Chegou o tal dia da chácara. Pode ser muito bom um feriado na segunda-feira (para emendar), mas não estou tão animado quanto os demais, mas espero que dê tudo certo e eu possa ter um feriado legal. Gosto de ficar no banco da frente com o motorista da van, pois assim não vejo as meninas por enquanto. Mesmo assim a obreira Bia estica a cabeça até o banco da frente para me lembrar de não faltar na Terapia e de não desistir do meu sonho de casar. Respondo um tudo bem por educação, pois o sorriso dela ainda é muito lindo e tenho que tirar o foco dele. Meu foco está longe.

Ao meu lado vem Bruno, e quem estica a cabeça lá atrás para falar com ele é a Kawane. Ele se vira para mim:

— E aí, Meck, tá triste?

— Eu? Não.

— É porque a Thalia não veio?

Kawane ri com Bruno, e não respondo em seguida. O motorista dá a partida e acelera.

— É por causa do jejum de Daniel — digo depois que o casalzinho parou de rir.

— Jejum? Sei — Bruno responde com o olhar torto de lado.

*

Felizmente estou com os pelos das pernas com tamanho normal para um homem da minha idade, graças a dois meses sem apará-los; por isso não me incomodo de ficar de short à beira da piscina quase a tarde toda.

Infelizmente carrego os hormônios de um jovem normal na minha idade, por isso fico parado à beira da piscina quase a tarde toda. Afinal, por mais que as meninas estejam com maiôs que cobrem quase tudo, algumas até de vestidos soltinhos de praia, a imaginação masculina pode ser uma armadilha que faz sua vítima de dentro para fora, se não vigiar.

— Vem, cara, entra na piscina aí — diz Bruno agarrando meu braço e tentando me puxar da cadeira. Coloco tanta força para não me mexer dela, para não deixar ninguém ver nada, que até passa a sensação por um instante.

Enquanto o sol aquece meu rosto, e meus amigos se divertem para valer, eu penso na vida. Tenho feito isso com frequência. Graças a Deus tenho melhorado bastante. Confesso que tenho dificuldade para crer no invisível, pois me apoio demais à lógica humana e deixo a fé de lado muitas vezes. Isso está mudando, e agora consigo crer que, mesmo eu ainda não tendo uma vida financeira estável, posso sim buscar alguém com quem lutaremos juntos por esta estabilidade. Escolhi crer no pastor que fala isso, em vez do que diz que preciso ter boa condição antes mesmo de pensar em namorar. Afinal, meus pais não tinham condição e o casamento deles deu certo!

Se bem que estou completamente sem dinheiro agora que perdi o emprego; mas creio que outra porta vai se abrir.

E o mais importante: estou começando a ficar mais confiante para interagir com as pessoas. Participar dos teatros tem sido muito positivo para mim, apesar de me impedirem de colocar toda a força no Mídia durante os Conexões.

Outra coisa pela qual voltei a lutar é para o Mídia crescer, pois com mais jovens comigo o projeto vai desenvolver muito mais, e será mais uma alma ganha. Só tenho a agradecer pelas mudanças que estão acontecendo comigo. Muito obrigado!

Uma enxurrada de água faz minha mente voltar à beira da piscina. Felipe se apronta para outro mergulho, mas agora estou preparado para receber na cara a água que ele vai espalhar!