Destino escrita por Nena Machado


Capítulo 1
Destino


Notas iniciais do capítulo

Essa fic estava parada há anos no meu not, então como estou sem posta na minha Jily resolvi trazer essa pra vocês matarem a saudade.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/753485/chapter/1

O destino deve estar nos olhando

Com aquela cara de quem diz

“Eu tentei Juntar vocês dois”

 

As famílias puro sangue tinham o costume de fazer casamentos arranjados, casar seus filhos com os filhos de seus primos. Era uma forma de manter o sangue intacto, manter a corja inferior longe, uma forma de controle que era tão comum que quando eu era criança nunca me passou pela cabeça que as outras pessoas se casavam de uma forma diferente. Nunca imaginei que algumas pessoas casavam por amor, que seus maridos e esposas não eram escolhidos pelos pais após uma longa analise da arvore genealógica.

Era comum que esse acordo fosse firmado quando os noivos ainda eram apenas crianças, assim eles poderiam crescer com a ideia de que já tinham alguém para se casar, que não podiam levar um namorico muito longe. E assim eles também tinham a possibilidade de se conhecer muito tempo antes de chegar a data do casamento, muitas vezes eles conseguiam a felicidade de se apaixonar pelo noivo ou noiva antes, as vezes se amavam tanto que não se importavam de ter sido tudo arquitetado.

Durante muitos anos, vendo minhas primas casarem felizes com os maridos escolhidos pelos pais, me perguntei que elas realmente os amavam ou se apenas tinham se conformado que aquele seria o final de qualquer jeito e deviam aceitar.

Foi assim que eu a conheci. Eu tinha acabado de completar cinco anos, ela ainda era um bebê de apenas três. Eu não a achei nenhum pouco interessante quando meus pais me sentaram na frente dela e falaram como ela era “lindinha” e ela parecia muito mais interessada em colocar o cordão da sua mãe na boca.

Na época, me diverti muito naquela festa, corri com crianças da minha idade, impliquei com meu irmão caçula, comi mais doces do que me era permitido. Para mim, era só mais uma das várias festas que meus pais davam.

E quando eles anunciaram na mesa do almoço que o acordo de união entre os McKinnon's e os Black’s estava assinado, não entendi o que isso realmente queria dizer.

Eu estava noivo de Marlene McKinnon. Ainda éramos crianças, mas estávamos noivos. Por que ambos éramos puro sangue, ricos e influentes. E um casamento entre as duas famílias era muito proveitoso.

Crescer com a ideia não foi tão difícil, é como crescer sabendo que você precisará se formar. Você entende que é algo sobre o que você não tem escolha, mesmo que não goste da ideia sabe que não pode fazer nada sobre o caso, pelo menos não naquele momento. Claro, tinha casos como o da minha prima Andrômeda, que se casou com alguém indigno, mas essas atitudes tinham consequências graves, e com meus palcos 10 anos de vida parecia muito sério arriscar toda a família e tudo o que eu sempre conheci apenas pela possibilidade de escolher.

Vi minha mãe e a da Marlene se encontrarem diversas vezes para conversar. Sempre levando os pequenos noivos juntos, para que pudéssemos brincar juntos e gostar um do outro. Era um dos poucos momentos que minha mãe deixava eu e Reg correr pela casa e comer mais chocolate do que o normal, então eu gostava de quando ela vinha. Talvez tivesse dado certo, e nos apaixonaríamos antes dos 15 anos, só que os McKinnon's se mudaram para a França, onde a filha mais velha queria estudar. Eu não viria a ver minha noiva de novo por muito tempo.

 

O destino deve estar nos olhando

Decepcionado

Que pena

Que pena

 

Eu estava iniciando meu segundo ano quando ela ingressou em Hogwarts. Fazia quatro anos que eu não pensava em Marlene Mckinnon, mas a essa altura da vida eu já sabia que ela era minha prometida, também sabia o que isso queria dizer.

E não gostava nenhum pouco.

Acho que toda minha vida mudou no momento que o chapéu seletor tocou minha cabeça e gritou “Grifinoria!”. Minha vida já complicada em casa piorou, meus amigos não eram aprovados, minha casa não era aceita e eu estava me tornando cada vez mais revoltoso. Com quase treze anos e uma guerra a ponto de explodir, eu era um rebelde, não concordava com nada do que meus pais falavam ser certo, não concordava com a ideia puro sangue do tal Lord Voldemort, não concordava com o casamento arranjado que me foi imposto.

Admito, com uma certa vergonha, que infernizei a vida da minha noiva. Eu tinha a ilusão de que ela estava satisfeita com aquilo, talvez esperando ansiosamente pelo grande dia. Imaginava que ela devia ter se apaixonado pela ideia, por quem eles me vendiam, alguém bonito, com dinheiro, nome imponente. Não era isso que todas as meninas queriam?

Bem, não sei quanto as outras meninas, mas Marlene não queria, e fez questão de me deixar isso bem claro de uma maneira não muito pacifica.

— Porque você insiste em ser um completo babaca idiota comigo?! — gritou ela um dia, coberta de gosma verde, ela não esperou resposta e começou a me xingar, pontuando cada palavra com socos e tapas, eu nem mesmo sabia que uma garota de 12 anos tinha um conhecimento tão amplo de xingamentos. — Como meu pai pode escolher logo você?

— Não sei, mas gostaria que ele tivesse escolhido outro. — falei, desejando que minha voz passasse um desprezo pela ideia de tê-la como esposa e não o desespero por convence-la a desistir.

Notei logo pela cara que ela fez que o que transpassou foi o desespero.

— Você realmente acha que vai se livrar do casamento assim? Você acha que eu já não implorei de joelhos ao meu pai para acabar com isso.  — ela me olha de baixo, mas tinha uma postura tão superior que me sentir menor. — Eles não vão, é muito dinheiro envolvido, nem mesmo temos a quantia necessária para quebrar o contrato

Ah essa postura, eu viria a descobrir que Lene possui naturalmente essa postura de superioridade, talvez um traço da criação de puro sangue que ela recebeu. E, nesse caso, ela podia mesmo assumir essa postura, afinal eu, o cara mais velho e supostamente mais maduro, tinha atacado uma menina para convence-la a fazer o que eu queria, assumindo que eu era tão irresistível que não tinha a opção dela também não está interessada. Arrogância, parece que essa característica eu herdei dos Black’s.

— Desculpe. — sussurrei bem baixo.

Se eu fosse ela, teria me feito repetir o pedido bem alto só pelo prazer de fazê-lo, mas Marlene era uma pessoa muito melhor do que jamais eu poderia ser, então ela só sorriu um pouco, me deu as costas e seguiu seu caminho.

 

Que a gente estragou tudo

Porque pensamos tanto em ser perfeitos

E os perfeitos não sabem amar

A gente estragou tudo

Por apontarmos tanto os nossos erros

E os erros vão sempre estar aqui

 

Eu tinha 16 anos quando nós beijamos pela primeira vez, estava terminando o quinto ano. Ela tinha 14 anos e meus amigos me infernizaram tanto por ficar com alguém mais novo, eu cheguei a me sentir um pouco mal por gostar dela, entretanto Lene sempre foi muito mais madura do que eu.

Lene falava sobre a guerra que tinha finalmente ganhado conhecimento público, gastava horas conversando com seus pais sobre como aquela ideia era deturpada, foi ela quem me convenceu sobre a importância de sangue puros como nos e Prongs nos posicionar contra Lord Voldemort, sobre a importância de lutar mesmo quando eu não sou diretamente afetado.

E foi em uma tarde de primavera dessas conversas que nos beijamos, foi um beijo calmo, de descobrimento. Embora eu não tenha tido o privilégio de ser o primeiro homem com quem ela se deitou, tenho certeza de que fui seu primeiro beijo. E mesmo que eu tenha beijado outras várias meninas antes dela, aquele beijo teve um significado maior para mim.

Foi a primeira vez que eu sentir aquele frio na barriga, as tais borboletas no estômago, que James alegava sentir toda vez que via Evans. Passei todo o resto do ano namorando com Marlene, e me permitir imaginar um futuro, imaginar que de alguma forma o destino tinha nos juntado.

Íamos nos casar de qualquer forma graças a um documento estúpido, mas a vida, o destino, ou seja lá como queiram chamar, tinha nos possibilitado a oportunidade de nos apaixonarmos verdadeiramente. Íamos ser felizes, nos casar, ter filhos, brincar com netos, envelhecer juntos.

Mas a realidade me atropelou como um caminhão. Meus pais queriam que eu me aliasse a Voldemort, que eu aceitasse ser marcado como gado e lutar a até a morte por uma ideia que eu não defendia. E eu não consegui, isso ia contra tudo o que eu acreditava. Teve muita briga, surras e machucados, chegaram a usar Lene para tentar me chantagear, alegando que os pais dela não aceitariam o casamento com um rechaçado e que iam passar o acordo para meu irmão Régulos. A própria Lene me escreveu dizendo para eu não ceder, que íamos dar um jeito nisso.

No fim, fugi de casa no meio da noite, fraco e debilitado por conta de surras e da privação de comida e água, só consegui procurar abrigo na casa de James por que Regulos me ajudou. Não sei o que aconteceu com ele, não sei como ele foi punido, tudo que eu sei é que ele não se casou com Lene no meu lugar, mas se alistou a foça de Voldemort como se fosse o filho mais velho dos Black’s. Mais um dos incontáveis erros que deixei pelo caminho

O contrato do casamento foi quebrado, minha família pagou o dinheiro aos Mckinnon, eles proibiram Marlene de entrar em contato comigo, por um momento, tive medo de que ela fosse obedecê-los e nem olhar mais na minha direção.

Mas ela também era grifinória, brigou com os pais ao ponto de passar o verão todo trancada dentro do quarto para evitarem que ela fizesse algo que estivesse proibida. Porém na escola não tinha como eles a controlarem.

Assim que Marlene entrou no trem ela correu para a cabine onde eu estaria com meus amigos, a abriu em um estrondo e se jogou em meus braços. A abracei com força, sentindo o cheiro de seus cabelos, sentindo meu coração finalmente se acalmar da aflição que eu sentia desde o dia que recebi a carta sofre o fim do contrato.

Lene ficou conosco por toda a viagem, contei para ela tudo o que tinha acontecido e como eu estava agora, ela me contou como implorou tanto ao seu pai que ele recusou o acordo de casa-la com Régulos, e que Lene agora não tinha um contrato de matrimonio para cumprir.

E quando meus amigos começaram a falar, eles conversaram como se fossem amigos há anos, enquanto assistia meus amigos aceitarem minha namorada tão bem, mesmo ela sendo dois anos mais nova, cheguei à conclusão de que definitivamente, Lene era alguém fixa na minha vida.

 

O destino deve estar nos olhando

Com aquela cara de quem diz

"Eu tentei Juntar vocês dois"

 

Lene sempre foi bem transparente quando aos seus sentimentos, quando criança eu entendia ela facilmente. Quando nos reencontramos entretanto eu já estava numa fase meio tapada da adolescência, então mesmo que ela deixasse os sentimentos amostra eu não conseguia compreender nada. Depois de quase dois anos namorando, era de se imaginar que eu já soubesse compreendê-la completamente, porém ainda tinha algumas coisas que me deixava confuso.

Ela começou a ficar estranha nos últimos quatro meses do meu sétimo ano, primeiro achei que era preocupação com os Nom’s, então passamos bastante tempo na biblioteca estudando ou praticando em algum lugar do castelo. Mas mesmo depois das provas ela continua afastada, então imaginei que era porque eu ia me formar, em breve eu estaria no mundo, na vida real, lutando contra as forças de Voldemort, colocando em prática tudo aquilo que treinamos por anos.

Por isso, a papariquei de todas as formas que pude, querendo mostrar o quanto eu a amava. Mesmo estando juntos há tanto tempo, mandei para ela um buquê de flores, com um poema horrível em que eu a convidava para ser meu par no baile.

Na festa, aproveitamos um pouco com nossos amigos, e depois saímos para os jardins. Não éramos os únicos ali fora, muitos outros casais também aproveitaram a escuridão a noite para poder dar uns beijos mais quentes sem serem julgados.

Procuramos um lugar isolado e sentamos no chão mesmo estamos com roupas de gala.

— Aqui estamos. — me lembro de dizer. — minha última noite nesse castelo.

Lene suspirou. Ela tinha passado a noite sorrindo e feliz, tinha bebido um pouco a mais do que é acostumada, então estava um pouco mais sorridente do que o normal. Por isso estranhei quando ela ficou subitamente calada.

— O que foi? O que está errado?

— Nada. — respondeu rápido, rápido demais, era uma resposta pronta.

— Vamos, Lene, você está estranha a semanas. — respondi, não querendo citar que ela estava estranha há meses. — Me diga o que está errado.

— Como nós vamos ficar? — ela falou de supetão, me pegando desprevenido.

— Como... Como assim?

— Nós. — ela respondeu, como se isso explicasse tudo. — Você vai sair daqui, se formar, e eu vou ficar.

Aí estava, aquilo que eu achava ser o problema, entretanto, não era só isso. Imaginei que ela estava insegura, por ela está aqui e eu lá fora, achei que eu precisasse lembrar que a amava e nunca a trairia, dizer que eu ia esperar por ela, que dois anos não era nada, que íamos nos ver nas férias, feriados e finais de semana em Hogsmeade.

Digo tudo isso a ela, na esperança de que ela vai ficar calma, mas Lene sempre conseguiu me surpreender facilmente.

— Temos que terminar.

Fico tão chocado que não consigo formular uma resposta, ela se levanta e começa a falar sem parar, e eu fico lá somente a ouvindo e vendo-a andar de um lado para o outro.

— Você vai estar lá fora, lutando, não posso te prender a mim, seria egoísta, você precisa viver. Você é um homem feito Sirius, devia procurar alguém da sua idade, alguém que esteja vivendo a mesma fase da vida que você.

— Não faça isso, por favor, não faça isso. — peço, mas a minha voz saiu baixa e rouca, acho que ela nem mesmo chegou a ouvir.

— Também preciso viver um pouco, meu único namorado foi você. Relacionamentos a distância não funcionam, Sirius, uma hora algum de nós vai achar outra pessoa. É melhor estarmos liberados para fazer o que quiser. São dois anos, muita coisa acontece em dois anos. Se depois de todo esse tempo, nos reencontramos e ainda sentirmos o mesmo, podemos reatar. Mas por enquanto, é melhor terminar tudo.

 

O destino deve estar nos olhando

Decepcionado

Que pena

Que pena

 

Eu fui recusado no curso de auror, assim como o Remus, James foi aceito, já Peter nem tentou. Eu entendia o motivo, não fiquei feliz claro, mas entendi. Meu sobrenome pesou, praticamente toda a minha família apoiava Voldemort grande parte dela estava presa ou morta, eu podia ser um espião, por isso fui recusado, Remus foi recusado por um motivo parecido, ele é um lobisomem, e quase todos também eram aliados. Os aurores não queriam arriscar.

Isso não nos impediu de ajudar na luta, eu conseguia muitas informações para James, conseguia colocá-lo em festas pro-Voldemort, treinava junto com ele. Por isso quando James foi convidado a se juntar a Ordem da Fênix ele não pensou duas vezes antes de sugerir que eu e nossos outros amigos fossemos chamados.

Encontrei vários amigos. Lily foi​ chamada para Ordem por Dumbledore, Alice e Frank também estavam lá. Conheci novos amigos, os Weasley que corajosamente estavam indo para o filho número seis na mesma época que James e Lily decidiram reproduzir.

Nessa época, evitei pensar ou saber sobre Marlene. Meu coração ainda estava partido, e se apertava toda vez que ouvia seu nome.

Isso não quer dizer que não me envolvi com ninguém, tive inúmeras namoradas, mas nenhuma durava mais que um mês. Sei que Lene também teve uns namorados nesse meio tempo, ela nunca falou sobre isso, mas eu sabia que não tinha acabado muito bem, e que a culpada foi ela.

Não sabia muita coisa sobre os últimos anos dela em Hogwarts, não sabia como ela estava ou se era uma aluna aplicada. Por isso me surpreendi quando entrei na sede da Ordem da Fênix de volta de uma missão e encontrei ela no meio da sala.

A reconheci imediatamente, os anos tinham feito bem para ela, estava com mais curvas, os cabelos tinham um corte próximo a orelha que deixava seu rosto maduro. Meu coração também a reconheceu. Quis dizer a ela se sentir saudades, quis falar que ainda a amava e que queria reatar nosso namoro.

Mas eu tinha levado a pior na luta, estava com um olho inchado, cortes por todo o corpo e um ombro deslocado, tinha perdido bastante sangue por causa de um feitiço que arrancou uma pequena parte de minha coxa.

Por isso quando abri a boca para dizer seu nome, cai desmaiado no chão.

 

O destino deve estar nos olhando

Com aquela cara de quem diz

"Eu tentei Juntar vocês dois"

 

Acordei no sofá da sede, com Lene, que depois descobri que tinha entrado para a equipe de medibruxos, terminando de curar minha coxa. Eu ia ficar com a cicatriz para o resto da vida, mas no momento eu só conseguia olhar para ela.

Ela mal terminou de falar sobre as poções que eu precisava tomar e passar nos cortes quando a pedi em namoro de novo. Ela sorriu, e me beijou, e foi exatamente como eu sempre sonhei.

Namoramos por dois meses quando decidimos morar juntos, Lene passava mais tempo na minha casa do que na dela, então um dia simplesmente pedi para ela trazer o resto das roupas que ainda tinha na casa do pai.

Chegamos a da entrada na documentação para nos casar, mas nessa época o Ministério estava uma loucura tão grande com a ascensão de Voldemort que nunca chegamos a ter a resposta.

Então fomos vivendo, íamos em missão juntos, protegíamos um ao outro da forma como podíamos, depois voltávamos para casa e fazíamos amor só para lembrar que no meio de toda essa guerra ainda estávamos vivos.

E aí descobrimos que não só estávamos bem vivos, como também podíamos dar vida a mais um ser.

 

O destino deve estar nos olhando

Decepcionado

Que pena

Que pena

 

Achei estranho quando Lene se recusou a ir em uma missão, se oferecendo para ficar de prontidão para cura quem se machucar.

— Eu estou grávida.

A notícia foi dada assim, curta e grossa, Lene sempre gostou de ser direta. Ela estava de dois meses, desconfiava há um, mas estava com medo de confirmar.

Então Lily a obrigou a fazer algo, como meu afilhado Harry estava quase completando um ano, eu tinha plena consciência de que eu saberia cuidar de um bebê, considerando as incontáveis vezes que cuidei dele quando James e Lily saiam em missão. Não era o melhor momento, mas era um filho, uma prova concreta do nosso amor, e nos o amamos imediatamente.

Brigamos muito desde o início, ela insistia que ainda poderia ir em missões, que ficar sentada enquanto outros lutavam era quase um insulto a sua formação como medibruxa. Foi preciso o Dumbledore falar com ela para que aceitasse ajudar a causa com o mínimo da segurança.

Ela cuidava dos feridos, ajudava no planejamento das missões e principalmente, trazia informações do St. Mungos que tinha sido conquistado pelos seguidores de Voldemort.

A diretoria toda do hospital era totalmente adoradores de Voldemort, começaram despedindo todos os mestiços e nascidos trouxa que trabalhavam no hospital, depois passaram a só atender quem eles julgassem merecedores, sangue puro. E aí veio o pior, Marlene descobriu que o subsolo estava sendo utilizado como uma espécie de laboratório.

De certa forma, eu achava que ela estava correndo mais perigo lá do que lutando.

 

Que a gente estragou tudo

Porque pensamos tanto em ser perfeitos

E os perfeitos não sabem amar

A gente estragou tudo

Por apontarmos tanto os nossos erros

E os erros vão sempre estar aqui

 

Marlene estava com quase seis meses quando foi interrogada pela primeira vez. Pegaram leve com ela, afinal sua família não tinha se posicionado publicamente contra Voldemort, apesar de também não ter se alistado e nos ajudar frequentemente por baixo dos panos. Naquele primeiro momento eles só queriam saber sobre o bebê que ela carregava, se era um puro sangue, se ela era um traidora, se ela conhecia algum traidor.

Não soubemos por que o interrogatório foi tão leve, não usaram poção veritaserum nem mesmo alguma maldição, não a torturaram fisicamente. Foi tudo muito leve. Foi só assustador, pois ela passou o tempo todo pensando em quanto que o interrogatório ia ficar pior, e depois passou o tempo todo nervosa com quando seria o próximo.

Entramos em um dilema, se Lene saísse do hospital perdíamos uma importante infiltrada, além de que poderia ser suspeito para ela. Mas se ela ficasse esta correndo risco diariamente, podendo a qualquer momento não voltar para casa.

Mais tarde, enquanto eu conversava com nossos amigos, Lily me disse que imaginava que tinha pegado leve com ela por causo do Watson e que talvez ele pudesse ajuda-la caso algum dia seja necessário.

— Quem é esse?

— Você não sabe? — perguntou ela parecendo confusa. — Foi o responsável por interroga-la. Eles namoraram no último ano dela, ele até decidiu ser medibruxo por causa dela. Pelo que eu sei, ela partiu o coração dele quando negou o pedido de casamento, mas ele nunca parou de tentar fazer ela dá outra chance, nem quando soube da gravidez. Parece que ele até se ofereceu para assumir caso ela precisasse fingir que o bebê era puro sangue, um cara legal.

Eu fiquei com raiva, enciumado. Planejava falar com ela assim que eu chegasse em casa, sem entender porque ela não tinha me contado algo do tipo, queria respostas, mesmo com minha consciência dizendo que devia deixar ela se recuperar, mesmo com James dizendo que ela tinha passado por muita coisa naquela semana. Eu queria brigar, queria dizer que ela era minha e eu ia surrar esse cara sem me importar se ele salvou a vida dela ou não.

Entretanto, quando cheguei em casa Lene estava chorando e arrumando as malas. Esqueci tudo o que eu queria dizer, esqueci a raiva, tudo. Ela precisava de mim, e eu estaria lá para ajuda-la.

Ela queria ir embora, tinha ficado muito perto da morte, e estava com medo, não por ela, Merlin sabe que Lene nunca teve medo por ela. Mas ela queria que nosso filho tivesse a chance de nascer, que ele pudesse crescer.

Disse a ela que é por isso que estamos lutando, por um mundo melhor para nosso filho, para Harry, para os filhos dos Weasley que iam ter mais um na mesma época que nós. Mas Lene não queria mais lutar.

Ela queria fugir.

 

Não foi amor

E o que faltou

Foi o que então?

Não me pergunte não

 

Consigo retardar Lene por mais um mês. Brigamos muito nessa época, eu queria ficar, queria lutar, ela achava que já tínhamos lutado demais, que devíamos ir embora pelo menos pelo tempo de o bebê nascer e completar um ano de vida.

— Podemos voltar logo em seguida, quando ele tiver um ano. — ela me suplica de noite, abraça a mim e tremendo, após acorda de outro pesadelo. — Podemos fazer algo de longe, ajudar sem estar na luta.

— Não posso deixar a guerra, sou o guardião do segredo de Lily e James. Como posso ir embora?

— Eu posso. Acho que esta na hora de nos separarmos de novo.

Não houve nada que eu diga que a faça mudar de ideia. No outro dia, Lene arruma as malas. Ela decide ir até a casa dos pais, se despedir deles.

É nessa hora que eu decidir ir junto. Minha luta é digna, é importante, mas tem alguém que é mais importante ainda, minha mulher e filho. Tudo é feito muito rápido, devíamos passar o segredo a Dumbledore ou Olho-Tonto, mas nenhum chega a tempo e acabo passando para Peter, ele passaria a Dumbledore depois.

Arrumo apenas uma mochila com algumas roupas e corro para a casa dos pais de Marlene, torcendo para ela não ter ido ainda. Mas já era tarde, tarde de uma outra maneira, uma maneira muito pior do que ela ter ido para o Brasil.

Quando chego lá a casa está destruída, os pais de Marlene foram queimados vivos, os irmãos torturados e cortados, com dedos e orelhas por todos os lados da sala. E Marlene, ah...

Minha querida Marlene...

 

Não foi amor

E o que faltou

Foi o que então?

Não me pergunte não

 

Marlene foi torturada até a morte, no dia 28 de outubro de 1981, junto com ela morreu nossa filha, que tínhamos decidido chamar de Lucida* Black. Foi achada no seu quarto de infância, o sapato esquecido debaixo da cama nos deu uma ideia de que seus pais mandaram ela se esconder lá, em uma tentativa de salva os membros mais novos da família.

Deduzimos que o ataque ocorreu por causa dela, sabiam que Marlene estava na Ordem da Fênix, sabiam que ela podia levar a mais membros. Por isso foram atrás dela, num momento que ela estivesse vulnerável.

Não consegui lidar com a burocracia depois, e foi Remus que me apoiou nesse momento, mesmo que nos últimos meses eu o tenha acusado por estar distante e passando muito tempo com outros lobisomens. Foi ele que reconheceu oficialmente o corpo de Lene, foi ele que preencheu toda a papelada para a liberação do corpo e registro de nascimento da minha filha, apenas me entregando e apontando aonde eu precisava assinar.

Eu não quis saber como exatamente a torturaram, mas soube que durou no mínimo duas horas e que ela entrou em trabalho de parto logo no início.

Quando Lucida nasceu, a mãe dela ainda estava viva, mas ela já nasceu morta. Alguém se deu o trabalho de enrolar minha filha no lençol da cama, passei horas tentando entender como uma pessoa capaz de cortar em pedaços e torturar pessoas tem a sensibilidade de enrolar um bebe morto e deita-lo na cama, para depois voltar a torturar a mãe dele.

Isso não muda o fato de que vi os caixões das mulheres mais importantes da minha patética vida ser descido em um buraco de onde elas nunca iriam sair.

 

O destino deve estar nos olhando

Com aquela cara de quem diz

"Eu tentei Juntar vocês dois"

 

James e Lily foram atacados dois dias depois do enterro de Marlene e Lucida. Peter era o traidor, não Remus como nos desconfiávamos. As suas mortes foi outro grande baque na minha vida. Ser preso e não poder cuidar de Harry como prometi me doeu ainda mais.

Acho que foi nessa época que a loucura dos Black’s começou a se apossar de mim. Vivi cada dia da minha vida sedento por vingança, matar Peter era tudo o que eu queria. E então surgiu a oportunidade, e eu fugir de Askaban. Tinha uma grande missão pela frente, mas primeiro...

Primeiro eu tinha que visitar o grande amor da minha vida. O amor que eu nunca pude realmente viver. Vou até seu tumulo em minha forma animaga.

Paro por um momento no tumulo pequeno, que possuía apena o nome “Lucida Black” com os dizeres Amada, coloco a pata na pedra fria por um segundo, sentindo o aperto no peito por nunca ter podido criar e educar aquela criança, por nunca ter podido ser pai, por já ter começa errando tão feio que não fui capaz de protege-la.

E depois me encaminho para lápide ao lado.

Marlene McKinnon

14 de outubro de 1961 — 28 de outubro de 1981

Queria ter podido ficar ao seu lado, queria ter fugido com você quando tive a chance, foi tudo minha culpa, absolutamente tudo. Eu devia ter te apoiado, te protegido. Talvez tudo fosse diferente se eu tivesse ficado com você, teríamos planejado direito, tornado Dumbledore o guardião do segredo, eu estaria lá para te proteger. Você estaria viva, Lucida estaria viva, James, Lily...

Me perdoe, me perdoe por favor. Tenho mais uma coisa para fazer aqui, querida, uma última coisa. Preciso cuidar de Harry, como prometi, é a única coisa que ainda posso fazer. Para isso preciso pegar aquele traidor, mas depois disso, depois que eu matar aquele rato imundo...

Depois disso estarei pronto pra te encontrar.

 

O destino deve estar nos olhando

Decepcionado

Que pena

Que pena

 

*Nome próprio da estrela Alpha Monocerotis, que é a estrela mais brilhante da constelação do Unicórnio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, comentem o que acharam, favoritem para que mais pessoas leiam. Beijos, ate a próxima.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destino" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.