Kiss Me escrita por SsRoberta


Capítulo 1
Capítulo Único




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Adentrei o dormitório das meninas completamente frustrada, o que não passou despercebido por minhas colegas de quarto que ergueram os olhos e aparentavam estar ansiosas para saber o que havia acontecido.

O problema era que... nada havia acontecido.

E eu já estava cansada disso.

Acabei de sair do meu terceiro encontro com James Potter e nada havia acontecido ainda. Bom, passamos algumas horas juntos e confesso que adorei estar em sua companhia, mas nada de emocionante aconteceu.

O que quero dizer é que, depois de passar anos insisto para que eu aceitasse seu convite para sair, James Potter sequer me beijou.

No primeiro encontro acreditei que ele estava nervoso e tímido, aliás, eu havia dado inúmeros fora no rapaz e provavelmente ele estava com medo que eu jogasse minha cerveja amanteigada em sua cara. Mas então aconteceu o segundo encontro e novamente nada.

Agora eu estava saindo do terceiro encontro com vontade de afogá-lo no lago negro e deixar que a lula gigante o devorasse.

Qual era o problema com ele, afinal?

— Anda, Lily! Estamos ansiosas para saber o que aconteceu! — Alice levantou da cama dando pulinhos de felicidade.

Marlene e Dorcas me encaravam com expectativa, a espera que eu retratasse todos os detalhes do meu encontro com James.

Suspirei cansada e caminhei até minha cama, me sentando na mesma. Não estava com o mínimo humor para contar a elas tudo que aconteceu, ou melhor, o que não aconteceu. Mas é óbvio que elas não respeitariam a minha vontade de dormir até esquecer daquele desastre.

— Ou não aconteceu nada? — alfinetou Marlene tentando disfarçar uma risada.

Não precisei responder nada para que as três entendessem perfeitamente a situação. Eu já havia conversado com elas sobre como James estava me deixando frustrada com aquela enrolação, mas nem mesmo elas pareciam capazes de acreditar como James Potter podia ser tão lerdo.

— Eu estou cansada disso. — bufei, joguei todo meu corpo em minha cama, fitei o teto pensando nas minhas últimas horas ao lado de Potter.

Tudo fora tão lindo, tão fofo, tão... incompleto. Jamais pensei que um dia estaria sofrendo por James não tomar uma atitude. Depois de tanto insistir, pensei que ele não perderia tempo e partiria logo para o ataque, mas infelizmente eu estava errada e morrendo de vontade de provar o sabor daqueles lábios.

Merlin, aquilo era inacreditável.

— Por que ele simplesmente não me beija de uma vez?! — perguntei completamente esgotada.

Estava até cogitando a ideia de procurar por James e questioná-lo sobre o assunto.

Será que durante todos esses anos em que Potter me convidou para sair, ele havia criado expectativa em como seria o encontro e quando finalmente estávamos saindo, ele se decepcionou em relação a mim?

Eu não era beijável?

Merlin, eu vou acabar ficando louca!

— Ele vai te beijar, você só precisa ter paciência. — Dorcas tentou me tranquilizar, mas suas palavras só serviram para me irritar ainda mais.

Dorcas era a pessoa mais paciente que eu conhecia, gostava de Remus há anos e esperava que o garoto tomasse uma atitude. Como eu desejava ter um pingo da paciência dela, mas eu jamais saberia o que é ter paciência.

— Eu já disse que você deveria tomar uma atitude, pois se depender de Potter, vai continuar nessa tensão pelo resto da vida. — comentou Marlene enquanto apontava a varinha para suas unhas as colorindo de vermelho.

— Eu não vou agarra-lo!

Marlene repetia as mesmas palavras para mim há dias, mas eu sabia que jamais teria coragem de tomar iniciativa. E se ele não quisesse me beijar? Eu definitivamente não iria correr esse risco.

— Acho que Marlene tem razão, Lils. — olhei para Dorcas, indignada. Meadowes nunca concordava com Marlene, então se agora ela estava concordando, a minha situação não poderia estar mais crítica.

— Não vou fazer isso. — cruzei os braços e encarei as três que me olhavam com um misto de diversão e pena.

Ótimo, agora minhas amigas me achavam patética e digna de pena.

Por que Potter não tomava logo uma atitude? Para quem passou anos enchendo o meu saco era de se esperar que ele não fosse perder tempo. E como eu desejava que ele não perdesse, mas eu jamais admitiria isso.

— Será que eu não sou beijável? — perguntei me sentindo ainda mais patética.

Nesse momento Emmeline saiu do banheiro com um sorriso enorme nos lábios. Ótimo, uma plateia para a minha desgraça era tudo o que eu precisava!

— Você é extremamente beijável, Lily, não tenha dúvidas disso. — ela disse piscando para mim, senti minhas bochechas corarem então desviei o olhar.

Emmeline Vance era a maior paqueradora de Hogwarts, ela não se importava se era garoto ou garota, ela simplesmente flertava descaradamente. E eu era uma de suas vítimas desde o início do ano, até o momento não sabia se eu me sentia honrada ou constrangida.

— Bom, amanhã vocês vão a Hogsmead de novo, quem sabe ele finalmente toma uma atitude? — perguntou Alice tentando me transmitir algum tipo de conforto e esperança.

— É, quem sabe. — resmunguei totalmente sem esperanças.

• • •

Cruzei meus braços tentando bloquear o vento frio que atingia meu rosto naquela manhã de domingo. Eu estava esperando por Potter do lado de fora do Três Vassouras, havíamos combinado de nos encontrar ali às duas da tarde. Ele já estava três minutos atrasado.

Já estava cogitando entrar para o ar aquecido do bar de Rosmerta e beber alguma coisa com Dorcas e Mary, mas quando dei o primeiro passo avistei os cabelos extremamente bagunçados de James, ele vinha em minha direção com seu habitual sorriso maroto.

Anos atrás eu reviraria os olhos e manteria distância, mas hoje eu apenas consegui suspirar e sorrir abobada.

— Olá, Evans. — Remus, Sirius e Peter me cumprimentaram antes de entrar no Três Vassouras e me deixar a sós com Potter que ainda tinha aquele sorriso idiota nos lábios.

Merlin, como ele era lindo!

Controle-se, Lily. Uma voz no fundo da minha mente me advertiu e voltei ao mesmo estado normal ou tão normal que se pode ao estar perto de Potter.

— Estou atrasado? — perguntou parecendo um pouco preocupado.

— Cinco minutos. — respondo após checar o horário em meu relógio de pulso.

— Posso compensar isso. — respondeu piscando para mim que fiquei tão vermelha quanto um pimentão.

Algo me dizia que aquele seria o dia.

Mas Merlin só poderia me odiar, porque novamente, James Potter não me beijou.

Quando ele disse que iria compensar o seu atraso, nunca imaginei que seria em cerveja amanteigada, alguns artigos da Zonko's e doces da Dedosdemel.

Eu estava decepcionada.

O peguei encarando meus lábios por alguns longos segundos que me fizeram arfar e algo no fundo da minha mente gritava: “Agora vai!”, mas obviamente não foi.

Ele parecia nervoso e apreensivo com alguma coisa, o que estava me deixando irritada, estava prestes a perguntar qual era o problema, quando fomos interrompidos pela inconveniência de Sirius que estava muito bêbado. Por conta disso, James foi obrigado a sair na metade de nosso encontro para cuidar do amigo que resmungava palavras incoerentes e parecia prestes a vomitar.

Por Merlin será que aquele beijo nunca ia acontecer?

Parecia tudo tão injusto! Mas parecia que o universo estava trabalhando contra mim, me fazendo questionar o que eu havia feito de errado para merecer tal castigo.

— Foi tudo tão perfeito! — a voz Dorcas soou sonhadora quando entrei no dormitório, ela falava animadamente sobre algo com Marlene, Emmeline e Alice que estavam saltitando de alegria pelo quarto.

Elas arquearam as sobrancelhas quando notaram minha presença e repararam na minha cara de enterro.

— Credo! Que cara é essa, Lily? — perguntou Marlene fazendo uma careta.

Antes que eu pudesse responder, Emmeline balançou a cabeça negativamente.

— Você estava com James, certo? — ela perguntou cruzando as pernas após se sentar na cama ao lado da sorridente Dorcas. — Ele parecia bem atarefado enquanto tentava impedir Sirius de vomitar em seus sapatos.

Marlene caiu na gargalhada enquanto Dorcas e Alice pareciam confusas, mas decidiram que o fato de Sirius estar quase morrendo não era digno de atenção no momento.

— Sente aqui, Lily, e escute o que Dorcas tem a dizer! — eu não me sentia no clima de ouvir qualquer que fosse a fofoca que elas estavam prestes a me contar, mas antes que eu pudesse protestar fui puxada por Alice.

Os olhos de Dorcas brilhavam de animação, me senti extremamente culpada pelo meu mal humor e assim não poder retribuir a empolgação de minha amiga. O que de tão extraordinário havia acontecido para deixá-la assim?

— Conte, Doe! — incentivou Marlene parecendo estar mais animada que a própria Meadowes. — Lily precisa saber!

— O que eu preciso saber? — perguntei sentindo a curiosidade tomar conta de mim.

Dorcas não era de ficar rindo para o vento e minhas amigas também não tinham o costume de sair saltitando de felicidade, portanto aquilo definitivamente não era normal e algo muito importante havia acontecido. Não havia outra explicação.

— Dorcas e Remus se beijaram! — exclamou Alice já não aguentando mais guardar aquilo.

Arregalei meus olhos e encarei a ainda-mais-sorridente Dorcas.

Podem me chamar de monstro, mas de início pensei que aquilo era apenas uma brincadeira das meninas, parecia inacreditável que os dois finalmente tivessem se entendido antes de mim!

Eu não sabia o que dizer, parte de mim estava feliz por Dorcas, mas outra parte achava aquilo inacreditável. Eu definitivamente era uma pessoa horrível!

— Isso é... legal. — foi tudo que saiu da minha boca.

— Legal? — perguntou Alice batendo palminhas. — O sonho de Dorcas acabou de se realizar!

— Eu ainda acho que estou sonhando! — exclamou Dorcas parecendo estar em outro planeta. — Remus é... — ela não conseguiu completar a frase, apenas suspirou apaixonada.

Eu me sentia péssima. Por estar com aquela cara horrível no momento em que minha melhor amiga estava mais do que feliz e o pior era que eu sentia um pouco de inveja dela. Aquilo era horrível, o mundo era horrível, eu era horrível e ridícula.

Qual era o meu problema? James Potter estava me deixando completamente maluca e meus dias passaram a se resumir somente nele. Meses atrás eu lançaria uma azaração em mim mesma caso sequer me imaginasse agir de tal forma por causa de Potter.

— Eu estou tão feliz por você! — disse abrindo um enorme sorriso sincero.

Dorcas e Remus não tinham culpa de James ser um babaca lerdo, afinal. E era impossível não ser contagiada com a alegria que emanava do corpo de Dorcas. Ela parecia nas nuvens.

Naquela noite, fiz de tudo para tirar James Potter da minha cabeça, mas obviamente não deu certo, pois acabei sonhando que ele me beijava enquanto Sirius vomitava em nossos sapatos.

Acordei pela manhã e fui direto para o banho, me sentia estranha como se aquele sonho tivesse de fato acontecido. O que, por Merlin, não havia.

Depois de estar completamente vestida, desci para o salão comunal que estava deserto. Havia acabado de amanhecer, em poucos minutos os alunos começariam a sair da cama para tomar o café da manhã. Por enquanto eu aproveitaria o silêncio do Salão Comunal para observar a bela paisagem do lado de fora do castelo.

Uma leve fumaça saía pela chaminé da cabana de Hagrid, alguns pássaros voavam livremente pelos terrenos de Hogwarts, tudo parecia perfeitamente calmo. Exceto, é claro, minha cabeça que parecia uma montanha russa em movimento.

Tudo o que eu conseguia pensar era o que estava errado comigo, não era possível que James não conseguisse tomar uma atitude logo. Infelizmente, eu já havia visto ele beijar outras garotas e não parecia nenhum pouco hesitante quanto a isso. Então deduzi que o problema era eu.

Senti meu coração parar na boca quando ouvi alguém chamar meu nome. Desviei meu olhar da janela para quem quer que estivesse interrompendo meu pensamento matinal. Era Peter. E ele parecia estar se divertindo demais com a minha expressão irritada.

— Caiu da cama? — perguntou.

Revirei os olhos e me sentei na poltrona próxima a janela.

— Estava sem sono.

— Sua cara está péssima. — Peter observou. — O encontro com James foi tão ruim assim?

Ri fraco.

— Ruim? Não exatamente, mas não correspondeu as minhas expectativas. — respondi e só então me dei conta de que havia dito em voz alta para um dos melhores amigos dele. Que estupidez a minha!

Mas não me senti desesperada por isso, precisava desabafar sobre aquilo com alguém que não fosse minhas amigas que sempre davam o mesmo conselho inútil.

— James está sendo um babaca. — ele respondeu se jogando no sofá em minha frente. — E se sentindo um babaca também. — olhei para ele desconfiada. — Ele acha que você o odeia.

Ele o quê? Eu estava provavelmente muito próxima de odiá-lo mesmo!

— Por que ele acha isso?

Peter deu de ombros.

Eu estava prestes a lançar uma azaração em Peter para ele contar tudo o que James lhe dissera sobre esse assunto, mas por fim não precisei fazer nada. Peter não era do tipo que conseguia guardar segredos.

— Depois de tanto tempo recebendo foras e mais foras é de ficar um pouco receoso. — disse.

Senti meu estômago se afundar. Então definitivamente a culpa era minha. Se eu não tivesse sido tão teimosa e rude tudo poderia ter sido diferente com James. Era realmente cômico como o jogo havia virado.

— Eu não- — suspirei, frustrada. — Isso é ridículo!

Peter me fitou com uma expressão engraçada e em seguida caiu na gargalhada.

Perfeito! Pra completar minha desgraça, eu era obrigada a presenciar Peter Pettigrew rindo da minha cara.

Ao perceber minha expressão de pré assassinato, ele se forçou a parar de rir e voltou a me encarar o mais sério que pôde.

— Ridículo, é. — ele suspirou. — Se me contassem meses atrás que você ficaria assim por causa do Prongs, eu daria um tapa mais forte na cabeça dele pra que ele parasse de sonhar acordado.

Não queria ficar mais tempo ali ouvindo seja lá o que de Peter, era extremamente humilhante vê-lo dizer aquelas coisas em voz alta. Aumentava ainda mais minha impaciência e meu constrangimento.

— Eu vou descer para o café da manhã. — disse desviando de Peter e indo para a passagem da Mulher Gorda.

— Evans? — parei e esperei que ele continuasse. — James gosta de você, ele vai tomar uma atitude. E se não tomar, você deveria azará-lo.

• • •

Quase segui o conselho de Peter. Azarar James estava parecendo cada vez mais tentador. Não era possível que James Potter fosse tão lerdo e medroso.

Eu não iria mordê-lo. Não literalmente. Então por que, em nome de Merlin, ele simplesmente não me beijava?

Estávamos fazendo rondas junto pelos corredores do castelo, ele tagarelava sem parar sobre sua amizade com Sirius, Peter e Remus. Eu acharia aquilo extremamente fofo, o modo como ele se referia aos amigos como se fossem parte de sua família, mas tudo o que eu queria naquele momento era lançar uma imperdoável nele para ver se ele entendia o recado.

— Eles presenciaram todos os piores momentos da minha vida. — confessou James, rindo. Tive que me esforçar para não ficar olhando para ele de boca aberta e com a baba escorrendo. Merlin, deveria ser proibido alguém ser tão bonito assim sem precisar fazer qualquer esforço pra isso! — Eles tem material o suficiente para acabar de vez com a minha reputação.

Eu não duvidava disso. Também tinha uma longa lista de desastres altamente presenciados por Dorcas, Alice e Marlene, e sabia que elas adorariam me fazer sofrer por causa deles.

— Seria cômico se isso acontecesse. — digo e ele ri novamente. Ainda parecia bastante apreensivo, provavelmente esperava que eu lançasse uma Avada nele a qualquer momento.

Aquele pensamento só serviu para que eu suspirasse irritada e impaciente. Isso atraiu sua atenção, ele analisava meu rosto tentando identificar meu comportamento.

Foi naquele momento que percebi o quanto nossos corpos estavam próximos. Seus olhos castanhos-esverdeados me fitavam interessados e hipnotizados, eu não conseguia cortar o contato. Era intenso demais, forte demais.

Ele se inclinou na minha direção e quando seus lábios estavam a poucos centímetros dos meus, ele se afasta bruscamente.

Fico o encarando boquiaberta e desacreditada, para só depois de alguns longos segundos perceber o motivo de sua atitude.

Emmeline Vance vinha em nossa direção aos tropeços sem desgrudar seus lábios dos de Mary MacDonald. Não pareciam se importar que estavam quase derrubando todas as estátuas que estavam em seus caminhos, mas finalmente se soltaram assim que ouviram James limpar a garganta.

As duas estavam ofegantes e com os lábios inchados. Sorriram amarelo ao nos avistar, James parecia se segurar para não cair na gargalhada e eu só queria azarar os três de uma só vez.

Merlin! Por que tudo tinha que ser extremamente complicado e impossível para mim?

Estava finalmente quase acontecendo e então BUM!, algo interrompia. Nesse caso, parecia que o mundo ria da minha cara da forma mais cruel possível. Tinham que ser interrompidos justo pelo que teria acontecido comigo e Potter caso Emmeline não aparecesse exibindo o quanto podia fazer aquilo sem qualquer tipo de problema e preocupação. Ela praticamente jogava na minha cara aquela triste realidade, não que fosse proposital.

— Não vamos ganhar detenção, vamos? — perguntou MacDonald, receosa. A corvina era conhecida por ser certinha demais e provavelmente não estava em seus planos ser pega por monitores quando estava se divertindo ao lado de Vance que não parecia se importar com a nossa presença, até porque aquela não era a primeira vez que aquilo acontecia com ela.

E lembrar daquilo me deixou ainda mais irritada com a garota, por mais que a culpa de James ser tão idiota e lerda não fosse sua.

— Por aproveitar a noite da melhor forma possível? Nah. — James respondeu e deixou que elas deixassem o corredor sem qualquer tipo de punição e então voltou a caminhar normalmente como se nada de importante tivesse prestes a acontecer antes de sermos interrompidos.

Eu queria matá-lo!

— Algum problema, Lily? — perguntou ao perceber que eu não estava mais ao seu lado, e sim parada no mesmo lugar, tentando controlar a raiva que só parecia crescer em meu peito.

Ele não fazia a menor ideia de quantos problemas se passava pela minha cabeça. Como podia ser tão burro? Argh, aquilo era demais pra mim.

Passei rapidamente por ele, e segui para a Torre da Grifinória. Eu ainda estava em meu turno, mas não estava com a menor vontade de continuar ao lado de Potter naquelas condições. Sabia que iria acabar explodindo e aquilo não seria nada bonito.

Atravessei o retrato da Mulher Gorda e felizmente o salão comunal estava vazio, pois se alguém ainda estivesse lá eu provavelmente atiraria alguma coisa em sua direção. Tudo o que eu precisava era dormir e tentar me convencer de que nada daquilo era real.

Fiquei olhando para a lua cheia lá fora pela janela, na esperança de me acalmar e não acabar matando ninguém ao voltar para o dormitório. Eu certamente não iria aguentar as perguntas insistentes de Marlene naquele momento.

— Lily? — a voz de James me tirou dos meus devaneios, mas não me virei para encará-lo. — Você está bem? — perguntou, receoso.

Aquela pergunta patética bastou para que eu explodisse.

— Se eu estou bem? — me virei e o encarei, eu soava completamente sarcástica e não me importei com a expressão atordoada de James, ele merecia ouvir o que eu tinha a dizer. — Como pode me perguntar isso, Potter? — caminhei em sua direção pronta para lhe dar um soco se fosse preciso. — Você tem noção do quanto está sendo um idiota? Desde que eu finalmente aceitei a sair com você, você tem sido mais babaca do que eu pensei que seria possível! — ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas eu sequer deixei que ele conseguisse formular qualquer resposta e continuei: — No começo eu até compreendi, depois de tantos foras que fui obrigada a lhe dar. Mas depois? — neguei com a cabeça, rindo. — Depois você não foi capaz de tomar a porra de uma simples atitude! Eu esperava bem mais de você, Potter. — seus olhos demonstravam toda a confusão que ele estava sentindo e não desgrudava dos meus. — Não sei se você teve inteligência o suficiente para perceber, mas eu esperava que você fosse me beijar! Mas então os dias passaram, saímos mais algumas vezes e nada! — agora eu estava parada bem em frente a ele, apenas assistindo sua reação as minhas palavras. — Pensei que durante todo esse tempo, você seria melhor do que isso. Por Merlin, como eu estava errada!

Meus olhos fuzilavam os de James. Ele parecia mais perdido do que eu no primeiro dia naquele castelo. E eu não podia culpá-lo, eu estava gritando com ele e despejando tudo o que não saía da minha cabeça desde aquele maldito primeiro encontro.

E pela segunda vez naquela mesma noite, percebi o quanto nossos corpos estavam próximos, ainda mais próximos que da última vez no corredor. Eu podia sentir sua respiração descompassada em meu rosto, seus olhos estavam próximos demais e eu perdi completamente o ar.

— Você vai me beijar ou não, Potter? — perguntei.

Mas James Potter ainda estava atordoado demais para sequer entender o que eu estava dizendo. Merlin, como ele era lerdo!

Então eu mesma acabei com a distância entre nós e o beijei ferozmente.

E por mais lerdo que James parecesse, não demorou muito para perceber o que estava acontecendo e então ele me beijou de volta com ainda mais vontade.

Ao sentir o sabor de seus lábios macios, era como se o mundo todo a minha volta desaparecesse. Eu queria ter o poder de congelar aquele momento e revive-lo para sempre. Por mais raiva e impaciência que tive, a demora daquilo acontecer, valeu a pena.

Meus braços envolveram seu pescoço enquanto ele me abraçava pela cintura. Meu coração parecia se derreter em meu peito, uma explosão de sentimentos incontroláveis tomavam conta de todo o meu corpo.

Se sentia completamente entregue aquele momento, nunca me senti daquela maneira ao beijar alguém, talvez fosse pelo fato de estar tão ansiosa para aquilo acontecer, mas aquilo não importava. Era impossível pensar em qualquer outra coisa quando se tinha os lábios de James contra os meus com sua língua explorando cada canto da minha boca.

Merlin, por que foi que eu não aceitei o primeiro convite de James mesmo? Poderia ter tido aquela experiência muito antes.

Foi preciso muito esforço para quebrar o melhor beijo de toda a minha vida, mas já estávamos precisando urgente de ar e assim que nos separamos, gritos animados preencheram meus ouvidos.

Olhei para a direção de onde eles vinham e me deparei com a última cena que eu queria ver no momento: Sirius, Remus, Peter, Dorcas, Marlene e Alice estavam aos pés das escadas para os dormitórios batendo palmas e soltando gritinhos desnecessários. Provavelmente haviam presenciado toda a cena que criei até o maldito beijo finalmente acontecer.

Meu rosto parecia estar em chamas junto com meus cabelos, pela milésima vez naqueles últimos dias, eu queria matar alguém.

Onde que, por Merlin, eu, Lily Evans, havia imaginado que a vida seria fácil?


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