Névoa Álgida escrita por JezielSMarques


Capítulo 18
Capítulo 7 - Dois homens e seus arrependimentos




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DOIS HOMENS E SEUS ARREPENDIMENTOS

 

XXXII

 

Priiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!*

O alarme da escola soou, marcando o final do 5º horário.

Eu acabei cochilando nesta aula especifica, não lembro qual era matéria ou o professor, ou dos colegas de classe ao meu redor. Contudo, eu lembro de alguém em especial:

— Dormindo no 5º horário novamente?

Tendo acabado de despertar do meu cochilo, apenas acenei com a cabeça como resposta.

Aquela voz doce e suave...

— Hoje é sexta-feira, lembra? Estarei te esperando no ponto de ônibus amanhã. Estou ansiosa para ver aquele filme. Não se atrase, temos que chegar ao cinema antes das 20h00.

Novamente acenei com a cabeça.

Eu não estava ansioso, o filme era a droga de um drama/terror chamado “Doll”, a sinopse me enojou logo de cara. Mas ela insistiu que veríamos esse filme. Eu preferia assistir “Agenciadores de Informação”, a comédia mais aguardada do ano, pelo menos a mais aguardada por mim.

Da sala até o caminho para o ponto de ônibus, ela falou sem parar e eu apenas acenei com a cabeça todas as vezes.

— Até amanhã, Matheus.

Eu acenei com a mão e ela entrou no ônibus.

No dia seguinte, sábado, eu não a vi no ponto de ônibus. Na segunda, terça e quarta não a vi na escola. Na quinta não a vi em sua casa. Ela não estava mais em lugar nenhum.

 Aquela conversa na sexta-feira foi a nossa última conversa, sim, a última conversa que somente ela falou.

 

XXXIII

 

Acordei com os olhos molhados...

Aquilo não foi um simples sonho, foi uma memória de 1 ano e meio atrás.

Ajoelhado no lado esquerdo da cama, Feliks me observava.

Como ele entrou aqui? Lembro de ter trancado a porta.

Dando um suspiro, eu disse:

— ...Posso ajudar em algo?

— Eu bati na sua porta algumas vezes e não fui atendido, considerando que está tarde da noite seria plausível pressupor que você estava dormindo. Por isso eu escalei a janela. Mas quando entrei, noite que um sorriso pairava no seu rosto e optei por não acorda-lo, entretanto, lagrimas escorreram do seu rosto, o que me preocupou bastante. Por fim, você acordou e agora estamos aqui conversando.

— Entendi, entendi... Mas no que posso ajudá-lo?

 Feliks se levantou e curvou-se estendendo a mão direita.

— Nobre herói, a cada 3 noites eu frequento um bar na área popular da cidade. E por ser um ambiente hostil, não posso levar uma jovem dama como a Srta. Juno para me acompanhar. Esta feita, herói, acompanhe este humilde monarca nas bebedeiras noturnas.

“Não”, foi isso que minha veio a minha mente, mas é quase impossível negar um pedido sincero do Feliks.

— Aceito o convite, mas não espere nada de mim.

— Oh, grato! Sua generosidade ficará conhecida dentre todos os de minha linhagem.

— Só uma dúvida... Não pega mal um monarca sair para bebedeira tarde da noite, ainda mais na área popular da cidade.

Feliks se levantou e pegou uma túnica com capuz, que ele havia trazido consigo.

— E quem disse que eu digo quem sou? Pegue.

Ele arremessou um túnica idêntica para mim.

— Hoje vou te mostrar as belezas da cidade!

 

XXXIV

 

Saiamos do palácio usando um caminho subterrâneo, que terminava numa casa abandonada da área popular. E tal casa, ficava a 100 metros dum local chamado “Rachel’s Bar”.

O dito “Rachel’s Bar”, comportava entorno de 50 mesas e marcado fortemente por sua aparência medieval.

 A presença de humanoides é abastada, em sua maioria homens. E o barulho é de tinir os ouvidos: música, conversações, etc. Uma enorme poluição sonora.

Jogos de azar e cortejos com meretrizes são o que não falta.

Sentei numa mesa mais isolada e Feliks foi conversar com a balconista, que por sinal também é uma humanoide da mesma raça que a Yuliya.

— Posso anotar seu pedido?

Um garoto bem jovem, da mesma raça que a balconista, segurando um papel e uma pena com a ponta molhada de tinta, indagou-me. 

— Água.

— Água? Mais alguma coisa? – Ele encarou com certa dúvida. Acho que não é normal vir a um bar e beber somente água.

 — Sim, água, nada mais.

Não demorou muito até que ele chegasse com um copo d’água e... O que é isso? Alguma espécie de liquido numa tigela, sopa?

— O Ms. Falcon disse para trazer um caldo de lentilha para você, ficou pela conta dele.

Ms. Falcon? Feliks olhou para mim dando um sinal de “OK”, ah, então ele é o tal Ms. Falcon?

— Certo, obrigado.

Ao terminar o excelente prato de caldo de lentilha, tomei o copo d’água. E por algum motivo fiquei mais sonolento ainda.

Algumas horas depois...

Acabei dormindo, mesmo em meio a tanto barulho.

Ao despertar vi que o bar havia fechado. Somente o garoto que me serviu e uma moça, da mesma raça que ele, limpavam o bar. Enquanto Feliks e a balconista conversavam. Pensando bem, desde que chegamos até o tempo em que eu ainda estava acordado, o Feliks não parou de conversar com ela. São conhecidos?

— Matias, venha cá.

Matias? Ele errou a pronuncia do meu nome ou está querendo ocultar minha identidade? Creio que seja a 2ª opção.

Fui até ele.

— Esta é a Rachel, dona do bar.

Acenei com a mão. Parando para pensar... Ela perece alguém familiar.

— Vejo que não é muito de beber, Ms. Matias.

— Prefiro evitar.

— Entendo. Em todo caso, servimos outras coisas além de bebida, ou comida.

Coisas além de comida? Ela se refere as meretrizes? A minha vida toda evitei me contagiar com “certas doenças”, não é agora que vou fraquejar.

— O Matias não parece ser um jovem interessado nas coisas além da comida, que este bar tem a oferecer. – Disse Feliks.

— Hmmm... Um adepto do purismo? Coisa rara hoje em dia. Muito diferente de certas pessoas...

A balconista olhou para Feliks com um olhar de desprezo quando disse isso. “Diferente de certas pessoas”, acho que estou começando a entender a natureza da relação entre esses dois.

Feliks parece ter tido um estalo.

— Droga! Hoje é o dia 6º. Desculpe Bressi... Matias.

— Desculpar pelo que?

— Venha, eu explico no caminho.

Dito isto, acenamos para a balconista e o Feliks saiu me puxando a toda velocidade.


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