Lado a Lado escrita por Ariane Munhoz


Capítulo 1
Você sempre esteve comigo


Notas iniciais do capítulo

A louca das fics, eu mesma.

CommentUp, porque vocês pedem, a gente faz!

Fanfic de presente pra Miima, porque foi ela quem me pediu primeiro!



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Lado a lado

O tempo passa, nós evoluímos e os sentimentos crescem. Mudam de intensidade. Up não sabia dizer quando havia sido arrebatado pelos sentimentos que o envolviam, tornando Comment seu centro, sua luz. Parecia que seu coração pararia de bater a cada vez que ele se aproximava. Aquilo era amor.

Estava um pouco nervoso, afinal, aquele era o dia onde sairiam juntos pela primeira vez. Não como amigos, é claro, isso era corriqueiro para ambos. Tinham crescido juntos, vizinhos separados por uma única parede, e até mesmo as primeiras palavras que trocaram foram complemento uns dos outros.

Mas nós evoluímos, os sentimentos crescem e mudam de intensidade. Up não sabia dizer quando havia se tornado tão radical ao ponto de tingir os cabelos de azul só para provar seu ponto ou quando seus sentimentos por Comment haviam se tornado tão fortes ao ponto de parecer que seu coração pararia de bater a cada vez que ele se sentava perto dele—o que acontecia com bastante frequência já que estavam na mesma turma da escola.

A princípio, não soube com abordá-lo. Como dizer para o seu melhor amigo que sentia-se diferente perto dele? Que dormir na mesma cama, jogar conversa fora e escorar-se ao seu lado não era o bastante?

Up era despojado, divertido, solto e alegre, mas nunca havia ficado com um garoto antes. Além disso, Comment era seu melhor amigo e a ideia de perder sua amizade por uma paixonite tola era completamente inaceitável.

Por meses, suprimiu aquele sentimento em seu peito, guardando-o a sete chaves como um tesouro pirata. Mas sempre que o ruivo estava por perto, seu coração batia dolorosamente e Up sentia que ele explodiria a qualquer momento.

Quando ele estava por perto, queimava como brasa. Um fogo intenso que carregava consigo o calor do próprio sol. Sentia que seus ossos poderiam derreter ao mínimo contato com a pele morna do garoto estudioso. Mas quando se afastavam, fosse pelos seus treinos de futebol ou em alguma noite monótona que não podia vê-lo por conta do clube de xadrez que Comment frequentava e ele não, o frio que sentia arrefecia-o de tal forma que ameaçava congelar seu corpo e sua alma por inteiro.

Mas um dia, Comment notou a estranheza—vinha-a notando há meses, é claro—e resolveu agir diante daquilo.

“Gosto de você”, dissera ele “Mais do que provavelmente deveria. Não quero guardar isso para mim. É lógica pura, sabe, que daremos certo eu e você. Porque somos compatíveis.”

Compatíveis.

Up nunca achou que se apaixonaria por alguém que utilizava essa palavra para marcar um encontro.

E ali estava ele, na cafeteria onde os dois costumam ir, sentindo as mãos trêmulas como se fosse a primeira vez em que o via.

Comment chegou um pouco depois, metódico como sempre, e acenou para ele. Up ergueu uma das mãos, os brincos prateados tilintando na orelha e um sorriso tímido tomando conta de seu rosto.

− Desculpe pelo atraso. – Comment sentou-se diante dele. – A monitoria demorou mais do que eu previa.

Além de ser o presidente do Grêmio Estudantil da escola onde estudavam, Comment também ajudava os alunos que tinham dificuldade. Ele podia ter uma fala difícil e rebuscada que muitas vezes o irritava porque ele parecia um dicionário ambulante. Mas também fazia parte do seu charme. E nunca, nunca se negava a ajudar alguém que tivesse dificuldade e quisesse aprender.

− Tudo bem. – Up passou uma das mãos pela nuca, parecendo um tanto nervoso. – O de sempre?

Comment concordou com a cabeça, A voz rouca de Up sempre o encantava, como quando ele pegava o violão e se sentava em nenhum lugar em especial e ficava absorto nas músicas sem nunca perceber quando as pessoas se juntavam ao seu redor, pois a música era sua verdadeira paixão. Era como se daquela forma, as pessoas ao redor se sentissem cativadas; Up tinha esse poder de levantar qualquer um com seu carisma. E Comment se sentia cativado por ele.

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas, lembrou-se Comment. E ajeitou os óculos de aro fino e dourado sobre o rosto ponteado de sardas.

Up fez os pedidos e pouco depois, a atendente trouxe até eles croissants recheados com queijo e presunto, um expresso duplo para Comment e um milk-shake de chocolate para Up.

Bebericaram devagar, o silêncio de Comment o envolvendo enquanto Up sentia os nervos pulsarem em sua pele bronzeada, o total contraste da pele alva de Comment.

Mas que porra!, Repreendeu-se Up. Comment era seu amigo de infância, seu melhor amigo! E agora mal conseguia ficar diante dele sem se sentir uma garotinha eufórica.

Merda.

− Não vai comer? – Comment perguntou ao notar o croissant intacto no prato do melhor amigo. Notou os dedos nervosos que se mexiam tamborilando nos joelhos da calça jeans surrada. Notou como seus pés não paravam de bater contra o chão, os all stars azuis inquietos.

− Eu... vou, claro. – Up se sentia idiota, soltando o ar dos pulmões pelos lábios.

Inquieto. Up era inquieto demais, não conseguia ficar parado. E ao mesmo tempo, não sabia como gastar toda aquela energia ou expressar palavras quando elas se entalavam em sua garganta.

Comment, por outro lado, era péssimo com gestos. Mesmo assim, esforçou-se para segurar sua mão por cima da mesa, entrelaçando os dedos dos dois. Ele não se importava se os outros olhassem e não se importava com o que pudessem pensar. As íris castanhas de Up perderam espaço para as pupilas que se dilataram completamente, mergulhando-o no negrume que tanto encantavam Comment. Era simplesmente apaixonante.

− Hey, tudo bem. – Apertou seus dedos, sentindo a mão trêmula e gélida. – Somos os mesmos de antes, com uma melhoria. Você é meu namorado agora.

Meu namorado.

O sorriso de Up mal cabia em seu rosto.

− Gosto de como isso soa. – confessou baixinho, sem soltar a mão de Comment e devorou seu croissant.

− Eu também, Up. Eu também.

Ao lado deles, outro casal de garotos parecia divertir-se. Um deles, estabanado como Up, devorava uma bandeja inteira de batatas fritas. Tinha duas marcas avermelhadas no rosto, provavelmente feitas com tinta. O outro, reservado como Up, sorria de canto por trás do casaco de gola alta, ajeitando os óculos e murmurando um “devagar ou você vai engasgar”. E engasgou mesmo.

Permaneceram ali por um tempo, falando bobagens e amenidades. Por um segundo, Up pensou que tudo fosse mudar. Mas agora, enquanto sentia os dedos mornos de Comment segurando os seus, tinha certeza que não.

Saíram de mãos dadas, Comment lhe contando alguma teoria maluca que Up não entendia, mas assentia mesmo assim. Ao redor, algumas pessoas lançavam olhares de reprovação e faziam burburinho; eles não se importavam.

− Amo você. – murmurou Up. Comment apenas sorriu.

− Amo você também.

Um beijo leve, sutil. Mais reclamações ao redor. Não se importavam. Enquanto tivessem um ao outro, se complementariam: a calma de Comment e suas explicações rebuscadas; a explosão energética de Up e seu jeito carismático de envolver todos ao redor.

Caminhariam juntos e lado a lado. Nada poderia derrubá-los. Eram imparáveis.


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Notas finais do capítulo

Bem fluffy, bem leve. Só pra vocês sentirem o shipp. E aí, vale um up com comentário?



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