Por onde começar? Acho melhor me apresentar primeiramente. Eu me chamo Kim SeokJin e estou esperando um bebê. Engravidei uma moça? Não! Quem está carregando a criança sou eu. Como? É uma longa e até um tempo atrás omitida história. Voltei do exército a quase 2 anos. Quando voltei, tive exatos 12 meses para ficar próximo de 5 dos meus melhores amigos. Acredito que você já saiba quem são. Yoongi foi para o exército também. Mas ele teve que ficar mais um ano depois de mim, já que entrou depois. Meio a esses 12 meses que fiquei junto aos meninos, assumi ter um sentimento que eu já tinha há um bom tempo. Este sentimento é o forte amor que sinto por Namjoon, o pai da criança que eu carrego. Ele foi pro exercito antes de eu descobrir carregar o nosso filho. Meses depois que ele foi, a Coreia do Norte travou uma guerra contra a do Sul. E o Namjoon… ele foi vítima do primeiro ataque. Namjoon foi morto pela bomba que os norte-coreanos jogaram na base militar em que ele estava. Hoseok foi ferido também, mas ao contrário de Namjoon… ele não se foi. Mas perdeu o movimento das pernas, o que o levou a depressão. Ele nunca mais andará ou dançará, e esse fato aniquilou sua felicidade. Hoseok não sorri como antes, o que me entristece. Mas eu também não sorrio como antes. Como poderia depois de perderia depois de perder a pessoa que mais amo? O seu corpo chegou em pedaços. Tive que vê-lo em tal estado, já que alguém tinha que reconhecer o corpo. Eu queria morrer naquele dia, que foi o pior da minha vida. Sequer pude abraçar o seu corpo por estar despedaçado. Apenas parte do seu rosto estava “intacto”. Esta parte foi a que beijei antes de levarem-no. O enterro foi feito no Canadá, onde estou agora. Tivemos que sair as pressas da Coreia, que está um caos. O enterro de Namjoon foi feito com o caixão fechado, disseram que o seu corpo estava muito ferido para ficar exposto. Eu queria que as coisas fossem diferente. Queria que ele tivesse voltado para saber da notícia e me ajudar a escolher o nome para o nosso filho. Queria que ele colocasse a mão sobre o meu abdômen e sentisse o bebê chutar. Eu carrego um garotinho, e o seu nome será Namjoon.

—O que está escrevendo, hyung? – Jungkook perguntou, sentando-se ao meu lado à mesa.

—Um diário. – Respondi.

—Como o Namjoon Junior está?

—Ele está bem, kook. Quer tocar? Ele estava chutando até pouco tempo.

—Eu posso? – Perguntou, com os olhos brilhando.

—É claro que pode. – Respondi, risonho. Coloquei a cadeira um pouco para trás, para dar espaço a minha enorme barriga de 8 meses e 3 semanas. Levantei o tecido que cobria meu peito e ventre, logo Jungkook se ajoelhou no chão e aproximou uma de suas mãos.

—Está dura, hyung.

—E pesada. – Comentei, antes de suspirar. Eu já estava com dor nas costas por conta do peso que carregava. Não vou mentir, durante a gravidez comi mais do que eu já comia. Isso deve ter ajudado a aumentar o peso.

—Mais uma semana e ele nasce, né hyung.

—Sim. – Respondi, sorridente, acariciando de leve o volume em mim. Senti algumas lágrimas caírem dos meus olhos, eu estava com saudades dele.

—Por que está chorando, hyung?

—Eu sinto falta dele… queria que ele estivesse aqui agora. – confessei, soluçando e limpando as lágrimas que insistiam em cair. Jungkook se levantou e me abraçou forte.

—Eu também queria, hyung… eu também queria.

~Duas semanas mais tarde~

Pov’s Taehyung

Estávamos sentados no sofá da sala, olhando TV. De repete, Jin hyung saiu do quarto aos prantos. Fui depressa até ele, que se apoiava na ombreira da porta enquanto tocava no próprio abdômen com a outra mão.

—O que foi, hyung? – Perguntei, preocupado e com os olhos estalados.

—E-está doendo… está doendo, Tae.

—Fique calmo, hyung. Tudo vai dar certo. – Disse, acariciando o volume no seu abdômen. – Venha, hyung. Sente-se. – Pedi, lhe acompanhando até sua cama e sentando-o na mesma.

—Tae… dói muito.

—Eu vou chamar os meninos pra me ajudar. Você tem certeza de que é agora? – Perguntei e ele assentiu repetidas vezes em resposta. Assim como dito, fiz. Chamei os demais e voltei ao quarto. Tivemos dificuldade para levar Hoseok, que queria participar do momento tão esperado por todos. A cadeira de rodas não passava pela porta, Yoongi então pegou ele no colo e o colocou ao lado de Jin, que já estava deitado. Jin apertava os lençóis da cama, Hoseok quando percebeu… segurou sua mão.

—Então é agora, Jin hyung? – Hoseok perguntou.

—S-sim. – Respondeu com dificuldade.

—Jin hyung, eu preciso que você faça força. – Jimin disse. Por incrível que pareça, ele era o mais qualificado para fazer o parto. Eu simplesmente não conseguiria, mal me aguentava em pé por conta do nervosismo. E Jungkook… bem, ele está roendo as unhas e não para quieto. Saí dos meus devaneios ao ouvir um grito que Jin deu. Isso parece doer bastante, nunca vi o hyung dessa forma. Dizem que parto demora, mas o hyung parecia bastante fraco depois de 2 horas fazendo força constantemente.

—M-minnie… o-o meu bebê?

—Estamos quase lá, hyung. Já consigo ver o topo da cabecinha dele. – A vontade de todos era de levarmos Jin para um hospital. Mas não podíamos, já que fazia 2 meses que estávamos ilegalmente no país e a qualquer momento poderíamos ser deportados. Ninguém aqui tem facilidade no inglês, por isso não conseguimos um advogado que nos entenda e possa nos defender nos tribunais. Se ao menos o Namjoon hyung estivesse aqui… – Jin hyung! Só mais um pouquinho.

—Força, Jin hyung! – Hoseok exclamou, segurando firme a mão de Jin. Alguns minutos se passaram e eu fui novamente tirado dos meus devaneios, dessa vez por um choro fino e esganiçado. Quando me dei conta, Jimin já entregava a pequena criança enrolada em toalhas brancas ao mais novo omma. Sorri, assim como Jin e os demais.

O hyung estava pálido, o suficiente para ser comparado a uma folha de papel. O vi olhar bem nos olhos do filho, beijar o seu rostinho e balbuciar “eu te amo”. Jin cerrou seus olhos lentamente, e depois disso… nunca mais os abriu. Hoje, eu, Hoseok, Yoongi, Jimin e Jungkook criamos juntos o pequeno Namjoon. Ele é saudável e… acredito que feliz. Nunca esquecerei dos meus grandes amigos, estes que foram ambos vítimas da guerra. Afinal, Jin era saudável, acredito que se foi pela enorme falta que sentia de Namjoon. Ao menos eles estão junto agora, acredito eu. Espero que estejam felizes e vendo o pequeno Nammie crescer, mesmo que de um lugar que eu não saiba qual é. Namjoon nos faz sorrir todos os dias, ele nos trouxe um pouco da felicidade que tínhamos de volta. Hoseok voltou a sorrir, mesmo que sem poder andar… ele diz que o pequeno Nammie andará, dançará por ele. Afinal, ele é cheio de vida… ele é como um dia fomos. Espero que ele não tenha que passar pelo que passamos. Espero que ele não tenha que ver os amigos morrerem por causa de uma guerra, esta que fora travada por mera ignorância, como todas as outras.