Harry, you are so loved escrita por Clarinna


Capítulo 1
Você é tão amado


Notas iniciais do capítulo

Leiam escutando Lily's Theme (Extended).



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Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte. 

1 Coríntios 15:26

 

Lily apertou Harry contra seu peito com força antes de pousa-lo no berço, as lágrimas fluíam por seu rosto, não sabia quanto tempo restava. Ela estava naquele cômodo, mas também estava com James no andar de baixo, e soube exatamente a hora em que a maldição da morte o atingiu. Ela encarou o rosto confuso do filho, a criança obviamente não sabia como reagir aos sons, gritos e ao choro da própria mãe. Tudo acontecera em questão de segundos, afinal.Mas, ao sussurrar as palavras a seguir, Lily não gaguejou, não sentiu a voz estremecer, por um pequeno momento, não sentiu medo.

“Harry, você é tão amado, tão amado.” Os passos vinham se aproximando na escada, iria acabar logo. “Harry, Mamãe ama você. Papai ama você.” Harry não sabia falar ainda, mas alguma coisa em seu rosto fez a mulher pensar que ele entendera tudo.

Então Lorde Voldemort estava ali, postado em sua frente pronto para arrancar dela seu bem mais precioso, e ela suplicou para que ele o poupasse, implorou para que ela fosse no lugar dele. Não importava como era morrer, nada jamais doeria tanto quanto perder seu filho.

“Avada Kedavra!” Foi o quê ouviu por último, e um clarão esverdeado tomou conta do ambiente.

Então ela não estava mais no quarto de Harry.

Sem dizer uma única palavra de carinho ao marido que tanto amava, ou ouvir o filho rir com algo simples mais uma vez, Lily Potter sentiu a mão cálida e gentil da morte puxa-la pelo ombro, e envolve-la em seu abraço quente e cruel. Era bom e tão triste, e ela sabia que era onde deveria estar, mas sentiu que algo a prendia em algum ponto entre o mundo real e o além vida.

“Lily, querida, espere...” Como se emergisse de um oceano profundo e negro, ela se viu de repente ao lado de James, era ele quem segurava-a no limbo. “Veja, não acabou.”

Ela não compreendia porquê estavam de volta ao quarto, observando com  silêncio inviolável o momento que mais temeu em toda a sua breve existência: Lorde Voldemort, em sua capa negra longa e sombria, um sorriso medonho e cruel reluzia dentre o capuz, a varinha em sua mão apontava para Harry Potter, seu único filho, de pé no berço, lágrimas grossas caindo de seus olhos verdes tão vivos quanto os da mãe, estava reconhecendo que algo estava errado. Lily se sentiu mais distante ao ver seu próprio corpo inerte no chão. Obviamente, Voldemort não podia vê-los, pois ainda mirava seu objetivo com triunfo antes mesmo de dizer a maldição.

Entretanto, alguma coisa enchia o ar de tensão e de uma energia morna e estável que os vivos não poderiam sentir. A energia parecia se concentrar envolta do bebê Harry.

“O que está acontecendo?” Ela deixou que a pergunta viajasse no ar, sem resposta.

Passou meio segundo e, então,  uma risada estridente e um movimento de varinha cortando o ar, as palavras mortais e o clarão verde que se espalhou de novo, porém alguma coisa estava diferente, foi muito mais forte, foi uma explosão que sacudiu a casa e abalou o teto acima deles, fazendo-o desabar com estrépito em segundos. A energia morna também explodiu, eles quase puderam enxerga-la quando o raio de luz foi em direção ao menino, e ele foi lançado para trás no berço.

Tão pequeno, tão frágil.

“Harry!” Ela tremeu violentamente e pensou que cairia de joelhos, mas James segurou sua mão, mantendo-a perto, sem tirar os olhos da cena a frente. “Harry, não...”

Um grito agudo se sobrepôs sobre todas as coisas.

Em tempo, eles notaram que Harry não fora o único a sofrer o impacto. Lorde Voldemort havia sido arremessado do outro lado do quarto, mas estranhamente não parecia mais o homem altivo e malévolo que estivera em pé segundos antes. Agora, jazia ali um vulto embaixo da capa negra, algo esguio e franzino, que parecia perder a forma cada vez mais. Viram quando a forma pareceu se transformar em fumaça escura e densa e deixar o quarto de forma veloz pela  janela aberta do lado esquerdo.

Então um choro alto, dolorido e solitário tomou conta de seus ouvidos.

Harry Potter jazia sentado em seu berço, chorando sofregamente, em sua testa agora sangrava  um corte fino em forma de raio, os cabelos pretos estavam revoltos, como os do pai. Ele estava vivo.

Eles ficaram em silêncio, o silêncio que durou um segundo antes que fossem puxados pela morte de novo, o silêncio  que na verdade durou todo o tempo do mundo. Seu filho estava vivo. De alguma forma, Harry não caiu no berço por causa da maldição, mas pelo impacto da força que gravitava em sua volta ao ir de encontro com o feitiço de Voldemort. Aquilo o protegera.

Então, como se alguém sussurrasse em seu ouvido uma revelação,  Lily compreendeu, por fim, que não devia sobreviver, mesmo. Sua tarefa era se colocar entre seu filho e a varinha de Lorde Voldemort, declarar que estava pronta para morrer por Harry, e então caminhar para os braços abertos da Morte como se fosse uma amiga que estivera a aguardando por muito tempo. No caminho, ela deveria resguardar Harry com o próprio sangue, de modo que, ao se atirar à frente de Voldemort, sem erguer uma varinha para se defender, ela criaria uma proteção mais forte do que qualquer feitiço poderia oferecer, e sua missão ali fosse concluída: ela daria a vida para salvar seu filho, para que ele salvasse o mundo quando chegasse a hora.

Ao olhar James, percebeu que ele também compreendera, e por isso um sorriso triste e conformado tomava conta de seu rosto. Ficaria tudo bem.

“Harry, fique seguro. Seja forte.” Ele gostaria de ter dito ao filho.

Então a escuridão os envolveu como um manto, tirando-os de cena, com a certeza que haviam deixado para trás seu filho envolto num manto de amor muito mais poderoso, que o cobriria pela vida toda.


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