Reminiscência escrita por Pur


Capítulo 1
Reminiscência de Hermione Granger


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, é um pequeno conto que fiz de madrugada após ler Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban e senti que precisava escrever algo, e bom, foi isso que me veio à mente; Aproveitem!



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Hermione já estava pronta para dormir e ansiosa para seu quarto ano na prestigiada Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, olhou para o relógio e constatou que precisaria dormir o quanto antes para acordar cedo e conseguir organizar todos os seus pertences no malão encostado tão delicadamente no pé de sua cama, como se estivesse esperando para ser arrumado pelas mãos pequenas da garota inquieta que rolava de um lado para o outro tentando entender o porquê de estar assim quando deveria estar feliz por ir à sua segunda casa daqui algumas horas.

— Mas o que está havendo comigo? — Resmunga baixinho, enquanto encara o teto com a testa franzida como se estivesse resolvendo um grande enigma, mas um tique se fez em sua mente e lembrou-se que já havia ficado assim em seu segundo ano, logo um dia antes de Draco Malfoy dirigir-se à ela como uma “sujeitinha de sangue ruim”, recordou também de acordar no dia seguinte ao acontecido com olheiras profundas e olhos vermelhos e de ter dado a desculpa esfarrapada de que estivera lendo um livro sobre a Historia da Magia até tarde da noite e acabara dormindo pouco, o que teria resultado em seu mau humor matinal e sua cara inchada e rosada.

Alguém mais próximo teria notado as finas linhas de lagrimas que ainda traçavam seu rosto por mais que houvesse lavado antes de sair do salão comunal da Gryffindor, teria percebido também os olhares furtivos que a garota dava em direção à mesa de Slytherin, ou mais especificamente, em direção à um jovem de cabelos loiros quase brancos e olhos tempestuosos que ria de alguma coisa que seus colegas de casa comentaram enquanto olhavam Luna Lovegood, ou como -quase- todos à chamavam, a DiLua da Ravenclaw, Hermione gostava de Luna, a achava incrivelmente simpática apesar do que acontecia com ela dentro da escola, pois possuía um jeito tão peculiar de ver o mundo e seus caminhos, que até seus colegas de casa zombavam da loira sonhadora.

A rotina de Luna era bem fácil, conseguiria sempre adivinhar onde a loira estaria, pois quando não estava procurando seus sapatos ou outros pertences pelo castelo, estava sentada na mesa de sua casa comendo um generoso pedaço de pudim de chocolate, com seus brincos de rabanete e carregando um enorme óculos colorido em seu rosto, totalmente alheia ao que lhe rodeava. O infame apelido nascera desses momentos em que ela parecia ir para o mundo da lua, acabaram combinando seu próprio nome com seu jeito de ser e não ligavam de ela ouvir qualquer coisa, já que parecia quase nunca estar em “terra firme”.

Mas Hermione poderia jurar que Luna era uma caixinha de surpresas e que com certeza iria surpreender muita gente, já que era óbvio que estava na casa mais inteligente de Hogwarts por algum motivo. Hermione Granger poderia se gabar de conhecer grande parte da vida e pensamentos de seus colegas, eram tão fáceis quanto ler um livro, Ronald Weasley apesar de ser lerdo na maioria das vezes e quase sempre pensar com o estômago, tinha um senso de lealdade e lutava por seus amigos com unhas e dentes, apesar de ser considerado um covarde;

Harry Potter, o menino que sobreviveu era um garoto incrível, quando olhava para ele sentia que poderiam fazer de tudo juntos e que venceriam qualquer obstáculo, ele tinha a pose de um líder, por mais que fosse tão tímido que sempre o via gaguejar em qualquer ocasião que necessitasse de uma conversa mais forte ou complexa, o mesmo valia para conversar com garotas, —”garotos.”— Hermione lembrava-se bem de sua reação ao ver isso, revirando os grandes olhos castanhos e puxando Harry do local sempre que possível, assim evitando algum constrangimento maior para o pobre menino.

Neville Longbottom era um menino mais tímido que Harry, o que pra Hermione era um caso perdido, perdera os pais muito cedo para Comensais da Morte e era bastante retraído nas aulas, sempre gaguejando ou se antecipando em algo que resultaria em alguma explosão nas aulas de poções. Mas uma coisa que Hermione não poderia negar é que ele era realmente bom com Herbologia, sabia muito bem como mexer com cada planta e as vezes o via indo à biblioteca buscar algum livro sobre o assunto;

Parvati e Padma Patil são as irmãs gêmeas indianas que foram para casas diferentes: enquanto Parvati era Gryffindor, Padma era Ravenclaw, mas isso não as impedia de ficarem juntas a maior parte do tempo. Hermione as achava legais, mesmo que quase sempre se perdesse na conversa sem fim sobre garotos e roupas;

Ela poderia dizer que até de Pansy Parkinson conhecia algumas coisas, mas aí voltaria para o “assunto” principal, um dos únicos estudantes que a confundiam e que quase não eram possíveis de se ler, Draco Malfoy. Ela sabia que sua família era adepta da causa dos Sangues-Puros e isso ficou em evidencia após o acontecido, ele tinha uma pose de garoto mimado e era obvio que isso era verdade, queria a todo custo impressionar ao pai que transmitia um medo quase irracional em Hermione, o adulto sempre estava com aquele olhar frio e segurando uma bengala adornada como se fosse bater com ela na cabeça do primeiro que passasse em sua frente.

E por mais que isso fosse claro, ao olhar Draco, a primeira e única coisa que conseguia ver através dessa pose, era um garoto solitário de olhos tristes que precisava de aprovação das pessoas como seu pai, e do respeito –ou medo-  de quem ele considerava inferior; com seu grupo de... amigos? Ele era considerado um tipo de Príncipe para a Slytherin, um guia com o sangue de duas das famílias mais influentes e tradicionais do mundo mágico, Malfoy e Black.

Quase todos os dias o trio de amigos sofriam com as investidas de Draco e seus quase seguidores, mas Hermione quase ansiava por esses encontrões para conseguir ficar mais perto do loiro e tentar ver algo mais naqueles olhos que as vezes apareciam em seus sonhos em forma de tempestades e trovões, fazendo-a acordar assustada e sem entender o que estava acontecendo. E era exatamente esse sentimento que pairava sobre o coração da jovem, uma inquietação e um medo que fazia Hermione sentir um gosto amargo em sua boca, claro que ela já sabe o que sentia antigamente, ela chegou a gostar de Draco Malfoy e sentia medo por isso, mas apesar de ser quase o mesmo sentimento de medo, era algo mais forte, não simplesmente medo de alguém descobrir ou zombar dela ao ouvi-la sussurrar o nome dele enquanto varria os olhos pelo Salão Principal, a coloração rosada que aparecia em suas bochechas sempre que ele lhe encarava ou então a face contorcida ao ver o olhar de nojo que era sempre o que ele lhe dava.

Era um medo por antecipação, mas antecipação de quê ela realmente não fazia ideia, sabia que esse ano aconteceria algo pois em todos aconteceram e ela acabara entrando de cabeça nessa amizade confusa com o problemático Menino que Sobreviveu e com o Weasley desajeitado e sempre no final tinha se metido em problemas para salvá-los, quebrando sabe-se lá quantas regras da escola e rezando todos os dias para não receber nenhuma detenção com Filch e Madame Nor-r-ra.

Ele particularmente parecia gostar de aplicar detenções mais severas, como por exemplo pendurá-los de cabeça para baixo em qualquer canto do castelo, odiava também os fantasmas e parecia ter uma rixa um pouco mais pesada com Pirraça, sempre tentando fazer o fantasma pregador de peças ser expulso do castelo, mas sempre sem sucesso. Ele é realmente detestável e parece ter inveja de qualquer pessoa que souber e conseguir manifestar magia, já que ele é um aborto -ser com sangue magico sem a capacidade de manifestar magia-. Mas apesar de tudo, não trocaria nada no mundo por cada momento que viveu com eles, pois por mais arriscado que fosse, todos os sentimentos e amizades eram verdadeiras, e a verdade era uma das coisas que Hermione Granger mais prezava.

Essa afirmação trouxe para sua mente um acontecido no jogo de Quadribol da Gryffindor contra a Slytherin, onde Harry teve a vassoura enfeitiçada por Quirrell e passaram o ano quase todo culpando Severus Snape por isso e por todos os outros acontecimentos no ano letivo até descobrirem que na verdade ele não fez nada, mas a desconfiança de Harry e Ronald ainda continua, apesar de Hermione fazer vista grossa por entender o lado deles.

Ela admira Severus por sua inteligência e por ser incrivelmente bom com poções, o que ela não era tanto, apesar de ser chamada de “A Sabe-Tudo da Gryffindor” só por preferir ler um pouco mais que os outros e se dedicar aos estudos quase inteiramente, ela via em Snape um exímio bruxo, por mais que todas as situações se virassem contra ele e ele não agir em momento algum para isso mudar. Pensar em Snape lembrou-a de que estava indo para o seu quarto ano e que as coisas seriam um pouco mais difíceis, principalmente se sua intuição estiver certa e algo ruim for acabar acontecendo.

—Mas não é o que sempre acaba acontecendo? Não tivemos nenhum ano normal desde que me descobri bruxa. — Fala consigo mesma, rindo após constatar que nada ia ser fácil, mesmo sem as matérias diferenciadas. Mas sabia que com seus amigos, nada iria dar completamente errado, mais um ano de problemas, encrencas, desavenças e olhos cinzas para se preocupar, mas pelo menos Malfoy iria lhe tirar um pouco essa preocupação, já que a daria algo para pensar além de problemas propriamente ditos.

Ao novamente olhar seu relógio digital no criado-mudo, percebeu que passara horas divagando sobre isso e que teria que levantar daqui 3 horas, deu um tapa em sua própria testa e novamente virou para o lado, sentindo-se mais leve e sem a enorme preocupação e inquietação que pesavam em seu coração. —”parece que Draco Malfoy ainda exerce um leve poder sobre mim, não é mesmo? Mas talvez, se ele tivesse cabelos mais escuros e não fosse preconceituoso, eu até pensaria em algo”—. imaginava a situação e finalmente dando um leve sorriso ao constatar o quão impossível isso seria, deixando tudo quieto como sempre havia sido. Até porque ninguém iria saber disso de qualquer forma, a mente da jovem relembra enquanto ela finalmente fechava os olhos para tentar descansar pelo menos um pouco, amanhã seria um dia brilhante, assim como os próximos dias, semanas, meses e anos e mal podia esperar por isso.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Desculpem-me se ficou muito curto ou um pouco confuso, não foi bem o que eu esperava também, mas foi de coração, obrigada por ler até aqui!



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