Você aí, acha que sabe o que vai acontecer no futuro? Ou então, acredita ter pelo menos uma leve ideia? Afinal, depois que as pessoas fazem uma escolha, elas já começam a pensar até onde serão levadas por causa dessa decisão.

Bom, era assim que Koala pensava quando entrou no exército revolucionário, iria participar de estratégias militares, combates, treinamentos, o que a deixava muito empolgada. Porém, ela tinha uma paranoia, não se sabe ao certo o porque disso, talvez pela sua traumática experiência com os tenryuubitos, mas acreditava que morreria jovem, na primeira missão quem sabe? Mas o que importa é que pelo menos tinha tentado não é mesmo? Então já que não tinha muito tempo pela frente mesmo, faria o possível para encarar tudo com um grande sorriso no rosto. Era assim que ela pensava... Até conhecer Sabo.

     - É por isso que eu disse que era uma péssima idéia!

     Tampou os rostos com as mãos, por que, por que, por que era sempre persuadida por Sabo a fazer loucuras?? Se estar procurando provas incriminadoras no quarto de um dos maiores aliados dos revolucionários não era loucura, então ela certamente não sabia o significado da palavra.

     - Deve ter alguma coisa.

     Sabo como sempre, ignorou a preocupação de Koala e continuou remexendo no armário. O que só a deixou mais irritada.

     - Já chega, vamos embora.

     Agarrou as bochechas dele, era só assim que conseguia alguma atenção daquele cabeça de vento

     - Nau, dejjamu paxa alguma coisja.

     - A gente já ta aqui faz uma hora e não achamos nada.

     - É purfque ta ishcuru.

     - Agora essa é sua desculpa.

     Ele apenas a continuou encarando emburrado.

   - Escuta aqui, você não pensa que se formos encontrados, o cara vai pensar que fomos mandados pelo Dragon-san e vai ser pior ainda quando ele for tirar satisfações e o Dragon-san descobrir!!!

    Sempre tentava colocar juízo na cabeça dele, mas ele apenas a encarava novamente e parecia não ouvir nada do que ela dizia.

     - VOCÊ SEQUER OUVE O QUE EU FALO!!!?

     Soltou as bochechas dele bruscamente, tremendo de raiva.

     - Ah sim.

   Mentiu na cara dura, mas não era culpa dele se não conseguia prestar atenção no que ela dizia, já que estava completamente hipnotizado pela garota. Tentava guardar cada gesto, cada expressão em sua memória, tanto que esquecia de ouvir o que ela falava, o que era pior ainda quando seus olhos se encontravam e ele se perdia ainda mais naquele maravilhoso  tom de azul escuro.

     Esse ‘costume’ parecia se intensificar cada vez mais, no começo só a parceira se irritava, mas recentemente até ele se irritava consigo mesmo, já tinha pensado na possibilidade disso ser por que ela falava e se preocupava demais, mas no fundo ele sabia, mesmo que não admitisse, que na verdade, era por causa do medo inconsciente que tinha de perder a memória outra vez. Nunca comentava sobre isso com ninguém, mas as vezes, do nada, parecia ouvir a voz de crianças chamarem pelo seu nome, mas quando se virava, não tinha nada. Aquele sentimento, que você parece estar esquecendo algo muito importante, sempre o deixava com um enorme e angustiante vazio, bem no fundo de sua alma.

     -... e então você sai depois. Entendeu?

  Percebeu que novamente não tinha prestado atenção na parceira, então apenas concordou com um leve aceno de cabeça.

     - AH DESISTO.

    Ela acabara de falar um monte de baboseiras para ter certeza que recebia atenção e ele ainda concordou, resolvida a não se meter em problemas foi em direção a porta jurando que era a ultima vez que concordava com as maluquices daquele idiota, enquanto Sabo soltava um suspiro cansado e começava a segui-la.

   Foi quando ouviram o som de passos pelo corredor e congelaram, Sabo foi até a porta e encostou seu ouvido, percebendo que estavam prestes a abri-la. Em menos de 2 segundos, arrastou Koala para dentro do closet cheio de roupas, deixando a ‘coitada’ espremida entre ele e o que parecia ser um casaco de pele. Estava completamente escuro e silencioso.

     - Não diga nada.

    Sussurrou próximo ao ouvido de Koala, que sentiu a pele se arrepiar. De repente, ela não suportava o calor daquela proximidade toda, parecia que seu corpo pegava fogo. Tentou empurra-lo para se afastar.

      - Você vai me jogar pra fora.

    Sua voz parecia um tanto irritada, talvez por causa daquela súbita rejeição. Mas só serviu pra ele imprensa-la contra as roupas com mais força dessa vez.

   Resultado. Acabaram ultrapassando a primeira camada de roupas dos cabides e chegaram aos tropeços até o suposto fim do armário, que graças a Deus pensou Koala, era maior do que pensaram. Estava pronta para reclamar por ter batido as costas, mas Sabo se precipitou:

     - Foi mal, te machuquei? – Sussurrou.

     - To b... – congelou.

     Ouviram a porta do quarto rangendo, seguido pelo som de passos pesados e reclamações, ele não estava sozinho.

  Koala até tentou entender o que diziam, mas estava muito concentrada em controlar a respiração, seu coração parecia que ia sair pra fora a qualquer momento. Talvez Dorg não abrisse o closet naquela noite, podia estar muito cansado até para se trocar, podia estar bêbado e ir direto para cama. Mas é claro que não teríamos essa sorte né, pensou quando ouviu os passos ficando cada vez mais próximos.

     Sabo, que estava bem do seu lado logo a puxava para o canto e cobria o corpo dela com seu. Caso a porta se abrisse e Dorg adentrasse um pouco mais, veria apenas ele. Estava sendo protegida. Mesmo naquela situação, um pequeno sorriso de felicidade e satisfação preenchia o rosto da garota.

     A maçaneta fez um clique.

  Koala se agarrou a Sabo pelas costas tão repentinamente que ele quase perdeu o ar. Ela estava extremamente próxima, pressionava tanto o corpo contra o dele que podia sentir toda sua extensão, das coxas até a cabeça. De repente, ele se sentia tonto, queria agarra-la ali mesmo e fazer o que bem entendesse, além de toda aquela tensão, pode sentir o corpo esquentar de tal forma que o fez começar a contar mentalmente para se acalmar.

  A porta se abriu. Eles pararam de respirar. Enquanto o homem guardava suas roupas, pareceu um momento eterno, até que se fechou novamente.

    Demorou mais alguns segundos pra raciocinarem.

    Caíram de alivio contra a parede dos fundos, não sabia como escaparam dessa, talvez a visão dele estivesse ruim, ou estivesse bêbado, ou a sorte finalmente havia aparecido pra eles, pelo menos uma vez na vida.

     Ficaram em silêncio pelos próximos 30 minutos, até que Sabo viu que o homem já dormia e caminhou pelas pontas do pé até a saída, com Koala logo atrás. Ajeitaram seus disfarces e foram em direção a saída do prédio. O ambiente estava calmo e silencioso, olhando eles caminhando de mãos dadas tão tranquilamente, como um casal qualquer, ninguém diria que estavam completamente atentos a qualquer movimento.

    Quando já se encontravam afastados por pelo menos 4 metros do prédio, começaram a acelerar os passos. Antes de perceber, Koala já corria logo atrás de Sabo, ainda de mãos dadas, parecia que toda aquela tensão estava saindo e dando lugar para o entusiasmo, sorriam involuntariamente.

     - E-espera Sabo. – eles pararam. – acho que aqui já esta longe o suficiente.

     - É acho que sim.

     Ela ainda tentava recuperar o fôlego, mas quando se olharam, foi inevitável. Começaram a gargalhar como uns loucos.

    - Você tinha que ter visto a sua cara de assustada.

        - Minha nossa, para, não consigo respirar.

      E ficaram assim por mais alguns segundos. Até que se cansaram e sentaram em um pequeno muro. Koala ainda secava algumas lágrimas.

       - Viu, não foi tão ruim assim.

       - A gente teve sorte dessa vez idiota, mas eu já estava pensando em todo tipo de desculpa para dar ao Dragon-san. – Inflou as bochechas.

       - Você se preocupa demais Koala.

      - E você não se preocupa com nada. – voltou a encara-lo.

     Estava pronta para começar outra bronca, mas ele a olhava tão intensamente, que ela quase esqueceu como respirar. O que estava acontecendo?  Ao mesmo tempo em que queria sair correndo de la, não conseguia se mover.

      - Sabo?

     Sua voz saiu tão baixa que nem ela tinha certeza se tinha falado.

     Não sabia direito o que estava fazendo, sempre escondera a atração que sentia pela parceira, mas aquela noite estava tão cheia de emoções que acabou influenciando ainda mais o seu lado aventureiro.

      Ele se levantou do muro e caminhou lentamente até ela, ficando a centímetros de distancia. Nossa, ela parecia ainda mais linda com a luz da lua em seu rosto, com o rosto bem rosado e...

       POR DEUS, ele estava virando um maldito poeta ou o que? Aproximou seu rosto ainda mais, deixando escapar um sorriso simples e malicioso ao mesmo tempo.

        - Por que esta sorrindo?

     Koala não sabia como reagir, seu coração ia parar a qualquer momento. Desde quando era tão difícil respirar perto dele? Tentou conseguir mais ar abrindo um pouco a boca.

       - Não sei. – Estava ali, aquela sensação de estar quase pegando fogo.

     Quando seus narizes já se encostavam, ele a puxou contra si. Ele estava ficando louco ou parecia que eles se encaixavam perfeitamente? Só Deus o ajudaria a esconder sua atração depois daquilo.

       Sem resistir mais, ele a beijou. Tudo ao redor deles pareceu sumir, se encaixavam perfeitamente. O calor tomou conta deles, Sabo segurava Koala com tanta força que sentiu que ia desmontar, suas mãos estavam enroscadas em seus fios loiros, e ainda bem pensou ela, que estava sentada, por que já não sentia tanta firmeza no corpo.

        Com dificuldade, eles pararam ainda ofegantes e se olharam, completamente apaixonados. E como se levasse um choque de realidade, Koala arregalou os olhos e ficou ainda mais vermelha.

        - Koala?

        Ela o empurrou.

        - Desculpa Sabo, eu to morrendo de vergonha. – levantou do muro e tampou o rosto com as mãos.

        - Ah bem.., sim, mas...

        Ela saiu correndo. Deixando ele completamente chocado, de todas as reações, essa era a que ele menos esperava.

        - E-EI ESPERA KOALA.

        E ele saiu correndo atrás dela.

      É, depois de conhecer Sabo a vida dela nunca mais foi a mesma e agora, estava prestes a mudar ainda mais.