My Little Ghost escrita por Cisne Negro
Notas iniciais do capítulo
Ois, essa é minha primeira fanfic IchiRuki, então sejam pacientes comigo ^^
Espero que gostem
— Vamos lá, Ichigo, conte mais uma vez. — A mulher tinha a voz doce, quase hipnótica, mas toda essa magia era quebrada sempre que ela fazia aquele pedido.
— De novo?! — Ichigo, que estava sentado no divã, acabou elevando a voz. Ela já o havia feito contar aquela história zilhões de vezes, e ele não entendia o porquê de precisar reviver aquilo em todas as sessões — Eu já contei tantas vezes, isso é ridículo!
— Não se trata do que você diz, mas de como se sente com isso. — Ela tentava fazê-lo entender aquilo sempre que o pedia para contar. Sim, ela tinha total conhecimento de que dizer aquilo outra vez fazia com que ele se sentisse culpado, triste... E é justamente isso que ela quer mudar — O objetivo aqui é fazer com que você entenda que não teve culpa, Ichigo.
— E como sabe disso?! Você não estava lá! Não sabe de nada! — Sim, ele estava com raiva! Todos lhe diziam que ele não poderia ter feito nada, que foi apenas um acidente, mas a verdade é que ele estava lá, ele sabe o que aconteceu, ninguém mais!
— Tem razão, eu não estava lá, mas a questão é que foi um acidente. Ninguém teve culpa, Ichigo! — Era compreensível que ele sentia falta dela, mas precisava superar — Agora, me conte o que aconteceu naquela noite.
— Está bem...
“Estava escuro. Tatsuki e eu estávamos voltando de um grupo de estudos, já passava da meia-noite. Eu insisti para que ela me deixasse dirigir, mas ela não quis, disse que eu estava muito cansado e precisava dormir um pouco. Como eu realmente estava cansado, pois tinha passado a noite anterior acordado ajudando meu pai na clínica, não discuti muito. Acabei adormecendo.
Eu acordei com um grito, foi tudo muito rápido. Tudo o que me lembro é de dois faróis em nossa direção e do nosso carro capotando duas, três, quatro vezes. Depois disso, só escuridão.
Acordei dois dias depois, no hospital do pai de Ishida.”
— E foi então que lhe disseram que Tatsuki... — Ela sempre evitava dizer a palavra, Ichigo não entendia o porquê. Morta, Tatsuki estava morta!
— Sim...
— Disseram que você não quis saber o que houve com as pessoas do outro carro... — Viu ele acenar com a cabeça — Posso perguntar o motivo?
— Por que eu iria querer saber? Não traria Tatsuki de volta e... Sinceramente, eu não me importava.
— Alguma vez você já sentiu curiosidade em saber?
— Nunca. — A resposta rápida a deixou surpresa. Você sofre um acidente onde perde sua namorada e não quer saber o que aconteceu ou quem estava no outro carro? — Sempre que falavam disso nos jornais ou até mesmo na escola eu simplesmente me afastava. Tudo o que eu sei é que o carro era de uma família rica e eles se ofereceram para pagar uma indenização.
— E por que seu pai não aceitou o dinheiro?
— Eu pedi para que ele não aceitasse. — Deitou-se no divã, sem se dar conta de que o fez. Em nenhum momento ele olhou para a psicóloga, e ela entendia o motivo. Era sempre assim, ele se sentia envergonhado por não ter salvo a namorada, por não ser capaz de lidar com isso sozinho... Ela entendia — O dinheiro deles também não traria ela de volta.
— Você sente raiva deles, Ichigo?
Aquela pergunta o pegou de surpresa. Normalmente ela sempre faz as mesmas indagações, tanto que ele já sabia exatamente o que responder, mas isso... Isso ela nunca perguntou.
— Eu... Acho que não. Como você disse, foi um acidente.
— Se você não culpa a eles, que bateram no seu carro, por que culpa a si mesmo, que sequer estava consciente quando aconteceu? — Agora sim! Haviam chegado exatamente onde ela queria. Levou tempo e exigiu paciência, mas finalmente chegaram nesse ponto!
Mais uma vez a pergunta o pegou desprevenido. Talvez... Talvez Ichigo apenas precisasse de alguém para culpar e, entre os causadores do acidente e ele, escolheu culpar a si mesmo. Mesmo que diga que não sabe nada sobre as pessoas no outro carro, ele sabia. Sabia que uma mulher havia morrido e uma menina da idade dele estava em coma. Culpá-los parecia errado, o sofrimento deles era igual ou maior que o seu.
Antes que pudesse formular uma resposta boa o bastante, a campainha tocou anunciando que a sessão havia acabado.
— Salvo pelo gongo. — Ela falou e ele riu, mesmo que minimamente.
— Até semana que vem, Drª Yadōmaru.
— Até, e lembre-se de tudo o que falamos hoje.
Após murmurar um "tá", saiu da sala o mais rápido que pôde. Por mais que se recusasse a admitir, as conversas com Lisa estavam o ajudando, mesmo que não pudesse dizer toda a verdade para ela.
No caminho de volta para casa, passou numa floricultura. Levaria uma rosa para a pequena Reiko, que morreu ao ser atropelada por um maldito motorista bêbado.
Sempre que passava por aquele local, deixava uma flor. Rosas a deixavam feliz.
Sim, Ichigo conseguia ver Reiko. Conseguia ver vários espíritos. Menos ela.
— Olá, Kurosaki-san! — Cumprimentou alegremente, como de costume.
— Não me chame assim, fico me sentindo um velho.
— Você já tem o humor de um. — Ele cogitou brigar com ela, mas ao ouvi-la rir não conseguiu evitar sorrir também. Ela era muito simpática e doce, Ichigo não conseguia achar um jeito de ajudá-la na passagem — Já descobriu por que eu não consigo ir?
— Ainda não, — Admitiu — mas continuo procurando a causa.
— Tudo bem... — Ela parecia chateada com a resposta que recebeu. Era difícil ficar ali, sem sair daquela esquina por mais que quisesse. Era ainda pior ver seus pais chorarem sempre que passavam por ali — E... Já conseguiu ver ela?
Ele sabia exatamente de quem ela estava falando: Tatsuki! Quem ele mais queria ver, porém nunca conseguiu.
— Ainda não.
— Talvez ela tenha realizado a passagem sem problemas. — Tentou animá-lo — Talvez ela esteja num lugar melhor agora.
— É... Talvez...
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Gostaram? Mw contem ^^ Não gostaram? Me contem tbm ^^