O Mistério da torre de cristal escrita por calivillas


Capítulo 21
Insinuações maldosas




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Sábado à noite, compareceríamos a uma festa muito sofisticada e elegante de comemoração das bodas de prata de um dos maiores clientes da Rahner, mas não preciso me preocupar com nada, já que um maquiador e cabelereiro foi até a minha casa para me preparar, havia comprado o vestido com Monique em uma dessas lojas muito cara. E pela primeira vez, usei os maravilhosos brincos que Victor me deu de presente depois da viagem. Já estava preparada, pois sabia que seria mais um daqueles eventos, onde passaria o tempo todo pisando em ovos, com muito cuidado para não falar ou fazer nada errado, afinal era bastante visada, uma Cinderela oportunista, vinda dos andares mais inferiores, que fisgou o solteiro mais cobiçado das redondezas. Tinha certeza que perguntavam o que eu teria de tão especial assim, para Victor se casar comigo, já que poderíamos ser apenas amantes, enquanto ele desposaria alguém da sua classe social, assim mantendo o pedigree. Mas, tudo bem, estava disposta em aturar mais uma daquelas noites chatas pelo meu esposo, entretanto, para isso, precisei de algumas taças de um excelente champanhe francês. Enfim, a noite correu muito bem, podia dizer que até me divertir um pouco, com os olhares indiscretos sobre mim, ao mesmo tempo que distribuía sutis alfinetadas e provocações.

Ao voltarmos para casa de madrugada, flutuava no ar como as bolhas de champanhe, ria feliz, o rosto rosado, a boca molhada, a pele pinicando.

— Lívia, você estava impossível naquela festa! — Victor comentou, em tom divertido.

—Eu não fiz nada! – Fiz um ar de falsa inocência. – Só respondi a altura quando me provocavam, com aquele ar petulante e nariz em pé. Viu a cara da senhora Xavier quando eu disse que nós fazíamos na cama.

Victor começou a rir.

— Aquela metida! Você a pôs no seu devido lugar.

— Então, você não ficou zangado comigo?

— Não, posso dizer que até fiquei lisonjeado, o meu conceito deve aumentar muito diante dessas senhoras.

Rimos juntos às gargalhas.

 — Nossa, Lívia! Nunca a vi assim antes. O que houve?

— Acho porque nunca tomei um champanhe tão bom.

— Vou encomendar meia dúzia de caixas só para você.

— Não precisa de champanhe para me fazer feliz, apenas dance comigo.

— Dançar a essa hora?

— Sim, por que não? Não temos nenhum compromisso amanhã.

Busquei o controle remoto do som ambiente, que estava sintonizados na minha seleção de músicas favoritas. Comecei a rodopiar em volta dele, até ele me segurar pela cintura e rodamos juntos pela sala. E não resisti e o beijei, só estar junto a ele me excitava.

— O que está acontecendo com você, Lívia?

— Há algum problema em desejar o meu marido? – Olhei nos olhos deles e sorri maliciosa.

— Não, mas você está diferente.

— Digamos, mais assanhada – digo com uma expressão maliciosa.

— Eu ia dizer sensual, sexy, quente – ele murmurou no meu ouvido.

Devo confessar que a dança terminou em cima do caríssimo tapete persa, de uma maneira bem abrasadora, nunca fui tão audaciosa e incisiva.

Despertamos no meio da manhã, na nossa cama, languidos e preguiçosos. O café da manhã chegou farto a nós, sem esforço. Eu praticamente sequestrei o meu marido, não o deixando sair do quarto.

Na segunda, Victor já havia saído para trabalhar quando despertei, me sentindo muito bem-disposta. Por um breve instante, pensei nos meus brincos, não me lembrava onde os havia colocado, depois daquela noite intensa com o meu marido, eu os procurei pelos lugares mais viáveis, contudo, não achei de imediato, decidi que perguntaria a Teresa depois.

Liguei para Monique, com quem não falava, há tempos.

— E aí, sumida, como está indo o namoro? – quis saber assim que ela atende.

— Excelente. Ele manda muito bem.

— Você parece animada.

— Se estou! A gente se pega o tempo todo, em tudo que é lugar. Uma loucura! Tanto que por duas vezes, a camisinha estourou. Fiquei morrendo de medo de ficar grávida, mas, ainda bem que sou bem certinha.

— Certinha? — Repeti para mim mesma.

— Não, quer, dizer a minha menstruação é que vem certinha.

 Eu não me lembrava quando foi a última vez que fiquei menstruada.

 — Ah! Que bom. Desculpe, Monique, mas, me lembrei de algo importante que preciso fazer agora. Depois, a gente se fala.

Desliguei apressada, entre em contato com governança, pedindo o telefone de uma farmácia. A governanta-chefe informou que alguém poderia fazer isso para mim, porém, disse que preferir ligar para tirar uma dúvida. Então, ela me passou o telefone. Liguei e pedi, pelo menos, três testes de gravidez, pois precisava ter certeza. Foi a meia hora mais longa de toda a minha vida, até chegar a encomenda. Minhas mãos tremiam quando rasguei as embalagens, seguido por intermináveis três minutos, repetidos várias vezes, assim tive a certeza. Eu estava grávida. E agora?

Estava convicta que meu marido ficaria radiante, um filho significaria que ele assumiria o total controle da sua empresa, mas, e depois que a criança nascesse, como ficaria a nossa relação?

Sei que não nos casamos pelos motivos certos, no entanto, estávamos entrando no eixo, mesmo assim, precisava estar segura, por isso, decidi que esconderia a gravidez até quando pudesse, mesmo assim, precisava procurar um médico para verificar se estava tudo bem. Para não despertar a atenção marquei uma consulta na clínica, onde trabalhei antes de ser contratada da Rahner, quase em outra vida.

Como havia falado com meu marido, resolvi pôr em prática, o projeto da festa de aniversário de casamento, daqui a dois meses. Não teria muito tempo, mas, pelo menos, me manteria ocupada, sem pensar em toda a possível trama que envolveria o meu casamento e, agora, a minha gravidez, que era algo bastante irreal para mim.

Em um gesto de ousadia, telefonei e convidei Verônica para me auxiliar na preparação da tal festa, pois assim poderia sondá-la, tentaria descobrir se ela sabia alguma coisa. No primeiro momento, ela estranhou, pois sempre a mantive a distância, nunca demonstrei nenhuma afinidade, entretanto, aceitou, um tanto desconfiada, quando eu a convidei para um almoço em um restaurante.

— Eu conheço uma empresa que faz festas incríveis. Você não precisará se preocupar com nada, só com as escolhas da decoração, do tipo flores, música, toalhas, nada que o dinheiro do seu marido não possa resolver – ela me informou, enquanto almoçávamos, em uma tarde quente, na varanda de um restaurante com uma linda vista.

 — Jamais fiz algo parecido, com organizar uma festa como essa.

— Deixe por conta da equipe, eu posso auxiliá-la na escolha dos detalhes.

 — Não quero decepcionar o meu marido – revelei. – Ele é muito exigente.

— Sim, eu sei. Conheço Victor desde que se tornou amigo de Alex, na faculdade, os dois eram inseparáveis.

— Eu já ouvi isso antes. Devo confessar que senti ciúmes de você em relação a Victor, quando nos conhecemos.

— Eu e Victor? – Ela riu como se fosse uma ideia absurda. – Victor nunca olhou duas vezes para mim, não como uma amante ou algo parecido. Somos apenas amigos. Para falara a verdade, eu até me insinuei, no entanto, ele nem parecia notar. Sempre senti um certo ciúmes da amizade daqueles dois.

Não sabia se deveria acreditar nela ou não. Mesmo tendo evidências, por mais ínfima que fosse, que houvesse algum tipo de envolvimento entre os dois.

— Sempre foi assim?

Verônica assentiu com a cabeça.

— Sempre, desde que se conheceram, são praticamente inseparáveis, festa, viagens e sei lá o que mais.

O que ela estava querendo insinuar com aquela conversa? Aquela história me incomodou ainda mais. Não queria pensar nessa possibilidade, não queria sentir ciúmes da amizade do meu marido.

Talvez, tudo aquilo fosse só uma fantasia da minha cabeça.  Ao ponto de muitas vezes, considerava que a visita do fantasma de Mariane fosse pura ilusão, uma manifestação do meu subconsciente com dificuldade de aceitar o que me casei com um homem tão especial, mesmo quando descobrimos os restos mortais da pobre moça.

— Tudo bem, Lívia? — Verônica me trouxe de volta dos meus devaneios.

— Tudo só estava pensando sobre a festa – menti.


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