Aurora escrita por Clarinna


Capítulo 8
Trevos e Borboletas


Notas iniciais do capítulo

IUPI.

Curtinho esse, uma fofurinha.



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No dia seguinte eles não conversaram muito, apenas fizeram o caminho familiar até o campo aberto perto do parquinho e se deitaram nas moitas de trevos de quatro folhas. Ele já estava achando o silêncio um pouco incomodo quando ela virou o rosto e disse:

— Meus pais ligaram essa manhã. – os olhos dela focalizavam algum ponto além dele – Os dois, separadamente. Querem que eu volte para Londres.

 Harry tamborilou os dedos entre os trevos nervosamente, tendo que enfrentar aquela conversa mais cedo do que havia imaginado. O fim de Julho já se aproximava, mas ainda havia Agosto inteiro, e a concepção de não ter mais Aurora na Rua dos Alfeneiros era quase tão ruim quanto sentir todos os ossos do braço sumirem.

— Quando? – perguntou cautelosamente.

— Daqui um ou dois dias. – ela deu de ombros, a voz estava um pouco afetada – Já pensei sobre isso, e é injusto comigo que eles se lembrem de me querer de volta quando finalmente  precisam de mim. Mas é injusto com eles que eu não volte quando realmente precisam de mim.

Ele, infelizmente, precisava concordar com ela, visto que essa questão não era apenas sobre Harry e suas férias frustradas, mas sobre o casamentos do pais dela e a futura casa que ocuparia quando voltasse para a capital.

— Volte para eles. – ele recomendou – As coisas vão melhorar, você vai ver.

— Para nós dois, eu espero. – ela sorriu tristemente, então se deitou de lado e o fitou com atenção excessiva – Posso perguntar uma última coisa?

— Depende do que você for perguntar. – ele se virou de bruços na grama e apoio a cabeça nos braços, ficando com o rosto virado na direção dela.

— Você acha que gente vai se ver de novo algum dia? – essa pergunta o atingiu como uma flecha bem no meio do peito, e o tom em que saiu a voz dela fez tudo ficar pior, porquê era o tom de quem já tinha a resposta para a pergunta que fazia - Não é muito provável que eu volte no próximo verão, sabe. 

— Sinceramente? – ela fez que sim – Não, não acho que a gente vai se ver de novo, tão cedo. 

— É. – seus olhos ficaram um pouco caídos após a afirmação – Talvez, um dia, quando você estiver em Londres, a gente se esbarre.

— Talvez. – ele não sabia a real probabilidade de aquilo acontecer, à luz do retorno de Voldemort e a da guerra iminente seus próximos dias seriam de incertezas. 

Aurora voltou a posição inicial, de barriga para cima, e usou as mãos para tampar os olhos do sol, ou para tampar a tristeza que eles transpareciam.

— Se você puder me contar seu segredo nesse dia, eu vou ficar muito feliz. – ele sorriu com a inocência daquelas palavras.

— Será que você vai se lembrar de mim? – sua testa se franziu.

— Ah, Harry, me poupe. – ele fechou os olhos, pois sabia que iria querer se explodir em milhões de pedaços de embaraço e prazer no momento em que ela dissesse as próximas palavras – Eu nunca vou me esquecer de você.

Várias borboletas laranjas e pretas começaram a ronda-los, e até a pousar sobre eles, e Harry se lembrou do juramento. O modo como ele a contemplava provavelmente expressava para ela que, se tinha alguém de quem ele não se esqueceria, na vida, era de Aurora Young.


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