamos intimidade.

As pessoas não só falam pelas costas, mas na minha cara também, que sou trouxa, obcecada, atirada...

Assim somos felizes. Ocasionalmente, nossos caminhos se cruzam e nossos olhares fazem o mesmo em um acordo silencioso.

Prometo que vou te amar mais do que já amei qualquer um, e você promete que jamais me amará da mesma forma.