Nami seguia aquela mulher, fingindo interesse, mas estava com vontade de sair correndo. Ela não parava de falar, seja sobre a ilha ou a vida dos outros. A ruiva tinha certeza que depois desse tempo com a morena, ela sabia mais sobre a vida de todo mundo ali do que as próprias pessoas citadas.

— Então é aqui que você vai trabalhar — parou na frente de uma porta, abrindo-a.

— É... Não é meio... extravagante para uma sala de limpeza?

Imaginava uma salinha pequena, cheia de produtos de limpeza e equipamentos aleatórios, mas o que viu era completamente diferente. A sala era enorme, tinha tudo organizado por ordem de tamanho nas paredes: vassouras, rodos, desinfetantes e o mais interessante, uma hidromassagem no meio da sala.

— Por que tem uma hidromassagem aqui?

— Ah, isso é para a galera da limpeza relaxar nas horas de folga. Tem várias dessas espalhadas pela ilha — respondeu como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— Entendi...

— Agora você pode trocar esse cabo por uma vassoura de verdade, aliás, por que está só com o cabo?

— Ah, bem... — coçou a cabeça. — Eu não faço ideia, me entregaram a vassoura completa, mas acho que a base caiu e eu não vi — fingiu pensar.

— Isso explica... Bom, vou deixar você se localizar primeiro. Daqui a pouco é a hora do almoço, é só seguir reto pela esquerda que você chega lá. Mais tarde eu mostro seu quarto.

— Certo. Muito obrigada.

Sozinha na sala, Nami começou a bolar um novo plano de resgate. Suas tentativas até agora tinham sido falhas, mas não queria dizer que desistiria.

Trocou seu cabo por uma vassoura, só para manter as aparências, e se sentou para esperar o horário do almoço, mas se levantou em alerta quando ouviu uma voz.

— Atenção, senhorita Nuane — a voz vinha de uma pequena caixa de som no teto. — Venha até a sala de submarinos, temos uma emergência com a limpeza.

— Mais fácil do que eu pensava... — murmurou saindo da sala, já tinha decorado o caminho.

Andou de forma apressada até o local, precisava fingir que estava realmente preocupada com a tal emergência. Quanto mais seu disfarce durasse, mais tempo para planejar uma fuga ela tinha.

Chegou na sala tão ofegante que parecia que tinha corrido a São Silvestre três vezes seguidas. Abriu a porta e logo entendeu o porquê da emergência, aquilo estava um caos.

— Onde fui me meter? — arregalou os olhos.

—— // ——

— Então essa é a ilha onde a Nami está... Interessante — Zoro olhou para frente.

O que viu realmente chamou sua atenção. O campo era completamente florido e tinha uma castelo rosa com telhado roxo no meio da ilha.

Tinha uma placa enorme escrita “Cabelereiro Pirata” em letras grandes e chamativas, mas o que o deixou realmente surpreso foi as caixas que estavam carregando para dentro do castelo.

No começo achou que eram caixas normais, até que ouviu alguém gritando de dentro delas e, obviamente, ele pensou em sequestro, logo se dando conta de que foi assim que sua ruiva tinha sido capturada.

— Zoro... — Chopper olhava assustado para aquilo.

— Vejo que já percebeu qual nosso trabalho — o mesmo homem de antes parou ao seu lado. — Muitas vezes nos faltam recursos para novos penteados então precisamos correr atrás, custe o que custar.

— Deixa eu ver se entendi... Vocês sequestram pessoas para usar seus cabelos em perucas?

— Exato. Pessoas com cabelos grandes e brilhantes chamam muito a atenção da nossa capitã, principalmente se o cabelo for ondulado ou cacheado...

— Não podiam sei lá... conversar?

— Bem... Podíamos e é isso que fazíamos até nossa ex-capitã ser tirada do posto por sua irmã... Cá entre nós, essa mulher é maluca...

— Não conseguem se livra dela?

— Quem dera... Todos temos um chip capilar que recebemos com um mês aqui... Caso a gente se revolte, ela ativa o chip e somos estrangulados por nossos próprios cabelos...

— É zoeira, né?

— Adoraria que fosse... Tomem cuidado enquanto estiverem aqui, vocês foram designados para a área de segurança — entregou um pequeno mapa para eles. — Devem cuidar da sala de segurança, por enquanto. Boa sorte! — saiu andando.

— Sequestradores de cabelos... E eu achando o nosso bando estranho...

— Ainda bem que não tenho cabelo — Chopper colocou a mão na cabeça, para confirmar o que estava dizendo. — A Nami tem o cabelo exatamente do jeito que essa tal capitã gosta...

— Quando tudo isso acabar, me lembre de deixar essa capitã maluca quase ou completamente careca — sorriu macabramente.

— Assustador...

Seguiram o caminho de forma quase certa. Zoro tinha um mapa, mas isso não queria dizer que ele entendia o que estava escrito nele.

Chopper vendo a dificuldade do companheiro, pegou o mapa e desceu para o chão. Deu a cauda da sua fantasia para o esverdeado segurar e não se perder, e só então começou a guiar.

Desceram seis escadas ao total, chegando ao andar -6, e entraram na sala de segurança. Como todas as telas estavam desligadas, Zoro olhou ao redor e viu a tomada no chão, então a ligou.

Todos os monitores se acenderam, revelando todas as câmeras de segurança do local. Começaram a procurar a câmera da prisão, onde as caixas estavam sendo levadas, e encontraram. Ficava no segundo andar subterrâneo.

Os dois já se preparavam para ir até o local, quando viram algo estranho na câmera -5. Uma moça de cabelos laranjas presos em um coque estava lutando usando uma vassoura.

— Nami — arregalou os olhos.

Viu perfeitamente quando ela nocauteou o homem com quem estava lutando, e depois partiu para cima de uma mulher perto de um botão vermelho que ela logo apertou quando viu a ruiva se aproximando.

Os alarmes tocaram em alto em bom som, e as luzes começaram a piscar em vermelho.

— Vamos, Chopper! — saiu da sala apressado.

— Sim! — correu atrás do espadachim.

—— // ——

A sala de submarinos estava completamente suja de tinta, parecia que um monte de crianças tinham brincando no local. 

— Ainda bem que é você, Nuane... Alguns idiotas derrubaram latas de tinta aqui... Pode cuidar disso? — a Vice-capitã perguntou.

— Posso sim — sorriu.

— Ótimo, volto daqui a pouco e... — foi interrompida.

— Vice-capitã? Nuane Tomiko se apresentando para o serviço — um homem loiro e baixinho fez continência.

— Como... Se você é o Nuane... — olhou para o homem. — Quem é você? — apontou para Nami.

— Quem sabe... — riu sapeca.

— Maldita... Nuane, cuide dessa impostora.

— Sim, senhora!

Nami rapidamente derrubou o homem, ele não parecia tão experiente em lutas, e então foi até a mulher. Antes que a alcançasse, ela apertou um botão, ativando o alarme de emergência.

— Você vai pagar por ter me enganado... — tentou a socar.

— A vida tem dessas — desviou com maestria. — Desculpa pelo galo...

— Que galo?

— Esse — também a nocauteou. — Ótimo... Penélope, ai vou eu — entrou dentro de um dos submarinos e logo deu a partida, seguindo até onde sua nova amiga estava.