Quantas dúvidas escrita por DiHen Gomes


Capítulo 59
59 - Felipe




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Esse meu primo fica me cutucando e rindo com a Kawane na hora da palavra.

— Ô, meu, presta atenção no pastor — cochicho e lhe acordo com um tapa no ombro. Agora posso prestar atenção também.

O pastor fala sobre perder o medo. Graças a Deus isso não é um problema meu. Não tenho medo de nada! Quer saber o que é coragem? Vou chamar a obreira Bia para ir no cinema ainda hoje. Como no testemunho de hoje, que um casal em que a mulher falou não umas vinte vezes para o homem, mas ele não desistiu dela e agora estão casados e firmes. Esse é meu exemplo! A Bia, encostada na parede da direita, dá uma olhadinha para os bancos. Certeza que é para mim, moleque!

— Muito bem cuidada esta igreja, Felipe — diz meu novo amigo, Zaki, que veio de Jakra para resolver um trabalho.

— Cara, os jovens aqui limpam melhor que os obreiros.

— E os jovens que são obreiros? — ele olha rapidamente para a obreira Bia com alforje em mãos diante da fila de ofertantes.

— Cuidado pra quem você olha, meu.

— Hã?

Dou-lhe um tapa nas costas com um vai arrebentar, mas Zaki finge não notar. Depois da oração final, Zaki fica olhando para Bia e solta um sorriso. Logo olho para ela, que vira o rosto.

Qual é, Zaki? Quer roubar minha prometida?

Espírito Santo, me dá forças para não descer o pau nesse camarada.

Mas a situação fica brava mesmo quando ele vai até ela e se sentam para conversar. Achei que Zaki era meu amigo, mas só queria chegar na Bia. Porque ele é candidato a obreiro, tem o Espírito Santo, acha que pode passar na minha frente? Tá amarrado! Também tenho o Espírito Santo, e a Bia vai casar comigo. Esse cara de Jakra que fique esperto. Não vou dar um murro nele, mas Deus vai me ajudar nessa.

Meu coração acelera enquanto vou pensando no que posso fazer para Zaki. Ele se aproxima para fecharmos a roda para a oração dos jovens.

— Felipe, chegou minha hora de ir embora. Foi um prazer estar com você — Zaki se volta para todos na roda —, com todos vocês. Esse lugar vai crescer muito, para a glória do Senhor.

— Tá ligado — responde Bia com uma palma. — Tchau.

— Falou, irmãozinho — digo com um braço ao redor dele e a mão do outro lado estendida para apertar a dele. — Vai arrasar!

Volto para casa mais cedo, antes de o Bruninho sair para vir comigo. E Zaki? O que posso fazer? Era minha vez de chegar na Bia, e você estragou tudo. Que revolta!

Será que estou fedendo peixe? Tem um gato atrás de mim.

— Ôo, bicho, sai, vai embora!

O animal vem se esfregar nas minhas pernas, enchendo a calça de pelo. Que merda! Dou um chute que faz o gato voar longe. Só ouço o miado final do bicho. Corro para ver o que houve, e o animal está todo machucado; imóvel.

Não, de novo! Tá amarrado! Queimado! Demônio desgraçado, tentando me fazer cair nessa? Não vai conseguir, em nome de Jesus!

Enterro o bicho no terreno mais próximo, e fico aliviado que não tem muito movimento na rua. Vou à avenida e passo na farmácia, que está aberta. Preciso de algo para me acalmar. Esse demônio me tira do sério!

— E então, Felipe — diz a atendente. Apesar de vir à farmácia com frequência, nunca cheguei nessa intimidade de chamar a atendente pelo nome, mas beleza. — Como vai a vida? Com tudo que você vem comprando comigo, tem alguma coisa aí.

— Tá uma guerra, mas a gente luta pra vencer.

— Luta?

— É, meu, tô procurando meu filho que tá desaparecido, tô enfrentando um cara tentando roubar a minha… Ah, é guerra.

A atendente empina atrás do balcão para ressaltar os peitos. Vejo seu nome no crachá e logo rebato os olhos.

— Sabe, antigamente, quando os homens iam pra guerra, o que eles mais queriam era passar a noite com uma mulher. Ou mais, dependendo.

Essa conversa está tomando um rumo estranho.

— É, beleza, então. Falou.

— Falo sério, Felipe. Eu quero te ajudar nessa.

Vou embora sem olhar para trás. A atendente continua gritando.

— Volta depois, vai ser bom.

Por que perder tempo com uma qualquer, se tem uma bênção de Deus preparada para mim? Para este futuro obreiro, tem uma obreira bem mais linda que essa tal Karla!


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