The Good Demon escrita por Coffee


Capítulo 1
00. welcome! everything is fine


Notas iniciais do capítulo

Heyo! Tudo bom? Então, não acredito que tenho muito o que dizer, tudo que eu tinha para falar disse nas Notas da História. Mais uma vez, eu peço que, se tiver interesse em ver The Good Place, NÃO LEIA ESSA FANFIC, pois o spoiler que contem aqui pode acabar estragando sua experiência. Boa leitura:



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Lily nunca foi exatamente a melhor em compreender os bons sentimentos humanos. Todavia, como uma boa funcionária do Lugar Ruim, ela conseguia muito bem reconhecer e entender os piores sentimentos. Tristeza, raiva, ódio. Nervosismo. O último ela percebeu conseguir compreender ainda melhor, considerando que era aquele mesmo que sentia no momento. Um frio extremo nos pés e mãos, uma tremedeira que não conseguia controlar. Mas ninguém podia culpa-la naquele momento. Lily tinha o total absoluto direito de estar nervosa no momento. Ela esperou mil anos (mil anos, sem a mínima quantidade de hipérbole) para conseguir a oportunidade que estava tendo agora. Estava cara a cara com o seu chefe e seus melhores funcionários, usando o seu melhor blazer com a melhor saia, esperando a sala silenciar para conseguir falar o que tanto desejava. Por fim, seu chefe, Tom Riddle, levantou a mão e todos se calaram imediatamente. Os olhos verdes de Lily brilharam quando ele rapidamente acenou, indicando que ela poderia iniciar a apresentação.

— Meu nome é Lily e sou uma funcionária recentemente promovida para o Departamento de Arquitetos de Bairros. – A ruiva se apresentou, soando o mais firme que conseguia. – Poderia muito bem ter feito o meu primeiro bairro como qualquer outro aqui no Lugar Ruim. Sabem, tortura convencional, aranhas nos olhos, escutar “Friday” da Rebecca Black enquanto dança com calças saruel... O normal. Mas nós, arquitetos, sempre fazemos os bairros e nunca estamos lá para ver a diversão da agonia dos humanos. E foi com isso que eu formei o que chamo de Plano Huis Clos!

Dizendo isso, Lily arrancou o pano que antes cobria o quatro que havia levado para o escritório, surpreendo alguns funcionários enquanto outros apenas ficaram confusos. Alguns poucos cochichos começaram na sala, para a satisfação da ruiva. No quadro, se encontravam quatro fotos de pessoas diferentes interligadas por fios e papeis que continham informações extremamente específicas sobre cada um. Lily passou a mão pelo cabelo, sorrindo, tirando uma das mechas que caíam em seu rosto sardento.

— Meu plano se resume em fazer com que os quatro humanos se torturem. – Lily explicou e Riddle claramente franziu a testa.

— Isso nunca dá certo. – O homem falou. – Já tentamos isso. Parece algo relacionado à ética ou algo assim... Patéticos.

— E se eles não soubessem que estão se torturando? – Um sorriso de lado surgiu no rosto da mulher e surpresa ficou presente nos companheiros. – Assim como na peça Huis Clos, de Jean Paul Sartre, mas com uma pequena diferença: eles irão achar que estão no Lugar Bom, mas na realidade é apenas um poço cheio de suas maiores inseguranças e ansiedades. Fiz uma pesquisa e descobri quatro pessoas perfeitas para esse experimento e tenho certeza que posso tortura-los sem que saibam por mil anos!

— Acho que se conseguir sustentar esse plano maluco por seis meses já será um milagre. – Tom Riddle disse com amargura, se inclinando para frente, e, por um momento, a face animada de Lily se transformou em uma decepcionada. – Mas continue. Quem seriam essas quatro pessoas e como isso funcionaria?

— Oh! Certo, então... – Lily sorriu largamente, se aproximando ainda mais do quadro e apontando para a foto de um homem gordo e de cabelos e olhos claros. – Esse é Peter Pettigrew. Aromantico, assexual, nascido em Cambridge, Inglaterra, mas passou a maior parte da vida em Amarillo, Texas. Em vida, era guarda de shopping. Traiu diversos amigos, era uma pessoa falsa, impulsiva, uma vez roubou um pirulito de uma criança e falava sem parar em cinemas. Também gostou de Emoji: O Filme e fingiu ser um mendigo para ganhar sopa no Natal.

— Não me parece ser tão ruim. – Uma das pessoas presentes na mesa disse.

— Pelas minhas pesquisas, vi também que tinha perfis fake no Twitter para causar brigas e assisti-las.

— Esquece. Ele é bem ruim.

— Continuando, esse é Sirius Black. – ela apontou para a foto de um homem negro, com o cabelo crespo e um sorriso de lado no rosto. – Pansexual. Nasceu em Cardiff, País de Gales, mas passou apenas a infância lá. Era um bilionário que nunca conseguiu superar o fato de que os pais preferiam o irmão. Fuckboy. Parece que uma das músicas da Taylor Swift foi direcionada a ele após um término de namoro. Também foi o responsável por boa parte dos divórcios de Hollywood. Apesar de doar uma boa parte do dinheiro e ter formado instituições filantrópicas, seu único objetivo era tentar mostrar que poderia ser melhor que o irmão.

— E ele conseguiu? – Outra pessoa perguntou.

— Sinceramente? Não! – Lily e os outros começaram a rir, mas logo a sala silenciou e ela apontou para a foto de um homem de pele escura e olhos castanho-claro. – Remus Lupin. Demissexual, biromantico. Nasceu em San Juan, Porto Rico, mas fez faculdade em Havana, Cuba, e lecionou em Cambridge por uma boa parte da vida. Precisava tratar TAG e TOC, mas achava que chocolate poderia curar o problema. Sarcástico e estava sempre a beira de esfregar a cara de alguém em um asfalto, mas levava ética tão a sério que nunca ousou. Era tão pessimista, tão pessimista que não foi ao próprio casamento achando que a esposa ia dizer não. Ah, era professor de ética e moral!

— Todo mundo odeia professores de ética e moral! – exclamou um dos presentes em tom de brincadeira e os outros riram.

— Exatamente, meu caro amigo! – Lily o lançou uma piscadela, rindo, mas logo apontando para a foto de um homem bronzeado que usava óculos e possuía cabelos incrivelmente bagunçados. – Por fim, esse é James Potter. Declarava-se heterossexual em vida, mas sempre teve algumas dúvidas. Nasceu em Londres, Inglaterra, e praticamente nunca saiu de lá. Queria ser jogador de futebol profissional, mas não conseguiu e acabou trabalhando como vendedor em uma empresa. De dez palavras, sete era “top” porque queria irritar as pessoas ao redor. Já fez bullying durante o Ensino Médio, jogou várias vezes lixo na rua porque a lata de lixo “estava muito longe”, era egocêntrico e não aguentava conviver com pessoas supostamente melhores que ele, dedurou um colega que estava pescando em sala de aula para ganhar ponto extra, ia para festas da família e fazia piadas que ninguém suportava e saiu com uma garota quando era a vez dele de beber água em uma saída com os amigos para dirigi-los para casa.

— E eles vão achar que estão no Lugar Bom? – Riddle questionou, arqueando uma das sobrancelhas. – Só isso?

— Na realidade, não! – A ruiva parecia mais animada. – James e Peter vão achar que, na realidade, estão no lugar errado. Que ocorreu um engano na hora de manda-los para o Lugar Ruim e pararam no Lugar Bom. James teria sido trocado por James Porter, um advogado ambientalista que viajou ao redor do mundo e fez campanhas em proteção ao meio ambiente. Peter teria sido trocado por Pedro Peterson, um dominicano que ficou mudo aos oito anos, se mudou para os Estados Unidos e fez campanhas em proteção aos imigrantes. Também pensei em um sistema de Almas Gêmeas platônicas: James achará que é alma gêmea de Remus e Sirius de Peter. Isso vai adiantar o desenvolvimento da tortura e as chances deles se torturarem são rápidas e maiores. E como eu disse, lá é um poço de seus maiores medos! Para começar apenas preciso da permissão do senhor.

Por um momento, alguns cochichos encheram a sala e Lily sentiu um misto de felicidade e medo preencher seu corpo. Tom Riddle ficou ali, encarando-a, os olhos avermelhados inexpressivos estudando a garota ruiva. Por fim, Riddle levantou a mão e levemente acenou. Esse leve aceno foi o suficiente para que todos os presentes ficassem quietos, olhando o homem com expectativa. A própria Lily se encontrava nesse grupo, os olhos verdes não desviando um momento do homem pálido sentado na cadeira da ponta da mesa.

— Esse plano é simplesmente ridículo. – rosnou Tom e Evans encolheu os ombros, engolindo em seco. – Mas por algum motivo, gosto de ver coisas novas relacionadas a tortura humana... Você tem permissão para iniciar o seu projeto.

— E-Eu... – As palavras ficaram engasgadas na garganta de Lily por um momento, os olhos arregalados, não acreditando no que havia acabado de escutar. – Obrigado! Eu prometo que não irei decepcioná-lo!

— Não é como se tivesse muita escolha... Só tem uma chance. Caso falhar...

Riddle passou o dedo indicador pela própria garganta, arqueando uma das sobrancelhas. Lily engoliu em seco e assentiu, ainda murmurando desajeitados pedidos de agradecimento enquanto pegava os papeis organizados nos seus braços, quase deixando com que alguns caíssem. Desajeitada e não acreditando no que acabara de acontecer, Lily saiu da sala, fechando a porta, encarando a parede pintada de cinza por um momento. Por fim, ela começou a silenciosamente chiar e pular, comemorando a sua vitória, andando em passos rápidos na direção do elevador no final do corredor.

Ela tinha muita coisa para fazer.

***

James abriu os olhos após um longo momento de silêncio e escuridão.

Confuso, ele olhou ao redor. Não conseguia se lembrar de muita coisa, sinceramente. Exceto seu nome, como falar, que simplesmente adorava bolo de cenoura... Mas, basicamente, não havia muita coisa na sua mente. Estava em uma sala que lhe dava uma sensação confortável, acolhedora. A cor das paredes era clara, em um tom pastel, o sofá em que se encontrava sentado era extremamente aconchegante e havia uma mesinha na sua frente com um pequeno vaso de um cacto. James franziu a testa, ajeitando os óculos que escorregava por seu nariz. O que caralhos estava acontecendo?

— James Potter?

Apesar da falta de memória, como já dito, ele consegue lembrar seu nome. E foi exatamente por esse motivo que, em um instinto, virou a cabeça e arqueou ambas as sobrancelhas, surpreso, ao ver uma mulher parada ao lado de uma porta que estava semiaberta. A mulher tinha um sorriso radiante no rosto e parecia não ter mais que vinte e cinco anos. Seu cabelo era ruivo de um tom acobreado, algumas poucas e discretas ondas caindo por seus ombros, os olhos verdes como esmeralda o fitando com certa felicidade. O rosto pálido tinha algumas poucas sardas presentes e ela vestia um blazer amarelo combinando com sua saia levemente mais escura, uma camisa social e saltos altos. Lembrava alguma espécie de empresária ou algo assim que James teve a impressão de já ter discutido em algum momento na sua vida.

— Hã... Eu mesmo. – ele respondeu, franzindo a testa e se levantando, olhando mais uma vez ao seu redor. – Certo, eu tenho algumas perguntas: quem sou eu, quem é você e onde eu estou?

— Isso tudo vai ser respondido no meu escritório. – A ruiva piscou, rindo um pouco, abrindo a porta e escancarando o caminho para um local de design semelhante à sala onde James anteriormente se encontrava. – Meu nome é Lily Evans! Bem-vindo. Tudo ficará bem.


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