Corações Despedaçados escrita por Boadicea


Capítulo 1
Olhos verde-esperança


Notas iniciais do capítulo

Olá ^-^
Hm, essa é uma estória um pouco diferente do que estou acostumada a escrever, então já lhes peço que tenham paciência comigo, por favor.
Esse primeiro capítulo é mais focado no reencontro entre a Lucy e o Natsu mas o próximo será bem mais "abrangente."
A Lucy é claramente a protagonista, o principal foco é ela: as dificuldades que enfrenta para realizar seu sonho e como vai lidar com sentimentos que nunca desapareceram completamente.
Entretanto outras personagens e casais secundários também serão abordados ao longo da trama.
Espero que gostem ^-^
Boa leitura:



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Lucy sentiu seu coração  se acelerar e parar ao mesmo tempo - se é que isso era possível - enquanto encarava aqueles tão profundos olhos verdes que sempre a desestabilizaram-na. Viu as sobrancelhas dele se franzirem levemente, o ar de confusão que habitou seu rosto - enquanto no dela, ela tinha certeza, transparecia pura surpresa.

 - Traga algo bem forte para nós, Lucy - Gray falou em um tom de voz descontraído como se aquela fosse uma noite igual a todas as outras. Lucy se afastou devagar - mesmo que uma parte sua quisesse sair correndo em disparada para o mais longe possível daquele olhar inquisitivo - e com a sensação de que seu coração estava prestes a sair pela boca. Se encostou no balcão do bar tão logo chegou lá e respirou fundo em uma tentativa falha de se acalmar. Não pode ser possível, balbuciava, não pode ser. Mas não só podia ser como era de fato e lá estava a prova (e causa) viva de tamanha comoção: Natsu Dragneel ainda olhava para ela, ignorando completamente o que quer que Gray estivesse dizendo. Era como se ela fosse a única coisa que ele pudesse ver naquele momento.

  - O que é que há com você ? - ela escutou o barman lhe perguntar mas apenas balançou a cabeça negativamente. Abaixou seus olhos para suas mãos que insistiam em tremer para logo depois fechá-los novamente. Muito bem, ela murmurou para si mesma, não seja covarde. Você tem passado por coisas piores, pode aguentar mais essa. É só ir lá, entregar as bebidas e sair logo. Simples assim.                        Apesar de ter ido em direção a mesa com os olhos fixos no chão, podia sentir o olhar dele pesando sobre si. Respirou fundo mais uma vez antes de enfim se aproximar.

— Por que demorou tanto ? Aconteceu alguma coisa ? - Gray perguntou deixando claro sua preocupação na voz. Lucy não respondeu - ainda não tinha condições para isso - e pode ouvir quando um amigo dele perguntou ao Fullbuster quanto ela custava. Isso fez com que ela se afastasse ainda mais depressa com medo de acabar perdendo o emprego por conta de um "desequilíbrio emocional" qualquer.

Em nenhuma noite era fácil para Lucy ter de trabalhar no clube, mas aquela definitivamente merecia o troféu de "A Pior." Fora um inferno maior do que o comum desde que seus olhos cruzaram com os dele pela primeira vez em anos e se estendeu até o fim do expediente - ele não deixara de olhar para ela nem por um segundo sequer. 

A loira deixou escapar um suspiro de alívio enquanto pegava sua mochila (e socava sua "roupa" de trabalho lá dentro sem a menor consideração)  e ansiava por sair logo dali e poder se jogar na cama - onde seriam seus pensamentos a lhe torturar e não os olhos dele.

— Gray disse que você não está disponível, que não é como as outras - Lucy sentiu um braço forte passar por sua cintura e um corpo prensando o seu antes mesmo que pudesse registar direito o que estava acontecendo - Mas, sabe, isso apenas te faz mais desejável. Eu tenho certeza que Gray diz isso porque quer você todinha para ele.

— Me larga! - rosnou - Eu não tenha nada com o Gray e não ache que vou hesitar em gritar se...

Foi interrompida pela risada do homem atrás de si e sentiu o braço em sua cintura se apertar mais enquanto a outra mão dele subia para seus peitos e o desespero começava a tomar conta dela.

— Acha que eu ligo se você gritar ? Isso só tornaria as coisas ainda mais excitantes, Loirinha. Não precisa se preocupar, estamos sozinhos aqui, então você já pode parar de se fazer de inocente. Não achou mesmo que ao usar essas roupas poderia sair numa boa daqui, não é?

Os gritos de protesto e desespero de Lucy ecoaram por todo o corredor vazio enquanto as mãos deles apertavam firmemente suas coxas e subiam mais seu vestido. Por favor pare, ela murmurava em meios aos gritos na esperança de que ele pudesse desistir e deixá-la em paz. Quanto mais ela gritava e implorava mais ele ria e com isso não demorou muito para as lágrimas começarem a cair.

Quando ela enfim sentiu o corpo dele ser arrancado de cima dela quase pensou que não fosse verdade.

— Deixe ela em paz - bradou firmemente uma voz perto de si e, ah, era aquela voz. A voz dele. Deixou-se escorregar até o chão enquanto soluçava e escutava o barulho dos socos sendo desferidos tão perto dela e ao mesmo tempo tão longe.

— Você está bem ? - ele perguntou parecendo realmente preocupado - Hey, calma, olhe para mim.

 As mãos dele delicadamente tiraram as delas próprias de seus rosto, obrigando-a encará-lo.

 - Ele chegou a...?

 - Não, não - murmurou em um fiozinho de voz. Eles suspirou e murmurou um graças a Deus e então por um momento nenhum dos dois soube o que fazer. Apenas ficaram ali olhando nos olhos um do outro como se nada mais importasse, até que Lucy desviou o olhar e - contra sua vontade - sentiu as lágrimas inundando seus olhos de novo.

— Fique calma, já está tudo bem - ele murmurou e logo em seguida a abraçou com tanta força que parecei que a sua vida dependia daquilo, de tê-la em seus braços.

— Já está melhor ? - Lucy apenas assentiu desejando que na verdade ele não tivesse interrompido o abraço. Ele a ajudou a levantar quando viu que suas pernas não tinham força para isso e sem falar mais nada simplesmente ficou ali, de novo com ela em seus braços a encarando como se fosse a coisa mais linda do mundo.

— Obrigada - ela sussurrou e então desviou os olhos enquanto sentia sua bochechas corarem pelo que estava prestes a dizer - não quero mais incomodá-lo, mas... acho que... que não tenho condições de chegar em casa sozinha. Desculpe. Então, posso te pedir um favor? Juro que não vou voltar a incomodá-lo depois disso. Pode me levar até minha casa?Por favor.

Natsu não respondeu, apenas a pegou no colo igual costumava a fazer há muitos anos antes e ignorou a expressão de surpresa no rosto dela por conta disso. A colocou delicadamente no banco do seu carro e logo se pôs a dirigir conforme ela indicava o caminho. Fora isso percorreram toda a pequena distância em total silêncio mesmo que ele tivesse a mente repleta de perguntas e ela um aglomerado de emoções percorrendo todo seu corpo.

Lucy não pode deixar de notar o olhar de dúvida que passou pelo rosto dele quando viu o prédio - ele com certeza deveria esperar algo pior para uma garçonete de um clube de strip - tease - assim como não pôde evitar se surpreender quando ele deu a volta no carro e voltou a pegá-la no colo.

— Não precisa - ela tratou logo de dizer querendo acabar com aquilo o quanto antes - e ao mesmo tempo não querendo.

— Deixe de ser teimosa, é claro que precisa. Você mal consegue ficar em pé sem ajuda. Qual o número do seu apartamento ?

— Ele continuou segurando ela até mesmo dentro de elevador e só a soltou quando já estavam dentro de casa, mais precisamente na cama dela.

— Obrigada - agradeceu Lucy.

— Bom, você tem que descansar. Passou por muita coisa hoje, deve estar exausta...anh, eu, bem, acho que já vou... - pela primeira vez ele parecia estar sem jeito, como se só agora tivesse se dado conta de tudo que acontecera. Você nem faz ideia do quanto, pensou a loira.

— Não! - a Heartifilia praticamente deu um pulo na cama, assustada - não apague a luz, por favor...

— Pensei que já tivesse superado seu medo do escuro - ele arqueou as sobrancelhas enquanto a fitava, como se duvidasse do que tinha escutado. Então abriu um pequeno sorriso quando a viu corar.

— Não é que eu tenha medo, mas...

— Não ? - ele arqueou ainda mais as sobrancelhas - Bem, que seja então. Mas você precisa descansar, como vai dormir com as luzes acesas ?

— Já estou acostumada - murmurou, já sentindo suas bochechas ficarem ainda mais vermelhas. Ele não pareceu acreditar em sua pequena mentira e deixou escapar um pequeno suspiro enquanto vinha em sua direção.

— Vou ficar aqui até que durma, então. Assim não vai precisar ficar com as luzes acesas, certo ? - até mesmo ele parecia meio desconcertado com sua própria decisão enquanto a Heartfilia apenas olhava para ele, com a sensação de que seu coração iria sair pela boca. 

O rosado não deitou na cama com ela ou a abraçou como costumava fazer - era tarde demais para essas coisas -, mas ao invés disso apenas ficou ali, sentado ao lado dela a olhando com aqueles seus olhos tão impossivelmente lindos.

Lucy adormeceu antes que pudesse sentir a mão dele passando delicadamente por seu rosto, em uma carícia quase que incerta. Seu último pensamento antes de se render ao sono foi que os olhos de Natsu eram tão verdes quanto antes: pareciam um sinal de esperança.


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Notas finais do capítulo

Por favor me digam o que acharam :3



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