— Eu estou cansada disso! — a diretora esbravejou olhando os dois alunos lado a lado na sala de detenção.

Thalia abriu a boca para tentar se defender, mas a senhora de sessenta anos foi mais rápida, fazendo com que a morena de olhos azuis elétricos voltasse a recostar suas costas na cadeira.

— Nem pense em falar que não foi sua culpa senhorita Grace — a mulher apontou o dedo para a garota, que cruzou os braços irritada, porém calada. — Ambos são culpados, a briga de vocês dois já passou do limite, vocês dois vão ficar aqui até o último clube fechar, vão conversar e se entender, não quero que sejam amiguinhos, quero que parem de brigar e se vocês ousarem sair dessa sala sem se entenderem completamente, e brigarem, por mínimo que seja nessa escola, nos terrenos arredores ou em horário escolar, ambos serão expulsos, entendidos? — a mulher olhou para os dois alunos que assentira. — Eu não ouvi.

— Sim, Senhora Bennet — Nico di Angelo e Thalia Grace falaram em uníssono, ambos de cabeça baixa.

— Ótimo, conversem — anunciou e saiu em passos pesados para fora da sala, batendo a porta com mais brutalidade do que ela planejava.

— Velha chata — os dois adolescentes anunciaram assim que estavam sozinhos na sala de detenção.

— Tudo bem, Grace, parece que finalmente vamos ter que conversar sobre aquilo, pois nós dois nos conhecemos bem o suficiente para saber que não vamos ficar sem brigar caso não conversarmos e resolvermos e eu não sei você, mas eu não quero ser expulso — Nico disse olhando a menina que tinha os olhos no quadro negro com tédio.

— Eu não quero conversar sobre o que aconteceu — ela deu de ombros, sem o olhar.

— Precisamos conversar.

— Não, eu preciso que você pare de ficar jogando indiretas a todo o tempo sobre isso — dessa vez a menina se virou de frente para ele, encarando seus olhos negros.

— Eu não precisaria jogar indiretas se você conversasse comigo — Nico sustentou seu olhar, ela era linda.

— Você quer minha real opinião? Você se aproveitou do fato de eu estar bêbada! — disse convicta se virando para frente.

— Eu me aproveitei? Você sentou no meu colo e quando eu tentei falar sobre seu namorado você me mandou calar a boca e me beijou — Nico rebateu descrente com a ousadia dela de o acusar.

— Foi você que me embebedou, disse que gostava de mim desde a segunda série e depois disso ficou jogando indireta a noite toda e foi você que se ofereceu para me levar em casa — Thalia o acusou, sentindo suas bochechas corarem com as poucas lembranças daquela noite voltando.

— Eu não lembro de ter te amarrado em uma cadeira e enfiado álcool em sua garganta, não foi eu que contei, foi o Leo e EU ESTAVA SENDO EDUCADO! — Nico se exaltou, se levantando e andando para a frente da sala — Como eu ia prever que você ia me agarrar e eu também não estava lá muito sóbrio para lutar.

— Como se você não tivesse adorado — Thalia rebateu irritada e jogando as pernas em cima da cadeira que antes Nico estava sentado.

— Nunca disse que não gostei — ele rebateu, vendo-a revirar os olhos ficando mais irritada ainda.

Ela tinha quase certeza que tinha gostado também, pelo menos o que ela lembrava da noite tinha sido muito bom, outra coisa que ela tinha certeza que havia acontecido ela havia tido um orgasmo, coisa que seu namorado não conseguia a fazer chegar a muito tempo.

— Eu me lembro de você ter gostado também — Nico comentou baixo, e mal teve tempo de se abaixar do estojo que voou na sua direção.

— Ah! Jura? Bom, eu não me lembro de NADA! Como eu vou saber? Eu estava bêbada e não estava pensando por mim! — Thalia se levantou também, andando até o outro extremo da sala.

— É por isso que tá tão irritada? Por ter bebido e transado comigo? Ou por ter traído seu namorado e tem medo de eu contar?

— Primeiro: Sabemos que se eu não estivesse completamente inconsciente dos meus atos aqui nunca teria acontecido; Segundo: Você não ousaria abrir o bico, pois além do meu namorado te odiar, sua cara seria esfolada e você passaria os próximos três meses fazendo transplantes dentários e respirando sentindo o cheiro do sangue; Terceiro: Como você contaria? — ela questionou, colocando as mãos na cintura o encarando.

— Bom, eu poderia comentar algo do tipo: Sua namorada sentou no meu colo, mandou eu calar a boca e disse que quer ter um orgasmo já que ela não chega lá a muito tempo — Nico comentou, vendo-a arregalar os olhos — sim você disse isso.

— Por que você tem que ser tão babaca? Não podia simplesmente viver sua vida normalmente e fingir que nada aconteceu? Eu mal me lembro, pra mim não aconteceu!

— É claro que aconteceu e por que você namora com aquele idiota? Você não gosta dele, ele só quer te comer como foi com todas as ex-namoradas dele e eu sei o quanto você desabafa no ouvido do seu primo sobre o relacionamento péssimo de vocês, então talvez seja uma boca coisa eu chegar e falar para ele sobre o que aconteceu — disse irritado a vendo suspirar e sentar na cadeira derrotada.

— Eu só faço merda — deu de ombros, vendo-o se aproximar — é o que meu pai sempre fala, que eu nunca fiz nada direito, claro ele não diz isso na minha cara, mas eu cansei de ouvir ele falando com minha madrasta, no início eu fui mais uma daquelas trouxas que gostava realmente do Luke, então eu levei ele pra conhecer minha família, descobrir que o pai dele é sócio do meu, foi tudo um mar de maravilhas, foi a primeira vez que eu vi meu pai feliz com alguma escolha que eu faço, eu não quero perder isso.

Nico se sentou de frente para ela e segurou as mãos delicadas dela na sua.

— Eu sei que isso é difícil de aceitar, mas você não tem que fazer seu pai orgulhoso, você tem que se preocupar em ser feliz e no que faz bem para você, estar em um relacionamento que você não gosta com um babaca como o Castellan não vale a pena e não te faz bem — ele acariciou o dorso da mão dela, vendo-a avalia-lo. — Acredite, ele quer te ver feliz, independente do cara que você namore.

Ela suspirou e deu de ombros.

— Isso significa que vai parar de encher meu saco? — questionou arrancando uma risada dele.

— Pode ser que sim — encarou seus olhos — vai terminar com aquele babaca?

— Pode ser que sim — suspirou, imaginando como seria contar aquilo para sua família.

— Vai aceitar sair comigo em um encontro sem bebidas ou algo do tipo? — indagou, a fazendo rir.

— Pode ser que sim — respondeu novamente o fazendo sorrir.

— Acho que isso significa que podemos sair daqui — Nico concluiu olhando a porta da sala de detenção.

— Ela deixou bem claro que só depois do último clube fechar.

— E o que vamos fazer aqui esse tempo todo? — ele a encarou que sorriu travessa.

— Eu tenho uma ideia — mordeu o lábio inferior e cortou a distância que estava entre eles, selando seus lábios com calma.