Nosso Triunfo -Concluída escrita por EllaRuffo


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Olá lindas. Não demorei com o novo capítulo e tá do jeito que vocês gostam. Está grande e cheio de emoções finais. Espero que gostem.



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Victoria, ainda na igreja agora na frente da imagem, da virgem de Guadalupe, com os olhos cheios de lágrimas ela agradecia. Agradecia, ainda que tivesse com medo, medo que aquele milagre concebido lhe causasse ainda dor . Mas agradecia, por finalmente ter encontrado sua filha perdida. Finalmente havia encontrado Maria. E estava tão perto, tão perto dela todo aquele tempo. Que nunca poderia imaginar que sua Maria, era a Maria Desamparada. E ela baixou a cabeça, soluçando em pensar em tudo de mal que tinha lhe feito. Como tinha sido cega, cega e má. Tão má, que Victoria, não sabia como se preparar para ser rejeitada pela sua filha. Sim, Victoria sentia que seria. O que tinha feito contra sua própria filha parecia não ter perdão. E Maria Desamparada, era geniosa, valente, era como a mãe, era como Victoria. E Victoria ainda que triste, sorriu de lado, Maria Desamparada, era tão forte como ela, tão geniosa e valente como ela. Que orgulho tinha agora dela. Que orgulho, por vê-la ainda lutando pra ser feliz, com o homem que amava, ainda que tivesse sua própria mãe muitas vezes no caminho de sua felicidade. E como iria reverter tudo que fez?  E como estava de joelhos, limpando o rosto, Victoria se levantou.

João Paulo, já não estava mais com ela, ele tinha contado toda a verdade e deixado ela só. Toda verdade, que cruel, Bernarda fez ele se calar pelo segredo de confissão.  E Victoria, só pensava que se ele tivesse contado antes, se tivesse contado que a filha deles era Maria Desamparada, muitas coisas teriam sido evitadas. Mas ainda assim, que calado pelo voto que tinha feito, o padre tinha alertado tanto Victoria, tanto... Então sim, tinha sido cega demais. Só que era impossível mudar o que já houve, o que Victoria, apenas podia fazer era tentar recuperar a filha, ter o perdão dela e seu amor. E só então, agora, com Maria Desamparada, ao seu lado poderia ser feliz. Ser feliz como já não imaginava que voltaria ser. Já tinha encontrado sua pequena Maria. Aquele milagre que parecia impossível, já tinha em mãos. E ela, sorriu de novo. Pois pensou em Heriberto. Ele tinha razão quando dizia que sentia que logo aquilo aconteceria, que a filha que ela tanto procurou iria ser encontrada. E agora, puxando o ar do peito, desejando ter Maria Desamparada, em seus braços, Victoria deixou a igreja.

E quando passou a porta, ela olhou pro céu já escuro de uma noite nublada. E lembrou de Deus novamente, e a que dificilmente estava em dia com suas preces, agradeceu novamente pelo milagre.  E depois saiu .

Enquanto isso, no hospital, Heriberto, estava preocupado. Tinha ligado pra Victoria, várias vezes e não tinha resposta. O celular dela, sempre caia na caixa postal e também havia recebido uma ligação de Maximiliano, aonde ele perguntava se a mãe estava com ele, pois ele havia percebido que Victoria tinha deixado a festa de casamento antes dele e Fernanda. E deixando mais uma vez, uma mensagem de voz pra Victoria, enquanto estava na lanchonete do hospital, Heriberto, disse.

— Heriberto: Meu amor, aonde está? Me ligue, hum. Já tem a mim e seus filhos preocupados contigo.

Ele então desligou a chamada e olhou para o celular e enquanto olhava, Roberto, apareceu com um copo de café.

— Roberto : Oi, papai babão.

Ele brincou com Heriberto, que estava sentado sozinho em uma das mesas. Mas logo viu ele sério e sentando também com ele. Ele disse.

— Roberto: O que foi, homem, que tá com essa cara?

Roberto bebeu seu café, e Heriberto suspirou e disse preocupado.

— Heriberto: Victoria, não me atende, tem o celular desligado e não sei aonde ela está. Estou preocupado.

Roberto sorriu, sabendo que seu amigo era daquele jeito mesmo e disse .

— Roberto: Sempre é muito preocupado. Calma, Heriberto. Tenho certeza que Victoria, está bem.

Heriberto apenas suspirou outra vez e disse.

— Heriberto : Espero que sim... Espero que sim...

E assim, longe dali, com a vila já vazia de pessoas, mas com algumas coisas da festa de casamento que houve ali, ainda no pátio, Victoria, regressava para falar com Maria Desamparada, mas agora, como mãe e filha.

E assim, que ela esteve na frente da porta, ela suspirou e bateu nervosa. Na espera, Victoria, ouviu a voz de Maria Desamparada, dizer que já ia, e suspirou ansiosa enquanto ria mas cheia de amor . Era a voz de sua pequena Maria que ouvia. Não era mais, só Maria Desamparada que falava. E sim, sua primogênita que tanto chorou sem ela.

E pensando nisso, Victoria só se lastimou, por pensar que sua pequena Maria, agora já mulher, havia crescido em um orfanato de freiras como já sabia e depois parado ali em uma vila humilde, que se tivesse ao lado dela, ela teria tudo por direito de filha.

E então de repente a porta se abriu. E Victoria respirou irregularmente, enquanto Maria pareceu respirar aliviada quando a viu. Já que, por Max, ter deixado a vila perguntando pela mãe, Maria, só temeu ter acontecido algo com ela, por ter deixado ela ir embora da casa dela como deixou, tão estranhamente abalada e depois saber que a senhora não tinha dado notícias a mais ninguém até aquela hora, que ela voltava a vê-la em sua frente. Mas como nada, Maria Desamparada, disse, Victoria pediu mansa.

— Victoria : Será que posso entrar, por favor? Precisamos conversar, filha.

O filha de Victoria, saiu naturalmente tanto que Maria Desamparada, nem havia percebido.  Que sem entender o que ela queria de volta ali, apenas assentiu com a cabeça dando espaço na porta, enquanto cruzava os braços para mãe de Max passar.

E, Victoria agora entrou na casa de sua filha com o olhar curioso. Estava na casa de sua Maria, e agora ela queria conhecer mais dela. Queria saber dos seus gostos, seus desejos. Tudo. E nada melhor do que começar vendo melhor, o cantinho que ela morava, aonde, Victoria podia notar os gostos de sua filha em cada detalhe da humilde decoração daquela casa, que não era a primeira vez que pisava, mas naquele momento parecia ser. E depois de encostar a porta, desconfiada, Maria Desamparada disse.

— Maria Desamparada: Aonde a senhora esteve? Estavam todos preocupados.

Victoria que ficou de costa para sua filha se virou e sorriu com o coração se inundando cada vez mais de amor por Maria Desamparada. Estava desejando tanto um abraço dela.  E enquanto, Victoria olhava, Maria Desamparada. Sobre a luz da casa, Maria Desamparada, pôde ver melhor os olhos da senhora tão temida, e viu que estavam bem vermelhos como que se ela tivesse chorado.

Mas então depois de puxar o ar do peito, Victoria, a respondeu, começando contar aquela verdade.

— Victoria : Estive com seu pai. Com o padre, João Paulo.

E Maria Desamparada, mais desconfiada ainda disse, e não gostando do porque aquela senhora foi buscar seu pai, não depois de ter deixado a casa dela como havia deixado .

— Maria Desamparada: Com meu pai? Eu não entendo senhora. O que queria com ele?

Victoria então girou o corpo e olhou para mesa de novo. E Maria Desamparada, seguiu o olhar dela e viu que ela olhava para o crucifixo que seguia ali no canto da mesa.

E então, Victoria sentindo que começava chorar novamente, disse.

— Victoria : Queria falar sobre você, sobre aquele crucifixo que tem .  Maria Desamparada, eu, eu que dei a ele.

Maria Desamparada, sentiu seu coração ir a boca e voltar. Seu sangue correu rápido nas veias e seus pelos se arrepiaram. A história daquele crucifixo, era que João Paulo havia recebido da mulher que seria a mãe dela. E então, nervosa, Maria Desamparada, disse.

— Maria Desamparada: Minha mãe, deu a ele. Não pode ter sido a senhora. Eu não entendo!

Victoria então, se virou novamente para olhar nos olhos de sua filha. Ela juntou as mãos uma na outra e levou aos lábios e depois que deixou algumas lágrimas caírem, suspirou entre elas. E voltou a dizer para responder, Maria.

— Victoria: Sei que esta entendendo, filha. Eu acabo de dizer que dei a ele. Dei, porque um dia eu o amei mesmo sabendo que ele era proibido para mim. Mesmo assim, eu me entreguei a ele em uma noite de amor . Em uma única noite, que me deixou um presente que me faria lembrar para sempre essa minha entrega. A entrega de uma menina assim como você, que fui, sozinha, desamparada e necessitada de amor.

Maria Desamparada, já abalada com o que ouvia, tocou um lado do seu cabelo, mostrando sua mão trêmula. Sua cabeça dava voltas e ela sentia que a partir daquele momento sua vida poderia mudar. Ouvia da boca, da culpada das maiorias dificuldades que passou, que ela podia ser a mãe dela. A mulher, que por culpa dela quase teve que mendigar depois de ter passado muitas humilhações, podia ser a mãe dela.

E não desejando saber o resto da história que Victoria começava contar. Depois que seu rosto se avermelhou e uma lágrima desceu, Maria Desamparada, disse nervosa.

— Maria Desamparada: Senhora, Victoria. É melhor, é melhor que pare de falar. É melhor que se cale. Não continue, não continue por Deus!

Victoria, limpou as lágrimas que tinha no rosto. Não ia se calar . Estava na frente da filha que tanto buscou e ainda que corresse todos os riscos de ser rejeitada, ela não se acovardaria .  E assim, tocando os braços de sua menina . Porque ela era sua menina. Victoria disse, em súplica no meio de mais lágrimas.

— Victoria: Não, não . Eu não posso me calar. Não me peça isso, filha! Não, depois de ter recebido os maiores dos milagres que tanto pedi a Deus. Você precisa saber dessa história, porque ela também é sua! É sua, porque esse presente que falo, é você. Foi você que nasceu depois da entrega que tive com João Paulo. Eu sou sua mãe!

Maria Desamparada, piscou os olhos várias vezes já chorando em planto. Estava toda vermelha e de nariz dilatados do choro. Não podia ser o que ouvia. Não era real. Era uma brincadeira daquela mulher que por muitas vezes a machucou e a humilhou sem ter direito de defesa, sem poder ter as mesmas armas que ela cheia de poder usava contra ela. E então nervosa, Maria Desamparada, se esquivou do toque de Victoria, se afastando dela.

Não queria seguir ouvindo aquela a mulher fria e calculista que estava na sua frente, e por uma mala sorte dizia que era  mãe dela. E então, não querendo que aquilo fosse real, enquanto sofria. Maria Desamparada, gritou para Victoria.

— Maria Desamparada: Está mentindo, senhora!  Não, siga. Não siga com essa história! Só quer me humilhar outra vez. Quer me atingir como sempre fez! Então não importa ela, não me importa a história que quer me contar!  Não é minha, mãe! Não pode ser ela!

Victoria tentou andar até Maria Desamparada outra vez, mas a jovem se esquivou de novo como que ela tivesse uma doença contagiosa. E então, sofrendo com aquele claro desprezo. Victoria, disse entre suas lágrimas.

— Victoria : Eu não estou mentindo, Maria. Sou sua mãe, sua mãe, filha!

Maria Desamparada, andou até a porta para abri-la, que em lágrimas ela voltou a dizer, desprezando ainda aquela mulher que dizia ser sua mãe.

— Maria: Vai embora, senhora! Vai embora da minha casa!

Maria Desamparada, esperou com a porta aberta, sem querer olhar nos olhos de Victoria ela passar. E então, sentindo que nunca tinha sentido uma dor como aquela, nem com Fernanda, Victoria disse.

— Victoria : Não me jogue para fora da sua casa assim. Não depois de saber que eu sou sua mãe, Maria Desamparada. Não faça isso comigo, filha, antes que terminemos essa conversa que esperei tanto ter com você todos esses anos!

Se tremendo, com uma mão no trinco da porta, Maria Desamparada, a fechou e soluçou entre um choro . Era certo, aquela mulher era sua mãe. Que além de tê-la humilhado tantas vezes, também a abandonou. Então, ela estava certa que nunca, nunca iria querê-la como mãe. Nunca iria perdoa-la por mais aquilo.

E assim ela se virou. Vendo o rosto de Victoria banhado em lágrimas. Ela via que a mulher sem mais aquela expressão que sempre carregava no rosto, que dizia a todos que era dona do mundo,  parecia sofrer e não ser mais tão poderosa como estava na frente dela. Mas, Maria Desamparada, sentia que sofria mais que ela. Sofria, porque desprezava mais ainda a mãe depois de ouvir aquela verdade. Pois a ilusão que um dia teve de encontrar a mãe biológica, havia morrido ainda na adolescência no coração de Maria Desamparada, e por isso com aquela verdade jogada em sua cara, ela sentia que estava muito melhor sem saber dela. Sem saber que a mulher que primeiramente, a desprezou por tê-la abandonado como filha, também era a mesma mulher que a odiou e a perseguiu, só por amar um homem com toda sua alma.  E com toda dor que sentia, chorando, Maria Desamparada disse.

— Maria Desamparada: Não pode ser minha mãe! Não quero que seja ela! Me abandonou! Agora não só me humilhou, me odiou e me perseguiu como mulher, mas também me abandonou como mãe! Me abandonou e nunca vou te perdoar por mais isso senhora, Victoria!

Victoria, fechou os olhos derramando lágrimas neles depois que ouviu mais aquelas palavras dolorosas de Maria Desamparada, que partiam seu coração. Ela na sua tentativa fracassada, tentou se preparar o caminho todo que ouviria aquelas palavras vindo de sua filha. Imaginou desde o início que, Maria Desamparada, teria aquela reação diante da verdade. Mas tinha doído mais do que imaginar como seria. O coração da rainha da moda, estava pequeno e toda sua grandeza era nada ali na frente de sua filha que a olhava nos olhos com tanta dor e desprezo. E era por culpa dela. Pois de verdade a tinha perseguido, odiado e a humilhado. Mas não a abandonado. Aquele pecado, Victoria sabia que não carregava. E então, dando passos para se aproximar de Maria Desamparada, outra vez, ela disse.

— Victoria : Não, não filha. Eu aceito minha culpa, por tudo que te fiz. Não sabe como me arrependo e como queria voltar a trás! Mas eu não te abandonei. Não filha! Eu te perdi em um maldito acidente que nos separou! Nunca te abandonei! Você foi meu anjo, meu maior presente, no meio da dor e das humilhações que passei. Você foi pra mim, minha luz. A melhor coisa que me aconteceu. Eu nunca te abandonaria!

Maria Desamparada, virou o rosto chorando. As palavras de Victoria, tocavam seu coração, sua alma. E a fez chorar mais por sentir pela primeira vez, que pelo menos foi querida pela mãe. Não foi abandonada. Mas ainda assim, a mãe dela era alguém que a tinha humilhado de tantas formas, com seu desprezo, seu sarcasmo e tudo que a tinha ferido como mulher. Que não podia esquecer tudo que sofreu nas mãos de Victoria Sandoval.

E assim, ela disse cuspindo sua dor na cara de Victoria que de repente havia se tornado a mãe dela.

— Maria Desamparada: Para de falar senhora. Pare de falar! Ainda que não me abandonou, cresci em um orfanato, sem mãe, sem pai. Cresci sozinha! E agora que resolveu aparecer . Eu já não preciso da senhora! Precisei, precisei quando por sua culpa quase tive que mendigar, mas como vê, já não preciso da sua compaixão mais! A compaixão que negou quando fez que ninguém me desse trabalho, senhora!

Victoria tocou os cabelos. Tinha tanta vergonha do que tinha feito. Tinha mais vergonha naquele momento. Esteve tão cega de ódio, de rancor que perseguiu cruelmente a própria filha. E então, tocando seus cabelos, Victoria disse.

— Victoria : Eu estava cega, cega pelo maldito ódio que eu carregava todos esses anos, pelos rancores que tive quando apareceu na minha vida e depois descobri o que o pai de Fernanda me fez. Eu estava cega. Me arrependo tanto, filha. É mãe, filha, pode imaginar que seu desprezo agora está me causando. Não siga assim comigo, meu amor. Me perdoe, me perdoe por Deus!

Maria Desamparada, andou, queria respirar. Respirar longe de Victoria . Mas sabia, que a mulher não sairia dali. E depois de ouvia-la, ela disse mais duras palavras.

— Maria Desamparada: Não me chame de seu amor, não me chame também mais de filha, senhora Victoria.  Ainda que não me abandonou. Como quer que te aceite como mãe depois de tudo que me fez? Pensou que ia chegar aqui, me contar que é minha mãe e que eu iria te beijar e te abraçar te chamando de mãe ? Não senhora! O meu desprezo não se compara com tudo que fez a mim. Sou mãe e nunca seria tão cruel com meu filho, como foi comigo!

Victoria, fechou os olhos . Estava perdendo aquela batalha que parecia que ela não tinha nenhuma chances de vence-la. Não com tantas provas e acusações contra ela. Sua Maria, tinha todas as razões de dizer o que dizia e de despreza-la. Mas doía, doía demais o desprezo dela.  E assim, entre lágrimas, Victoria a respondeu.

— Victoria : Eu sou consciente dos meus erros com você filha. E eu não sabia que era minha filha, quando os cometia. Não sabia!  E te peço perdão mais uma vez, te suplico ele.  Eu sei que errei. Mas isso não muda o fato que sou sua mãe. E que sempre te amei e te procurei, Maria. Você foi minha pequena Maria por todos esses anos.

Maria Desamparada riu. Riu com um sarcasmo conhecido e que Victoria nunca tinha visto em Maria Desamparada, mas se viu na filha . E então a ouvi dizer.

— Maria Desamparada: Nunca te vi sofrer por sua pequena, Maria. Estivemos lado a lado muitas vezes. E sempre foi dura com todos, principalmente comigo. Não precisava saber que eu era sua filha, para que me trata-se bem. Foi má! Porque sempre foi assim! E agora como quer que eu acredite no seu sofrimento, senhora?

E limpando as lágrimas . Decidida em abrir mais seu peito, escancara-lo para sua filha. Victoria a respondeu.

— Victoria : Eu era dura sim. Mas apenas por fora, porque carregava marcas e dores na minha alma, filha. E a maior dor que eu tive,  foi a da sua perca, filha. Por isso, não me julgue pelo que via sem saber o que eu realmente passava e passei até chegar aqui na sua frente. Se fui má, foi porque me tornaram assim! As humilhações, o abandono me fizeram a mulher que conheceu. Mas cada dia tento mudar. E aqui estou, rendida a você e disposta a tudo para que me perdoe, minha filha. Eu só quero uma chance pra ser sua mãe.

Maria Desamparada engoliu o choro.  Sentia que era tarde qualquer arrependimento que Victoria poderia mostrar para ela. Já tinha feridas também e marcas na alma que vinha da própria mãe dela. E então, ela disse.

— Maria Desamparada: Agora já é tarde para arrependimentos, senhora. Teve suas dores, que a tornou quem foi comigo. E agora tenho as minhas e as maiores é por sua culpa! Então, ainda que diga que é minha mãe, não vai deixar de ser a mulher que foi cruel comigo e que me humilhou só por amar o filho dela. Eu não posso perdoa-la!

Victoria, baixou a cabeça e chorou soluçando. E depois ela voltou a olhar nos olhos de Maria Desamparada, que a olhava novamente com ar de desprezo. E então ela disse.

— Victoria : Quando entrei aqui, previ todas suas palavras . Previ o desprezo que me dá filha. Mas não pude prever como me doeria ele. Sinto tão impotente, nesse momento sem ser capaz de fazer nada para ter seu perdão. E tudo isso é por culpa minha, eu sei. Por isso não tiro suas razões. Me arrependo tanto.

E tocando seus cabelos, Maria Desamparada, depois de puxar o ar do seu peito disse, fria.

— Maria Desamparada : É uma pena que de nada mais importa seu arrependimentos, senhora. E já que sabe que não pode fazer nada. Deixe minha casa. Essa conversa só nos causará mais dor. Não vou perdoa-la, porque sabe que realmente tenho razão.

Maria Desamparada, depois de suas palavras, ficou de costa para Victoria e pôs as mãos sobre a mesa dela. E Victoria por trás, louca para toca-la, estendeu a mão, mas recuou temendo mais o desprezo da filha. E então, ela apenas disse a respondendo.

— Victoria : Eu sei que tem. Mas ainda assim sou sua mãe. Não vai poder seguir me tratando assim.

Maria Desamparada, se virou assim que ouviu Victoria e então ela disse novamente.

— Maria : Por favor senhora. É melhor que vá, já disse. Não devia ter vindo. Não devia ter me contado essa verdade. Não queria mais encontra-lá, estava bem sem saber que era minha mãe. Vai embora!

E em um impulso, Victoria tocou com as duas mãos o rosto de Maria Desamparada, e então para ter ela a olhando nos olhos dessa forma, ela disse.

— Victoria : Mas eu sim quis encontra-la. Eu sim! Eu sempre quis isso, filha! E esteve tanto tempo ao meu lado. E você... Você me admirava quando me conheceu.

Victoria deu um riso fraco, lembrando quando conheceu, Maria Desamparada. Que era uma mocinha ingênua, órfã e que carregava um brilho nos olhos de admiração por ela.  Mas, Maria tocando nos braços de Victoria, disse por recordar também a grande admiração que teve pela rainha da moda que esteve de frente naquele primeiro encontro delas.

— Maria Desamparada: Sim eu tinha, e cada vez mais essa admiração foi diminuindo e tornou em desprezo assim como teve por mim, senhora . Me desprezou quando soube que eu amava Max, e não pode negar!

Maria Desamparada então tirou as mãos de Victoria do rosto dela . E Victoria, em sua última tentativa disse.

— Victoria : Porque não tentamos começar outra vez? Só quero ter a chance de ser sua mãe. De mudar tudo que eu fiz com o presente que temos agora . Eu sou sua mãe, uma hora terá que me aceitar, Maria Desamparada.

E dura novamente, Maria Desamparada, deu sua certa resposta.

— Maria Desamparada: Nunca! Nunca senhora!

E assim, logo depois, Maria Desamparada foi até a porta e escancarou ela.

E Victoria suspirou sofrendo o desprezo da filha que a expulsava da casa dela. E assim, baixo, Victoria disse, vendo Maria Desamparada de rosto virado e sem olha-la.

— Victoria : Eu vou. Eu vou filha. Mas saiba que não vou desistir de você. Agora que a encontrei não vou deixar que me tirem você outra vez.

Ela andou e Maria Desamparada ouvia o salto dela chegar até ela, até que o cheiro do perfume, de agora sua mãe, próximo a ela a fez virar o rosto e ela viu os olhos chorosos de Victoria.

E Victoria então deu um triste sorriso. Maria Desamparada, chorando como estava, parecia uma menina, a menina dela. A menina mulher que ela exigiria ter por perto. Exigiria, abraça-la, ter o direito de ama-la como devia ter feito. E lutaria para poder dar todo afeto que tinha direito de dar como mãe a sua filha. Lutaria contra o orgulho dela, lutaria pelo perdão que precisava ter dela  e ser aceita, por sua pequena Maria.

E assim, ela tocou no rosto de Maria Desamparada. Decidida em lutar por ela. Que quando tocou, a jovem que chorava, se sentiu estremecer. Pois um lado nela, desejou se jogar nos braços da mulher que a olhava com amor e nunca mais sair do meio deles, mas o lado mais forte que estava magoada, ferida por aquela mesma mulher a impedia de fazer aquilo.

E como estava, Victoria voltou a falar.

— Victoria : Eu nunca fui de desistir fácil do que eu quero. E não vou desistir em conseguir seu perdão e conquistar seu amor, filha. 

Maria Desamparada, pegou pelo pulso a mão de Victoria e a olhou. Sabia que a mulher que estava na sua frente, sempre teve tudo que queria. Sempre foi assim. A viu fazer valer de qualquer forma suas vontades e sentiu na pele elas. E então ela disse. 

— Maria Desamparada: Dessa vez não vai ter o que quer, senhora . É melhor desistir e esquecer que sou sua filha!

E Victoria, arqueou uma sobrancelha e ergueu dessa vez a cabeça. Brigaria pelo amor da filha e seria contra ela mesma. E então ela a respondeu.

— Victoria : Isso nunca! Agora tem uma mãe e sou eu . Sei que cedo ou tarde, te terei novamente em meus braços de mãe. Não irei permitir perde-la outra vez agora que a encontrei.

E Maria Desamparada soltou a mão de Victoria, e depois viu ela de cabeça baixa sair da casa dela. E quando fechou a porta, Maria Desamparada, sentou no sofá chorando alto. Aquele dia, tinha amanhecido sendo mais um e terminava sendo um que ela jamais esqueceria.

Enquanto na rua, diferente de suas palavras que pareceram confiantes. Victoria andava, sentindo uma fina chuva começar cair sobre a cabeça dela, enquanto ela chorava.

Era certo que na maioria das vezes sempre teve o que queria, quando soube impor e aprendeu a pisar sem ser a pisada. Mas naquele momento, Victoria, sabia que o queria não podia conseguir impondo nada, e sim provando que podia ser a mãe de Maria Desamparada, a que ela nunca teve . Mas para isso a jovem relutante tinha que permitir... Permitir que a amasse. E como conseguiria aquilo?

Victoria soluçou. Nem que nascesse de novo, faria Maria Desamparada, esquecer todo mal que tinha feito a ela. E mais uma vez Victoria, pagava por descontar em inocentes, a amargura que sofria. Sim, era amarga, era má e implacável com o que queria. E foi daquele jeito com quem menos devia ser.  E por que foi tão cega? Porque?

Victoria, odiava mais, Bernarda de Irtubide . Pois sentia que ela era a única culpada daquela separação de sua filha quando a expulsou de sua casa e não contou que ela estava grávida ao seu santo filho.  E por isso, aquela terrível mulher era a maior das culpadas das humilhações que Victoria, submeteu a filha passar, por ela ter se calado e calado o filho de lhe contar a verdade. E Victoria, só desejava que ela pudesse pagar por aquele mal um dia e que ela pudesse ver .

E andando sem rumo, Victoria não sabia pra onde ia. Tinha o celular desligado há horas e não sabia se iria para casa ou para o apartamento de Heriberto. Sabia que ele estava de plantão e ficaria sozinha na casa dele enquanto em sua mansão teria Max e Fernanda nela. E o que ela queria era só estar só, para repor seus pensamentos e forças.

E então ela resolveu pegar o celular na bolsa e quando ligou uma chamada logo entrou. E era Maximiliano.

Na mansão, ele passou as mãos no cabelo. Tinha Osvaldo na sala com ele e Fernanda. Todos estavam preocupados com Victoria, e Osvaldo estava lá, porque ele sem saber aonde a mãe estava, ligou também para o pai.

E assim, Max disse.

— Max: Graças a Deus, mãe. Aonde está? Porque não atendia?

Max esperou Victoria falar algo, mas em troca, ele ouviu ela soluçar e então ele disse mais preocupado.

— Max: Mãe, está chorando? Aonde está? Me diga que vou buscá-la.

E Osvaldo, também disse preocupado com ela.

— Osvaldo: Me dá o telefone que falo com ela, filho.

Osvaldo não esperou que Max entregasse o telefone e o pegou, dizendo logo depois.

— Osvaldo:  Victoria, por Deus, aonde está?

E Victoria então, depois que tomou fôlego, disse com sua voz de choro.

— Victoria: Eu não vou pra casa hoje, avise nossos filhos. Irei pra o apartamento de Heriberto.

Osvaldo suspirou. Tinha se irritado, por saber que tão pouco Heriberto sabia aonde Victoria estava, e por isso estava ali, com os filhos acalmando eles. E então, ele a respondeu.

— Osvaldo: Mas chora, Victoria. Não pode nos deixar sem explicações do porque está assim. E esse médico, está de plantão não tem tempo pra você!

Victoria suspirou pesadamente. Via os carros passando na rua que estava e queria apenas um canto pra se deitar e chorar mais e se encolher na dor que sentia. Ainda que sabia que a preocupação de seus filhos e até de Osvaldo eram com razões.  E então, ela o respondeu.

— Victoria : Eu sei que estão preocupados comigo, mas estou bem. E sei também que Heriberto não está, e por isso que quero ficar no apartamento dele, sozinha. Eu não devia estar me explicando, mas vejo que está preocupado também, Osvaldo.

Osvaldo, passou a mão na cabeça. Não tinha direito mais de saber nada da vida de Victoria que não fosse referente aos filhos que tinham, mas as vezes ele se pegava esquecendo daquele fato. E então, manso. Ele pediu.

— Osvaldo : Então por favor, só diga ao menos para nossos filhos saber, porque sumiu e chora assim.

E Victoria parou, parou suspirou e soltou de uma vez.

— Victória: Eu encontrei, minha Maria, Osvaldo.  E ela é a Maria Desamparada.

E Osvaldo arregalou os olhos olhando para Maximiliano, totalmente em choque.

E mais tarde, molhada, Victoria desceu de um táxi na frente do prédio do apartamento de Heriberto. Dentro do carro, ela tinha retornado a ligação dele, que rápido ele atendeu e soube em breves palavras que Maria era a filha dela.

E ainda que não pôde pedir a companhia dele naquele momento, Heriberto estava disposto a dar sem ela pedir, deixando o plantão para estar com ela.

E assim, Victoria, pegou o elevador e subiu até o andar de Heriberto.

Toda molhada, de cabelos revoltos e maquiagem borrada, ela entrou no apartamento. E respirou o bom ar de sentir que aquele pequeno espaço era mais seu lar do que a mansão que ainda morava com seus filhos. Que talvez, aquela casa por representar seu passado com Osvaldo, não a fazia tê-la mais como um lar.

E então, largando os sapatos no meio do corredor, ela jogou a bolsa no sofá e se arrastou até o quarto de Heriberto.

Ela então, chorando mais como podia fazer ali já sozinha, entrou no banheiro já tirando as roupas e largando no meio dele e entrou no chuveiro. E enquanto a água caia sobre o corpo nu de Victoria, ela de olhos fechados, visualizava o rosto de Maria Desamparada .

E ela chorou soluçando. Pois pensou que era a pior das mulheres, pior das mães e que talvez se não fosse ela a mãe de Maria Desamparada, a jovem não teria aquela reação. Se tivesse sido todo tempo uma boa mulher. Ela não estaria chorando de braços vazios enquanto sofria a rejeição da filha que tanto ansiou encontrar.

Mas como culpar Victoria, se a tinham transformado naquela mulher que Maria Desamparada, experimentou o que ela podia ser capaz de fazer. Pois, tinha sido injusta e cruel com a própria filha, sem saber quem ela era. E Victoria, pensava que talvez nem ela a perdoaria se fosse Maria Desamparada. Porque, quem ia querê-la como mãe? Fernanda estava em uma cadeira de rodas, Max esteve infeliz em um casamento que ela praticamente obrigou ele casar com uma mulher que ele não amava, e que por isso, agora não era completamente feliz com a que amava e que por fim era sua própria filha.

E Victoria, tinha consciência naquele momento, que fazia mal para os próprios filhos e cedo ou tarde faria para o que ela esperava. Porque, era certo que ela fazia mal a todos em sua volta. O que fazia ela não entender, do porque Heriberto, que era tão bom estava com ela. Não entendia porque a vida lhe tinha presenteado ele . Pois sentia que também poderia feri-lo.

E então, depois que tomou banho. Pegando um roupão, Victoria se enrolou e quando saiu com os cabelos com uma toalha em cima. Ela deu de cara com Heriberto, que a olhou e reparou logo nos olhos inchados dela e vermelhos de choro. 

E assim, ele disse, com ar de preocupado.

— Heriberto: Meu amor.

Victoria puxou o ar e deu uma soluçada no choro entalado que tinha na garganta.

E Heriberto, não esperou ela dizer nada e foi abraça-la forte . E ela ali, se encontrando nos braços dele, soluçou mais se deixando chorar agora amparada. Até que ela se afastou. Pensando novamente em tudo que havia pensado antes dele estar ali. E disse com dor em suas palavras.

— Victoria : Devia ficar longe de mim Heriberto. Eu não te mereço. Eu não mereço ser feliz depois de tanto mal que eu fiz.

Heriberto então pegou no rosto de Victoria. Não levaria nada em conta do que ela acabava de dizer, pois sabia que era a dor dela que falava por ela. Havia surpreendido quando ouviu ela dizer, que Maria Desamparada, que pouco conhecia mas que sabia que não se davam bem, era filha dela. E agora o papel que cabia a ele, era dar a força que Victoria precisaria para agora ter o perdão da filha que tanto buscou encontra-lá. E assim, ele disse.

— Heriberto: Acaba de encontrar sua filha, meu amor. Maria, Maria Desamparada, é sua Maria que tanto procurava. Como não merece ser feliz, se a encontrou, se a vida lhe deu esse presente? E eu não vou a lugar algum.

Ele beijou o meio da testa dela e ela fechou os olhos e depois disse baixinho.

— Victoria : Maria me odeia, Heriberto. Ela me odeia e tem razões para isso.

Ela então buscou os olhos de Heriberto, e como ele a olhou em silêncio. Ela seguiu dizendo.

— Victoria: Mais uma filha minha me odeia. Mais uma filha que machuquei como mãe, Heriberto. Eu sou uma pessoa horrível. Machuco meus filhos, machuquei meu ex marido também.  Eu sou uma mulher, e uma mãe horrível.  E por isso devia ficar longe de mim, pois vou machuca-lo também.

Victoria fechou os olhos e deixou lágrimas descerem deles. E Heriberto as limpou rápido e depois disse .

— Heriberto : Eu já disse que não vou a lugar algum.  Vamos ter um filho, vamos nos casar e te amo! E não me importa o que diga, o que faça ou o que fez no seu passado . Nada vai me fazer deixá-la ou temer que me machuque Victoria. Porque aqui, a única que está se machucando dizendo o que diz é você mesma.. Todo mundo tem o direito de começar de novo. Não se lastime, não se condene dessa forma.

Ele puxou ela para o meio de seus braços outra vez. E Victoria, necessitada de estar ali, que ainda que sua consciência pesada dissesse pra ele deixa-lá, ela temia que aquilo de fato acontecesse. E só então pôde sussurrar.

— Victoria : Eu não mereço você. Não mereço, seu amor. Mas não posso viver mais sem ele, Heriberto. Eu te amo.

Heriberto acariciou os cabelos dela e a respondeu.

— Heriberto: Não fale mais nada, hum. Só sinta o quanto eu também te amo e estou aqui pra você. Se acalme.

E momentos depois, Victoria e Heriberto estavam na cama. Ele sentado sem sapatos sobre o colchão, e ela ainda de roupão mas sem a toalha nos cabelos já úmidos, com a cabeça deitada no peito dele.

E assim, ele ainda ouvia Victoria desabafar com ele, depois de já ter contado tudo, desde do primeiro momento que viu Maria Desamparada e tudo o que já aconteceu entre elas.

— Victoria: Eu disse que conquistaria o amor e o perdão de Maria Desamparada, Heriberto. Mas temo, temo não conseguir depois de tudo que já fiz.

Heriberto então, buscou os olhos de Victoria. O que tinha escutado ela dizer, não coincidia com a mulher de olhar meigo e sofrido que o olhava nos olhos faria. Realmente, ele admitia que Victoria tinha errado com a filha, mas que não seria ele que a  julgaria por erros que ele tinha certeza que ela se arrependia. E então, certo que aquele perdão que ela queria de Maria Desamparada, uma hora ou outra chegaria, pois um laço forte de sangue as unia e ele acreditava no poder dele. Ele disse a ela.

— Heriberto : Ela é sua filha. Você vai conseguir o perdão que busca dela, Victoria . Agora está tudo recente pra ela assimilar e até pra você . Mas sei que vão se querer como mãe e filha. Porque agora que já sabem a verdade, nada pode mudar o fato de serem mãe e filha, meu amor. Um laço forte as une e ninguém mais poderá se separa-las.

Heriberto arrumou os cabelos dela. E Victoria depois, voltou encostar a cabeça no peito dele, aninhando ali, enquanto um braço dele em volta dela a trazia mais para perto.  E então, baixo querendo forças, ela disse.

— Victoria : Eu quero ser forte meu amor . Preciso ser, para esperar que esse perdão de minha filha chegue.

Heriberto suspirou, alisando as costas dela com a mão. E depois disse.

— Heriberto: Precisa ser forte, mas não todo tempo. Quando sentir que não pode mais. Lembre-se que estarei aqui. Só não desista, porque cedo ou tarde terá o amor de Maria Desamparada.

Victoria passou um tempo em silêncio. Sentia paz nos braços de Heriberto, paz em ouvir as palavras dele. Mas não podia, lembrar qual momento que não se sentisse assim nos braços dele. E então, depois de passar aquele em silêncio, buscou os olhos dele e depois disse, pensando em Maria Desamparada, novamente.

— Victoria : Ela é tão orgulhosa. Tem mais de mim do que eu podia imaginar que teria.  E só agora eu vi, Heriberto. Ela pode estar me odiando mas tenho total certeza que quando voltar a olhar no espelho, notara as semelhanças que tem da mãe dela, que sou eu.

Soltando um ligeiro sorriso nos lábios depois de suas palavras, Victoria, viu Heriberto sorrir também, enquanto, a tocava nos cabelos a olhando. E então ouviu ele dizer.

— Heriberto : Parece que gostou de ver essa semelhança em vocês.

Victoria assentiu. Esteve cega por bastante tempo . Mas agora começava ver demais em relação a Maria Desamparada. E assim, ela respondeu Heriberto .

— Victoria : Agora que sei que ela é minha filha, noto essas características minhas nela. É como que se eu tivesse cega esse tempo todo, Heriberto. E por que não notei isso antes? Porque quando vi, o padre João Paulo, tão pendente de Maria, não suspeitei? Eu que me julgava tão esperta não vi que minha filha estava abaixo de meu nariz.

Victoria suspirou em frustração e agora já não tinha um sorriso no rosto.  E sim um ponto enorme no meio da testa de interrogação. Agora parecia que a verdade esteve todo aquele tempo escancarada na cara dela . E só ela não via.

E tocando em um lado do rosto dela, Heriberto disse a olhando nos olhos.

— Heriberto: Tudo acontece no seu devido tempo Victoria. Se antes não descobriu é porque não era a hora. Não se lastime, por algo que não só dependia de você, meu amor.

Victoria suspirou, tocou o peito de Heriberto, sentindo o coração dele bater ali no meio com a palma de sua mão em cima dele. E ela sorriu cheia de amor e agradecimento. E então, o olhando sem tirar a mão da onde estava, ela disse.

— Victoria : Obrigada por estar aqui comigo. Pretendia chorar sozinha até que chegasse . E em troca me deu seu amor e suas palavras de consolo e sem julgamentos, Heriberto.

E ela buscou a boca dele. Se beijaram em um beijo lento e quando se desfez, ele disse.

— Heriberto : Não me agradeça meu amor, não podia deixá-la só e muito menos julga-la por nada. Mas agora, que vejo que está mais calma, preciso cuidar também de você e de nosso filho que espera. Hum. Me diga, já comeu algo. Como se sente? Não te dói nada, não é?

Heriberto tocou a barriga de Victoria, e ela tocou a mão dele e disse.

— Victoria: Não sinto fome e me sinto bem, não tenho dor.  Sei que está tudo bem com nosso filho.

Heriberto então suspirou aliviado, mas ainda assim, insistiu .

— Heriberto : Tem que comer algo, meu amor.

Victoria se aconchegou mais nos braços de Heriberto, jogando uma perna por cima da dele e disse.

— Victoria: Eu não quero nada. Só quero estar contigo agora, meu querido.

Heriberto então sorriu, pegando na perna dela e a respondeu.

— Heriberto: Daqui não vou sair.

E longe dali.

Max, quando soube que Maria Desamparada era a filha que Victoria procurava, ligou para ela. Que sozinha ela chorava . E então, Max foi vê-la. E como Heriberto fazia com Victoria, ele consolava seu anjo.

E na cama deles. Max acariciava os cabelos morenos de Maria Desamparada. Enquanto dizia, desejando que a mulher que amava perdoasse a mãe dele que agora também era dela.

— Max : Ela sofreu todos esses anos te procurando, meu amor. Mas só revelou isso a mim recentemente. Ela te ama.

Maria Desamparada, abraçou o corpo de Maximiliano mais forte, enquanto ele fazia o mesmo com ela.

— Maria Desamparada: Mas ela me fez tanto mal, Max. Nunca aceitou nosso amor. Compactuou com Ximena para nos separar. Fez da minha vida um inferno mesmo quando já não estava na casa de moda . Ela me perseguiu até cansar.

Max suspirou pesadamente. Seus olhos buscou o berço no quarto que João Paulo, dormia. Por Victoria acreditar no falso amor de Ximena, ele deixou Maria Desamparada sozinha também, sem saber que ela esperava o filho deles.  Ela errou. Mas sem saber que a mulher que ela julgou não ser merecedora do amor dele, era sua própria filha. E então ele disse.

— Max : Se ela soubesse que era a filha dela meu anjo. Não teria feito tudo aquilo e acreditado em Ximena.

Maria Desamparada, se afastou do peito de Maximiliano e disse o que havia dito diante de Victoria.

— Maria Desamparada: Não me consola suas palavras, Max. A senhora Victoria, não devia ser má com ninguém como foi comigo, mesmo que não soubesse que eu era a filha supostamente perdida dela. Ela não tinha o direito de humilhar ninguém!

Max então tocou no rosto de Maria Desamparada, e rápido ele disse.

— Max : Eu sei . Eu sei meu amor, se acalme não disse por mal. Só quero que saiba, que ela está mudando. Eu notei sua mudança e até Fernanda. E sabe, sobre a Fer, ela está feliz de saber que é sua irmã .

Maria Desamparada então deu seu primeiro sorriso da noite. E disse .

— Maria Desamparada: Então ela já sabe, que somos irmãs ?

E Maximiliano sorriu e a respondeu.

— Max : Sim . Todos nós sabemos que é filha da rainha da moda.

E deitando sua cabeça novamente no peito de Maximiliano, Maria Desamparada depois de ouvia-lo, disse sentida novamente.

— Maria Desamparada: Eu admirei um dia essa rainha da moda. Mas não sei se posso mais. E agora o que vou fazer Max? Ela é minha mãe.









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